10/01/2012

FLORIANO - ESTADO DO PIAUI / BRASIL ( PARTE FINAL )

Dados Sumários de 1925 a 1943 )
Por - Delmar Mendes dos Reis / Texto de Novembro de 1993

COMENTÁRIOS FINAIS

Atualmente, Floriano cresceu muito como cidade, em face do surgimento de alguns bairros, por sinal, bastante populosos. Porém, no que se refere ao movimento comercial, não creio que tenha havido progresso substancial, apesar da farta energia elétrica hoje existente proveniente da hidrelétrica de Boa Esperança, que anteriormente se fazia sentir.

Quanto à sociedade chamada elite, estamos certos de que não houve a evolução do tradicionalismo de famílias e nem observados os valores morais, pelos descendentes, com raríssimas excessões. Não queremos dizer com esse suscinto comentário afirmar que a sociedade de hoje não mereça distinção nem apreço. Longe de nós tal conceito. O que queremos dizer é que os valores moraisde hoje são completamente antigônicos aos daqueles tempos passados. A mocidade de então pensa e age compltamente diferentes dos de seus antepassados.

Finalizando, reiteramos aqui tudo o que a nossa memória conservou e gravou, e se algo não estiver de acordo ou literalmente correto com os acontecimentos do passado, pode crer que procuramos ser verídico o mais possível, a fim de que os registros retro citados possam servir-lhe como documentário para o seu livro, do ocorrido nos 18 anos citados, da vida de nossa querida Floriano.

E, se algum fato de bom ou de ruim aconteceu durante os 50 anos após, corre por conta do chamado progresso, o qual não somos contrário nem ortodoxo extremado.

Todavia, não podemos esquecer jamais do desaparecimento do eficiente transporte fluvial, que se fazia no "velho Monge", e aí rememorando os tempos que não voltam mais, quêdo-me como num sonho, vendo as balsas de buritís descendo o rio e o vai e vem das embarcações, no afã cotidiano de trazer para nós outros um pouco do progresso de outras plagas, como também levar para outrem aquilo de bom que a nossa terra produzia.

Por tudo isto e pela saudade que sinto n´alma, tal qual o sentimento de nostralgia o poeta de "As Primaveras", recordamos de seus versos:

"Oh! Que saudades que tenho
da autora da minha vida
da minha infância querida
que os anos não trazem mais!...



FLORIANO - ESTADO DO PIAUI / BRASIL ( PARTE XII )

Dados Sumários de 1925 a 1943 )
Por - Delmar Mendes dos Reis / Texto de Novembro de 1993

PESSOAS E PERFÍS

Eleutério Rezende

Este notável e humilde alfaiate, maranhense de Barão de Grajaú, foi uma das poucas pessoas que contribuíram com a sua inteligência privilegiada, no desenvolvimento educacional de Floriano, especialmente como professor de música da Escola Normal local.

Não temos certeza se este brasileiro esquecido, estudante do antigo Colégio "24 de Fevereiro", concluiu o curso ginasial. Todavia, era um autodidata sem precedentes, entendendo de tudo, como: astronomia e música, especialmente. Foi poeta, escritor, dramaturgo e ator, e professor de música sem nunca ter tocado nenhum instrumento, quer de sopro, quer de cordas etc.

Cultor da arte presidida por Euterpe, são de sua própria autoria quase todos os hinos em honra de Santa Teresinha do Menino Jesus, os quais eram cantados pelo pocona data festiva da Santinha de Lisieux. Era Eleutério católico fervoroso praticante. E, por todos estes predicados, respeitosamente, consignamos-lhe - Honra ao Mérito.

Hercília Barros Camarço

Brilhante professora e educadora por excelência, possuindo um colégio misto denominado "Santa Cecília". Quando da criação da Escola Normal de Floriano, foi sua Diretora por muitos anos até aposentar-se.

Exímia pianista, executava de cór mais de cem composições musicais. Foi em seu piano que o Tenente-Coronel revolucionário João Alberto Lins de Barros, quando de sua estada por Floriano, executou algumas peças musicais.

