6/28/2022

Retratos do nosso futebol

 

Comércio Esporte Clube na Década de 1959

Foto histórica

Foto histórica!

Os mais conhecidos:

Paulo Carnib, pai de Ary

Ildefonso Ramos, pai de Eurico

Daniel Bicudo, irmão de Lulu, Budin

Quincas, pai de Mano, Careca

Roló, irmão de Maria Roque, minha mãe.

Nesse período, o futebol de Floriano exaltava grandes emoções e havia grandes destaques, resenhas e levantamento de Taças.

Atualmente, as coisas mudaram, não há mais aqueles jogos pelos campos de várzeas e o campo dos artistas foi invadido pela especulação imobiliária.

E o Cori-Sabbá, pelo menos esse, conseguiu arranjar uma brecha com muita luta e nos colocou no calendário do futebol piauiense e disputará a primeira divisão do ano que vem.

Graças ao nosso bom Deus, mas é preciso que novos dirigentes apareçam, piolhos de bola e recomecem do COMEÇO (do TOCO), para que possamos reviver novos e bons tempos nesse futuro que já chegou.

Fonte: Cesar de Antonio Sobrinho

Tempo de Papagaios

 

Tempo de papagaios

Dácio Melo (filho de Mestre Walter)

Tempo de papagaios

Eu nunca fui bom de papagaio. Quando os ventos gerais chegavam, todo mundo corria à procura dos artesãos, dos craques na feitura dos surus, lanciadores, curicas, surus de besouro nas mais variadas cores.

Me lembro bem do Tete e do Cebola. Embora não sendo bom na empina, sempre estava participando da brincadeira. Segurando o papagaio pra levantada de vôo, passando o cerol na linha e depois me juntar a turma na expectativa da queda bonita de alguns surus cortados.

Na ânsia de comer linha, varávamos cercas de quintas e quintais sem respeitar nada. Lembro-me bem, ali nas imediações da galeria abaixo da rua do fogo, o suru tinha caído no quintal dum carroceiro muito brabo, nós pulamos a cerca afobados pra comer linha e o dono da casa correu pra ver que zoada era aquela no seu quintal. Foi olhar pra nós e gritar bem alto, com raiva, "me traz o facão aí, muié, ligeiro!".

 Rapaz, nunca vi nêgo pular cerca de arame tão depressa como naquele dia! Nós correndo apavorados e o negão gritando da cerca, “espera aí seu bando de feladaputa, vou capar um por um!”

 Só fomos parar, quando sentamos na calçada de seu Benedito, na nossa rua (José Coriolano com João Chico), tamanho era o pavor!

 Quando recuperamos o fôlego, a risada foi geral. Passei um bom tempo sem passar na galeria.


Retratos de Floriano

 

FLORIANO - ESTADO DO PIAUI / BRASIL

Dados Sumários de 1925 a 1943 )

Por - Delmar Mendes dos Reis / Texto de Novembro de 1993

DIVERSÃO E ENTRETENIMENTO

Como não podia deixar de ser, em toda cidade interiorana que se preze, tem o seu espaço dedicado às suas horas de ócio e de lazer.


Floriano de então, e sendo a terceira cidade do Estado, também posuía lugares consignados para diversões - bares, cinemas, teatro ( este funcionando esporadicamente ), cabarés etc.

A elite social compunha-se de famílias das classes rica e média, ambas militantes do comércio de ummodo geral.

Antes da existência do "Floriano Clube", os bailes sociais da chamada época áurea, realizavam-se em residências particulares, dependendo do motivo a ser comemorado. Os convites pessoais eram feitos com antecedência, a fim de que os convidados se preparassem devidamente. As despesas decorrentes desses eventos corriam sempre por conta dos anfitriões.

Também, aconteciam nasdardes domingueiras, promovidas pela sociedade, soirés dançantes beneficentes com passeio fluvial de 12 às 18 horas, a bordo dos vapores "Europa" ou "Manoel Thomas", gentilmente cedidos pelos respectivos comandantes.

Os bailes carnavalescos, bem como os de caráter beneficente, realizavam-se no Teatro Politeama, adremente ornamentado para maior brilhantismo dos festejos citados.

As pessoas pertencentes a classe operária, com raras excessões, formavam um bloco à parte. Suas festas, de um modo geral, eram promovidas na sede da "União Operária".

