6/09/2022

Retratos de Floriano

 

FILHOS DO TUNAS CANSANÇÃO

 
O quarteto Cansanção

De volta à velha Floriano, grandes figuras do passado romântico do futebol florianense: os filhos de seu Tunas Cansanção vieram abraçar sua mãe, dona Alice e rever familiares e amigos.

Na foto, da esquerda para direita, temos Antonio Anísio, que era ponta direita, hoje aposentado do IPEA e mora em Brasília-DF; o segundo, Abdon, centro-avante, rápido, arisco, jogava no Botafogo do Gusto na década de sessenta; já o terceiro, o famoso nego Hélio, zagueiro central, fazia dupla fenomenal com Pedrão de 1967 a 1971 e jogou, ainda, nos times do Fluminense de Nunes (técnico eletrônico), Botafogo da Cancela, Ibiapaba, Seleção Intermunicipal de Floriano e, em certa ocasião, jogando pela na Seleção de Amarante (Floriano fora desclassificada); o quarto, o genioso Didi, meia armador, craque indo e voltando, dominava a pelota com estilo, mas tinha dois sestos: primeiro, usa até hoje pente para se pentear os poucos cabelos que lhe restam e o outro era ser expulso em quase todas partidas.

Coisas do folclore do futebol florianense.
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Foto tirada com a presença de César, quando de sua visita aos ex-craque

6/07/2022

Retratos de Floriano

 

TIME DA CASA DO ESTUDANTE


 
Esse time ai é o da - CASA DO ESTUDANTE em Teresina - no início dos anos setenta, época romântica, quando estudantes de Floriano saiam em busca de oportunidades.

Grande parte desses atletas da foto são de várias cidades.

Risadinha, Sarara, Rupiado, Ze Buraco (de Floriano), Zé Filho e Pompeu (de Floriano) em pé.
Ubaldo ( famoso Rasga Milho de Floriano ), Feitosa, Etevaldo, Ventilador e Chagas Hippie.

Era um amistoso no Clube do Banco do Nordeste em Teresina.

E isso ai.

6/06/2022

FACELEU DA CRUZ

Da Cruz era cheia de boas virtudes

Familiares de Maria da Cruz Ferreira avisa com pesar o falecimento da mesma, ocorrido ontem na tardinha de domingo às 17:30 no Hospital Regional Tibério Nunes. 

Avisa ainda que o velório está sendo realizado na Rua São João nº 916 no bairro Irapuá. 

Maria da Cruz era conhecida como Dadá entre os amigos mais próximos, o sepultamento está previsto para esta 17 horas de hoje (06) no cemitério São Pedro de Alcântara.

DA CRUZ, tinha um barzinho na esquina da rua São João e vizinha do saudoso Zé Venâncio e tinha um círculo de amizade intenso, onde a prosa rolava solta. Havia um bom tira gosto, uma cervejinha gelada e boas gargalhadas para os que a frequentavam.

Um dos mais assíduos frequentadores era o nosso Amigo Mário Mudo, que gostava tirar a nossa amiga do sério mas não conseguia, porque ela tirava de letra as prosas de Mário, por exemplo, quando brincando disse pra ela: "Da Cruz, tú já transou?" Ela, arguta que só, devolvia ao pé da letra: "Tú deixa de ser IMORAAAL, sem vergonha..."

6/03/2022

Retratos de Floriano

 

Ginásio Santa Teresinha
3a. Série de 1965



Odorico Castelo Branco

EVOCAÇÃO DE UM PIONEIRO: OOORICO CASTELO BRANCO

Djacir Menezes


Pelas alturas de 1915, a primeira matança mundial fervia na Europa; tinha sete

anos e ouvia os rumores dos acontecimentos sangrentos, que analisaria mais tarde.

A revista O espelho, que meu pai recebia, era ilustrada por desenhistas que imaginavam

as cenas violentas das trincheiras, onde espocavam obuses e soldados se

estraçalhavam para salvar as respectivas pátrias e a civilização. A instrução militar,

que a pregação do poeta Olavo Bilac tomara obrigatória nas escolas, vigorava

desde o curso primário. E como não agüentávamos o peso do mosquetão, manobrávamos

com as carabinas de pau fabricadas na Escola de Aprendizes Marinheiros,

imitando fuzis e sabres. Foi assim que aprendemos a marchar em ordem-unida,

toques de cometa, baioneta calada, ainda antes de entrar no Liceu do Ceará.

