2/03/2020

Retratos de Floriano



CINE NATAL

Fundadores:  Bento Leão e Honorato Drumond de Carvalho, iniciou suas atividades: 15.06.1937 até 31.12.1988 durou 51 anos. (Fonte: Centro Cultural Laboratório Sobral)
Após minha tradicional caminhada pela orla do Rio Parnaíba, segui rumo a Banca do Jean, comprar figurinhas para o álbum da minha neta Ana de 4 aninhos, olha como surge um papo gostoso e informativo, na fila aguardando minha vez, surge o amigo Waldemir, fotógrafo, papo vem papo vai, lembrei o Cine Natal, seus olhos brilharam, e desandou para uma conversa descontraída, porém com recordações interessantes sobre o funcionamento dos operadores cinematográficos do inesquecível cinema...
- Waldemir, qual era  sua função no Cine Natal?
- Como eu tinha apenas 14 anos, fui convidado por Sr. Zé do Cinema para ajudar passar as películas de filmes.
- Você ajudava o Zé do Cinema?
- O esquema era o seguinte: o operador cinematográfico chefe era Sr. Antônio “Toinho”, Zé do Cinema (José Maria) era o segundo operador e eu entrei como auxiliar, mais tarde minha carteira de trabalho foi assinada como operador cinematográfico, e sorrindo completou, fiz 65 anos e agora sou aposentado... Bacana né!
-  Cada Operador tinha seu horário?
- Negativo, trabalhávamos os três em todas seções, pois a máquina e as fitas, principalmente as mais velhas, quebravam, e, era aquela loucura, no início quando danificava a gente passava pra frente perdia-se várias cenas (a galera xingavam ladrão), mas com o tempo fomos aprendendo a lidar com a situação e descobrimos que podíamos colar com acetona, foi uma grande sacada...
- Que estória é essa Waldemir, acetona que as pessoas utilizam para tirar esmalte?
- Sim, pois acetona seca rápido, assim foi um alívio...
- A fita quebrava muito?
- As fitas novas eram beleza como tudo que é novo, mas as antigas quebravam diversas vezes, era um zorra quando quebrava, a galera xingava de ladrão, FDP, vai pra isso, vai pra aquilo, e outros palavrões terríveis.  
- Como essas fitas chegavam em Floriano?
- As fitas vinham embaladas em caixas e transportadas  pela empresa de ônibus Princesa do Sul, meu amigo, às vezes atrasava, pense num sufoco, pois o cartaz estava na sala, com todas informações, o público não queria nem saber cobrava direto, um sufoco, mas quando a fita chegava era uma alegria só.
- Qual o filme mais longo que vocês apresentaram?
- Foi uma super produção de “Ben Hur”, 4 horas de duração, iniciava as 15:30 e as pessoas que ficavam para 2ª seção ficavam agoniados, e, o jeito era imendar direto, a máquina ficava quente, boas lembranças...
- Você lembra de algum filme que a fita quebrava muito?
- Rapazzzzzz, e, foi logo um bang bang italiano de 1966,   “O COLT É MINHA LEI”, com Anthony Clark, Michael Martin, um filmaço, só que quebrou muito de 5 em 5 minutos... inesquecível...
- De 5 em 5 minutos? Meu amigo que lembrança... vamos ali tomar um caldo de cana com pão massa fina... Kiakaaaaaaa...
Floriano(PI), 03 de fevereiro de 2020
Entrevistado: João “Waldemir” Miranda – Operador Cinematográfico - Fotógrafo – aposentado.
Pesquisa: Adm.: César Augusto de Antônio Sobrinho

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