6/14/2022

Retratos de Floriano

 

CLUBE DE REGATAS


Pesquisa : Mª Umbelina Marçal Gadêlha


Floriano era uma cidade pacata, calma, cheia de alegria e animação. Naquela época a distração era preparar frito e tomar cerveja no cais beira-rio, ao lado do Flutuante, apreciar a lua sair, conversar, banhar de rio e sonhar com as festas que iriam acontecer.


Os maiores eventos da época eram: As Regatas de Férias de Verão, as Festas Juninas, o Carnaval, as grandes Festas das Mães e o Réveillon realizado no CEC – Comércio Esporte Clube e no Floriano Clube. Além destas havia também os festejos de São Pedro de Alcântara e de Nossa Senhora das Graças.


Além disso, nós inventávamos lugares para nos distrairmos, como por exemplo, o Comércio Esporte Clube, construiu na sua sede uma piscina linda, e a noite, nós íamos para lá, sonhar e conversar. Bons tempos! Tudo muito ingênuo.


No mês de julho, um grupo de amigos organizava uma “Regata” (corrida de canoas a vela, remo e vara). A Regata largava do cais do porto e a chegada era no Pateta (fazenda do senhor Pedro Carvalho).


Os participantes formavam duplas representadas pelos seguintes jovens: João Carlos Ribeiro Gonçalves, José Wilson Pereira, Pedro Attem Filho, João Alfredo Gaze, Abdala Zarur, Jafran Frejat, Carlos Martins, Gabriel Kalume, Gilmar Sobral, Defala Attem, Hélio Castro, Gilvan Sobral, Chico Pereira, Pedro Neiva, Cicinha e Haroldo Castro.

Na largada era aquela confusão quando uma canoa era desclassificada, pois tinha uma medida certa. Lembro-me ainda da 1º Regata, cujo vencedor foi a dupla Wilson Pereira e Pedro Attem, e a madrinha foi Zilma Castro, filha de Dr. Gonçalo Castro que tinha vindo passar as férias, pois estudava no Rio de Janeiro.

Após a chegada dos barcos havia churrascos e brincadeiras. À noite era a festa no Floriano Clube para a entrega de Troféu com a presença da Miss Piauí do ano. Lembro-me da primeira miss que eles trouxeram, Teresinha Alcântara, uma das Misses mais bonitas que o Piauí já teve. Muita gente vinha a Floriano nessa época para participar dessa festa, inclusive todos os florianenses que estudavam fora.

Aí os rapazes resolveram ter sua própria sede. Compraram o terreno e construíram uma sede provisória com bar, quadra de esporte (chão de barro batido) e dancing coberto de palha. As mesas e cadeiras foram adquiridas e distribuídas em baixo das mangueiras. Aos domingos realizavam bingos e churrascos e o Clube de Regatas era muito freqüentado pela sociedade florianense.


Lembro-me que João Carlos era o presidente e ele dizia que tinha mandado fazer a planta da sede com uma torre para colocar um sino para que o ouvissem até em Amarante.


Foram momentos lindos de muita alegria, muitos foram embora e hoje só existe o terreno e muita saudade de um bom tempo, da juventude que tão veloz passou.

6/13/2022

Retratos do nosso futebol

 

Time do Ginásio Primeiro 
de maio 1965


Essa é do fundo do baú! Acervo do nosso amigo Holandinha. onde podemos avistar conhecidos piolhos de bola. Essa foto é do ano de 1965 no estádio do Ferroviário José Meireles.

Em pé temos o Antonio Mota de Augusto, Júlio Gago, Siqueira, o goleiro Antonio João, irmão de Jumentinha, Roberval de Chico Batista e Juriti.

Agachados: Holandinha, Chico Borracheiro, João de Deus de Vicente Roque, Rômulo, Zé Vilmar de Nelson Oliveira e Mazinho também filho de Augusto Mota.

Época lírica do nosso futebol, que os anos não nos trazem mais.

6/09/2022

Retratos de Floriano

 

FILHOS DO TUNAS CANSANÇÃO

 
O quarteto Cansanção

De volta à velha Floriano, grandes figuras do passado romântico do futebol florianense: os filhos de seu Tunas Cansanção vieram abraçar sua mãe, dona Alice e rever familiares e amigos.

Na foto, da esquerda para direita, temos Antonio Anísio, que era ponta direita, hoje aposentado do IPEA e mora em Brasília-DF; o segundo, Abdon, centro-avante, rápido, arisco, jogava no Botafogo do Gusto na década de sessenta; já o terceiro, o famoso nego Hélio, zagueiro central, fazia dupla fenomenal com Pedrão de 1967 a 1971 e jogou, ainda, nos times do Fluminense de Nunes (técnico eletrônico), Botafogo da Cancela, Ibiapaba, Seleção Intermunicipal de Floriano e, em certa ocasião, jogando pela na Seleção de Amarante (Floriano fora desclassificada); o quarto, o genioso Didi, meia armador, craque indo e voltando, dominava a pelota com estilo, mas tinha dois sestos: primeiro, usa até hoje pente para se pentear os poucos cabelos que lhe restam e o outro era ser expulso em quase todas partidas.