CARNAVAL

Durante os festejos dedicados ao rei Momo, o chamado carnaval de rua era bastante fraco, com um ou outro bloco, arremessando confetes e serpentinas, bem como "cabacinhas de cera", contendo água colorida às pessoas presentes. Era o chmado "Entrudo". Nos bailes, formava-se blocos distintos, devidamente fantasiados de acordo.

CINE TEATRO POLITEAMA

Esta ex-casa de diversão foi construída na avenida Álvaro Mendes, sobre o riacho do "Gato", por iniciativa do coronel Hermando Brandão, a fim de servir o público na projeção de filmes cinematográficos, especialmente. Também, servia como teatro. Nele aconteceram representações de várias companhias teatrais do Rio de Janeiro. Ainda, promovidas pela sociedade local, aconteceram teatrinhos de variedades, bem como peças dramáticas da larca do senhor Eleutério Rezende, o qual também brilhava como ator. Tais récitas e dramas, quase sempre eram beneficentes.

A força e luz para funcionamento do cinema era própria. os filmes eram do tempo do cinema mudo e as projeções se faziam acompanhar de músicas executadas por orquestra contratada, sob a dereção do senhor Ranulfo Barros, exímio flautista.

CINE NATAL

Tempos depois, o senhor Bento Leão adaptou a sua residência em casa de divesão, inaugurando o cinema falado sob o título citado. Este funcionava com energia e luz próprias, pois este senhor possuía um motor para beneficiamento de arroz no qual foi adaptado um dínamo para energia elétrica.

Anexo ao cinema funcionava o Bar Natal de sua propriedade, passando este a ser o mais frequentado da cidade.

Passados alguns anos, surgiu outro cinema de propriedade do senhor Adala Attem, em prédio também adaptado, que este adquiriu de um patrício, o qual retornou à sua terr natal. ( o nome deste sírio não me ocorre, informe-se com seu mano Michel ).

AMPLIFICADORA DE SONS

Não possuindo Floriano estação de rádio-transmissora, foi criada no "Cine Natal", uma amplificadora para anunciar os filmes programados. Com o correr dos tempos, esta tornou-se um órgão de propaganda do comércio local, como também de informações, onde eram comentadas as notícias da cidade e do Estado de um modo geral. Nos intervalos das notícias eram transmitidas músicas orquestradas e cantadas, tornando-se, assim, mais um divertimento para o povo.

BARES E BOTEQUINS

O primeiro bar conhecido era de propriedade do senhor Doca Rocha, contendo além de bebidas e cigarros necessários ao bom funcionamento deste, salões para jogos de bilhar e sinuca, como também jogo de azar - carteado e outros.

Anos depois, referido bar foi adquirido pelo senhor Calixto Lobo para o senhor Moisés Kinahier, tornando-se um ponto de reunião frequente dos componentes da Colônia Sírio-Libanesa, especialmente. Estes eram conhecidos pela população piauiense pela alcunha de "carcamanos".

Também, o senhor José Cronemberger abriu um segundo bar, provido do necessário, tendo ainda amplo salão com sinucas e jogo de dominó etc. Não tinha jogo de azar. Seu estabelecimento era bastante frequentado por famílias da sociedade, destacadamente. O movimento maior era das 06 às 10 horas da noite. E nos domingos e feriados começava após a missa das 08 horas.

Outros bares - do senhor Genésio Nunes e do senhor Manuel Vieira dos Santos. Com o advento do "Bar Natal", os outros foram desaparecendo paulatinamente.

Os botequins ou tabernas funcionavam na zona boêmia, sendo os mais frequentados - o do senhor Anfilófio melo e o do senhor Francisco Gonçalves da Paixão.

BANDAS DE MÚSICA

A primeira banda de música pertencia ao saudoso professor de música - Manuel Martiniano da Costa. Depois a "União Operária" fundou a "Euterpe Florianense", sob a direção do senhor Joaquim Araújo. Este teve como sucessor o senhor João Francisco Dantas.

Anos após, e em decorrência da incrementação do futebol amador pelo comércio, surgiu uma terceira sob a direção do senhor João Martins. Este era saxofonista e procedia da cidade de Oeiras.

FUTEBOL

Este esporte bretão teve outrora grandes momentos de lazer para a sociedade e o povo em geral. Nas tardes domingueiras eram frequentes as partidas de futebol, entre os times amadoristas do comércio e do operariado.

O do comércio denominava-se "Comercial Futebol Clube", tendo como Presidente o senhor José Francisco Dutra, Gerente da firma Marc Jacob, e o da classe operária, tinha a denominação de "Artístico Fubebol Clube",cujo Presidente era o senhor Joaquim ( Quincas ) Araújo.

