5/20/2009

PARA O RESGATE DA MEMÓRIA DA CIDADE DE FLORIANO

Pesquisa & Comentários: Nelson Oliveira

Texto: Djalma Silva, o professor e suas memórias

CHUVA! CHUVA!...

O Inverno ia geralmente de dezembro a abril. As chuvas amiudadas ou intermitentes caindo, correndo pelas bicas e biqueiras das casas, encharcando a areia grossa das ruas ou fazendo lama nos terrenos compactos. Nas ruas em declive aconteciam as enxurradas, onde os meninos soltos brincavam. Os vegetais vivificando, estuantes de seiva.

Mas, no entanto, chegava o mês de maio. Os noturnos tinham-se ido. O tempo agora era claro, bonito. Árvores e ervas floridas, alegrando os campos. No firmamento azulado, nuvens leves e brancas como flocos de algodão. No primeiro dia nos tempos recuados de minha infância, as janelas amanheciam enfloradas. Um costume muito bonito, muito agradável, muito gentil, que foi desaparecendo com o passar dos anos. Irrompiam os ventos gerais. Era então chegada a época de empinar papagaio ( pipa ). E de dia os céus se atrelavam de várias cores e tipos.

A temperatura amena, à noite, ia até julho. Chega agosto. E então – era, como disse Veras de Holanda, “ trinta e dois ”:

O sol dardeja e queima.
O sol fuzila.
Num bárbaro calor que as almas aniquila.

Setembro era a mesma coisa. A quentura torrando a vegetação, secando as fontes e pondo modorra nas pessoas e nos animais, mas vinha a chuva dos cajus. As florescências dos cajueiros se transformavam em frutos. E estes logo amadureciam, pintalgando as árvores de amarelo e vermelho. Uma beleza. Nos domingos muita gente e principalmente muito menino iam para os matos buscar cajus e brincar.

A partir de outubro, trovões e relâmpagos, a par de algumas precipitações pluviosas, punham no povo as esperanças de um bom inverno, de fartura, de bem estar. Se, em vez disso, o céu continuasse profundamente azul, isento de nuvens pronunciadoras de chuvas, o vento balançando as copas das árvores, sibilando nos telhados sem forro nas casas, arrepiando a cobertura das palhoças e varrendo o chão, levantando as nuvens de poeira, o povo começava a preocupar-se.

Nos encontros de ruas, na conversa das varandas ou nas portas das casas à noite, a tônica era uma só. O prolongado verão e a expectativa de dificuldades e até de fome.

No silêncio das alcovas as famílias oravam implorando a proteção dos seus santos. Nos subúrbios a gente humilde, em procissão, saía à tardinha para pelos matos com garrafas de água na cabeça rogando a DEUS nos seus cânticos: “ chuva!... chuva!... chuva com abundância! “
...
COMENTÁRIOS EXPLICATIVOS SOBRE O TEXTO

Com Respeito aos papagaios, ou pipas, que eram empinados, o palco era a praça da Igreja – hoje, Sebastião Martins, pelo espaço que possuía uma vasta área, visto que ali só existia mesmo a nossa catedral e se tornava palco dos mais variados tipos de papagaios / pipas e terminava se transformando numa grande festa promovida pelos jovens da época. Dependendo da condição financeira dos empinadores , existiam papagaios / pipas de vários tamanhos e cores, embelezando os céus da cidade. Os instrumentos eram fabricados com pedaços de buriti e papel de seda com tamanho de um metro de altura por um de largura e o seu fabricante era um filho do senhor Celino Miranda, que residia nas proximidades da Igreja Batista, mais precisamente onde está o consultório do doutor Odilon e que atendia pelo apelido “ barata descascada “ em virtude de sua pele muito branca. Como naquele tempo, a criança e o jovem pela educação que recebiam dos pais, tinham ciência dos seus limites e não eram contaminados pela modernidade do mundo de hoje e o papagaio / pipa era, sem dúvida, uma brincadeira sadia que não trazia nenhum prejuízo. Dentre aqueles que tomavam parte da brincadeira, alguns ainda estão no nosso meio, como Chico Pereira e seu irmão Zé Wilson, Fozzi Attem ( in memorian ), Zeca Demes ( residente em Goiás ), Carlos Martins e muitos outros.

