Extraído
do livro - CRISTINO CASTRO ( Empresário Pioneiro em Floriano e na
Região do Gurguéia em homenagem ao seu centenário ) do Escritor e
Jornalista florianense FRANCISCO FERREIRA DE CASTRO, editado em 1997.
Nas
primeiras décadas deste século, Floriano tornou-se, pelo trabalho,
competência e determinação de seus habitantes, de modo especial daqueles
pioneiros que lograram distinguir-se como impulsionadores do seu
progresso, em importante centro comercial. De certo, contribuiu para
isso, também, não somente a invejável posição geográfica que Floriano
desfrutava comoporta de entrada dos caminhos que levavam ao sul do Piauí
e do Maranhão, com o fato de seruma cidade ribeirinha do rio Parnaíba, a
qual tinha no transporte fluvial uma via mais fácil e barata para o
escoamento dos seus produtos e a comercialização de mercadorias vindas
de outras praças do país e do exterior. O "boom" do progresso de
Floriano se refletiu na qualidade de vida dos seus habitantes, assim
como nos serviços de que dispunha a cidade para o conforto e bem-estar,
educação, cultura e lazer da sua população. Com razão, a crônica da
época cognominou Floriano de "A Princesa do Sul", do Estado.
Neste
particular, Rafael da Fonseca Rocha, florianense de nascimento e de
coração, hoje radicado em Brasília, em recente e oportuno trabalho feito
sob o título "Floriano - de tão belas recordações", traz um precioso
repositório sobre pessoas, coisas e fatos da vida da cidade, cujo
trabalho representa uma notável contribuição à história de Floriano.
De
outro lado, era de ver o gosto revelado nas construções residenciais da
parte mais abastada de seus habitantes, os quais buscavam introduzir
novas técnicas e materiais da melhor qualidade nas edificações
realizadas. No excelente estudo feito pelo engenheiro-arquiteto José
Nunes Fernandes, intitulado "Aspectos da Arquitetura de Floriano",
publicado sob os auspícios da Academia
Piauiênse de Letras, em 1991, ao descrever as construções realizadas em
Floriano, desde o início do séx. XX até 1920, o autor focaliza as
principais características e o estilo das edificações desse período, e,
dentre muitas outras, por ele analisadas, registrou (às páginas 74 do
acima referido trabalho): "Outra construção, feita em 1915, é outro
grande exemplar de edificação inspirada na "morada-inteira". É a
residência feita pelo Sr. Cristino Castro, que hoje pertence à sua
família. O sr. Cristino Castro foi um dos comerciantes mais ricos da
região. O mestre-de-obras e os ajudantes todos foram contratados por ele
e vieram do Recife. O famoso mestre-de-obras que veio construiu a casa e
fez também todos os ornamentos em massa que aparecem nas fachadas, já
que a casa é de esquina. A porta principal dá acesso ao interior da casa
através de um corredor. No corredor, como de costume, uma porta de
madeira recortada, que fecha parte de um grande vão formado por um lindo
arco ogivado bastante movimentado, divide o corredor da intimidade"
(6). Como esta, muitas outras edificações da cidade foram analisadas
pelo autor, a saber: a de Agripino Castro, Teodoro Sobral, e os
"sobrados", casas de dois andares feitas por Salomão Mazuad,
José Demes, Adala Atem, Calisto Lobo, e a mais antiga e bonita casa
residencial do empresário e político Hermano Brandão.
Também
no final da década de 20, chegaram a Floriano os primeiros automóveis
importados. Eram de propriedade de Cristino Castro, Mundico Castro,
Afonso Nogueira, José Fonseca, Leonidas Leão, aos quais se somava um
Ford de bigode, do Major Carlino Nunes e outro de José Guimarães.
Portanto,
o cenário em que se desenvolveu a cidade de Floriano foi dos mais
propícios, desde a sua fundação até a primeira metade deste século, não
só em razão dos recursos naturais de que dispunha o município, do qual
faziam parte o rico vale do rio Itaueira, o Rio Grande e Nazaré, onde se
situam as Fazendas Estaduais, antigas propriedades dos Jesuítas doadas
pelo sertanista Domingos Afonso Mafrense. Também deve ter contribuído
para isso, a dedicação e o amor ao trabalho daqueles que vieram para
ficar, como autênticos pioneiros, cada um dando o melhor de si nas suas
respectivas atividades, sem esquecer o retorno indispensável à
comunidade a que pertenciam. Dentre essas pessoas distinguiram-se como
os primeiros empresários: Neto, Pires & Cia., com filial em
Parnaiba, tendo como sócios Pedro Vieira Neto e João Pires Ferreira;
Hermano Brandão; José Rodrigues Pereira de Carvalho; Fonseca, Borges
& Cia., sucessores de Estrela e Borges; Luiz F. Ribeiro Gonçalves;
Farmácia Marques, do dr. Fernando de Oliveira Marques; Diocleciano
Ribeiro & Cia. (agência de vapores), de Diocleciano da Silva Ribeiro
e Frutuoso Pacheco Soares; Bazar Estrela, de Felix Estrela; Elisiário
F. de Souza; Francisco Castro & Filhos; Antonio Pereira Neto;
Raimundo Neves de Atayde; Mercearia Lealdade, de João Pereira Lopes;
Almeida Guimarães & Passarinho; Alfaiataria Castro, de Manoel
Conrado de Castro, Gabriel Gomes Ferreira; José Guimarães; Francisco
Cavalcanti; Ourivesaria Franco, de Raimundo Pereira Franco; Francisco
Antonio Nunes; Antonio Zarur, Filho & Cia. e Martinho Rocha.