Tudo isso destinava-se a acendrar em nosso espírito o civismo nascente.

Era no Instituto Miguel Borges. O diretor, a figura que me impressionaria a vida

inteira, chamava-se Odorico Castelo Branco; nascera em 1876 na fazenda

Desígnio, município de União, no Piauí. Órfão, ainda criança, foi criado por sua

tia Candida Rosa Leal Castelo Branco, em Teresina. Com ela, que era professora,

aprendeu as primeiras letras. No Colégio Nossa Senhora das Dores, em Teresina,

dirigido por seu tio Miguel de Souza Borges Leal Castelo Branco, fez o curso secundário.

Concluído o curso, veio matricular-se na Escola Militar do Ceará; trancando

matrícula, fundou o Instituto Miguel Borges, em I!? de junho de 1900.

De 1914 a 1919 fui aluno do Instituto - e quero dar aqui um depoimento hist6-

rico sobre o esquecido e admirável educador, valendo-me para isso do livro autobiográfico

de sua ftlha Odorina Castelo Branco Sampaio, Um minuto de silêncio,

das notas que me adiantou e de minhas recordações pessoais do grande educador.

A primeira conclusão que tirei dessa noviça experiência, nesse período bafejado

pelo espírito guerreiro, continuada depois no Liceu do Ceará, foi em mim paradoxalmente

desfavorável à formação de inclinações bélicas. Os colegas, que

acabaram o curso de preparatórios e seguiram para a Escola Militar, obedeceram a

outros motivos, entre os quais, o principal seria a dificuldade de outra carreira, no

Ceará desse tempo, que não fosse a faculdade de direito ou as escolas de agronomia,

de odontologia e farmácia. Os mais abonados, iam à medicina, na Bahia. Recusadas

as duas oportunidades nativas, restava sentar praça no batalhão e ir ao

vestibular na praia do Realengo. Esse, o caminho de Moesia Rolim, Walter Pompeu,

Landri Sales, Juracy Magalhães, Jurandyr Mamede, José Brasil e outros.

Mas não desviemos o assunto. Quando meu pai me matriculou no Instituto Miguel

Borges, este ainda estava no casarão, um sobrado na Rua Floriano Peixoto,

no penúltimo quarteirão antes do Passeio Público: no andar superior, habitava o

diretor com sua ftlha única Odorina; no andar térreo, espaçoso e didático, instalavam-

se as classes do primeiro ao quarto ano. Logo no ano seguinte (1916), o

colégio mudava-se para a Praça Coração de Jesus, esquinando com o parque da

Liberdade, grandes janelas abertas à luz e ao sol, num amorável apelo à alegria e à

vida. Ao meio-dia, recreio; após, ao içar da bandeira, presente sempre o diretor,

cantava-se o Hino Nacional e prosseguiam as aulas até às três da tarde.

Creio que jamais houve diretor mais presente e participante da vida de uma comunidade

escolar. De uma autoridade impressionante, assegurava, sem quaisquer

recursos a castigos físicos, exceção de alguns cocorotes nos mais irrequietos, a

tranqüilidade e obediência do alunado. Recordando a sua figura, escreve a filha:

R.C. pol., Rio de Janeiro, 32(4)170-1, agoJout. 1989

"lembro-me, entretanto, de sua grande austeridade em todas as cousas, que era dotado

de grande coragem, extraordinariamente enérgico; de uma justiça ímpar e, au

lado de tudo isto, um coração extremamente sensível." São, realmente, estes traços

que ficaram indeléveis na mem6ria das gerações que tiveram a dita de o terem

como mestre.

O Prot: Castelo Branco era matemático: escrevera os compêndios adotados no

Instituto do primeiro ao quarto anos. Nestes, ao lado do português e da geografia,

a aritmética e a geometria figuravam no currículo primário em todos os graus. Lago

no primeiro ano, o aluno se familiarizava com o manejo, no quadro-negro, do

esquadro, da régua e de um enorme compasso de pau, para resolver problemas simples

de construção geométrica. Creio que foi a infância sob efeito dessa pedagogia

que me marcou o espírito, para sempre inclinado ao estudo dessas disciplinas - e

inspirou minhas primeiras direções filos6ficas, no Liceu, para o positivismo e para

a estima de professores de formação positivista, como Arquias Medrado e Henrique

Autran.

