6/20/2022

Retratos de Floriano

 Mestre Walter

Walter e Familia 1962

Depoimento – Tibério José de Melo

WALTER OLTER MELO, o nosso tio, chegou em Floriano, mais precisamente, lá pelos idos de 1944, trazido por papai, Antonio de Melo Sobrinho, que chegara primeiro.

Sei que, em Butiti Bravo, ele chegou a trabalhar numa usina de beneficiamento de babaçu ou de arroz, não sei bem, daí a sua introdução em mecânica de máquinas.

Chegando a Floriano, empregou-se nos negócios do senhor Afonso Nogueira, que na época era empresário e mexia com navegação; então, o tio Walter ficava viajando de Floriano a Parnaíba, navegando os vapores do seu Afonso Nogueira, como mecânico de bordo.

Tio Walter teria ficado noivo com tia Inhá antes de deixar Buriti Bravo e foi buscá-la depois que se firmou.

Lembro, por exemplo, da primeira casa onde morou. Era ali entre a casa de Seu Zé Bem e dona Lourdes Martins na praça do Cruzeiro. Ali eu já me lembro do Djalma e do Divaldo ( seus filhos mais velhos ). Nós, entrewtanto, morávamos na Beira do Rio, ali perto da antiga usina Maria Bonita.

Era muito hábil no conserto de várias coisas, tanto que montou o seu negócio de conserto e aluguel de bicicletas. Com isto, ele criou a sua família com muita dignidade, dando educação, até onde pode, a todos.

Sempre roubavam uma de suas bicicletas, mas dificilmente não as recuperava, indo atrás em outra bicicleta. Tornou-se uma pessoa muito popular devido ao seu negócio.

Tratava-se de uma pessoa muito família. Vivia para a família e para as bicicletas. Todos o chamavam de Mestre Walter. Ah, sim, era muito bem humorado e gostava muito de piadas.

Muito inteligente ( papai diz que era o mais inteligente dos três ), pessoa de vanguarda. Sempre que havia uma novidade na cidade, ele era um dos primeiros a conseguir. Rádio, geladeira, panela de pressão, fogão a gás, coisas do tipo.

Sabia, sempre, o que estava acontecendo no mundo. Tinha opinião formada para tudo, dado que era muito bem informado, ouvindo rádio, ( só saía de casa depois de ouvir todos os noticiários de rádio, principalmente o Reporter Esso ). Ouvia todas as emissoras de rádio.

Lia bastante e proporcionava para todos nós muitos veículos de informação, tipo: revistas como O Cruzeiro, Manchete, Fatos e Fotos, quadrinhos etc. Jornal, já era mais difícil mas as revistas eram toda semana. Se mostrava sempre muito reflexivo, tinha resposta para tudo.

Era Espírita como a Maria Serva. Conhecia muito bem a doutrina e frequentava o Centro que ficava no Colégio do senhor Ribamar Leal.

Tornara-se amigo de toda aquela carcamanada do centro de Floriano, como também de todos aqueles comerciantes e da sociedade local. Antes de falecer já estava se incluindo nela.

Sei também que certa vez, quando rapaz, fora preso, devido a uma briga em que se meteu num cabaré da época.

Agora, o tio Walter, acho que por força da sua religião, era muito caridoso e muito bom.

Vivia cercado de menino. Pagava vitamina e cachorro quente no quiosque Mascote de Seu João e de dona Das Dores ( compadres de mamãe ).

No final do dia, era uma molecada enorme para levar as bicicletas para a casa dele. Ali o moleque tinha a oportunidade de andar, de graça, de bicicleta. Pela manhã era a mesma coisa. Muito engraçado.

Lembro-me que na Copa do Mundo de 1958 ele liderava a movimentação ali detrás da Igreja com um rádio instalado na Mascote. Juntava um monte de gente e a frequência do rádio às vezes ficava alta e bem nítida; outras vezes, bem fraca. Era um tal de tanto gol de Didi, Pelé, Vavá e Garrincha, sei lá.

No Chile, em 1962, foi a mesma coisa. Agarra, Gilmar!... Gol de Amarildo!... E o tio Walter lá na Barraca da Alegria, capengando. Ele puxava de uma perna.

Tio Walter e Vovó Serva criaram a Barraca da Alegria. Isto já perto do acidente. Cimentaram parte do quintal da casa da Dindinha e lá se fazia a festa com quermesse com muita gente participando. Vinha até o pessoal de fora. O objetivo era angariar fundos para a manutenção da Escola Humberto de Campos.