Coisas do folclore do futebol florianense.
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Foto tirada com a presença de César, quando de sua visita aos ex-craque

6/07/2022

Retratos de Floriano

 

TIME DA CASA DO ESTUDANTE


 
Esse time ai é o da - CASA DO ESTUDANTE em Teresina - no início dos anos setenta, época romântica, quando estudantes de Floriano saiam em busca de oportunidades.

Grande parte desses atletas da foto são de várias cidades.

Risadinha, Sarara, Rupiado, Ze Buraco (de Floriano), Zé Filho e Pompeu (de Floriano) em pé.
Ubaldo ( famoso Rasga Milho de Floriano ), Feitosa, Etevaldo, Ventilador e Chagas Hippie.

Era um amistoso no Clube do Banco do Nordeste em Teresina.

E isso ai.

6/06/2022

FACELEU DA CRUZ

Da Cruz era cheia de boas virtudes

Familiares de Maria da Cruz Ferreira avisa com pesar o falecimento da mesma, ocorrido ontem na tardinha de domingo às 17:30 no Hospital Regional Tibério Nunes. 

Avisa ainda que o velório está sendo realizado na Rua São João nº 916 no bairro Irapuá. 

Maria da Cruz era conhecida como Dadá entre os amigos mais próximos, o sepultamento está previsto para esta 17 horas de hoje (06) no cemitério São Pedro de Alcântara.

DA CRUZ, tinha um barzinho na esquina da rua São João e vizinha do saudoso Zé Venâncio e tinha um círculo de amizade intenso, onde a prosa rolava solta. Havia um bom tira gosto, uma cervejinha gelada e boas gargalhadas para os que a frequentavam.

Um dos mais assíduos frequentadores era o nosso Amigo Mário Mudo, que gostava tirar a nossa amiga do sério mas não conseguia, porque ela tirava de letra as prosas de Mário, por exemplo, quando brincando disse pra ela: "Da Cruz, tú já transou?" Ela, arguta que só, devolvia ao pé da letra: "Tú deixa de ser IMORAAAL, sem vergonha..."

6/03/2022

Retratos de Floriano

 

Ginásio Santa Teresinha
3a. Série de 1965



Odorico Castelo Branco

EVOCAÇÃO DE UM PIONEIRO: OOORICO CASTELO BRANCO

Djacir Menezes


Pelas alturas de 1915, a primeira matança mundial fervia na Europa; tinha sete

anos e ouvia os rumores dos acontecimentos sangrentos, que analisaria mais tarde.

A revista O espelho, que meu pai recebia, era ilustrada por desenhistas que imaginavam

as cenas violentas das trincheiras, onde espocavam obuses e soldados se

estraçalhavam para salvar as respectivas pátrias e a civilização. A instrução militar,

que a pregação do poeta Olavo Bilac tomara obrigatória nas escolas, vigorava

desde o curso primário. E como não agüentávamos o peso do mosquetão, manobrávamos

com as carabinas de pau fabricadas na Escola de Aprendizes Marinheiros,

imitando fuzis e sabres. Foi assim que aprendemos a marchar em ordem-unida,

toques de cometa, baioneta calada, ainda antes de entrar no Liceu do Ceará.

Tudo isso destinava-se a acendrar em nosso espírito o civismo nascente.

Era no Instituto Miguel Borges. O diretor, a figura que me impressionaria a vida

inteira, chamava-se Odorico Castelo Branco; nascera em 1876 na fazenda

Desígnio, município de União, no Piauí. Órfão, ainda criança, foi criado por sua

tia Candida Rosa Leal Castelo Branco, em Teresina. Com ela, que era professora,

aprendeu as primeiras letras. No Colégio Nossa Senhora das Dores, em Teresina,

dirigido por seu tio Miguel de Souza Borges Leal Castelo Branco, fez o curso secundário.

Concluído o curso, veio matricular-se na Escola Militar do Ceará; trancando

matrícula, fundou o Instituto Miguel Borges, em I!? de junho de 1900.

De 1914 a 1919 fui aluno do Instituto - e quero dar aqui um depoimento hist6-

rico sobre o esquecido e admirável educador, valendo-me para isso do livro autobiográfico

de sua ftlha Odorina Castelo Branco Sampaio, Um minuto de silêncio,

das notas que me adiantou e de minhas recordações pessoais do grande educador.

A primeira conclusão que tirei dessa noviça experiência, nesse período bafejado

pelo espírito guerreiro, continuada depois no Liceu do Ceará, foi em mim paradoxalmente

desfavorável à formação de inclinações bélicas. Os colegas, que

acabaram o curso de preparatórios e seguiram para a Escola Militar, obedeceram a

outros motivos, entre os quais, o principal seria a dificuldade de outra carreira, no

Ceará desse tempo, que não fosse a faculdade de direito ou as escolas de agronomia,

de odontologia e farmácia. Os mais abonados, iam à medicina, na Bahia. Recusadas

as duas oportunidades nativas, restava sentar praça no batalhão e ir ao

vestibular na praia do Realengo. Esse, o caminho de Moesia Rolim, Walter Pompeu,

Landri Sales, Juracy Magalhães, Jurandyr Mamede, José Brasil e outros.