Essa estrutura curricular do colégio distinguia-o dos demais estabelecimentos

congêneres. Chamado ao quadro-negro, o aluno ouvia invariavelmente a proposta:

"dados duas retas e um ângulo construir um triângulo, etc." ou coisa na espécie.

A geometria era ensinada pelo compêndio de Olavo Freire. No quarto ano

primário, apareceu-nos, na aula de português, o livro cansativo de Afonso Celso,

o Porque me ufano de meu pafs. Mas parece que no intuito de corrigir aquele ufanismo

físico, que se traduzia em rios, cachoeiras e florestas as maiores do mundo,

havia, na parede da sala, ao lado de numerosos mapas, estes dizeres definitivos:

"A grandeza de um povo não se mede pela sua configuração geográfica." - advertência

que, depois, no alvorecer do espírito político, ressoaria sempre na minha

mente, pelos anos afora.

O Prof. Odorico Castelo Branco era villvo e adorava a filha, que foi educada

no Colégio da Imaculada Conceição, onde entrou logo após a morte dele. De lá

saiu mais tarde para casar com o Dr. Leão Sampaio, médico de grande nomeada,

nascido em Barbalha e deputado federal por mais de 40 anos, cercados ambos de

numerosa prole de filhos e netos que, pelo estudo e inteligência, escalaram altas

posições sociais e políticas.

Faço agora uma pergunta. Com sua formação matemática, seria o Prof. Castelo

Branco um positivista? Não creio. Apesar de conservar a fidelidade de longa viuvez

à esposa tão cedo falecida, tal conduta não deve ter obedecido às inspirações

da Ureligião da humanidade." Julgo que era um espírito independente, que o amor

à filha ia cada vez mais inclinando, como uma brisa mansa e suave, para as convicções

cristãs. Quem ler o Um minuto de silêncio,· tão repassado de ternura filial,

biografia dessa límpida personalidade de educador, surpreenderá o complemento

afetivo, aspecto omitido neste depoimento longínquo, feito com mais de 70 anos

de distância, testemunho de saudade e de gratidão àquela figura ímpar na hist6ria

da educação cearense

5/30/2022

Retratos do nosso Futebol

 

FOTOS DO PASSADO

Havia um prognóstico geral para a revolução do nosso futebol nos anos de 1960 e 1970. Os dirigentes, os patrocinadores e os admiradores e torcedores não mediam esforços para alegrar as nossas atividades esportivas. E a arte exaltava para todos na categoria dos nossos craques


Boi Búfalo em pé
à direita

No estádio Zé Meireles
E essa rapaziada aí, em 1971, no estádio do Ferroviári, o José meireles, ainda batia uma bola de couro, onde prevalecia a arte e o romantismo, senão, vejamos o Chico cobra preta, Couro Velho, Euvaldo, zé Henrique, Ubaldo, Chiquinho da rua 7, Chiquinho filho do Sr. João Cabeça, Chiquinho do Mestre Eugênio e o Dono do time.

Agachados, então, a gente vê os piolhos de bola, (esses dois primeiros não lembro o nome) e segue com Antônio Mota, Zeca Zinidor e Bazim. 

Completanto, o Euvaldo Costa e Silva filho de Antônio Segundo e Dona Hermínia.

5/27/2022

RETRATOS DO NOSSO FUTEBOL

 MEMÓRIA DO FUTEBOL FLORIANENSE - CHICOLÉ

Chicolé é o ponta esquerda

CHICOLÉ - TINHA UMA POTÊNCIA MUITO GRANDE NO SEU CHUTE!

( Na foto ao lado, Chicolé é o ponta esquerda, quando jogava pelo Comércio em 1967 )

Os dois dias do mês de Junho do ano de 1948, na cidade de Floriano à Avenida Eurípides Aguiar, próximo ao Hospital Miguel Couto, o único da época, nascia um garoto robusto, filho de Lourival Xavier Lima (fiscal do BB / in memorian) e de dona Yolanda Primo Lima (doméstica do lar / in memorian), que mais tarde recebeu na pia batismal o nome de FRANCISCO CÉSAR LIMA. Tendo como irmãos - Leda, Valdir, Pompeu, Almerinda, Péricles, Rômulo e Maria do Socorro. É casado com dona Marilena, professora e mãe de três filhos: Robledo, Rebeca, Renata e um casal de netos, Layla e Ayslan.