As torcidas de ambos vibravam com as atuações de seus times, chegando ao ponto de deiscriminação entre aqueles que militavam no comércio, e os operariados. As rivalidades eram notórias naquela época, daí o surgimento da banda de música acima referida.

Talvez, pelos motivos retro mencionados, o futebol amador tenha desaparecido de Floriano.

FOLCLORE

Nas épocas de junho, haviam congados e bumba-meu-boi e em dezembro pastorinhas e reizados, festas estas bastante animadas e apreciadas pela população. Também, em junho, faziam-se as tradicionais fogueiras, nas quais eram assadas batatas e macaxeiras, acompanhadas do célebre quentão ou gegibirra.

São tradições e eventos que estão quase desaparecendo neste País, o que é uma pena. Em contrapartida, a violência nas grandes cidades está crescendo assustadoramente.

RIO PARNAÍBA

Nos medes de verão, especialmente nos domingos, a juventude e a criançada realizavam neste rio momentos de entretenimento, não somente banhando-se nas águas e ainda, nadando e atravessando-o montados em talos de buritís, bananeiras para maior segurança de seu desiderato. Contudo, o rio Parnáiba não era apenas salutar para os banhistas. suas águas traiçoeiras, às vezes, conduziam os mais audazes às correntezas e fatalmente à morte. Recordamos com pesar os pranteados rapazinhos Alberto Drumond Neto, filho do senhor Honorato Drumond; José Crvalho, filho do senhor abdenago Ferreira de Carvalho; e Milton da Fopneca Rocha, filho do senhor Martinho Rocha. Este afogou-se, não souberam como, quando em viagem de Teresina para Floriano.

6/24/2022

RETRATOS DE FLORIANO

 Associação Florianense dos Estudantes Secundários - AFES

AFES - Sede Própria

Colaboração. Nelson Oliveira

As iniciais acima é o nome da instituição que está citada nesta matéria, instituição da classe estudantil da nossa terra para, dentro dos limites da Lei, reinvindicava os direitos da classe, protestando com veemência com tudo aquilo que viesse em prejuízo da classe, que tinha como Líder Gessius Morais, - nos anos 40/50 - que depois de muitos anos de lutas à frente da Associação, mudou-se para Goiânia, onde fixou residência, terminando por entrar na política partidária, conseguindo eleger-se deputado estadual, reelegendo-se em vários pleitos.

A AFES daquele tempo, que teve a sua primeira sede instalada num pequeno compartimento de um prédio de prorpiedade do senhor Zuza Nunes, próximo à esquina com a então rua Miguel Rosa e que passou a ser denominada rua João Dantas, talvez em torno dos anos 60/70, abrigava no seu seio estudantes de várias faixas etárias, verdadeiros paladinos da classe, que militavam, em maior número, no Ginásio Santa Teresinha, estendendo-se, depois, pelo Ginásio Primeiro de Maio, fundado nos anos de 1950 e pelos demais subsequentemente, na defesa dos seus direitos.

A Associação, através da comissão de fiscalização que era mantida, era rigorosa com os estudantes locais de diversões, onde não era permitida a presença de menores, principalmente nos cinemas, quando os filmes eram censurados, nos bailes ( festas ) de adultos, no baixo meretrício etc., ou quaisquer outros locais prejudiciais à formação dos jovens que tinham suas presenças vedadas até nos bares comuns.

Ah, bons tempos  aqueles, onde eram formados os velhos de agora. No cinema só tinha ingresso aquele que estivesse de acordo com a censura; aquele que em qualquer local público se comportasse de modo desrespeitoso ou incoveniente era advertido educadamente por aqueles que desempenhavam as funções de polícia estudantil; em caso de reincidência os pais eram comunicados para as devidas providências junto ao estudante infrator sem que tal situação gerasse conflito posteriormente no relacionamento.

Que tempos, aqueles, hein? Hoje, infelizmente, os garotos ao invés de conduzir na mente matérias das aulas, na bolsa, além dos cadernos, levam uma arma branca ou revolver para matar o professor.

É preciso mudar tudo isso. Com urgência. Tudo isso acontecia, sem discussões entre os poderes constituídos, porque existia uma verdadeira Lei, que visava, antes de tudo, o bem estar da sociedade, não essas mixúrdias atuais, onde as autoridades maiores se rendem a caprichos de determinados setores da comunicação, permitindo que uma programação promíscua e imoral, como numa revista de circulação nacional.

