2/28/2024

BRANDÃO, um Poeta da Princesa

 

Antônio José Soares Brandão, mais conhecido como poeta e letrista cearense, na realidade era piauiense de Floriano. Dentre as inúmeras e belas canções de sua autoria, ele homenageia a sua cidade natal com "Pé de Sonhos" (Brandão/Petrúcio Maia), nas vozes de Fagner e Nara Leão, através dos versos "...rua do Ouro, uma rua/sem ouro ou nada dourado/não é rua, é uma estrada/cheia de casas do lado/deixe eu falar dessa rua/que ninguém pode entender/deixe eu dizer que ela é cheia de ouro, mas ninguém vê..." Os mais antigos de Floriano sabem que existiu na cidade a Rua do Ouro, que depois mudaram para nome de Fernando Marques). O fato é que, infelizmente, o grande compositor Brandão é um ilustríssimo desconhecido até para os seus conterrâneos" - segundo nos informa ocompositor piauiense de Teresina Francisco Carlos -Titá.

Aluno da segunda turma da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFC (Fortaleza 1966), o arquiteto e poeta Brandão foi letrista e clássicos da música popular brasileira como Além do Cansaço, Acorda e Sorri, Péde Sonhos, Frio da Serra, Estrada de Santana e outros

2/27/2024

 

No inicio do seculo passado, nesse local funcionou a Farmacia Marques, do Dr Fernando Marques, pai do Dr Ulisses Marques e de D Maria Amelia marques Martins(esposa do Dr Sebastiao Martins). 

O predio foi depois adquirido pelo Sr Arudá Bucar, e lá funcionou a empresa dêle e de seu irmão fauzer Bucar, até inicio da decada de 70, quando foi adquirido pelos irmãos Tajra de Teresina. 

Posteriormente foi adquirido por Barbosa Brandao(socios Joao Lobo e Beethoven Brandao), tendo funcionado o atacado e varejo Vende Bem. Depois funcionou o Bamerindus e a Jelta. 

Por ultimo, na dissolução da sociedade, o predio ficou com o Dr Joao Lobo, que o vendeu para o Sr Luis carlos, que botou em funcionamento sua empresa Destak Magazine. Estou escrevendo esse texto todo sem consultar nenhum arquivo. Ainda tenho boa memoria, ou não?

colaboração: Teodoro Sobral

Campo dos Artistas

 

ERAM, ainda, os idos dos saudosos anos sessenta. Como sempre tenho abordado, o Campo do Artista era o palco dos campeonatos amadores de Floriano, o qual tinha como pano de fundo um frondoso cajueiro, onde se agrupavam atletas, cartolas, enfim, todos aqueles que, de certa forma, ajudavam ou atrapalhavam os espetáculos futebolísticos.

Pois bem, chegara, então, o dia do torneio início daquela temporada, torneio esse que preambulava o campeonato de amadores. Campo do Artista - 1964.

Para a realização de tal evento, o Gusto, dono do time do Botafogo, e seu presidente, e também como membro da liga organizadora do campeonato, encomendara ao senhor Raimundo Beirão, renomado carpinteiro da cidade, as traves que seriam postadas no estádio.

Como combinado, tudo foi feito. Confeccionadas as traves, foram estas cuidadosamente fincadas nos extremos do campo, nos seus mínimos detalhes, como exigido nas regras do futebol.

O campo estava uma beleza e o dia maravilhoso para a prática do futebol, dado que até São Pedro mandara uma boa rajada de chuva par sedimentar o areião

Dada a magnitude do evento, outro não poderia deixar de ser, o árbitro da partida, senão o famoso Vicente Xeba.

Tabela pronta, time equipados, disputariam a primeira partida o Santos de Pulu e o Botafogo de Gusto, sendo que todas as equipes, São Paulo de Carlos Sá, Caiçara, Flamengo de Tiberinho, Bangu do Bosque e outras, já encontravam-se equipadas e aquecidas para os embates.

Tudo bem, não fosse o incidente surgido naquela ocasião, em virtude de o dinheiro arrecadado pelo Gusto não ter sido suficiente para ocorrer como pagamento ao artífice Raimundo Beirão.