Tio Walter era uma pessoa pouco afeita a diversões. Participava de algumas festas no Floriano Clube. Gostava muito de um cinema, um circo, coisas assim. Nunca soube que o tio houvesse ido a um forró, que nem papai. Farra, então, não me lembro. Bebia, socialmente, muito pouco. Não era afeito.

Quando chegava um cantor na cidade, um artista do Sul ele não perdia. De certa forma era uma pessoa recatada, gostava muito de ler e de se informar. Gostava de política, muito.

Lembro que na eleição que elegeu o Jânio para Presidente da República, ele estava na linha de frente da campanha em Floriano a favor do Jânio. Papai e eu éramos Lott. Venceu o Jânio e se cantava muito:


Varre, varre, varre vassourinha

Varre, varre a bandalheira

Que o povo já está cansado

De sofrer desta maneira

Jânio Quadros é a esperança

Desse povo abandonado

Jânio Quadros é a certeza

De um Brasil moralizado

Alerta, meu irmão

Vassoura, conterrâneo

Vamos vencer com Jânio


Este jingle é a carta do Tio Walter. Era muito entusiasmado na política.

Apesar de recatado, era muito sociável. Tinha muito prazer em hospedar seus conterrâneos do Maranhão. Jesus ( do Melinho ), Rosemeire, que passavam férias em Floriano, quando elas chegavam, era um frisson danado. Eram bonitas e os rapazes da época queriam pegá-las. O tio levava-as para as festas.

Aqueles carcamanos, seu Tufi, Michel, Hagen, Salomão, Kalume, tinham muito respeito pelo tio Walter. Devem ter sentido muito a sua falta.

A tia Inhá, sua esposa, era um pouco irritada. Também, era muito menino. Todos muito danados e qualquer um perdia a paciência. Vivia com um cinto na cintura para dar umas lapadas quando não aguentava mais. Todo dia era umas três. Mamãe não era diferente. Não sei como estas mulheres aguentavam aquele monte de menino danado. Só no cinturão mesmo, não tinha jeito. Tio Walter, também, não aliviava não, metia a ripa, quando se fazia necessário.

Dia 24, agora, de janeiro, se o Djalma ( seu filho mais velho ) estivesse vivo, faria 60 anos.

O acidente de seu falecimento foi dia 04 de agosto de 1963 por volta de 9 hora da manhã, quando prestava seus serviços à Paróquia local, ali, na altura da loja do Michel Demes: ele pegou um choque e caiu de uma escada, não resistindo ao impacto, provavelmente, da queda.

Na foto, acima, observamos a sua família no ano de 1962, a sua esposa, tia Inhá, o Djalma, o Divaldo, o Waltinho, o Dácio, a Cecília, a Ceci e o João Coimbra.

6/14/2022

Retratos de Floriano

 

CLUBE DE REGATAS


Pesquisa : Mª Umbelina Marçal Gadêlha


Floriano era uma cidade pacata, calma, cheia de alegria e animação. Naquela época a distração era preparar frito e tomar cerveja no cais beira-rio, ao lado do Flutuante, apreciar a lua sair, conversar, banhar de rio e sonhar com as festas que iriam acontecer.


Os maiores eventos da época eram: As Regatas de Férias de Verão, as Festas Juninas, o Carnaval, as grandes Festas das Mães e o Réveillon realizado no CEC – Comércio Esporte Clube e no Floriano Clube. Além destas havia também os festejos de São Pedro de Alcântara e de Nossa Senhora das Graças.


Além disso, nós inventávamos lugares para nos distrairmos, como por exemplo, o Comércio Esporte Clube, construiu na sua sede uma piscina linda, e a noite, nós íamos para lá, sonhar e conversar. Bons tempos! Tudo muito ingênuo.


No mês de julho, um grupo de amigos organizava uma “Regata” (corrida de canoas a vela, remo e vara). A Regata largava do cais do porto e a chegada era no Pateta (fazenda do senhor Pedro Carvalho).


Os participantes formavam duplas representadas pelos seguintes jovens: João Carlos Ribeiro Gonçalves, José Wilson Pereira, Pedro Attem Filho, João Alfredo Gaze, Abdala Zarur, Jafran Frejat, Carlos Martins, Gabriel Kalume, Gilmar Sobral, Defala Attem, Hélio Castro, Gilvan Sobral, Chico Pereira, Pedro Neiva, Cicinha e Haroldo Castro.

