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PARA O RESGATE DA MEMÓRIA DA CIDADE

FLORIANO - DOS ANOS QUARENTA AOS DIAS ATUAIS


O velho Floriano Clube,
abandonado
CLUBES RECREATIVOS E SOCIAIS

Por - Nelson Oliveira e Silva

Antes do surgimento oficial dos clubes sociais e recreativos de Floriano, os bailes eram realizados nas residências das famílias da elite ou no antigo prédio da Prefeitura Municipal ( na rua Fernando Marques).

O primeiro aqui instalado foi um da classe operária, a tradicional UNIÃO ARTÍSTICA OPERÁRIA FLORIANENSE, que construiu a sua sede social em 1927, graças ao empenho de uma gama de cidadãos do referido segmento social, num gesto de boa vontade e de amor à classe, resolveram criar o seu clube próprio onde pudessem realizar os seus bailes e festas junto as suas famílias. Além da diversão a União mantinha um serviço de beneficência para os seus sócios quites com a entidade em caso de doença.

A UNIÃO ARTÍSTICA manteve também, durante muitos anos, a sua própria banda de música, responsável pelo surgimento de muitos músicos em nossa cidade, graças a sua escola de música dirigida por João Dantas. A referida tinha por denominação de EUTERPE FLORIANENSE, que era responsável pela animação de suas festas, com destaque para o dia 1º de Maio, dia consagrado ao trabalhador, que vem se estendendo ao longo dos anos, embora sem o brilho e o entusiasmo do passado, porque já não se fazem presentes a referida festividade, as inúmeras caravanas de outras cidades que aqui aportavam para dela participarem.

Na década de cinquenta, salvo engano, a entidade enveredou pelo mundo da educação, criando o GINÁSIO PRIMEIRO DE MAIO, que através de mais de meio século, vem cumprindo com grande sucesso a sua gloriosa missão na área de ensino, já tendo saído das suas salas de aula importantes personalidades de vários segmentos profissionais que deram seus peimeiros passos naquele estabelecimento, que teve como sua primeira diretora a senhora dona Maria Helena Siqueira Rodrigues, que por muitos anos empunhou o bastão de comando daquele ginásio.

Diante do crescimento do Ginásio, os salões da UNIÃO ARTÍSTICA se transformaram em salas de aula da escola que se mantém vivo e fiel aos seus princípios em busca do seu grande destino.

Em 1939, salvo engano, surgiu o Floriano Clube, o clube da elite ( foto acima ), que passou a promover os bailes da nossa alta sociedade, que antes eram realizados nas residências das famílias ( José Francisco Dutra, Antonio Anísio, João Ribeiro, Afonso Nogueira, dentre outros ) e, logo em seguida, as suas diretorias assumiam o comando do carnaval da cidade, inclusive promovendo ensaios das músicas na sua sede e eram cantadas nas memoráveis festas que se desenrolavam nos seus grandes salões, assistidas por uma grande platéia através das suas janelas.

Hoje, pouco resta do que foi feito no passado a não ser o casarão que pela sua solidez permanece de pé, representando para aqueles que ali conviveram nos grandes bailes apenas uma enorme saudade. Filhos da cidade estão se movimentando junto às autoridades para sua restauração e prestação de outros serviços na área da cultura. Que São Pedro os ajude.

Na década de quarenta, contando com o decidido apoio do gerente de nome Milton, fundaram em nossa cidade o CLUBE SATÉLITE, nome que era o mesmo do endereço telegráfico da época. Embora com a condição de clube privado, o SATÉLITE, nas suas memoráveis festas, que ram constantes, inclusive em muitos carnvais, enquanto existiu, sempre acolheu a sociedade florianense, com muita fidalguia. O SATÉLITE do passado, salvo erro, transformou-se na AABB dos dias atuais e tornou-se sem dúvida nenhuma em um grande centro de lazer que por sua estrutura é um orgulho para Floriano.

