5/22/2006

ENTREVISTA COM LUIZ ORLANDO


O nosso grande repórter Cesar Sobrinho nos surpreendeu mais uma vez, numa dessas suas cruzadas em busca do resgate de nossa cultura, entrevistando o famoso meio de Campo Luiz Orlando, grande jogador de bola do período romântico de Floriano. Vejam a entrevista na íntegra: o seu desabafo, suas revelações e suas grandes paixões de um dos maiores ícones do futebol da Princesa, hoje morando em Floriano.
Luiz Orlando Rodrigues, nasceu em Floriano, 16.05.1952 (54 anos), filho de Orlando Rodrigues, “Mestre Orlando” e Dona Claudina Amorim, conhecida como “Dona Coló”. A família era composta de craques, os irmãos homens todos jogavam bola, o mais velho, Francisco de Paula Rodrigues (56 anos) – “Boi Bufallo”, zaqueiro central, seguro, habilidoso com a perna esquerda, jogou no Reno – 1967, Cruzeiro – 1970 e Vila Nova; já José Wilson Rodrigues, 52 anos, jogava de volante, estilo Clodoaldo, garra e preparo físico, não se entregava, persistente; José Henrique Rodrigues, 51 anos, meia armador, craque, chute forte e certeiro, era a preocupação dos goleiros adversários, participou de um dos melhores meio de campo do futebol amador de Floriano composto por: César Augusto, José Henrique e Naldinho Gonçalves, o mais novo dos homens; e Sebastião Tarso Rodrigues, conhecido como Tião de Coló, 49 anos, zagueiro central, duro não brincava em serviço, xingava até o vento que tocasse nele, boca porca. Luiz tem duas irmãs: Lindaura Maria Rodrigues e Yolanda Maria Rodrigues, seus pais deixaram um legado, a família unida, e composta de pessoas de respeito e amigos.
Perguntamos ao Luiz Orlando sobre seus pontos fortes no futebol e respondeu sem titubear; eram três: primeiro, a habilidade - "eu tinha uma flexibilidade mental muito forte, antes da boa chegar para mim, já tinha duas, três jogas premeditada para fazer, ficava impressionado com este detalhe, o chute certeiro sem muita força, porém com efeito, e usava um artifício, quando chutava a bola eu gemia “HUUUU” como o Guga, tenista faz hoje nos arremesso das suas bolas, esse truque, atrapalhava os adversários, principalmente os goleiros, fiz muitos gols usando esta malandragem", continuou Luiz Orlando - "meu segundo ponto era o drible curto e rápido, e engraçado, o esporte que me ajudou nessa habilidade não foi o futsal, foi o voley ball, na época havia uma disputa acirrada entre os Ginásios 1º de Maio e Santa Teresinha, era o que havia de melhor no voley, foram três anos (1967, 1968 e 1969) de muita rivalidade: sinto-me feliz em poder contar esta ligeira passagem, pois são poucas pessoas que sabem disso: o time do 1º de Maio era formado por: Gilmar (crente), Zé Manoel (de Barão), Jolimar, Luiz Orlando (levantador – armava o time, como era baixo eu tinha que me virar para ser o melhor e isso me ajudou no futebol), Raimundo (madame Tatá), Pequenoti (apelido era um contraste ele era o mais alto quase 2,00 metros de altura – o florianense gosta dessa brincadeiras), na reserva desse time tínhamos ainda, Neivinha, Quinto e Chico Ivone, era muito luxo ter um banco desse. Já o timaço de voley do Santa Teresinha: Zé Nery, Davi Miranda, Raimundo Carvalho (era o craque da época, dava gosto vê-lo jogar), Zé Carvalho, Nerivaldo e Zé Afonso. Bons tempos! Meu terceiro ponto mais forte era a catimba, vou contar só uma passagem do que aconteceu no Campo dos Artistas, um jogo disputadíssimo: Botafogo de Gusto contra o nosso maior rival Flamengo de Tiberim (perder pra eles era uma trauma), até hoje é conhecido como o GOL REPLAY, sem TV, pode? Mas você vai vê como pode, começou o jogo, logo aos 20 minutos, Flamengo de Tiberim fez 1 X 0, encerrou 1º tempo, intervalo, conversamos o que poderíamos fazer, o jeito era ir pra cima, não podíamos de maneira alguma perder, bola rolando no segundo tempo, na metade do tempo, falta próximo da grande área, Flamengo compôs a barreira, Janjão lançou a bola e eu entrei impedido entrei de cabeça e gol, foi aquela alegria, quando olhamos para o juiz Vicente XEBA, estava anulando o gol, corri pra cima dele, e comecei a dialogar mostrando várias saída para resolver o impasse , quando de repente propus: pois repita a falta, ele gostou da idéia e colocou a bola para ser cobrado a falta, engraçado foi do mesmo jeito, Janjão correu lançou a bola eu entrei de cabeça e fiz o gol, foi o replay do primeiro gol, os torcedores foram a loucura! Empatamos o jogo, e, no final todos ficaram felizes, inclusive Vicente XEBA. Além do Botafogo de Gusto, joguei Santos de Luis Parnaíba (1964), Palmeirinha e flamengo de Divino. Fui artilheiro pelo Santos (1964) e pelo Botafogo de Gusto (1967)".
Luiz Orlando lembrara de um fato pitoresco: os campeonatos amadores de Floriano eram organizados pelos próprios jogadores, não existia uma pessoa para organizar: e a sequência do futebol tinha um ritual interessante uma espécie de mudança decategoria , frisou Orlando, os adolescentes começavam jogar da seguinte maneira: 1ª etapa no Campo do Odorico, a 2ª etapa era no Campinho da Xica Pereira, os times eram: Bangu do Fabrício, Fluminense de Carlos Sá, Benfica de Albenício, Vasco do Bosque e Plameirinha. 3ª etapa era no Campo dos Artistas, campeonatos acirrados: Flamengo de Tiberim, tinha os seguintes atletas: Nego Cleber Ramos, bom de bola, artilheiro, futebol alegre, Siqueira, Zé Filho, Chiquinho. O Botafogo de Gusto: Manoel Antonio, Luiz Orlando, Janjão, Danunzio (cracasso), Mundeiro, Bago, Honório, Pedro Taboqueiro. O Brasil de cizé, filho de dona Sinésia, Galo Mago, o time do Santos de Luis Paraíba, tinha os altletas: Abdom, João de Filó, Chinês (Cap. Penha). A 4ª e última etapa eram nos Campos do Ferroviário e do Comércio, os jogadores começam a usar chuteiras, eram semi-profissionais, os times que participavam eram: RENO de Zé Amâncio, os craques eram: João Martins, Boi Bufallo, Jolimar, Trinta, Carlito, Soleta, Selvu, o Corinthians de Joel, tinha os atletas: Bagana, Antonio Guarda, Antonio Ulisses (Pelado), o Ferroviário de Pompéia, composto de Pompéia, Luiz Orlando, Janjão, Mundeiro, Gonzaga, Zeca Zunidor (um relâmpago o endiabrado), Zeca Futuca; já o Comércio tinha também um timaço: Luizão, Pepedro, Antonio Luiz Bolo Doce (um dos maiores jogadores de Floriano), Petrônio, Brahim, Sadica (um espetáculo, fenomenal, só alegria vê-lo jogar).
Perguntado sobre o melhor time que ele jogou: Luiz Orlando mudou de posição na cadeira e, disse firme, foi o CUZEIRO, veja a formação: Galo magro, Boi Bufallo, Bagana, Siqueira, Parnaibano, Pedro Taboqueiro, Chico Ivone, Cleber e Quinto. Tínhamos um banco de luxo: Zeca Futuca, Tim do Bruno e Janjão, dava gosto jogar e ver o time jogar, e finalizou a entrevista dizendo: "era um show, dá uma saudade"!
Na saída Luiz Orlando contou uma presepada de ZECA FUTUCA: Jogo em São João dos Patos-MA, Botafogo de São João dos Patos X Cruzeiro (Timaço). O jogo começou e com apenas 5 minutos o zaqueirão JULIÃO, negão forte 1,85 de altura uns 2 de largura (brincadeira), entrou forte em Zeca Futuca, quebrou seu Zeca, infelizmente teve que ser substituído, meu amigo Zeca ficou fora só resmungando, tem revanche, tem revanche, vou te deixar branco negão, tu vai ver, vou descontar. Todos ficaram admirados, como machucar aquele atleta se ele é grande em qualquer lugar da terra; no entanto, com Zequinha ninguém pode vacilar. E, veio o jogo de volta, no Campo do Comércio CRUZEIRO X BOTAFOGO de São João dos Patos-Ma, no ato da escalação, o técnico não colocora Zeca Futuca e ele ficou feliz, chamou um bocado de menino e deu pedra para no momento que o JULIÃO, o negão de São João dos Patos, passasse a turma jogasse pedra no Zagueiro, não é que a turma acertou o negão e, ele teve que ser substituído. Zequinha não deixou barato, passou pelo negão e disse: "bem que avisei... DESCONTEI GORILA"! - Coisas de Zeca Futuca.
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Na foto acima, vê-se Luiz Orlando, hoje, na rua João Chico, na esquina do antigo estádio José Meireles na Manguinha.