Muitos jovens, de ambos os sexos, devem a esta notável educadora os conheicimentos pré-primários e pré-ginasial. À ela, nossa homenagem!

Vultos Populares

Perambulando pelas ruas e logradouros públicos eram encontradas pessoas que o vulgo dotou de apelidos jocosos, como: Maria Véia, Joana Véia, Derréia, João Cego, Manuel Garapa, João Pé de Bola etc. Havia também uma moça velha toda enfeitada de flores, andando com um crucifixo, dizendo-se Santa Teresinha. Se alguém a saudasse tomando-lhe a bênção, ela alegrava-se e até dançava de contentamento; porém, se a chamassem de vovó, ela esperneava-se xingando a pessoa.

O tal "garapa", não gostaca do apelido e ficava fulo de riva, quiando alguém o chamava assim. Muitos moleques gritavam: mel com água - e ele respondia: mistura, acompanhados de uma série de palavrões.

Etnia e Raça

Em Floriano existia ou existe ainda uma raça de negros luzídios, que o povo apelidou-os de "zinidores", por serem pretos retintos e de cabelos ancarapinhados ou enroladinhos na cabeça.

Hoje, talvez, com o constante cruzamento de reaças - preta e branca - a população da cidade e município se constituem de pardos em sua maioria.

9/28/2012

FLORIANO - ESTADO DO PIAUI / BRASIL ( PARTE XI )

Dados Sumários de 1925 a 1943 )

Por - Delmar Mendes dos Reis / Texto de Novembro de 1993

NOTAS DIVERSAS

Automóveis

O primeiro automóvel que surgiu em Floriano foi um "Ford", de bigode, de propriedade do senhor Athur Leodegário Mouzinho, gerente pioneiro da Casa Mark Jacob. Foi um sucesso para a população. Outros, vieram posteriormente: o do Major CarlinoNunes ( coletor federal ); o dosenhor Leônidas Leão; o do senhor Juca Carvalho; o do senhor Afonso Nogueira etc.

Hotéis

Até os anos de 1944, Floriano não possuía hotéis, porém, a "Pensão Estrela", sob a direção de sua proprietária, senhorita Maria Inês Estrela, da sociedde local, destacava-se como hospedaria.

Referida casa de hospedgem, representava, à época, como se fosse um hotel de duas estrelas, face o fidalgo tratamento, tanto na acomodação, quanto na alimentação de seus pensionistas e hóspedes. Daí, o nosso registro.

Sítios e Fazendas

Nos arredores da cidade existiam alguns sítios, cujos proprietários neles residiam: Sambaíba, Juca Carvalho; Ibiapaba, Olímpio Barbosa etc.

Várias, são as fazendas de criação de gado bovino e caprinos. Em algumas destas propriedades rurais, existem as palmeiras nativas denominadas carnaúbas, das quais eram extráidas de suas folhas um pó ou pólen que, derretidos, transformavam-se numa cera. Estas de grande aceitação comercial eram exportadas para outros países.

Também, por serem nativos existem o famoso cajueiro, cujos frutos, colhidos a partir de setembro são muito apreciados.

Face à estiagem, como também inconstante o período chuvoso, a cultura de gêneoros alimentícios pouco se fazia, mal dando para o sustento dos proprietários de terras e seus colonos.

Templos

Tem a cidade, na praça doutor Sebastião Martins, um suntuoso Templo Católico, construído pelo povo e a sociedade, por iniciativa do saudoso Padre Acylino Porela Richards, em substituição a umaantiga e pequena Igreja que existia à frente, a que foidemolida após a construção do referido Templo.

O padroeiro é São pedro de alcântara. Acontece, porém, que por anos a fio a imagem que representava o padroeiro na pequena Igreja era de outro São pedro. O logro somente foi descoberto quando julgaram que onovo Templo exigia uma imagem maior e, com a chegada desta, notaram a diferença entre uma e outra.