Mais
recentemente, num período que poderíamos dizer de consolidação e
expansão de Floriano como importante centro radiador do progresso,
distinguiram-se: Cristino Castro & Irmão; Salomão Mazuad; Calisto
Lobo; Leônidas Leão & Filhos; Raimundo Mamede de Castro, que
organizou a empresa Fazendas Reunidas Raimundo Castro S.A., o maior
complexo agropecuário do Piauí, atualmente de propriedade do dr.
Filadelfo Castro; Afonso Nogueira & Filhos (agência de vapores e
comércio); Assad Kalume; Emilio Gabriel; David Kreit; José Demes &
Filhos; Adala Atem; Milad Kalume; João Luiz da Silva (agência de
vapores); João Vianna deCarvalho (agente dos hidroaviões "Condor); João
Frejat; Bucar Amado Bucar; José Andrade Conrado Sobrinho; Mamede Arudá
Bucar; Pedro Atem; Salim Atem; David Mazuad; Dico Leão; Francisco Lima;
Famácia Sobral, do Dr. Teodoro Ferreira Sobral, hoje de propriedade do
jovem e vitorioso empresário Teodoro Ferreira Sobral Neto; Farmácia
Rocha, dodr. Raimundo Alves Pereira da Rocha; F. Antão Reis; Tufi Lobo;
Jorge Waquim; Faiz Salim; Farmácia Coelho, de dr. Abilio Cavalcanti
Coelho, aos quais se somavam importantes firmas de outras praças
instaladas em Floriano, como a Casa Marc Jacob (gerentes: José Dutra e
Manoel Alves de Almeida); Morais & Cia (gerentes: Antonio Anisio
Ribeiro Gonçalves e Raimundo AraújoCosta); Casa Ingleza (gerente: Clóvis
Mello); Machado & Trindade; (Gerente: Tiago Roque de Araújo); Casas
Pernambucanas (gerentes: Odir Gonçalves e Anésio Batista); Lojas Rianil
(gerente: Gervásio Medeiros).
Não
há a menor dúvida, o que Floriano teve de melhor ao longo de sua
formação histórica foi o desenvolvimento e competência dos educadores de
sua mocidade, os quais conseguiram plasmar um edificante espírito de
comunidade que contaminou os diferentes segmentos da sociedade
florianense. Dentre os que mais se destacaram, são aqui relembrados os
seguintes educadores: Padre Uchôa, Padre Antonio Marques dos Reis, Juiz
Everton Augusto da Silva, do Colégio São Vicente de Paulo; Padre Moisés
Pereira dos Santos, fundador do Colégio 1º de Maio; Estefânia Conrado,
Aleluia Azevedo, Morena Abreu, dr. José Messias Cavalcanti, Osternes
Brandão, José Severiano da Costa Andrade, Iraci Martins, Alceu Brandão,
Mirtila Cotrim, Araci Dutra, Veras de Holanda, Filó Soares, José
Raimundo Vasconcelos, fundador do Colégio Santa Terezinha, em 1934,
posteriormente dirigido pelo Dr. Manoel Sobral Neto, Padre Pedro da
Silva Oliveira, Eleutério Rezende, Maria Matos, Josefina Demes, Albino
(Binú) Leão de Fonseca, Juiz Fernando Lopes Sobrinho, Zélia Martins
Rocha, Heloisa Sobral, Aldenora Olegário, Adélia Waquim, Raimunda
Carvalho, Moema Frejat, Lurdes Martins, Abilio Neiva de Souza, Heli da
Rocha Nunes, Dona Hercilia Camargo, Djalma Silva, Termutes Carvalho,
Iracema Miranda, Oscar Cavalcanti, Joaquim
Lustosa Sobrinho, Mundiquinha Drumond, Jovenilia Rocha, Francisca Silva
e as irmãs Iracema, Ligia e Beatriz da Costa e Silva, e Alda, Maria
Enedina e Antonia Ferreira de Castro.