5/20/2006

CINE NATAL I


O velho Cine Natal era Situado na avenida Álvaro Mendes, hoje avenida Getúlio Vargas, onde atualmente funciona o Mercadão das Malhas.
Era de propriedade da firma Bento Leão & Cia, que tinha como sócios os senhores Bento Leão e Costa e Honorato Drumond de Carvalho.
Fora inaugurado já com filmes falados em 15 de junho de 1937 com a película - AMO TODAS AS MULHERES, com Marlene Dietrich.
O primeiro projecionista (operador) do velho Cine Natal fora o senhor José Barreto, que também montara as máquinas. Por quarenta anos tivemos outro operador, o senhor José Maria de Araújo (Zé Pequeno), até o seu fechamento.
Em 1952 houvera uma reforma completa, vindo a máquina da cidade maranhense de Carolina, quando então fazia sucesso a marca cinemascope.
O Cine Natal funcionara até o dia 31 de dezembro de 1988 e a última película projetada fora um lemantável pornô brasileiro.
Hoje, esse prédio encontra-se totalmente descaracterizado, ridículo, horroroso e sem a mínima inspiração criativa, desrespeitando, até, as suas antigas características e detalhes.
Seria de suma importância se o proprietário atual pudesse rever, mudar, alterar, resgatar a frente desse belo monumento arquitetônico de nossa cidade, que em outrora fazia a alegria dos amantes do cinema.
Chega de tanto consumo!
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Fonte: Floriano de hoje e de ontem / Teodoro Sobral Neto