Era costume antigo do sino repicar por várias horas, quando do falecimento de pessoas da cidade. Houve algum tempo que o comércio fechava no horário de almoço - de 11 às 13 horas - guiando-se os comerciantes pelas badaladas do relógio da igreja. O horário de funcionamento do comércio era das 07 às 11, e de 13 às 17 horas dos dias úteis.

Também, os chamados "protestantes", do rito "Batista", construíram o seu Templo, à rua doutor Eurípedes de Aguiar.

Diversos

O serviço postal foi instalado em 1882 e o telegráfico em 1896. A agente dos correios que conhecemos era dona Maria Costa, esposa do senhor José Miguel da Costa. O Chefe da Estação dos Telégrafos era o senhor Alcebíades de Castro Veloso. Com a remoção deste para Teresina e consequentemente a fusão dos correios e telégrafos, assumiu o comando de tudo o telegrafista senhor João Castelo Branco.

Floriano já posuía uma grande usina para beneficiamento e prensagem de algodão, denominada "Usina Itaueira".

Muitas ruas e algumas praças eram conhecidas da população por nomes jocosos: rua do Caracol, rua doFio, rua da Bandeira, rua do Curral, rua da União, rua do Cemitério, rua do Molambo etc.

9/24/2012

FLORIANO - ESTADO DO PIAUI / BRASIL ( PARTE X )

Dados Sumários de 1925 a 1943 )

Por - Delmar Mendes dos Reis / Texto de Novembro de 1993

DIVERSÃO E ENTRETENIMENTO

Como não podia deixar de ser, em toda cidade interiorana que se preze, tem o seu espaço dedicado às suas horas de ócio e de lazer.

Floriano de então, e sendo a terceira cidade do Estado, também posuía lugares consignados para diversões - bares, cinemas, teatro ( este funcionando esporadicamente ), cabarés etc.

A elite social compunha-se de famílias das classes rica e média, ambas militantes do comércio de ummodo geral.

Antes da existência do "Floriano Clube", os bailes sociais da chamada época áurea, realizavam-se em residências particulares, dependendo do motivo a ser comemorado. Os convites pessoais eram feitos com antecedência, a fim de que os convidados se preparassem devidamente. As despesas decorrentes desses eventos corriam sempre por conta dos anfitriões.

Também, aconteciam nasdardes domingueiras, promovidas pela sociedade, soirés dançantes beneficentes com passeio fluvial de 12 às 18 horas, a bordo dos vapores "Europa" ou "Manoel Thomas", gentilmente cedidos pelos respectivos comandantes.

Os bailes carnavalescos, bem como os de caráter beneficente, realizavam-se no Teatro Politeama, adremente ornamentado para maior brilhantismo dos festejos citados.

As pessoas pertencentes a classe operária, com raras excessões, formavam um bloco à parte. Suas festas, de um modo geral, eram promovidas na sede da "União Operária".

CARNAVAL

Durante os festejos dedicados ao rei Momo, o chamado carnaval de rua era bastante fraco, com um ou outro bloco, arremessando confetes e serpentinas, bem como "cabacinhas de cera", contendo água colorida às pessoas presentes. Era o chmado "Entrudo". Nos bailes, formava-se blocos distintos, devidamente fantasiados de acordo.

CINE TEATRO POLITEAMA

Esta ex-casa de diversão foi construída na avenida Álvaro Mendes, sobre o riacho do "Gato", por iniciativa do coronel Hermando Brandão, a fim de servir o público na projeção de filmes cinematográficos, especialmente. Também, servia como teatro. Nele aconteceram representações de várias companhias teatrais do Rio de Janeiro. Ainda, promovidas pela sociedade local, aconteceram teatrinhos de variedades, bem como peças dramáticas da larca do senhor Eleutério Rezende, o qual também brilhava como ator. Tais récitas e dramas, quase sempre eram beneficentes.