Será que isso é o sinal dos tempos? Só Deus dirá

( 2012 ) em que os nossos meios de comunicação alardeiam que o Brasil é um País evoluído. Somos, sim,, campeões na prática de atos vergonhosos, rpincipalmente pelos nossos jovens, que poucos procuram ser úteis a nossa sociedade. Hoje o Brasil é um País que cresce, porém não tem gente que acompanhe essa evolução por falta de conhecimentos. Ou estou falando besteira?

 Naquele tempo, em qualquer tipo de diversão ( a TV era muito restrita ), a criança só tinha acesso de acordo com a idade permitida pelo próprio programa. Criança assistir qualquer programa, em tempos idos, nem pensar, mesmo porque a própria família tinha sob seu controle todos os passos dos filhos.

No lar do mais pobre ao mais rico, além do respeito, havia disciplina, obediência sem necessidade de agressões a criança, porque o rebento, ao nascer, já dever ser traçado o seu futuro para ser obediente, disciplinado, respeitador para com os seus superiores e não como se observa nos tempos atuais, quando a criança nasce recebe um celular, aos quatro, cinco anos, tem acesso a internet, através do seu próprio computador, sem qualquer tipo de censura. E aí vemos, diariamente, no nosso dia a dia, os desastres e as tragédias no seio das família.

Quem redigiu essas linhas foi, apesar de família pobre, foi criado dentro dos sagrados princípios da família dos bons tempos, onde toda decisão de qualquer tipo de situação era tomada pelo pai ou pela mãe de qualquer nível social, sem interferência de crianças, como a partir dos anos de 1981 para cá as crianças nascem e concomitantemente vão tomando o poder dos pais, que hoje ( em grande maioria ) ficam a vernacios. Atualmente, 2002 em diante grita que quer isso ou aquilo e os pais, até mesmo sem condições financeiras compram, individando-se e passar privações.

Depois de tudo isso, tenho saudades daqueles tempos, onde pais e mães eram símbolos do amor, da paz, da educação doméstica, da religião com respeito recíproco.

Que voltem os velhos tempos respaldados pelos bons costumes emanados da verdadeira família.

6/20/2022

Retratos de Floriano

 Mestre Walter

Walter e Familia 1962

Depoimento – Tibério José de Melo

WALTER OLTER MELO, o nosso tio, chegou em Floriano, mais precisamente, lá pelos idos de 1944, trazido por papai, Antonio de Melo Sobrinho, que chegara primeiro.

Sei que, em Butiti Bravo, ele chegou a trabalhar numa usina de beneficiamento de babaçu ou de arroz, não sei bem, daí a sua introdução em mecânica de máquinas.

Chegando a Floriano, empregou-se nos negócios do senhor Afonso Nogueira, que na época era empresário e mexia com navegação; então, o tio Walter ficava viajando de Floriano a Parnaíba, navegando os vapores do seu Afonso Nogueira, como mecânico de bordo.

Tio Walter teria ficado noivo com tia Inhá antes de deixar Buriti Bravo e foi buscá-la depois que se firmou.

Lembro, por exemplo, da primeira casa onde morou. Era ali entre a casa de Seu Zé Bem e dona Lourdes Martins na praça do Cruzeiro. Ali eu já me lembro do Djalma e do Divaldo ( seus filhos mais velhos ). Nós, entrewtanto, morávamos na Beira do Rio, ali perto da antiga usina Maria Bonita.

Era muito hábil no conserto de várias coisas, tanto que montou o seu negócio de conserto e aluguel de bicicletas. Com isto, ele criou a sua família com muita dignidade, dando educação, até onde pode, a todos.

Sempre roubavam uma de suas bicicletas, mas dificilmente não as recuperava, indo atrás em outra bicicleta. Tornou-se uma pessoa muito popular devido ao seu negócio.

Tratava-se de uma pessoa muito família. Vivia para a família e para as bicicletas. Todos o chamavam de Mestre Walter. Ah, sim, era muito bem humorado e gostava muito de piadas.

Muito inteligente ( papai diz que era o mais inteligente dos três ), pessoa de vanguarda. Sempre que havia uma novidade na cidade, ele era um dos primeiros a conseguir. Rádio, geladeira, panela de pressão, fogão a gás, coisas do tipo.

Sabia, sempre, o que estava acontecendo no mundo. Tinha opinião formada para tudo, dado que era muito bem informado, ouvindo rádio, ( só saía de casa depois de ouvir todos os noticiários de rádio, principalmente o Reporter Esso ). Ouvia todas as emissoras de rádio.