5/19/2006

CAJUEIRO


ACREDITEM! Vejam só o que o nosso amigo César Augusto nos apronta: nos enviou uma foto recente do velho cajueiro do famoso campo do artista e, impressionante, ainda mais com a presença do arqueiro Pompéia (de voadas fantásticas no Ferrim dos anos sessenta).
Como sabemos, era à sombra desse saudoso cajueiro que se discutia tudo sobre as partidas acirradas que lá se disputavam: muita confusão, juiz sendo chingado, foi gol, não foi, foi impedimento, etc e tal.
O folclore mais comentado do período romântico, fora quando o nosso amigo Caçula, filho de dona Tintô, apitava uma partida decisiva e marcara um pênalti meio duvidoso. Disseram que iriam pegar ele lá fora. Temendo represálias, Caçula fora astuto: faltando um minuto para encerrar o jogo, subiu no muro, abriu os braços, apitara o final da peleja e disparou na tubada no rumo de casa.
Deveriam, pelo menos, aproveitar esse pequeno espaço do Campo do Artista e construir uma quadra poliesportiva para as novas gerações

ARTISTICO - DÉCADA DE 40


VEJAM só que coisa extraordinária: o nosso amigo Cesar de Antonio Sobrinho fora visitar o nego Hélio, irmão de Zeca Futuca, Didi, Abdon, Antonio Anísio, e a mãe deles, dona Alice Meneses, hoje com 81 anos, com saúde de ferro e mostrara uma foto do seu esposo e pai dessa turma boa de bola, seu Tunas Cansanção.
TUNAS CANSANÇÃO (na foto está de gorro no meio - primeiro da esquerda), jogava na lateral direita, no ARTÍSTICO, 1946.
Na foto temos também os seguintes atletas: Zeca do Caracol, Seu Neca (tio de Antonio José Caraolho), João Guarda, Marreca (que morava na RUA DO FIO).
São preciosidades dessa natureza que vamos aos poucos colocando em dia nossas grandes glórias do passado romântico.
Avante, César!

VAPOR AFONSO NOGUEIRA


Floriano ainda engatinhava, avançava dentro do contexto de expansão de seu comércio. Era através do período das navegações do rio Parnaiba que escoavam suas riquezas. Para tanto, diversos barcos e vapores transportavam inúmeras mercadorias, para abastecer o comércio das cidades.
O Vapor Afonso Nogueira (foto) foi desses pioneiros a desenvolver um roteiro na evolução do progresso de Floriano.
Eram tempos românticos, onde as conquistas e o crescimento da Princesa do Sul emplacavam em todos os setores de sua economia. Tinha reflexos, também, nas atividades sociais e culturais.
Floriano precisa com urgência retomar o seu crescimento e o seu lugar em que sempre estivera, dentro do contexto econômico piauiense.

NAVEGAÇÕES DO PARNAIBA


LANCHA de passageiros e cargas e, ao fundo, algumas barcas de produtos trazidos de várias cidades ao longo do Parnaiba até Floriano.
Nos período dos anos sessenta, esse tipo transporte fluvial ainda escoava diversos produtos, onde faziam o abastecimento do comércio das cidades ribeirinhas dos estados do Piauí e Maranhão, vindo a se extinguir logo depois em função do progresso das estradas.
Um fato pitoresco, conta o folclore, é que o saudoso Michel Demes, no dia do seu casamento, a ser realizado em Teresina, perdera o avião (teco-teco), que tinha fretado, mas que atrasara ou coisa assim, de forma que esse conceituado empresário teve que às pressas apanhar uma dessas viagens de barco até Teresina, para acalmar os nervos da noiva. Tinha passado um telegrama relatando esse inusitado fato.
Estava se desenhando, naquele momento, o seu grande futuro.
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Foto: acervo do Espaço Cultural de Teodoro Sobral Neto

MÁQUINA REGISTRADORA


SENSACIONAL! Essa é a famosa máquina (registradora) de ganhar dinheiro das antigas Lojas Michel Demes.
Atualmente, esse grandioso valor histórico, encontra-se guardado e exposto no espaço cultural do empresário Teodorinho Sobral. Vale a pena rever outros objetos, fotos e momentos do passado florianense.
Fora através dessa velha máquina que registraram-se as compras de nossos presentes de natal. Tinha de tudo. Era um grande delírio. Ganhamos muitos carrinhos e revólveres de brinquedo, para brincarmos de "quemente".
Saudade não tem idade!

37º Aniversário do Cine Natal 1974