Pular para o conteúdo principal

Faleceu Pedro Pierre Brasileiro

Depoimento de sua Sobrinha Rosane Pavam (Jornalista)

Sobre o homem ao centro desta imagem, fotografado por meu pai em Floriano, Piauí, enquanto se cercava da mulher Maria e dos filhos Joaquim e Jesus, as emoções são complexas e certas.


Por longos períodos de férias que passei naquela cidade  durante a infância e a adolescência, meu tio Brasileiro representou um porto seguro alegre e gentil.

Não quero ser triste, nem serei, mas o fato é que hoje mais um pai me deixou sem me deixar.

Pedro Pierre (você leu direito), que teve longa e produtiva existência, cuidou de mim como poucos outros mais. Animou meus primeiros anos, quando eu ocupava a garupa de sua lambreta em Floriano e passeávamos, sabão e toalha em punho, na direção do rio Parnaíba onde íamos “banhar”. 

Conversador e orador de ideias só suas, cheio da  energia empreendedora que faltava a meu pai, o Walter artista, ele sabia ser ouvido e ouvir. Muito importante, ria dos acontecidos, esses que só ele saberia contornar. (Entendia complicada minha família materna, por exemplo, mas não se complicava, ele próprio, com ela; a última gargalhada pertencia a ele, e assim gostava de seguir).

Era o homem certo pra desatar os nós. Um vendedor de sapatos que se tornara célebre figura conselheira daquela Floriano onde viveu. “Sobrinha de Pedro Pierre?”, me perguntavam pela rua, e as portas se abriam. 

Sua mãe, com quem partilhei horas de conversa, tinha um rádio que pegava as estações do mundo inteiro, fascínio de babel naqueles tempos e naquela cidade onde a tevê felizmente tardaria a existir. Criança, ela havia convivido com Maria Bonita, sobre quem guardava muitas histórias.

Seu filho Pierre foi a figura inteira que tanto respeitei e amei. 

Querido tio, muito obrigada por tudo e fique em paz.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FOLCLORE ÁRABE - FLORIANENSE

ATITUDE SUSPEITA Salomão Cury-Rad Oka Na época áurea do comércio árabe-florianense, os clubes sociais e os clubes de serviço se caracterizavam por sua exigência em selecionar os freqüentadores. Nos idos daquele tempo, fazer parte da seleta casta freqüentadora de agremiações como o Rotary Club de Floriano, Clube de Regatas, Maçonaria e o tradicional Floriano Clube ( foto ) demandava coleguismo, filantropia, caráter e, naturalmente, contatos sociais e dinheiro. Na boa e democrática Floriano de hoje, basta interesse em servir ou em aparecer. Aliás, atualmente, ter o “perfil” de rotariano ou de maçom é mais importante que ter dinheiro ou posição social. Durante um grande período do século XX, ser de origem árabe também era um fator importante a ser considerado ( talvez, por causa do enorme montante de valores que circulava nas mãos dos carcamanos ). Obviamente, existiam importantes famílias brasileiras que também eram partícipes dos movimentos sociais em Floriano. Assim, pode-se dizer que ...

Tempos de Natal

  Fonte: Dácio Melo (filho de Mestre Walter)   Véspera de Natal. Os mais velhos sentados na porta, todos animados conversando e os meninos ao redor sentados na calçada. E o Papai falou bem alto pra " todos ouvirem": - Ô, Inhá, é verdade que Papai Noel num visita minino  que dorme tarde na noite de Natal?  - E mamãe disse  "eu ouço isso desde que era pequena. É verdade" . Num demorou muito a molecada foi se levantando, passando as mãos  no fundo das calças e saindo de mansinho pra estebungar no fundo da rede. De manhã cedinho, era todo mundo revirando a cabeça pra debaixo da rede. Todo mundo ansioso pra saber o que Papai Noel deixara pra gente!  A rua amanhecia cheia de minino! Uns chutando bolas zeradas, outros puxando carrinhos pelas calçadas, alguns sentados  na calçada estirando as pernas pra mostrar os chinelos novos e os tiros de revolver de espoletas. Tudo isto ao som das notas amalucadas do violão do Tete! Ahhh, tempinho Bom!

Natal Retrô

Colaboração: Dácio Melo No início do mês de dezembro o clima mudava, o tempo mudava, no ar a expectativa pelo aniversário de Jesus!  As pessoas tornavam- se mais fraternas e mais alegres. E a meninada ansiosas pelas festas, bolos, bombons, refrigerantes, q-sucos supercoloridos, mas os brinquedos, ah os brinquedos! Eram o motivo maior da ansiedade.  Nossos sonhos giravam em torno da chegada do Papai Noel. O que será que ele vai trazer pra mim..... nas rodas de conversas todos falavam de suas preferências.......ah se ele me desse uma bola, daquelas boas que duram bastante.....eu queria um revolver de espoleta..... já eu queria uma caçamba, que aguenta carregar barro, areia e pedra.....eu me contento com uma havaiana amarela.  No dia 25 todo mundo acordava bem cedo e virava a cabeça por baixo da rede com o coração disparado de emoção pra ver a surpresa que Papai Noel deixara para nós! Fosse o que fosse, todos saiam a mostrar uns para os outros o que o bom velinho tinha nos d...