Lia bastante e proporcionava para todos nós muitos veículos de informação, tipo: revistas como O Cruzeiro, Manchete, Fatos e Fotos, quadrinhos etc. Jornal, já era mais difícil mas as revistas eram toda semana. Se mostrava sempre muito reflexivo, tinha resposta para tudo.

Era Espírita como a Maria Serva. Conhecia muito bem a doutrina e frequentava o Centro que ficava no Colégio do senhor Ribamar Leal.

Tornara-se amigo de toda aquela carcamanada do centro de Floriano, como também de todos aqueles comerciantes e da sociedade local. Antes de falecer já estava se incluindo nela.

Sei também que certa vez, quando rapaz, fora preso, devido a uma briga em que se meteu num cabaré da época.

Agora, o tio Walter, acho que por força da sua religião, era muito caridoso e muito bom.

Vivia cercado de menino. Pagava vitamina e cachorro quente no quiosque Mascote de Seu João e de dona Das Dores ( compadres de mamãe ).

No final do dia, era uma molecada enorme para levar as bicicletas para a casa dele. Ali o moleque tinha a oportunidade de andar, de graça, de bicicleta. Pela manhã era a mesma coisa. Muito engraçado.

Lembro-me que na Copa do Mundo de 1958 ele liderava a movimentação ali detrás da Igreja com um rádio instalado na Mascote. Juntava um monte de gente e a frequência do rádio às vezes ficava alta e bem nítida; outras vezes, bem fraca. Era um tal de tanto gol de Didi, Pelé, Vavá e Garrincha, sei lá.

No Chile, em 1962, foi a mesma coisa. Agarra, Gilmar!... Gol de Amarildo!... E o tio Walter lá na Barraca da Alegria, capengando. Ele puxava de uma perna.

Tio Walter e Vovó Serva criaram a Barraca da Alegria. Isto já perto do acidente. Cimentaram parte do quintal da casa da Dindinha e lá se fazia a festa com quermesse com muita gente participando. Vinha até o pessoal de fora. O objetivo era angariar fundos para a manutenção da Escola Humberto de Campos.

Tio Walter era uma pessoa pouco afeita a diversões. Participava de algumas festas no Floriano Clube. Gostava muito de um cinema, um circo, coisas assim. Nunca soube que o tio houvesse ido a um forró, que nem papai. Farra, então, não me lembro. Bebia, socialmente, muito pouco. Não era afeito.

Quando chegava um cantor na cidade, um artista do Sul ele não perdia. De certa forma era uma pessoa recatada, gostava muito de ler e de se informar. Gostava de política, muito.

Lembro que na eleição que elegeu o Jânio para Presidente da República, ele estava na linha de frente da campanha em Floriano a favor do Jânio. Papai e eu éramos Lott. Venceu o Jânio e se cantava muito:


Varre, varre, varre vassourinha

Varre, varre a bandalheira

Que o povo já está cansado

De sofrer desta maneira

Jânio Quadros é a esperança

Desse povo abandonado

Jânio Quadros é a certeza

De um Brasil moralizado

Alerta, meu irmão

Vassoura, conterrâneo

Vamos vencer com Jânio


Este jingle é a carta do Tio Walter. Era muito entusiasmado na política.

Apesar de recatado, era muito sociável. Tinha muito prazer em hospedar seus conterrâneos do Maranhão. Jesus ( do Melinho ), Rosemeire, que passavam férias em Floriano, quando elas chegavam, era um frisson danado. Eram bonitas e os rapazes da época queriam pegá-las. O tio levava-as para as festas.

Aqueles carcamanos, seu Tufi, Michel, Hagen, Salomão, Kalume, tinham muito respeito pelo tio Walter. Devem ter sentido muito a sua falta.

A tia Inhá, sua esposa, era um pouco irritada. Também, era muito menino. Todos muito danados e qualquer um perdia a paciência. Vivia com um cinto na cintura para dar umas lapadas quando não aguentava mais. Todo dia era umas três. Mamãe não era diferente. Não sei como estas mulheres aguentavam aquele monte de menino danado. Só no cinturão mesmo, não tinha jeito. Tio Walter, também, não aliviava não, metia a ripa, quando se fazia necessário.

Dia 24, agora, de janeiro, se o Djalma ( seu filho mais velho ) estivesse vivo, faria 60 anos.

O acidente de seu falecimento foi dia 04 de agosto de 1963 por volta de 9 hora da manhã, quando prestava seus serviços à Paróquia local, ali, na altura da loja do Michel Demes: ele pegou um choque e caiu de uma escada, não resistindo ao impacto, provavelmente, da queda.