A força e luz para funcionamento do cinema era própria. os filmes eram do tempo do cinema mudo e as projeções se faziam acompanhar de músicas executadas por orquestra contratada, sob a dereção do senhor Ranulfo Barros, exímio flautista.

CINE NATAL

Tempos depois, o senhor Bento Leão adaptou a sua residência em casa de divesão, inaugurando o cinema falado sob o título citado. Este funcionava com energia e luz próprias, pois este senhor possuía um motor para beneficiamento de arroz no qual foi adaptado um dínamo para energia elétrica.

Anexo ao cinema funcionava p Bar Natal de sua propriedade, passando este a ser o mais frequentado da cidade.

Passados alguns anos, surgiu outro cinema de propriedade do senhor Adala Attem, em prédio também adaptado, que este adquiriu de um patrício, o qual retornou à sua terr natal. ( o nome deste sírio não me ocorre, informe-se com seu mano Michel ).

AMPLIFICADORA DE SONS

Não possuindo Floriano estação de rádio-transmissora, foi criada no "Cine Natal", uma amplificadora para anunciar os filmes programados. Com o correr dos tempos, esta tornou-se um órgão de propaganda do comércio local, como também de informações, onde eram comentadas as notícias da cidade e do Estado de um modo geral. Nos intervalos das notícias eram transmitidas músicas orquestradas e cantadas, tornando-se, assim, mais um divertimento para o povo.

BARES E BOTEQUINS

O primeiro bar conhecido era de propriedade do senhor Doca Rocha, contendo além de bebidas e cigarros necessários ao bom funcionamento deste, salões para jogos de bilhar e sinuca, como também jogo de azar - carteado e outros.

Anos depois, referido bar foi adquirido pelo senhor Calixto Lobo para o senhor Moisés Kinahier, tornando-se um ponto de reunião frequente dos componentes da Colônia Sírio-Libanesa, especialmente. Estes eram conhecidos pela população piauiense pela alcunha de "carcamanos".

Também, o senhor José Cronemberger abriu um segundo bar, provido do necessário, tendo ainda amplo salão com sinucas e jogo de dominó etc. Não tinha jogo de azar. Seu estabelecimento era bastante frequentado por famílias da sociedade, destacadamente. O movimento maior era das 06 às 10 horas da noite. E nos domingos e feriados começava após a missa das 08 horas.

Outros bares - do senhor Genésio Nunes e do senhor Manuel Vieira dos Santos. Com o advento do "Bar Natal", os outros foram desaparecendo paulatinamente.

Os botequins ou tabernas funcionavam na zona boêmia, sendo os mais frequentados - o do senhor Anfilófio melo e o do senhor Francisco Gonçalves da Paixão.

BANDAS DE MÚSICA

A primeira banda de música pertencia ao saudoso professor de música - Manuel Martiniano da Costa. Depois a "União Operária" fundou a "Euterpe Florianense", sob a direção do senhor Joaquim Araújo. Este teve como sucessor o senhor João Francisco Dantas.

Anos após, e em decorrência da incrementação do futebol amador pelo comércio, surgiu uma terceira sob a direção do senhor João Martins. Este era saxofonista e procedia da cidade de Oeiras.

FUTEBOL

Este esporte bretão teve outrora grandes momentos de lazer para a sociedade e o povo em geral. Nas tardes domingueiras eram frequentes as partidas de futebol, entre os times amadoristas do comércio e do operariado.

O do comércio denominava-se "Comercial Futebol Clube", tendo como Presidente o senhor José Francisco Dutra, Gerente da firma Marc Jacob, e o da classe operária, tinha a denominação de "Artístico Fubebol Clube",cujo Presidente era o senhor Joaquim ( Quincas ) Araújo.

As torcidas de ambos vibravam com as atuações de seus times, chegando ao ponto de deiscriminação entre aqueles que militavam no comércio, e os operariados. As rivalidades eram notórias naquela época, daí o surgimento da banda de música acima referida.

Talvez, pelos motivos retro mencionados, o futebol amador tenha desaparecido de Floriano.

