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PELADA SANGRENTA


Estávamos, realmente, animados para a pelada daquele sábado no famoso campinho de seu Lourenção no cruzamento das ruas João Chico com a São João.

O areião era famoso, muitos times iam jogar ali. A rivalidade era grande durante o período romântico dos anos setenta.

Desta feita, disputavam a partida o time dos gladiadores contra os Invencíveis. Nelson Júnior (Juninho) apitava corajosamente aquele encontro de grande rivalidade dos piolhos de bola.

Os gladiadores jogavam com Zé Guará no gol, Judesmar, Juca, Pateta, Alvinho, Vevé, Zeca, Mancada e Pimenta no ataque. Já os invencíveis desfilavam com Ivan na meta, Chico Lista, Kebinha (dono do time), Gungadim, Miranda, Chicão do Cruzeiro, Deda e Mané João.

Tratava-se de um jogo acirrado, difícil, todo mundo atento e munido para o ataque e defesa, de forma que a partida estava praticamente empatada, quando nos minutos finais o centroavante Zeca dos gladiadores apanha um cruzamento de Fernando da direita, a pelota empinando no areião, mas quando o atacante vai definir o lance, chuta sem perceber um toco de pau enterrado. O grito de dor do piolho de bola foi uma loucura. O seu pé direito, na altura do dedão, pega um corte violento e o sangue começa a jorrar. Um Deus nos acuda.

- Leva logo pro hospital! - Disseram.

Como tínhamos medo de pegar ponto no hospital, Zeca foi logo disparando o bocão de medo:

- Nada de hospital! Me leva prá casa, mesmo, que lá o papai bota verniz prá parar o sangue.

São marcas e cicatrizes que ainda hoje a gente leva com bastante saudade, apesar dos traumas causados, mas que nos ensinavam muito para a o nosso aprendizado e amadurecimento para o nosso futuro.
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Observamos, na foto acima, alguns piolhos da época romântica: Duy Allan, Gilson, Joaquim de Pierre, Eulálio e Roberto em pé. Abaixo, Marinho, Darlan (in memorian), Brandão (hoje, morando em Belo Horizonte), Luiz Banana, Adalto e Erivaldo (funcionário dos correios em Canto do Buriti).

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