Chicolé (o estilista) tinha um estilo clássico de jogar, mestre na bola com a perna esquerda. Jogando, parecia que deslizava no gramado em câmara lenta, mas tinha um pique e o chute certeiro e forte, que decidiam muitos jogos em gramados de Floriano e cidades vizinhas, defendendo as cores de Jerumenha, e em Teresina (Flamengo e Botafogo), São Luis do Maranhão (Moto Clube) e Maceió nas Alagoas (CSA). Tinha uma potência muito grande no seu chute. Só perdia para Domício, Tassu e Jamil Zarur.

Em Floriano, jogou em diversos times - Comércio, Ferroviário, Palmeiras, Brasil, Reno e outros, e era disputadíssimo pelos donos dos times em jogos amistosos e pelos donos das bolas nas peladas, onde tinha vaga garantida, não ficava sem jogar.

A sua vibração maior é a Floriano dos anos sessenta, e é ele mesmo quem afirma - “meus melhores anos foram os anos sessenta, tenho boas recordações e sinto saudades das peladas do Campo do Artista, do campinho do Miguel, ali, em frente à casa do Jusmar Leitão e ao lado da casa de Dona Bela; do campinho do senhor João Justino, avô do Júnior (General do Exercito).

Eu, Júnior, Chico Kangury, Miguel, Tadeu de seu Zé Leonias, Geraldo, Chico José, Firmino Pitombeira e muitos outros, arrancamos os matos com as mãos para fazermos os campinhos, depois que recebíamos o sinal verde do proprietário, também limpamos uma área próxima da casa de Joaquim José e de Geraldo Teles, e é neste campinho que vou narrar a primeira resenha para o portal Floriano em dia com a participação de Chico Kangury”.E continuou falando... "foi nesses campinhos que iniciei os primeiros passos com a bola, ao lado de Júnior do senhor Antonio Sobrinho, Miguel de Dona Bela, Celso, Leto, Leitim, Toinho, Zé Amâncio, Raimundinho Almeida, Chico Kangury (meu amigo e companheiro inseparável), Chico José do senhor Chico Amorim, Chiquinho, Nazareno, Vicente Cabeção, Porca Preta de dona Luiza Boleira, Manoel Afonso, Danúnzio, Janjão, Luiz Bogó, José Wellingthon, Jusmar, Tiberinho, Boi Búfalo, Peito de Vaca, Galo Mago e outros piolhos.

Mas foi no Palmeiras e no famoso Ferroviário a minha melhor fase e onde tive grande satisfação e oportunidades de enfrentar e jogar ao lado de grandes craques, como Sadíca, Poncion (era um maestro, na música e no futebol, um toque de bola maravilhoso), Antonio Luiz Bolo Doce (tinha vaga em qualquer time brasileiro), Brarrim, Petrônio, Zeca Futuca (era o nosso Anduiá), Raimundo Bagana, Antonio Guarda, Perereca, Cabeção, Rômulo, Lino, Reginaldo, Valdemir, Valdivino, Pompéia, Bucar Amado Bucar Neto (muito corajoso e arrojado), Osmar, Selvú, Jolimar, Carlos Pechincha, Antonio Afonso, Soleta, Miguel, Nego Trinta e muitos outros, sem esquecer o comandante maior, Rafael Ribeiro Gonçalves".Chicolé não permitiu mais nenhuma pergunta e continuou desabafando - “paralelo ao futebol amador e profissional de Floriano, joguei nos campeonatos regionais, defendendo as cores do selecionado de Jerumenha, sendo artilheiro por diversas vezes, não tenho registro dos gols, mas foram muitos, enfrentei as seleções de Landri-Sales, Bertolinia, Marcus Parente, Uruçuí, Elizeu Martins, Barragem de Boa Esperança (Guadalupe).