O poema intitulado TRINTA E DOIS de autoria de Veras de Holanda, nascido em Caxias, Maranhão, tinha relação com a seca de 32 que assolou o nosso Estado; além de poeta renomado, era professor de vários colégios, inclusive o seu, que era situado na rua Fernando Marques, antes da casa do senhor Abrão Freitas e inspetor de ensino. Veras de Holanda possuía uma vasta cabeleira, como Castro Alves, era casado com a professora de nome Conceição e salvo engano, era irmã da dona Noeme Melo ( in memorian ), mão do doutor Adelmar, Adevan, Adeval, Aldezita, Fátima e outros.

5/19/2009

RELEMBRANDO FLORIANENSES DA GEMA

HUGO VITOR GUIMÃES

Hugo Vítor nasceu em 17-11-1898, em Floriano -PI e faleceu em 16-11-1950, em Fortaleza-CE. Jurista, poeta, genealogista e historiador.

Era filho de José Fernandes Lima Guimarães e Maria Eugênia da Costa e Silva Guimarães.

Diplomado pela Faculdade de Direito do Ceará. Como acadêmico fez parte do Recreio Literário Soriano de Albuquerque.

Foi diretor da revista A Conquista e como literato e jornalista escreveu para os jornais literários do Piauí e do Ceará.

Foi redator e chefe de A Semana, redator de O Nordeste, Correio do Ceará, O Povo, O Estado e Unitário. Foi um dos fundadores da Sociedade Cearense de Geografia e História. Pertenceu ao Instituto do Ceará, à Sociedade Geográfica de Cuba e ao Instituto Heráldico Genealógico de São Paulo.

Floriano Perde um Grande Filho

Floriano - Piauí. 15 - XII - 1950
Pesquisa: José C. de Andrade Sobrinho
(Da Associação Piauiense de Imprensa)

“Hugo Victor falecido, há algum tempo, em Fortaleza, onde residia, quando atingido aos albores da sua juventude, já era uma celebração, que sofria o peso de uma angustiosa situação, num meio de seringalistas, que traficavam com os centros de exploração de euphorbiaceas e apocyneas (borrachas); altamente cotada no mercado de Liverpool, os quis, com muito raras e honrosissímas exceções, fechavam-se neste dilema, de puro materialismo: _ Ganhar dinheiro...

Se um gênero de notícias interessava ao ativo habitante de Floriano, cidade que florescia, isolada pelas distâncias: - A alta de preços de borrachas, couros de boi, peles domésticas, resinas e folhas de jaborandí. E era esse incrível ambiente que torturava a grande alma de Hugo Vitor, debatendo-se, na sua revolta, contra esse misero estado mental, que predominava e o fizera, por sua vez, fechar-se nesta preocupação absorvente: - Sair para viver espiritualmente.

Foi nesse estado de coisas que cheguei a Floriano, vindo de Teresina, onde havia passados quatro anos, mantendo assídua convivência com rapazes esforçados e vontadosos que compunham a turma de estudantes que, então, cursava o velho Liceu Piauiense, vizinho da casa em que eu trabalhava comerciando. Trazia, na cabeça, uma enorme coleção de versos encantadores, de poetas vários, e, num dos primeiros “adjuntos” a que compareci, receitei um belíssimo soneto de que me resultou um sucesso pelo avesso:

- O moço é poeta... Vejam para que ele havia de dar...

E, nesse diapasão, a conversa espalhou-se e passei a ser visto com maus olhos, pela agente da terra, menos por Hugo Vitor que, no dia seguinte, procurava-me e inquiria:
- Soube que recitou um belo soneto na festa de ontem!...

- É verdade... Mas... O meu arrependimento foi completo... Estou desolado... Notei que aqui não se toleram versos, por melhores que sejam...

- O soneto era da sua lavara?

- Não. Nunca escrevi versos. Era de Olavo Bilac.

Pediu-me que o recitasse. Recitei. E, ao terminar, Hugo Vitor agrava-me com efusão, num grande abraço, que era uma consolação misericordiosa para o meu desapontamento. Queria uma copia do soneto e o lhe ditei a copia. E, desde então, acamaradamos.

Logo depois, Hugo Vitor, com a sua imaginação irrequieta, fundou aqui um grêmio literário que, por sua vez, não escapou à crítica feroz do meio, tanto mais amarga quanto provinha de quem absolutamente não tinha autoridade para fazê-la, mas não desanimava.