Na foto, acima, observamos a sua família no ano de 1962, a sua esposa, tia Inhá, o Djalma, o Divaldo, o Waltinho, o Dácio, a Cecília, a Ceci e o João Coimbra.

6/14/2022

Retratos de Floriano

 

CLUBE DE REGATAS


Pesquisa : Mª Umbelina Marçal Gadêlha


Floriano era uma cidade pacata, calma, cheia de alegria e animação. Naquela época a distração era preparar frito e tomar cerveja no cais beira-rio, ao lado do Flutuante, apreciar a lua sair, conversar, banhar de rio e sonhar com as festas que iriam acontecer.


Os maiores eventos da época eram: As Regatas de Férias de Verão, as Festas Juninas, o Carnaval, as grandes Festas das Mães e o Réveillon realizado no CEC – Comércio Esporte Clube e no Floriano Clube. Além destas havia também os festejos de São Pedro de Alcântara e de Nossa Senhora das Graças.


Além disso, nós inventávamos lugares para nos distrairmos, como por exemplo, o Comércio Esporte Clube, construiu na sua sede uma piscina linda, e a noite, nós íamos para lá, sonhar e conversar. Bons tempos! Tudo muito ingênuo.


No mês de julho, um grupo de amigos organizava uma “Regata” (corrida de canoas a vela, remo e vara). A Regata largava do cais do porto e a chegada era no Pateta (fazenda do senhor Pedro Carvalho).


Os participantes formavam duplas representadas pelos seguintes jovens: João Carlos Ribeiro Gonçalves, José Wilson Pereira, Pedro Attem Filho, João Alfredo Gaze, Abdala Zarur, Jafran Frejat, Carlos Martins, Gabriel Kalume, Gilmar Sobral, Defala Attem, Hélio Castro, Gilvan Sobral, Chico Pereira, Pedro Neiva, Cicinha e Haroldo Castro.

Na largada era aquela confusão quando uma canoa era desclassificada, pois tinha uma medida certa. Lembro-me ainda da 1º Regata, cujo vencedor foi a dupla Wilson Pereira e Pedro Attem, e a madrinha foi Zilma Castro, filha de Dr. Gonçalo Castro que tinha vindo passar as férias, pois estudava no Rio de Janeiro.

Após a chegada dos barcos havia churrascos e brincadeiras. À noite era a festa no Floriano Clube para a entrega de Troféu com a presença da Miss Piauí do ano. Lembro-me da primeira miss que eles trouxeram, Teresinha Alcântara, uma das Misses mais bonitas que o Piauí já teve. Muita gente vinha a Floriano nessa época para participar dessa festa, inclusive todos os florianenses que estudavam fora.

Aí os rapazes resolveram ter sua própria sede. Compraram o terreno e construíram uma sede provisória com bar, quadra de esporte (chão de barro batido) e dancing coberto de palha. As mesas e cadeiras foram adquiridas e distribuídas em baixo das mangueiras. Aos domingos realizavam bingos e churrascos e o Clube de Regatas era muito freqüentado pela sociedade florianense.


Lembro-me que João Carlos era o presidente e ele dizia que tinha mandado fazer a planta da sede com uma torre para colocar um sino para que o ouvissem até em Amarante.


Foram momentos lindos de muita alegria, muitos foram embora e hoje só existe o terreno e muita saudade de um bom tempo, da juventude que tão veloz passou.

6/13/2022

Retratos do nosso futebol

 

Time do Ginásio Primeiro 
de maio 1965


Essa é do fundo do baú! Acervo do nosso amigo Holandinha. onde podemos avistar conhecidos piolhos de bola. Essa foto é do ano de 1965 no estádio do Ferroviário José Meireles.

Em pé temos o Antonio Mota de Augusto, Júlio Gago, Siqueira, o goleiro Antonio João, irmão de Jumentinha, Roberval de Chico Batista e Juriti.

Agachados: Holandinha, Chico Borracheiro, João de Deus de Vicente Roque, Rômulo, Zé Vilmar de Nelson Oliveira e Mazinho também filho de Augusto Mota.

Época lírica do nosso futebol, que os anos não nos trazem mais.

O Silêncio de um homem

    (Crônica dos Anos de 1990) Extraído do livro: Flagrantes de uma Cidade (Luís Paulo de Oliveira Lopes. Quem é esse homem? De onde veio? Q...