Recordo como se fosse hoje, joguei ao lado de Chiquinho, Nazareno, Emanuel Fonseca, Wilhame, Antonio Rocha, Chico José, Antonio Mirton, Manoel Piola, Biô, Raimundo José, Antonio José, Chico Kangury, João Luiz Barriga, Nivaldo, Seu Divaldo, Firmino Pitombeira e muitos outros.

Mestre, não posso deixar de falar que fui do Colégio Estadual e tive a honra de pertencer ao seleto grupo da nossa querida e estimada FANFARRA, assim como participar de jogos de futebol e atletismo, defendendo as cores do nosso colégio em torneios sob o comando do Professor Abdoral e estudar com a orientação e comando do nosso Diretor doutor Braulino “.Forcei a barra e consegui uma pergunta. CHICOLÉ, FALE UM POUCO SOBRE A SUA VIDA PROFISSIONAL. Ele foi logo soltando a emoção - “Em 1966, Kangury veio para Teresina, servir ao Exercito, deixando os seus colegas e amigos ainda na efervescência da Juventude em Floriano, e não voltou mais.

Em 1970, rumou pro Rio de Janeiro e foi para a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e o Júnior foi para Fortaleza e de lá pra Resende no Rio de Janeiro, para a Academia Militar de Agulhas Negras. Eu, em 1969, fui para Teresina e lá ingressei no Curso Técnico de Agrimensura, nesta época morava na Casa do Estudante e defendia as cores do Botafogo de Teresina.

Em 1970/1971 fui Bicampeão Piauiense pelo Flamengo. Em 1972 fui Campeão do Nordestão pelo Tiradentes e ainda no mesmo ano fui transferido para o Moto Clube do Maranhão onde me sagrei Campeão Maranhense. Em 1973 fui fazer uma complementação do meu Curso Técnico em Maceió em Alagoas.

Lá, defendi as cores do CSA e complementei o Curso Técnico em Agrimensura, fiz concurso pro Banco Itaú e abandonei o futebol no mesmo ano. Foi uma decisão forte e difícil, mas concluí que precisava de algo para sobreviver com dignidade e independência, o futebol naquela época já não me assegurava muita coisa, saí na época certa. Fiz concurso para o Banco Itaú e fui aprovado, fiquei trabalhando por lá.Em 1974 fui deslocado para implantar a Agencia do Banco Itaú em Teresina em 1976, fiz concurso para o Banco do Estado do Piauí, exercendo minhas atividades em Floriano, Barras, Oeiras e Teresina, onde fiquei até aposentar-me. Hoje, sou aposentado do BEP".

CHICOLE, VOCÊ PODERIA NARRAR UMA RESENHA PARA OS INTERNAUTAS do Floriano em dia?Pensou e disse: “na verdade, tenho muita coisa pra contar, vou narrar umas duas, sobre os anos sessenta, uma com a participação do Kangury e a outra com o Sr. Zé Leonias, e as outras que forem saindo, ok! ”.

PRIMEIRA RESENHA DE CHICOLÉ

Esta é pra CHICO KANGURY - PÉ EMBOLADO E "SE PEGA"!

Somos amigos desde a infância. Pois bem, havíamos terminado de preparar um campinho que ficava perto de lá de casa, ali na Eurípides de Aguiar, próximo da casa do senhor Geraldo Teles, pai do Zé Geraldo, do Carlos, do Nilson, era um time completo na casa dele na época e ao lado da casa do Joaquim José. Havia muito mato por lá, carrapichos, apesar de termos feito uma limpeza no capricho, mas restaram algumas raízes.

No Jogo de inauguração, eu estava jogando no mesmo time de nego kangury, parece-me que Junior do senhor Antonio Sobrinho era o nosso goleiro (goleiro bom, mais novo do que a gente, arrojado e tinha uma elasticidade fora de série, às vezes ele chorava, a gente dava uma dura nele e ele fechava o angulo), sim, eu jogava de zagueiro central e saí da área com a bola dominada e gritei pro kangury - entra, compadre..., ele saiu feito um foguete, toquei a bola redondinha pra ele fazer o gol, do jeito que chegou na bola, meteu o pé embolado por baixo, que levou bola e um punhado de raízes, chutando pra fora e caindo no chão segurando o pé.