Mais tarde, perdia a sua digna genitora, Senhora de excelsas virtudes, o vinha perdendo aos penates, e arribou, para não mais voltar a sua terra berço. Antes da partida preocupou-me, narrou as esperanças que o embalavam e aconselhou-me, fraterno:

- Meu amigo, vá se embora daqui. Você não merece ficar num meio que faz a gente emburrecer...
Não pude tomar o seu conselho e, por cerca de 1928, fui encontrá-lo em Fortaleza, em dificuldades, que provieram de inglória luta política no interior do Ceará, sendo, em razão dela, afastados das funções do cargo federal que exercia e que, mais tarde, recuperou galhardamente. E contou-me ter sido convidado par a redação de um jornal, chegado a Maçonaria, bem como a sua resposta decisiva:

- Prefiro morrer de fome, a aceitar o convite para tal redação,

Era inflexível no dogma da sua fé. Herdada a excelente formação moral da sua genitora e era, como ela, católica cem por cento. Uma particularidade o fazia oscilar um tanto, para uma superstição que o preocupava. E contou-me:

- Dias antes do falecimento da Mamãe, os pombos, que eu criava, com desvelada carinho, lá em casa, como que tomados de pânico; voaram e se foram para nunca mais voltar, exceto uma que era, mais ou menos, a mãe da família e que, examinada, verifiquei ter uma asa quebrada, por isso que não se fora também.

E relevando comentários que, então fizera:

- Tia Celé, vai acontecer uma cousa aqui em casa e não será boa... Os pombos se foram por uma vez...

E, de fato dois ou três dias depois da estranha deserção, morria a sua querida Mamãe, Dona Maroca, que era estimadíssima pela população da cidade e ocupava a presidência do Apostolado do Coração de Jesus.

Em 1934, Hugo Vitor abriu-me as portas do Colégio da Imaculada Conceição, ótimo educandário em que fizeram estágios as minhas quatro filha Tancy, Lucy, Jacy e Lisete, que sempre tiveram, da parte dele, um acolhimento quase paternal, prendendo-me, já agora, por imorredoira gratidão, que sinto-me no dever de externar.

O brilhante intelectual piauiense era, como advogado, historiógrafo e jornalista dos melhores, estimadíssimo em Fortaleza, onde várias vezes prestou relevante colaboração na política administrativa do Estado, cuja imprensa já pos em relevo a sua atuação como homem de letras. Portanto, as traços e as particularidades que mal venho expressando, em um preito de homenagem ao meu saudoso amigo Dr. Hugo Vitor Guimarães, quero publica-los como o mais humildade acréscimo ao rosário de lagrimas com que tantas pessoas, de todas as camadas sociais, como eu, formaram um tumulto que o merecia de verdade (...)”

Fonte: Almanaque do Cariri, 1952

NOVO PRÉDIO DA SERTÃ


Esta é a maquete do que será o novo Bar Sertã, um projeto ousado, moderno, onde se faz uma união com o antigo prédio, já demolido recentemente e que nos deixa bastante saudosos.

No entanto, estamos aguardando o retorno da construção dessa nova etapa de revitalização da praça doutor Sebastião Martins,onde a prefeitura tem que nos entregar logo, pois a população de Floriano aguarda com muita ansiedade.

Seria de suma importância se a inauguração se desse agora em julho, dia 8, aniversário de Floriano, com grandes eventos. Esperamos, pois, que as autoridades competentes se pronunciem e nos dêem uma esperança dessa realização tanto esperada pelos amantes da Princesa do Sul.

5/17/2009

RETRATOS


Estávamos dando umas voltas em pleno carnaval deste ano, pelos arredores de Floriano, relembrando algumas coisas e lugares.

Aí na foto, lembramos com saudade daquelas festas maravilhosas que havia aí no Restaurante BR, quando na década de setenta, ninguém perdia aquelas festas de arromba com o conjunto OS IGUAIS.

Hoje, praticamente abandonada, o local aí é explorado vez por outra para atividades ocasionais e não há mais aquela poesia de outrora.

De qualquer forma, precisamos relembrar essas coisas boas, esses fatos que aconteceram naquele tempo, mas com bastante saudade.