FOLCLORE

Nas épocas de junho, haviam congados e bumba-meu-boi e em dezembro pastorinhas e reizados, festas estas bastante animadas e apreciadas pela população. Também, em junho, faziam-se as tradicionais fogueiras, nas quais eram assadas batatas e macaxeiras, acompanhadas do célebre quentão ou gegibirra.

São tradições e eventos que estão quase desaparecendo neste País, o que é uma pena. Em contrapartida, a violência nas grandes cidades está crescendo assustadoramente.

RIO PARNAÍBA

Nos medes de verão, especialmente nos domingos, a juventude e a criançada realizavam neste rio momentos de entretenimento, não somente banhando-se nas águas e ainda, nadando e atravessando-o montados em talos de buritís, bananeiras para maior segurança de seu desiderato. Contudo, o rio Parnáiba não era apenas salutar para os banhistas. suas águas traiçoeiras, às vezes, conduziam os mais audazes às correntezas e fatalmente à morte. Recordamos com pesar os pranteados rapazinhos Alberto Drumond Neto, filho do senhor Honorato Drumond; José Crvalho, filho do senhor abdenago Ferreira de Carvalho; e Milton da Fopneca Rocha, filho do senhor Martinho Rocha. Este afogou-se, não souberam como, quando em viagem de Teresina para Floriano.

FLORIANO - ESTADO DO PIAUI / BRASIL ( PARTE IX)

Dados Sumários de 1925 a 1943 )

Por - Delmar Mendes dos Reis / Texto de Novembro de 1993

JORNAIS

Existiam até o ano de 1932, dois jornais de publicação semanal - "O Popular" e o "Floriano". Este foi extinto em 1932, por tratar-se de um jornal essencialmente político e pertencente a facção dominange que sucumbiu após a revoluão de 1930. O desaparecimento do outro jornal, aconteceu anos após, quando o seu proprietário, osenhor José Pires Ferreira, transferiu-se para Balsas, Maranhão, sua terra natal.

Posteriormente, surgiu o jornal "Correio do Sul", impresso nas oficinas do antigo "Floriano", o qual tinhacomoredator o senhor Eugenilino Boson dias. Era um órgão político da facção do coronel Raimundo Mamede de Castro, opositor do doutor Oswaldo da Costa e Silva.

9/20/2012

FLORIANO - ESTADO DO PIAUI / BRASIL ( PARTE VIII )

Dados Sumários de 1925 a 1943 )

Por - Delmar Mendes dos Reis / Texto de Novembro de 1993

ACONTECIMENTOS E EVENTOS

em 1925, foi o ano em que Floriano recebeu em seu seio hospitaleiro, a afamada "Coluna Prestes", composta de revolucionários sabidfamente conhecidos, como - Luiz Carlos Prestes, Juarez do Nascimento Távora, João Cabanas, Siqueira Campos e muitos outros militares de nosso Exército, os quais combatiam o Governo Federal, cujo Presidente era o doutor Artur da Silva Bernardes.

Da citada Coluna, aqui estiveram o General Miguel Costa, o Coronel Luiz Carlos Prestes, o Tenente-Coronel João Alberto Lins de Barros, o Major Lyra, entre outros menos graduados. O Quartel-General aqui na cidade, ficou sediado numa casa de sótão, da rua doutor Eurípedes de Aguiar ( esquina da rua onde morava o senhor João Matos ).

Antes, porém, da chegada dos revolucionários a Floriano, quase todas as famílias de posses e algumas da classe méida, deixaram a cidade, indo umas para Teresina e outras para lugares adjacentes, isto porque correram boatos de que aqui seriam travados combates entre as forças legalistas e os revoltosos, o que não aconteceram, felizmente. Em consequência desta debandada, ficou a cidade deserta ao cúmulo em que poucas pessoas eram encontradas nas ruas.

Muitos comerciantes esconderam ou manejaram suas mercadorias a fim de salvaguardar prejuízos. Aqueles que não usaram deste expediente, tiveram algumas mercadorias requisitadas pelos revolucionários.