Aproximei-me dele e disse, se você tivesse chutado com calma tinha feito o gol. Ele respondeu: É... Ah. se pega, tinha sido dentro, mestre. O “se pega” ficou na história. E o melhor seria se se tivesse acertado, mesmo, teria sido gol, tamanha a potência do chute. O nosso Denílson, só chutava com o peito do pé".

Aí, o Chicolé não parou, foi mandando brasa e eu apanhando para ouvi-lo e resumir as resenhas. Vejam só, em cada resenha uma história, um testemunho vivo de uma época maravilhosa que foram os anos sessenta.

SEGUNDA RESENHA DE CHICOLÉ.

ESTA É DO SENHOR ZÉ LEONIAS - CHAPÉU "SAVIOUR"!

“Vocês sabem muito bem como fui criado, o meu pai foi muito rígido na criação dos filhos; lá em casa, tinha dia, que quando ele estava zangado, o único amigo que entrava lá e conseguia sair comigo pra jogar era Nego Chico Kangury.

Mamãe gostava muito dele e o seu pai, seu Vicente Kangury era um dos amigos confidencial do meu pai, e o outro era o senhor Antonio Segundo, grande enfermeiro, que ajudava até a operar gente no Hospital. Pois bem, aconteceu de ter um jogo importante em Jerumenha.O papai em casa estava zangado, eu teria que ir escondido e voltar no mesmo dia. O Deoclecinho possuía uma caminhoneta e sempre era o encarregado de ir buscar-me e deixar em Floriano, quando acontecia este impedimento.

Distancia de Jerumenha para Floriano, 10 léguas e meia ( 67 km ). O Jogo naquela época começava às três e meia da tarde, porque era para terminar ainda com a claridade do dia.A estrada era piçarrada e Deoclecinho gostava de pisar no acelerador, que se a gente olhasse pro lado via as arvores curvadas. Saímos de Floriano depois do almoço, só a mamãe sabia disso. Ao terminar o jogo, o Deoclecinho foi apanhar-me no campo e já chegou com o seu Zé Leonias de carona pra Floriano.

Ao sairmos de Jerumenha, uma senhora grávida, com dores de parto, pediu carona também, mas como a caminhoneta era de cabine simples, educadamente desci e dei o meu lugar para a senhora, mas o seu Zé Leonias disse, com toda a calma do mundo - “não, meu filho, não se preocupe, você está cansado, que eu vou na carroceria, pode deixar”.Eu ainda ponderei, mas ele não aceitou e subiu na carroceria da caminhoneta. E o nosso amigo Deoclecinho saiu rasgando, só fiz o sinal da cruz e pronto. O que se ouvia era só o gemido da mulher e a preocupação do motorista para que ela não parisse na beira da estrada.

Quando estávamos passando no Papa – Pombo, já próximo de Floriano, o seu Zé Leonias de repente bateu na cabine pedindo parada. O Deoclecinho parou o veículo e perguntou o que foi, ele desceu e, calmamente, disse: "meu filho, o meu chapéu caiu lá atrás e eu vou voltar para procurar, pois é muito familiar, não se preocupe comigo, podem ir embora com a mulher, que chego em Floriano. Ai entramos num acordo, eu ficava com o seu Zé Leonias e Deoclecinho ia levar a mulher no hospital e voltava pra buscar a gente.Quando ele saiu na camioneta, o seu Leonias disse pra mim: "meu filho, eu tenho amor à minha vida, o chapéu não caiu, não, eu mesmo joguei fora para ele poder parar e eu descer; olhe, meu filho, Deus me livre de andar mais com um homem desses.Pegamos o chapéu e uma carona em um caminhão e, antes de chegarmos em Floriano, cruzamos com Deoclecinho, que já ia retornando para Jerumenha.

O senhor José Leonias era muito tranqüilo, gente boa, esposo da dona Joana, pai do Tadeu, Neno, Maria José, Budim, Daniel, Mario e muitos outros. Amigo do senhor Vicente Kangury, Antonio Sobrinho, Antonio Segundo, Chico Amorim e do meu pai Lourival Xavier.Moral da resenha: cheguei em Floriano ainda com o tempo de justificar a demora.TERCEIRA RESENHA DE CHICOLÉ. JERUMENHA X LANDRI SALES - PENALTI SEM GOLEIRO, PODE?“Estávamos disputando o campeonato regional e os jogos eram de ida e volta. Landri Sales recebia Jerumenha. A seleção de Jerumenha, sob o comando de Emanuel Fonseca, que se fazia às vezes de técnico e jogador (craque de bola), (chegou a jogar no River de Teresina) estava preparada.