No ano de 1948 ou 1949, por iniciativa de vários operários, surgiu a Associação Proletária Beneficente São Pedro de Alcântara, a proletária de quem só resta a saudade. A exemplo da União Artística, a instituição era um clube social recreativo e beneficente, que sobrevivia com as contribuições dos seus sócios, homens e mulheres, estas as empregadas domésticas, que tinham naquela Entidade o seu lazer nas festas ali realizadas em mais de quarenta anos de existência profícua, conseguindo construir a sua sede própria, que está situada na rua do Amarante. A sua primeira sede social foi estabelecida na rua São João, num salão anexo à residência do senhor Luiz Castro e onde, mais recentemente, funciounou a Distribuidora Floriano. Já na nova sede, uma de suas diretorias construiu no terreno do prédio onde, por alguns anos, funcionou uma escola, exclusiva para os filhos dos seus associados.

No bairro Sambaíba, por alguns anos, funcionou o clube Associação de São João do Bairro Sambaíba, com as mesmas finalidades da Proletária e da União Artística, com a realização de festas para os seus associados e ajuda financeira em caso de doença. Como a Proletária, sucumbiu diante das dificuldades e tinha sua sede na avenida Viana de Carvalho no bairro que lhe empresta o nome.

O Clube 21 de Março, cuja sede era situada na rua Francisco de Abreu Rocha, esquina com a Elias Oka, surgiu logo após a decisão da União Artística instalar o Ginásio Primeiro de Maio, cuja estrutura tomou todas as dependências com o surgimento das salas de aula do colégio. Os sócios da União Artística, por sua vez, se transferiram para o novo clube, que sobreviveu por muitos anos, porém se extinguiu a exemplo das demais associações. Enquanto funcionou, o 21 de Março era considerado por muitos umadependência da velha União, porque para ali acorreram aqueles que gostyavam das festas dançantes.

Nos anos cinquenta surgiu o Comércio Esporte Clube, cujo título é uma homenagem aos comerciários da cidade e aos comerciantes, que formavam o seu quadro social a exemplo do Floriano Clube, embora o Comércio fosse mais exigente na aquisição de sócios, visando com essa atitude um quadro social de maior representatividade, transformando-se, por isso, como a AABB, num grande centro de lazer para os seus associados e mantendo ao longo de muitos anos um bloco carnavalesco com o nome de FURACÃO. A sua sede ocupa uma grande área na rua Assad Kalume com a Elias Oka.

Em 1976, na gestão de Josias Teixeira de Carvalho, os membros da Loja Maçônica Igualdade Florianense, resolveram criar também o seu clube para o lazer dos seus familiares e amigos, cuja resolução logo se concretizou, com a aquisição de um terreno do senhor Cicerino Coelho, medindo 100 x 100 m2, localizado na rua Gabriel Ferreira, esquina com a Delson Fonseca e Emidio Rocha, pela importância de 30 mil cruzeiros, com 5 mil de entra e o restante em 10 prestações mensais .

Logo em seguida os próprios associados colocaram as mãos na obra, erigindo uma palhoça na parte central do terreno e com cadeiras gentilmente cedidas pela direção da Loja; posteriormente, começaram as reuniões aos domingos, gesto que para muitos se tornou um hábito agradável pelo ambiente ali existente, com bate papos e sorvendo uma cervejinha gelada.

Num mês de agosto de um ano que foge a nossa memória, ali irrompeu um terrível incêndio, destruindo tudo aquilo que já havia sido feito, inclusive as cadeiras da Loja. Diante de tal situação e numa demonstração de amor àquela causa, destruída pelo fogo, os mesmos associados, os Maçons dedicados, queram muitos naquele tempo, começaram tudo de novo e deram início a uma obra definitiva, ou aquilo que representasse um futuro promissor e tranquilo, que foi alcançado, ao longo de mais de trinta anos, graças à competência de suas diretorias e dos seus associados.

Hoje, o Clube Maçônico Florianense, conhecido também pelo nome de Barraca do Bode, possui umaestrutura modesta com piscina, campo de futebol que atendem os fins desejados.

OBSERVAÇÃO: Os clubes aqui citados foram ou são entidades devidamente reconhecidos, com estatutos e legalmente constituídos, muitos dos quais reconhecidos de utilidade pública.

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