Mas não desviemos o assunto. Quando meu pai me matriculou no Instituto Miguel

Borges, este ainda estava no casarão, um sobrado na Rua Floriano Peixoto,

no penúltimo quarteirão antes do Passeio Público: no andar superior, habitava o

diretor com sua ftlha única Odorina; no andar térreo, espaçoso e didático, instalavam-

se as classes do primeiro ao quarto ano. Logo no ano seguinte (1916), o

colégio mudava-se para a Praça Coração de Jesus, esquinando com o parque da

Liberdade, grandes janelas abertas à luz e ao sol, num amorável apelo à alegria e à

vida. Ao meio-dia, recreio; após, ao içar da bandeira, presente sempre o diretor,

cantava-se o Hino Nacional e prosseguiam as aulas até às três da tarde.

Creio que jamais houve diretor mais presente e participante da vida de uma comunidade

escolar. De uma autoridade impressionante, assegurava, sem quaisquer

recursos a castigos físicos, exceção de alguns cocorotes nos mais irrequietos, a

tranqüilidade e obediência do alunado. Recordando a sua figura, escreve a filha:

R.C. pol., Rio de Janeiro, 32(4)170-1, agoJout. 1989

"lembro-me, entretanto, de sua grande austeridade em todas as cousas, que era dotado

de grande coragem, extraordinariamente enérgico; de uma justiça ímpar e, au

lado de tudo isto, um coração extremamente sensível." São, realmente, estes traços

que ficaram indeléveis na mem6ria das gerações que tiveram a dita de o terem

como mestre.

O Prot: Castelo Branco era matemático: escrevera os compêndios adotados no

Instituto do primeiro ao quarto anos. Nestes, ao lado do português e da geografia,

a aritmética e a geometria figuravam no currículo primário em todos os graus. Lago

no primeiro ano, o aluno se familiarizava com o manejo, no quadro-negro, do

esquadro, da régua e de um enorme compasso de pau, para resolver problemas simples

de construção geométrica. Creio que foi a infância sob efeito dessa pedagogia

que me marcou o espírito, para sempre inclinado ao estudo dessas disciplinas - e

inspirou minhas primeiras direções filos6ficas, no Liceu, para o positivismo e para

a estima de professores de formação positivista, como Arquias Medrado e Henrique

Autran.

Essa estrutura curricular do colégio distinguia-o dos demais estabelecimentos

congêneres. Chamado ao quadro-negro, o aluno ouvia invariavelmente a proposta:

"dados duas retas e um ângulo construir um triângulo, etc." ou coisa na espécie.

A geometria era ensinada pelo compêndio de Olavo Freire. No quarto ano

primário, apareceu-nos, na aula de português, o livro cansativo de Afonso Celso,

o Porque me ufano de meu pafs. Mas parece que no intuito de corrigir aquele ufanismo

físico, que se traduzia em rios, cachoeiras e florestas as maiores do mundo,

havia, na parede da sala, ao lado de numerosos mapas, estes dizeres definitivos:

"A grandeza de um povo não se mede pela sua configuração geográfica." - advertência

que, depois, no alvorecer do espírito político, ressoaria sempre na minha

mente, pelos anos afora.

O Prof. Odorico Castelo Branco era villvo e adorava a filha, que foi educada

no Colégio da Imaculada Conceição, onde entrou logo após a morte dele. De lá

saiu mais tarde para casar com o Dr. Leão Sampaio, médico de grande nomeada,

nascido em Barbalha e deputado federal por mais de 40 anos, cercados ambos de

numerosa prole de filhos e netos que, pelo estudo e inteligência, escalaram altas

posições sociais e políticas.

Faço agora uma pergunta. Com sua formação matemática, seria o Prof. Castelo

Branco um positivista? Não creio. Apesar de conservar a fidelidade de longa viuvez

à esposa tão cedo falecida, tal conduta não deve ter obedecido às inspirações

da Ureligião da humanidade." Julgo que era um espírito independente, que o amor

à filha ia cada vez mais inclinando, como uma brisa mansa e suave, para as convicções

cristãs. Quem ler o Um minuto de silêncio,· tão repassado de ternura filial,

biografia dessa límpida personalidade de educador, surpreenderá o complemento

afetivo, aspecto omitido neste depoimento longínquo, feito com mais de 70 anos

de distância, testemunho de saudade e de gratidão àquela figura ímpar na hist6ria

da educação cearense

O Silêncio de um homem

    (Crônica dos Anos de 1990) Extraído do livro: Flagrantes de uma Cidade (Luís Paulo de Oliveira Lopes. Quem é esse homem? De onde veio? Q...