Chico Kangury, embora não fosse um craque, mas era um determinado e tinha um pique muito bom e eu sabia como explorá-lo em bola de profundidade.

Ele começou jogando bola nos campinhos de Floriano como ponta direita e em Jerumenha era lateral esquerdo e só chutava com a perna direita e o pé embolado (em outra oportunidade já contei a resenha do pé embolado).

O Nego era invocado, só jogava com a camisa de nº 5, fã do Denílson do Fluminense, fazia de tudo para imitá-lo e quando pegava na bola, dizia: lá vai Denílson, defendeu Denílson e coisa e tal. Sim, no treino de apronto Kangury, que era titular acidentou-se, a grama do campo era capim de burro e cortou o pé dele arrancando a unha do pé direito e foi escalado para a reserva naquele jogo.

Dia seguinte, seguimos na carroceria do caminhão da prefeitura, a estrada só tinha o rumo, chuva direto de Jerumenha até Landri-Sales. Tudo Bem. Viagem foi boa. Chegando ao Campo de Futebol, este era todo de barro, a bola batia e empinava, não tinha um montinho de areia e grama para amaciar a pelota. O campo todo cercado de corda e demarcado com cal virgem.

O Apitador era escolhido pelo Anfitrião. A torcida, fanática, soltava rojões e tiros a cada 5 minutos. Era este o clima que encontramos. Estádio repleto de torcedores e começa o jogo.A seleção de Landri-Sales estava com um ponteiro direito habilidoso, driblava bem e estava dando um sufoco no lateral esquerdo nosso, e comecei a me preocupar, fazia de tudo e não podia subir, o Chiquinho, Antonio Rocha e Wilhame, segurando o meio de campo e a nossa defesa passando sufoco e, logo, logo fizeram um gol e mais outro gol, todos em cima do nosso lateral esquerdo, terminamos o 1º tempo perdendo de 2 gols a 0.

No intervalo, o Emanuel chamou nego Kangury pra saber as condições do pé, e disse: você vai jogar, prepare-se e tirou o lateral esquerdo. O Antonio Rocha, estudante de medicina, deu uma melhorada no curativo do pé do negão e saímos pro 2º tempo.

Naquela época, eu me sentia bem jogando com ele, pois sabia como explorar a sua velocidade, era um pique monstro. Encostei nele e disse: olha, compadre, o homem é aquele, vá com calma e dê duro, ora na primeira de copa, Kangury deu uma encostada nele e o cara sentiu que a barra pela direita era pesada e aí o nosso time começou a acertar, Chico José, Antonio Mirton, Emanuel Fonseca e Kangury estavam afinados, começaram a subir dois a dois, e eu avancei mais e surgiu a oportunidade de chutes a gol e fizemos o primeiro gol.

A Ponta direita tentou uma jogada em cima de Kangury, ele deu chance para o camarada sair pela ponta, lá perto das cordas, quando o cara foi cruzar a bola, Kangury encostou, o cara subiu, ele tirou o corpo de lado e caiu também para evitar uma expulsão.Eu estava distante, ele me disse depois, que um torcedor agarrou-o pelo calção e o levantou com um revolver na mão, deu um tiro pra cima e disse-lhe, se tu encostar neste menino de novo, tu vai ver. Moral da Resenha: O ponta direita sumiu, foi jogar de zagueiro, e dominamos o jogo, fizemos mais um gol e empatamos de 2 x 2.

Faltando uns 5 minutos pra terminar o tempo de jogo, eles lançaram uma bola em profundidade e o Emanuel chegou atrasado no lance e a bola encobriu o goleiro, saiu em cobertura e chutou prensado com o atacante, caindo no chão, o zagueiro Antonio Mirton, que também saia em cobertura do goleiro, deu um carrinho na bola colocando-a na linha de escanteio, o atacante chutou as pernas do zagueiro e caiu no chão, o árbitro cinicamente marcou pênalti. Pense numa confusão.