A casa "Paulista", atualmente Casas Pernambucanas, embalou e levou todo o seu estoque para Teresina, logrando os revoltosos de requisição ou saques de suas mercadorias. Como no prédio nada foi encontrado, os revolucionários decidiram queimar o imóvel, em represália, porém, atendendo pedidos de alguns comerciantes, que alegaram não ser o prédio de propriedade da firma, e sim de terceiros, o que era de fato verdade, não aconteceu a queima do imóvel citado.

As pessoas menos favorecidas nunca comeram tanta carne bovina, como nessa ocasião, pois os revoltosos matavam a tiros os animais encontrados nos pastos, distribuindo com odos os presentes parte da carne retalhada.

Nas oficinas do jornal "O Popular", foram editados dois números, em datas diferentes do ano de 1925, do jornal "O Libertador", órgão oficioso da ex-Coluna Prestes. Os revolucionários passaram por Floriano na ida rumo ao Sul, e na volta, depois de acossados pelas tropas legalistas e também, por cangaceiros do Norfeste. Foi por esta ocasião que o celeberrimo "Lampião" foi promovido pelo Governo, como Capitão Virgulino Ferreira, segundo afirmações divulgadas na época. "Se non é vero é bene trovato!..."

"O Libertador" tinha como redatores os doutores Lourenço Moreira Lima e José Domingues Pinheiro Machado. os tipógrafos eram dois da horda revolucionária.

Quando a Coluna Prestes deixou Floriano, a cidade foi ocupada mês após, por um contingente da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, sob o comando do Tenente-Coronel Artur Otaviano Travassos Alves. Este oficial veio a falecer em nossa cidade, vitamado por febre palustre. Seu corpo foi trasladado para o Rio Grande do sul.

Passada essa fase belicosa e voltando tudo à normalidade, alguns comerciantes que haviam enterrado mercadorias, ficaram surpresos, pois muitas destas, ao serem desenterradas, foram encotradas danificadas pelo bolor e umidade do terreno, especialmente fósforos, os quais eram, antigamente, ambalados em lada de cinco ou flandre.

Em 1926, deu-se a grande cheia do rio Parnaíba e suas águas subiram vários metrosacima do nível normal, inundando grande parte da cidade, provocando assim o desabamento de várias casas.

Dentre estas, a seca assolou todo o Nordeste, especialmente os Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e grande parte do Ceará, fazendo com que muitos de seus habitantes emigrassem para o Estado do Maranhão e parte do Piauí, onde a seca não foi tão devastadora.

Nessa ocasião, Floriano foi invadida por muitas famílias de flagelados. Eram tantos os pedintes acossados pela fome, de causar dó e tristeza por parte de nossa população.

Diante disso, e a própósito dessa invaão de flagelados pelas ruas da cidade, o poeta Antonio Veras de Holanda, compôs um poema intitulado "O Trinta e dois", do qual recordamos os dois versos seguintes:

"São homens varonís,
mulheres côr de jambo,
que a sorte reduziu
a trapo e a molambo.

É a seca, o Trinta e Dois,
o monstro morto à fome,
que dos seios maternais
arranca o filho e come!

8/29/2012

FLORIANO - ESTADO DO PIAUI / BRASIL ( PARTE VII )

Dados Sumários de 1925 a 1943 )

Por - Delmar Mendes dos Reis / Texto de Novembro de 1993
INDÚSTRIA E COMÉRCIO

Por absoluta falta de energia elétrica, mola mestra no funcionamento de indústria, estas eram quase inexistentes em Floriano. Artezanalmente existiam em nossa cidade pequenas fabriquetas, especialmente nos ramos de calçados e artefatos de couros, destacando-se as Sapatarias Lima e Universal, às quais supriam a população local e de algumas cidades circunvizinhas, inclusive do Estado do Maranhão. Funcionava também um pequeno curtume de couros e peles de propriedade do senhor Nicolau Waquim.