5/16/2009

NOTA DE FALECIMENTO


Recentemente, Floriano perdeu um de nossos grandes amigos, que jogava bola no passado pelos campeonatos amadores do futebol de poeira da Princesa.


Sebastião de Tarso Rodrigues, filho de dona Coló ( na foto ao lado, ele é o terceiro da esquerda para a direita ), sentiu-se mal e veio a falecer ( antes do combinado ) do coração aos cinquenta e um anos de idade. O que nos entristeceu bastante.


Tião, mesmo com a aquela sua seriedade, era um cara solícito, sabia conversar bem e orientava sempre aos amigos da necessidade de estarmos cuidando de nossa saúde, praticando esportes, alimentar-se bem etc.


Lembramos dele na escola, mais precisamente do GRUPO ESCOLAR ODORICO CASTELO BRANCO, onde estudamos juntos. Teve até um episódio engraçado, à época, em 1968, por aí, nos primeiros dias de aula, quando o Sebastião tinha pegado o número 24 na chamada e a galera caiu em gargalhadas.


Encabulado, Sebastião jogada duro e, mostrando toda aquela sua moral e categoria, ficava calado, não respondia a chamada, disfarçando o olhar, literalmente.


Os campinhos de Floriano, certamente, ficaram órfãos, mas as lembranças de Sebastião permanecerão para sempre em nossa memória.


5/15/2009

MILTON LIMA REIS LANÇA CD


Milton Lima Reis, empresário do ramo de relojoaria, sempre foi um artista versátil, buscando sempre aprimorar suas habilidades.

Trabalhou em circos como malabarista, é também cantor e compositor, onde sempre se destacou com grande tenacidade.

Na época da Jovem Guarda, participou ativamente dos festivais locais, principalmente no BIG SHOW DOMINICAL, evento organizado pela Rádio Difusora de Floriano no comando de Nazaré Silva e Sidney Soares, ganhando vários troféus.

Recentemente, Milton Lima Reis está lançando seu novo CD ( foto ), onde está divulgando em Floriano e em cidades vizinhas, realizando e participando de shows em geral.

Decididamente, esse artista ainda vai longe, porque ele não se cansa e tem sempre a esperança de galgar o sucesso, buscando a vitória e a felicidade de sua realização como artista.

FESTIVAL DE CALOUROS



O primeiro festival de calouros que aconteceu em Floriano, ocorreu em fins dos anos 1960 (1968), quando a Rádio Difusora de Floriano promoveu um Concurso de Calouros, no Salão Paroquial São Pedro de Alcântara, durante as festividades comemorativas de seu 11º aniversário de fundação. Na ocasião, o título de melhor calouro foi conquistado pelo talentoso jovem, John Júnior ( FOTO ). Era época da Jovem Guarda tempo em que eram também famosos os programas de auditório. Com o fim da Jovem Guarda o Programa de Calouros, também desapareceu.

Nos anos 80, surgiu uma 2ª edição do Programa de Calouros, que reapareceu com o título de Festival de Cantores Estudantis, mas logo depois também foi desativado, permanecendo assim por um período de 8 anos.

A 3ª edição do Programa surgiu com a talentosa dupla de comunicadores rádio, Nilson Feitosa e Renato Costa. Estes conhecendo o gosto do público surgiram empenhados a marcar a história, e reativaram o show, que passou a ser realizado anualmente no estádio Tiberão, com mais conforto e melhores acomodações para o público aproximado de 6.000 pessoas.

O Festival ganhou repercussão e hoje atrai calouros de várias cidades como: Francisco Aires, Oeiras, Rio Grande do Piauí, Canto do Buriti, Guadalupe e Picos no Piauí, e ainda, São João dos Patos e Barão de Grajaú, no Maranhão.

São frutos desses festivais, alguns cantores conhecidos nacionalmente como: Tom Cleber e Francis Lopes. Além destes, há outros talentos revelados, entre os quais: Amauri Barros, Cantor Casa Nova, Danielle, vocalista da Banda Paquera, Franz, Lindalva, a vocalista de Roberto e Banda, Milton Lima Reis, Zé Francisco da Banda Sedução e outros.

Fonte: acervo.floriano/umbelina

Dia das Mães

  Ela tem a capacidade de ouvir o silêncio. Adivinhar sentimentos. Encontrar a palavra certa nos momentos incertos. Nos fortalecer quando tu...