Se
a classe empresarial, nos setores de agricultura, comércio e indústria,
era esclarecida e competitiva, e os educadores cumpriam sua importante
missão, Floriano contou também com uma liderança política atenta e
responsável, inicialmente se destacando os Prefeitos: João Chico, 1º
prefeito de Floriano, em 1894; seguindo-se Raimundo Borges da Silva
(1904); Euripedes Clementino de Aguiar (1912-16); Antonio Luis de Arêa
Leão (1922-26); Fernando de Oliveira Marques (1926-30); Cirilo Martins,
João Rodrigues Vieira, Teodoro Ferreira Sobral (1931-34); Oswaldo da
Costa e Silva (1934-45); Gonçalo Teixeira Nunes (1945); Djalma José
Nunes (1945-47); Luiz Raimundo de Castro, Raimundo José Martins de
Araújo Costa; Sebastião Martins de Araújo Costa (1943-50). Faleceu
quando eleito pela segunda vez, em 1954. Tibério Barbosa Nunes (1951-55 -
1967-7); Herbrand Ribeiro Gonçalves (1056-58); Francisco Antão Reis
(1959-62); Fauzer Bucar, faleceu quando eleito (1962), substituído pelo
Vice, Hermes Pacheco (1962-66); José Bruno dos Santos (1971-73); Adelmar
Pereira da Silva (1977-82); Manoel Simplicio da Silva (1983-88 e
01-01-93); José Leão Azevedo de Carvalho (1989-92).
Outras
importantes lideranças políticas (que não faziam parte do mundo
oficial) merecem citação como: Major Carlino Nunes, Marinho de Queiroz,
1º Presidente do Legislativo Municipal, em 1891, João Viana de Carvalho,
Raimundo (Dóca) Rocha, Inácio Carvalho, Leto Leitão Ferrreira, Nilo
Brandão, João Leal, João de Deus Neto, dr. Manoel Gomes Ferreira, Pedro
Gaudêncio de Castro e Defala Atem. Filadelfo Castro, deputado estadual e
João Calisto Lobo, eleito para o Senado Federal.
Como
artistas, firmam-se Pindaro Castelo Branco, Raimundo Kalil e Cosme
Coelho Rocha. Nas artes cinematográficas, Geraldo Sobral Rocha.
A
essa época, além de várias escolas públicas e particulares, Floriano
contava ainda com o Liceu Municipal, criado pela Lei nº 125 de
22-07-1929, dirigido pelo Prof. Felismino Weser, e a Escola Normal
Municipal de Floriano, criada pela mesma lei, que passou a Escola
Regional e, depois, a Colégio Dr. Oswaldo da Costa e Silva, em homenagem
àquele que foi um grande incentivador da instrução no Município, à
época, destacando-se, entre os de melhor índice de alfabetização
do Estado.
Neste
período, eram editados em Floriano os seguintes jornais: "O Popular",
fundado em 1911, de propriedade do sr. José Pires; em 1925 circulou o
jornal "Floriano", de propriedade do coronel Doca Borges; em 1935,
surgiram os jornais "Correio do Sul", do coronel Raimundo Mamede Castro,
tendo em Eugenelino Boson, advogado provisionado, chefe da editoria, e
"A Luta", do dr. Oswaldo
da Costa e Silva, o qual contou com a colaboração de Amâncio Calland,
respeitado líder classista, e Osternes Brandão, como editorialistas para
a campanha política daquele ano.
No
setor cultural, Floriano contou, a partir da década de 30, com o Teatro
Politeama, importante casa de espetáculos, destinada a representações
teatrais e/ou populares. Duas bandas de música, a Filarmônica
Florianense (1912) e a Euterpe Florianense (1933), alegraram os
florianenses, sem contar os conjuntos musicais menores.
Nos
esportes, os clubes de futebol mais importantes eram dois, bastante
representativos dos mais importantes segmentos da sociedade florianense:
o Comércio Esporte Clube e o Artístico Futebol Clube, este, mantido
pela União Artística Operária Florianense, pujante entidade da classe
operária fundada em 1920, numa memorável sessão presidida pelo sr.
Agripino Raimundo de Castro, tendo sido eleito seu primeiro presidente o
sr. Antonio Nunes de Almeida. Referida entidade mantinha o Colégio 1º
de Maio e a Escola David Caldas, esta para adultos, à noite, além de
patrocinar atividades artísticas, culturais e sociais.
Eram
líderes conceituados nos meios operários florianenses Amâncio Calland,
Manoel Camarço, Francisco Paixão, João Alves Silva, João Dantas, Mestre
Eugênio Araújo, José Duque de França, Joaquim (Quincas) Araújo, José
Oliveira, vulgo Zé Caboré, Miguel Borges, ourives, Luiz Pinto
deOliveira, Epifânio Borba, José Olegário, Mestre José Manduca, José
Ferreira Rocha.