O tempo fechou, Emanuel Fonseca foi um técnico valente, enfrentou as feras e tirou o time de campo, mandou todo o pessoal subir no caminhão, cobrirmo-nos com uma lona e recebemos uma chuva de pedra.
O soprador de Apito, comprado pelo time adversário, colocou a bola na marca do pênalti e mandou que um jogador do time de Landri-Sales ficasse no gol e um outro chutasse a bola e cinicamente colocou a bola no centro do campo e queria que a gente voltasse para continuar o jogo. Não voltamos. Fomos para o Hotel. Tomamos banho e ainda fomos para o forró à noite. Mas ficamos velhacos. A barra era pesada e todo mundo querendo ver o Chicolé, conversar com chicolé e coisa tal.

No Jogo de volta em casa, enfrentamos o mesmo time e metemos 11 x 0, até o negão Kangury fez gol de pênalti.

Estas histórias boas e vividas merecem ser contada em verso e prosa. São inesquecíveis e quando narramos parece que estamos vivendo os momentos.

QUARTA RESENHA DO CHICOLÉ. ESTA É DO COLÉGIO ESTADUAL – AS ESTRELAS SE APAGARAM!
O Dr. Braulino inventou uma farda, que tinha umas estrelinhas que indicava a série que o aluno estava cursando. Após um treinamento da BANDA, era época de desfile, todo dia tinha treino pela manhã e à tarde, pois bem.

Em uma bela manhã, após o treino, o Chicão de dona Helena comandou uma turma juntamente com Antonio, Poncion e outros e foram para o Mercado que ficava em frente ao colégio, quando eles estavam subindo os degraus. As verdureiras gritaram - GENTE... Cuidaaaaaadoooooo... Guarda tudo que os meninos das estrelinhas estão chegando.

Foi um rebuliço danado. Resultado: demorou pouco, esta farda foi trocada por outra".Já estávamos um tempão conversando, o Chicolé ainda querendo falar mais, mas tinha uns amigos dele da Vila Operária, chamando-o pelo o celular (era um dia de sábado) para baterem cabeças no boteco do Zé Mário.

Mas, antes de sair pedi ao mesmo que relacionasse os melhores craques que já viu jogar nos anos sessenta filhos de Floriano. Pensou um pouco e disse "não vou formar aqui uma seleção, pois teria que colocar mais de 11 craques, mas vai, depois tu fazes a conta: Goleiros: João Martins e Pompéia > João Martins, morava ali na manguinha, filho de dona Maria Pureza. Era um craque no gol. Uma leveza fora do comum e um senso de colocação formidável. Dava gosto vê-lo jogar, fechava o ângulo como ninguém (naquela época não tinha TV).

Laterais: vou colocar mais gente, incluindo os zagueiros de área: Zezeca, João Rato (era craque), Raimundo Bagana, Antonio Guarda, Antonio Ulisses, Antonio José Caraolho (este dominava a bola e olhava para um lado e saia pelo outro, jogava sério), Carlos Pechincha, Luisão de Sansão (alfaiate – magarefe, foi discípulo do senhor Vicente kangury). Meio de Campo: Petrônio, Poncion, Nego Cleber, Jonas Crente, Nego Trinta e Chiquinho. Atacantes: Janjão (Delegado da Policia Civil, dos bons em Teresina), Zeca Futuca (nosso Anduiá), Antonio Luiz Bolo Doce, Antonio Afonso, Selvu (foi discípulo do senhor Vicente Kangury e hoje é Coronel da Policia Militar em Teresina), Jamil Zarur (seu chute era um tiro). Quantos? 21. Mas tem o Pompéia, ele não é filho de Floriano.

Parece-me que já deram um título a ele. Senão, completa os 22 com Bucar Amado Bucar Neto (Pela sua persistência, pela sua coragem, arrojo e por tudo que fez pelo Esporte de Floriano.Êta, carcamano bom e querido por todos. Deus o proteja.Tempo bom que merece ser sempre lembrado, pois sabemos que no mundo globalizado de hoje, eles não voltam jamais. Mas fica o exemplo de uma juventude que pensava no futuro".

Colaboração espetacular de Chico Kangury.
Fonte: Cesar / Floriano em Dia

37º Aniversário do Cine Natal 1974