Ante esse fato, incontinenti, o seu Beirão, com a ajuda de seu auxiliar de serviços, arrancou as traves e levou-as de volta para a sua oficina, não obstante os apelos e as promessas de todos os que ali se encontravam de que a grana não demoraria.

Sem traves, restou aos cartolas a discussão sobre a realização, ou não, do torneio, muito embora soubessem que esta realização, em última instância, seria decidida pelo grande Xeba.

Assim sendo, dirigiram-se todos até o famoso rifiri, sendo que este, de dedo em riste, bradava:

“num quero nem saber; num quero choro; vai ter jogo; faz as trave de talo de coco; num precisa travessão; num precisa dizer que gol só vale rasteiro...”

Dito isso, apitando bem alto e forte, Vicente Xeba adentrou o campo, numa corrida cadenciada, em marcha a ré, concitando, com as mãos, alternadas, e cadenciadamente, a entrada dos alvinegros ao centro do belo areal

ANTIGA RUA DO OURO

"Só para esclarecer, a rua Fernando Marques chamava-se Rua do Ouro, porque entre a última década do Século XIX e primeira do Século XX, é por onde entrava a tropa de animais carregados de borracha da Maniçoba para serem embarcadas no porto até Luis Correia e daí para o exterior. 

Como o preço da borracha alcançava alto preço no mercado internacional,  o povo a identificava como muito valiosa, como Ouro. Daí vem o nome"., segundo nos explica o Professor Djalma Nunes Filho em uma de suas dissertações.

Já o Professor Élio Ferreira, diz que "com muito orgulho, nasci na Rua do Ouro. É muito bom saber de mais uma versão acerca da origem do nome da minha Rua. 

Na minha infância, ouvi das minhas tias maternas, “as Benta”, uma das primeiras moradoras da Rua do Ouro, e também dos “Beirões”, também antigos moradores, narrativas diferentes, umas de memórias que envolviam o protagonismo desses antigos/as moradores/as e outras frutos do imaginário sobrenatural. 

Por outro lado, a narrativa do Senhor e a do respeitável Senhor José Bruno dos Santos se aproximam pelo ponto de vista da formação econômica de Floriano. 

É mais o elemento enriquecedor da memória da Rua do Ouro, sem, no entanto, retirar o mérito do imaginário narrativo e mágico do “ouro” da Rua do Ouro".

2/26/2024

Clube de Regatas de Floriano

 

Segundo o nosso amigo Teodoto, "era o mês de julho de 1968, em frente às tradicionais mangueiras (foto) com alguns Sócios Clube de Regatas.

Esse ano, em 2024, 56 anos depois, só estão vivos João Alfredo Gaze, Doutor Hélio de Castro Lima (87 anos), Wilson Pereira (89). 

Já os falecidos, Doutor  Lisboa, Astrogildo, Doutor Filadelfo, o Gerente Bel, Licinio Martins (que morava em Belo Horizonte),  Gabriel Kalume, Ildefonso Ramos e seus filhos Eurico e Paulinho. 

Agachados, o Doutor Herbrand, Pedro Atém, Doutor João Carlos (o eterno presidente do Regatas), e Doutor Itamar. 

Há mais de 40 anos o Regatas está abandonado; em 1980 eu organizei a última Corrida de canoas (Regatas de Julho) e o tradicional pic nic debaixo das mangueiras. 

Finalizando, emocionado, Teodoro desabafa, "tudo passa..."

O Lanche Decisivo

 

O time do Palmeiras de Bucar participava de uma grande decisão na vizinha cidade de Guadalupe, por volta de 1965, mas como a estrada de acesso estava em péssimo estado de conservação, necessariamente, tiveram que viajar numa kombi pelo lado do Maranhão.

O time de Floriano, basicamente completo, com seus 11 titulares, de forma que quando chegaram nas proximidades de Boa Esperança, surpreendentemente, teriam que atravessar o Parnaiba de canoa à vela.

De repente, quando o jogador Sadica percebeu que o rio estava cheio e a correnteza forte, foi logo se alterando:

- Porra, vocês sabem muito bem que eu não sei nadar; portanto, tô fora desse jogo! Vão vocês! Eu não vou, certo?

