É bastante recorrente no desejo da população florianense que sejam criados mais empregos no município, para absorver a crescente mão-de-obra, principalmente entre os jovens. Neste debate, a industrialização, que gera trabalho em massa, sempre é citada como uma das soluções possíveis.
Eis que, no dia 4 de agosto de 2005, a empresa Brasil Ecodiesel, com incentivos federal, estadual e, também, municipal, inaugura sua primeira unidade no município de Floriano, no Piauí. O evento contou com as presenças do presidente da Republica, Luiz Inácio Lula da Silva, do governador do Estado, Wellington Dias, do então diretor-geral da Brasil Ecodiesel no Nordeste, Nelson José Cortez da Silveira, e do prefeito do município, Joel Rodrigues. Na solenidade, o presidente Lula afirmou que a usina de Floriano era a maior do Nordeste com expectativa de geração de muitos empregos. Na mesma linha de otimismo, o governador falou dos milhares de hectares de terras disponíveis para a plantação da mamona. Nas estatísticas, segundo a gerência da unidade da Brasil Ecodiesel em Floriano, a refinaria iniciaria com a capacidade produtiva de, aproximadamente, 90 mil litros de biodiesel por dia, extraídos de sementes oleaginosas, com a geração de 100 novos empregos diretos. Informou ainda que, no ciclo produtivo do biodiesel, entre 5 e 10 mil pessoas seriam ocupadas como mão-de-obra para a colheita da mamona.
Pelo que foi divulgado, tudo levava a crer que o município iniciaria um novo ciclo de desenvolvimento. Desta vez com larga escala de sucesso, pois seria produtor de combustível. Em algumas reportagens afirmaram que o mercado estava garantido. Inclusive, o governo francês iria comprar o nosso biodiesel, depois da exigência para que os ônibus de Paris circulem com 10% de energia renovável.
Porém, com quatro anos de atividades, o projeto do biodiesel entra em crise e a indústria de Floriano pode virar poeira. Todos os projetos de ampliação, as expectativas de crescimento econômico da região estão pendentes.
Inicialmente, a empresa Brasil Ecodiesel implantou a produção comunitária da mamona. O primeiro núcleo foi instalado no município de Canto do Buriti, há 180 km de Floriano, com mais de 500 famílias. A meta anunciada pela empresa foi o plantio de 130 mil hectares no Piauí. Ambientalistas afirmam que este projeto é um fracasso e as famílias estão vivendo da doação de cestas básicas. Acrescentam ainda que não prosperou o trabalho com a monocultura.
As explicações oficiais da Brasil Ecodiesel, publicadas no portal “biodieselbr.com” apontam que a companhia enfrenta crise financeira há mais de um ano. Com dificuldades, a empresa diminuiu as atividades de suas seis unidades e iniciou um programa de reajuste das finanças, que inclui renegociações dos débitos. O jornal Valor Econômico divulgou recentemente que a empresa será controlada pelos bancos credores, que vão converter as dívidas em capital.
Portanto, esta questão não se encerra no aspecto econômico. É necessário que as forças políticas desta região defendam a continuidade da produção de biodiesel. É de suma importância que os órgãos envolvidos com o fomento da industrialização, no Piauí e em Floriano, abram uma discussão acerca das ameaças de perderemos o combustível do nosso desenvolvimento.
Como a Brasil Ecodiesel recebeu incentivos das três esferas da receita pública, é oportuna a manifestação da população piauiense em defesa da indústria instalada no município de Floriano. Caso a Brasil Ecodiesel desista do negócio, outras empresas podem se interessar por este pólo, já iniciado, de produção de combustível. Precisamos conhecer e discutir o problema. Avante! O biodiesel é nosso.
Jalinson Rodrigues/www.noticiasdefloriano.com.br
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