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FLORIANO - ESTADO DO PIAUI / BRASIL ( PARTE VIII )

Dados Sumários de 1925 a 1943 )

Por - Delmar Mendes dos Reis / Texto de Novembro de 1993

ACONTECIMENTOS E EVENTOS

em 1925, foi o ano em que Floriano recebeu em seu seio hospitaleiro, a afamada "Coluna Prestes", composta de revolucionários sabidfamente conhecidos, como - Luiz Carlos Prestes, Juarez do Nascimento Távora, João Cabanas, Siqueira Campos e muitos outros militares de nosso Exército, os quais combatiam o Governo Federal, cujo Presidente era o doutor Artur da Silva Bernardes.

Da citada Coluna, aqui estiveram o General Miguel Costa, o Coronel Luiz Carlos Prestes, o Tenente-Coronel João Alberto Lins de Barros, o Major Lyra, entre outros menos graduados. O Quartel-General aqui na cidade, ficou sediado numa casa de sótão, da rua doutor Eurípedes de Aguiar ( esquina da rua onde morava o senhor João Matos ).

Antes, porém, da chegada dos revolucionários a Floriano, quase todas as famílias de posses e algumas da classe méida, deixaram a cidade, indo umas para Teresina e outras para lugares adjacentes, isto porque correram boatos de que aqui seriam travados combates entre as forças legalistas e os revoltosos, o que não aconteceram, felizmente. Em consequência desta debandada, ficou a cidade deserta ao cúmulo em que poucas pessoas eram encontradas nas ruas.

Muitos comerciantes esconderam ou manejaram suas mercadorias a fim de salvaguardar prejuízos. Aqueles que não usaram deste expediente, tiveram algumas mercadorias requisitadas pelos revolucionários.

A casa "Paulista", atualmente Casas Pernambucanas, embalou e levou todo o seu estoque para Teresina, logrando os revoltosos de requisição ou saques de suas mercadorias. Como no prédio nada foi encontrado, os revolucionários decidiram queimar o imóvel, em represália, porém, atendendo pedidos de alguns comerciantes, que alegaram não ser o prédio de propriedade da firma, e sim de terceiros, o que era de fato verdade, não aconteceu a queima do imóvel citado.

As pessoas menos favorecidas nunca comeram tanta carne bovina, como nessa ocasião, pois os revoltosos matavam a tiros os animais encontrados nos pastos, distribuindo com odos os presentes parte da carne retalhada.

Nas oficinas do jornal "O Popular", foram editados dois números, em datas diferentes do ano de 1925, do jornal "O Libertador", órgão oficioso da ex-Coluna Prestes. Os revolucionários passaram por Floriano na ida rumo ao Sul, e na volta, depois de acossados pelas tropas legalistas e também, por cangaceiros do Norfeste. Foi por esta ocasião que o celeberrimo "Lampião" foi promovido pelo Governo, como Capitão Virgulino Ferreira, segundo afirmações divulgadas na época. "Se non é vero é bene trovato!..."

"O Libertador" tinha como redatores os doutores Lourenço Moreira Lima e José Domingues Pinheiro Machado. os tipógrafos eram dois da horda revolucionária.

Quando a Coluna Prestes deixou Floriano, a cidade foi ocupada mês após, por um contingente da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, sob o comando do Tenente-Coronel Artur Otaviano Travassos Alves. Este oficial veio a falecer em nossa cidade, vitamado por febre palustre. Seu corpo foi trasladado para o Rio Grande do sul.

Passada essa fase belicosa e voltando tudo à normalidade, alguns comerciantes que haviam enterrado mercadorias, ficaram surpresos, pois muitas destas, ao serem desenterradas, foram encotradas danificadas pelo bolor e umidade do terreno, especialmente fósforos, os quais eram, antigamente, ambalados em lada de cinco ou flandre.

Em 1926, deu-se a grande cheia do rio Parnaíba e suas águas subiram vários metrosacima do nível normal, inundando grande parte da cidade, provocando assim o desabamento de várias casas.

Dentre estas, a seca assolou todo o Nordeste, especialmente os Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e grande parte do Ceará, fazendo com que muitos de seus habitantes emigrassem para o Estado do Maranhão e parte do Piauí, onde a seca não foi tão devastadora.

Nessa ocasião, Floriano foi invadida por muitas famílias de flagelados. Eram tantos os pedintes acossados pela fome, de causar dó e tristeza por parte de nossa população.

Diante disso, e a própósito dessa invaão de flagelados pelas ruas da cidade, o poeta Antonio Veras de Holanda, compôs um poema intitulado "O Trinta e dois", do qual recordamos os dois versos seguintes:

"São homens varonís,
mulheres côr de jambo,
que a sorte reduziu
a trapo e a molambo.

É a seca, o Trinta e Dois,
o monstro morto à fome,
que dos seios maternais
arranca o filho e come!

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