Existia uma fábrica de gelo; uma outra de vinagre, denominada "Merceeiro" do senhor Raimundo Vieira de Sá; marcenarias com pessoal habilitado na confecção de móveis etc.

Na confecção de redes de tapuirana, destacaam-se as senhoras Marica Camarço e Maria dos Anjos Raújo, cujos trabalhos eram primorosos e de grande aceitação, sendo vendidas até para outrs estados. Também faziam-se com bilros, rendas e bicos com bom acabamento.

Lembramos aqui que a Usina Elétrica de então, foi inaugurada em 1924 e o motor de capacidade limitada funcionava a óleo diesel no período de 18 às 23 horas. com o crescimento e expansão da cidade, ofornecimento de luz tornou-se quase que ineficiente e ás vezes carente de todo, pois não aguentava o motor a carga ora distribuída.

Na indústria do vestuário, marcaram época grandes alfaiates como os senhores Manuel Conrado de Castro, Abílio Pacheco, João Elias Batista, José Rocha e José Olegário Correa, entre outros.

Na confecção de moda feminina, destacamos as senhoras Lucrécia Oliveira, Raimunda Elias, Diolinda Pacheco, Elzira Ataíde, dentre as demais existentes.

No que se refere ao comércio de um modo geral, este era bastante desenvolvido, encontrando-se à venda tudo de necessário e útil ao desejo dos compradores, podendo-se afirmar com certeza, que o comércio de Floriano era mopvimentadíssimo, não existindo nada a desejar.

Além desse comércio fabuloso existiam, ainda, grandes firmas especialistas na importação de produtos estrangeiros, e as exportadoras em grande escala de gêneros, como: cera de carnaúba, coco babaçu, oiticica, couros de boi, peles silvestres e de cabra etc.

A grande maioria de firmas comerciais de então pertenciam à Colônia Sírio-Libanesa. Destacamos: Casa Said, de Assad Kalume & Filhos; Casa Salomão, de Salomão Issa mazuad; Casa Demes, de José Demes; Casa Lobo, de Calixto Lobo; Casa Attem, de Adala Attem, e outras menores.

De comerciantes brasileiros, citamos: Leônidas Leão & Filhos, Affonso de Macedo Nogueira, Raimundo Mamede de Castro, Ribeiro & Cia, Rodrigues & Silva, João Viana de Carvalgho, João de Deus neto e mais algumas filiais de firmas de Parnaiba, como a Casa Marc Jacob, a Casa Inglesa, Morais & Cia, dentre outras. No ramo exclusivamente de tecidos a tradicional Casas Pernambucanas e a LOoja Rianil, esta já extinta.

Muitas firmas comerciais existentes até o ano de 1943 não estão mais no ramo, em razão do desaparecimento de seus fundadores, ou por dissolução social. Enumeramos: Antonio Neto &  Filho, Benjamim Freitas, Bento Leão e Costa, Cirilo Martins & Irmão, Cristino Castro & Irmão, Deocleciano Ribeiro, Elisiário Fernandes de Souza, Fernando Alves da Silva, Florêncio Teixeira de Miranda, Francisco Raimundo de Castro, Gabriel Gomes Ferreira & Filho, Hermano Brandãi, Jorge Tajra & Filho, José Álvaro dos Santos, José Conrado de Andrade Sobrinho, José Lavrador, Luiz Fernandes Ribeiro Gonçalves, P. J. da Silva, Pedro Antonio Neto, Raimundo Alves Fonseca & Irmão, Raimundo Neves de Ataíde, Tyrso Ribeiro Gonçalves, Almir Nóbrega Passarinho e Martinho Rocha.

ALDÊNIO NUNES - a enciclopédia do rádio florianense

  ALDÊNIO NUNES – A ENCICLOPÉDIA, NUMA ENTREVISTA INIMITÁVEL, MOSTROU POR QUE SEMPRE ESTEVE À FRENTE! Reportagem: César Sobrinho A radiodifu...