A preocupação era deveras delicada naquele momento com o nosso craque Sadica, sabendo todos que a sua presença dentro de campo era fundamental naquela grande final e, por unanimidade, a pressão era necessária:

- Ora, ora, tu num vai o quê, homem de Deus! Hoje, tu vai ter que aprender a nadar; ou tu vai querer que a gente perca o jogo, hein? Essa canoa não vai virar, não! Fica tranquilo!

Finalmente, quando chegaram na concentração, por volta de 1 hora da tarde, a fome chega a apertar e os nossos jogadores começam a comer bolacha com guaraná.

De repente, depois que iniciara a partida, o zagueiro Zé de Tila começou a sentir-se mal, um embrulho na barriga, mas como não havia nenhum reserva, teve que ficar em campo.

O jogo era duro e o nosso atacante Antonio Luiz Bolo Doce fazia um golaço, mas Zé de Tila não estava conseguindo acompanhar o ponteiro corredor Chico de Hermínia e o mesmo acontecia com o time adversário; eram gols lá e cá, até que Bolo Doce, não agüentando mais, foi lá atrás da zaga, pegou no braço de Zé de Tila e disse:

- Vai fazer número lá frente, pra ver se a gente ganha o jogo, certo!?

Aí, então, todos caíram na gargalhada!
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Na foto acima, em pé - REGINALDO, SADICA, ANTONIO LUIZ, BITONHO, PERERECA E OSMAR; agachados - ZILMAR, PECHINCHA, BAGANA, BUCAR, ANTONIO GUARDA, BRAHIM E PETRONIO em 1965

2/23/2024

Santo Dácio

 

Floriano, inverno de 1955.

Segundo narração de Dona Inhá (minha mãe) e vovó Serva (Maria Serva de melo). 

Numa certa madrugada fria, bateram à nossa porta o voluntariado e funcionários da prefeitura a procura de papai que também era um voluntário. 

 O Velho Monge começava a subir ameaçando a população ribeirinha. 

O voluntariado tinha por missão fazer esse translado de todos os ribeirinhos, de suas casas até aos locais onde pudessem abrigados até o passar do inverno. Geralmente eram colégios públicos, salões paroquiais, clubes ou outros espaços dependendo da dimensão do inverno.

Depois de toda essa arrumação, corria o voluntariado em busca suprimentos, roupas, colchões e cobertores pra ajudar os desabrigados. Era um trabalhão!

No correr dos dias, meses, ficavam todos a rezar esperançosos para que o Velho Monge recolhesse suas vastas e longas barbas ao leito natural do rio.

E quando isto ocorria era outra agonia, as famílias corriam a reparar e preparar suas casas e trazerem de volta todos os móveis e utensílios.

Era outra canseira do voluntariado, servindo-se de carroças e às vezes caminhões deslocavam todos os ribeirinhos às residências.

E foi no final de uma dessas missões que meu pai, mestre Walter, desceu até à beira do rio ainda vermelho da lama invernal, e olhando o rio, se pôs a pensar e meditar sobre todo aquele drama.

Foi então que perdido em seus pensamentos ele viu se aproximar e enroscar entre seus pés um tronco de porte médio e ele notou que mais parecia uma escultura. Abaixou-se e colocou entre as mãos e viu então que mais parecia a imagem de um santo. Não conseguindo identificar a imagem correu os olhos no pedestal e estava ali escrito, meio apagado o nome do santo.

 Sto. Dacio e ele pensou: " oxente, mas eu nunca ouvi falar desse santo!

Minha mãe estava grávida do seu quarto filho e ele então conclui que Deus enviara pelas águas do rio o nome do seu próximo filho. Obrigado Senhor, deve ter dito mestre Walter, cansado porém feliz e realizado!

E foi assim que nos dias 30 de maio daquele ano eu vim ao mundo: Dacio Borges de Melo.

Devo, portanto ao Velho Monge o meu santo nome.

Em tempo, a antiga Faço a, era uma nação bárbara situada entre a atual Romênia e parte da Hungria. A duras penas foi conquistada por Roma e onde a Igreja Católica enviou o bispo e futuro santo Dacio para converter seus próprios irmãos, já que ele filho daquela nação.

Autor - Dácio Borges de melo

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