Craque indo e voltando, muitos atletas da região se espelharam (inclusive Mocó), nessa maravilha de artilheiro, jogador completo, que chutava e driblava com as duas pernas, cabeceava com precisão e com um detalhe: os olhos bem abertos, por isso era um exímio cabeceador (perdia apenas para Chico Macaco).
Estamos falando do inesquecível Antonio Luiz Moreira Nunes, mais conhecido como “Antonio Luiz Bolo Doce” (apelido herdado do seu irmão mais velho, Chico Bolo Doce).
Nasceu em Itaueira em 08 de julho de 1944, coincidentemente no aniversário da cidade que o adotou, filho de Luis Nunes e Aratilde Moreira Nunes, conhecida por Dona Tidinha.
Antonio Luiz era funcionário do Banco do Brasil. Casado com ZENEIDE e teve filho único - ANTONIO LUIZ MOREIRA NUNES JÚNIOR.
Seu primeiro time foi o Náutico nos anos 50, jogava no campo dos Artistas; no time, jogavam ainda o zagueiro Balinha, o meia armador Dárcio, o tranqüilo e habilidoso quarto zagueiro zagueiro Milton Costa, que trabalhou na Varig e no Supermercado Vende Bem.
Nos anos 60, “Bolo Doce” se destacou no timaço Palmeiras de Bucar (foto): Bucar, Zé de Tila (depois Brahim), Bagana, Antonio Guarda e Carlos Pechincha (depois Antonio José Caraolho), Trinta e Petrônio (irmão de Bolo Doce), Osmar, Antonio Luiz “Bolo Doce”, Sádica e Chicolé (Perereca).
Depois jogou e fez sucesso também no famoso Ferroviário de Floriano nos anos sessenta.
Fatos pitorescos do artista Antonio Luiz:
A rivalidade entre Floriano e Picos sempre chamou atenção, mas um fato inesperado e marcante o deixou feliz, num jogo em que o placar não mostrou a realidade do clássico, pois Picos ganhou de Floriano 5 X 2, com os dois gols de Floriano feito pelo artilheiro Bolo Doce. O jogo foi uma pérola, na quele dia histórico Antonio Luiz estava num dia endiabrado, com jogadas geniais, espetaculares, a torcida de Picos ficara encantada com a maestria e jogadas de rara beleza, jamais vista pelos torcedores, mas tinha dois grandes empecilhos: o goleiro de Picos e as traves, pois a bola não entrava, mas quando as cortinas do espetáculo se fecharam, os torcedores não resistiram: o carregara nos ombros dando uma volta olímpica, foi demais!.
O Palmeiras fora jogar em Guadalupe, mas como a estrada estava em péssimo estado (as coisas não mudam, são os mesmos problemass), tiveram de ir numa kombi, pelo Maranhão, o time de Floriano completo com apenas 11 atletas, quando chegaram nas proximidades de Guadalupe, tiveram quee atravessar de canoa. Quando Sadica se viu naquela aventura, disse:
- Eu não vou!
A turma, por unanimidade, retrucara:
- Vai, sim!
Finalmente, chegaram na concentração às 13Hs e começaram a comer bolacha com guaraná antarctica. Quando começou o jogo, Zé de Tila sentiu um embrulho na barriga, mas como não tinha reserva, teve que ficar em campo. Antonio Luiz fazia um gol e Zé de Tila não acompanhava o ponteiro corredor da bexica lixa, Chico de Hermínia, e o mesmo acontecia com o time adversário, eram gols lá e cá, até que Bolo Doce, não agüentou, foi lá atrás na zaga, pegou no braço de Tila e disse:
- Vai fazer número lá frente, pra vê se a gente ganha o jogo!
Todos caíram na gargalhada!
Intermunicipal, outro clássico entre Floriano e Amarante (terra do famoso jogador Papagaio). Os times entram no estádio Mário Bezerra, campo lotado, e surgiu um torcedor fanático com um litro de Whisky (três quinas), chamou Bolo Doce e ofereceu, ele não resistiu, tomou uma talagada, chega o dedo estalou, e puts grila! O juiz viu aquilo e partiu para cima do craque, dizendo que ia expusá-lo e coisa e tal, e já estava nos finalmente, quando goleiro Bucar, grandão, partiu para cima do juiz e disse algumas coisas, o juiz “corajosamente” aceitou o argumento do arqueiro e deixou o craque maior participar do jogo, e ele não decepcionou, valeu o ingresso!
Bolo Doce não gostava de treinar e muito menos de preparo físico. Gostava de beber, depois do expediente, não relaxava, diariamente das 17hs as 22Hs.6. Seu Luis Nunes, pai de Bolo Doce, era só felicidade quando seus meninos (Antonio Luiz e Petrônio) jogavam juntos, por outro lado era um pesadelo, quando os dois se enfrentavam, pois Bolo Doce, não tinha medo de cara feia, partia para cima, e quando ele fazia o pivô dominando a pelota, era uma zueira total. Mas tinha um zagueiro que não gostava de perder para Bolo Doce, seu irmão Petrônio jogava duro, estudava suas jogadas e realmente dava um trabalho danado para o artilheiro, eram dois gladiadores, porém era um pesadelo para seu Luis Nunes.
A camisa 10 do Palmeiras era de Petrônio, mas Antonio Luiz insistia em jogar com ela, era uma disputa acirrada, depois de muita discussão, ganhava no cansaço.
O desespero dos goleiros adversários, quando Bolo Doce dominava aredonda na linha da grande área era um espetáculo extra, uma gritaria só:
- Não deixa ele dominar, marca o homem, pelo amor Deus, não deixe virar. Mas depois vinha o mais fantástico de uma partida de futebol, o gooooool, a torcida se deliciava, era um êxtase.
FOTO: JOGO EM PICOS - MARÇO DE 1965, SELEÇÃO DE PICOS X PALMEIRAS. EM PÉ: Bruno, Antonio Guarda, Carlos Pechincha, Bagana, Izaías Cabeção, Zilmar, Bucar, Zé de Tila e Abdoral. Agachados: Chicolé (filho de Lourival), Bitonho, Antonio Luiz Bolo Doce, Sádica e Perereca.
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Colaboração e arquivo: Zé de Tila / César Augusto
3 comentários:
A família Bolo Doce agradece de coração.
Paulo Humberto
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