Na largada era aquela confusão quando uma canoa era desclassificada, pois tinha uma medida certa. Lembro-me ainda da 1º Regata, cujo vencedor foi a dupla Wilson Pereira e Pedro Attem, e a madrinha foi Zilma Castro, filha de Dr. Gonçalo Castro que tinha vindo passar as férias, pois estudava no Rio de Janeiro.

Após a chegada dos barcos havia churrascos e brincadeiras. À noite era a festa no Floriano Clube para a entrega de Troféu com a presença da Miss Piauí do ano. Lembro-me da primeira miss que eles trouxeram, Teresinha Alcântara, uma das Misses mais bonitas que o Piauí já teve. Muita gente vinha a Floriano nessa época para participar dessa festa, inclusive todos os florianenses que estudavam fora.

Aí os rapazes resolveram ter sua própria sede. Compraram o terreno e construíram uma sede provisória com bar, quadra de esporte (chão de barro batido) e dancing coberto de palha. As mesas e cadeiras foram adquiridas e distribuídas em baixo das mangueiras. Aos domingos realizavam bingos e churrascos e o Clube de Regatas era muito freqüentado pela sociedade florianense.


Lembro-me que João Carlos era o presidente e ele dizia que tinha mandado fazer a planta da sede com uma torre para colocar um sino para que o ouvissem até em Amarante.


Foram momentos lindos de muita alegria, muitos foram embora e hoje só existe o terreno e muita saudade de um bom tempo, da juventude que tão veloz passou.

6/13/2022

Retratos do nosso futebol

 

Time do Ginásio Primeiro 
de maio 1965


Essa é do fundo do baú! Acervo do nosso amigo Holandinha. onde podemos avistar conhecidos piolhos de bola. Essa foto é do ano de 1965 no estádio do Ferroviário José Meireles.

Em pé temos o Antonio Mota de Augusto, Júlio Gago, Siqueira, o goleiro Antonio João, irmão de Jumentinha, Roberval de Chico Batista e Juriti.

Agachados: Holandinha, Chico Borracheiro, João de Deus de Vicente Roque, Rômulo, Zé Vilmar de Nelson Oliveira e Mazinho também filho de Augusto Mota.

Época lírica do nosso futebol, que os anos não nos trazem mais.

6/09/2022

Retratos de Floriano

 

FILHOS DO TUNAS CANSANÇÃO

 
O quarteto Cansanção

De volta à velha Floriano, grandes figuras do passado romântico do futebol florianense: os filhos de seu Tunas Cansanção vieram abraçar sua mãe, dona Alice e rever familiares e amigos.

Na foto, da esquerda para direita, temos Antonio Anísio, que era ponta direita, hoje aposentado do IPEA e mora em Brasília-DF; o segundo, Abdon, centro-avante, rápido, arisco, jogava no Botafogo do Gusto na década de sessenta; já o terceiro, o famoso nego Hélio, zagueiro central, fazia dupla fenomenal com Pedrão de 1967 a 1971 e jogou, ainda, nos times do Fluminense de Nunes (técnico eletrônico), Botafogo da Cancela, Ibiapaba, Seleção Intermunicipal de Floriano e, em certa ocasião, jogando pela na Seleção de Amarante (Floriano fora desclassificada); o quarto, o genioso Didi, meia armador, craque indo e voltando, dominava a pelota com estilo, mas tinha dois sestos: primeiro, usa até hoje pente para se pentear os poucos cabelos que lhe restam e o outro era ser expulso em quase todas partidas.

Coisas do folclore do futebol florianense.
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Foto tirada com a presença de César, quando de sua visita aos ex-craque

6/07/2022

Retratos de Floriano

 

TIME DA CASA DO ESTUDANTE


 
Esse time ai é o da - CASA DO ESTUDANTE em Teresina - no início dos anos setenta, época romântica, quando estudantes de Floriano saiam em busca de oportunidades.

Grande parte desses atletas da foto são de várias cidades.

Risadinha, Sarara, Rupiado, Ze Buraco (de Floriano), Zé Filho e Pompeu (de Floriano) em pé.
Ubaldo ( famoso Rasga Milho de Floriano ), Feitosa, Etevaldo, Ventilador e Chagas Hippie.

Era um amistoso no Clube do Banco do Nordeste em Teresina.

E isso ai.

6/06/2022

FACELEU DA CRUZ

Da Cruz era cheia de boas virtudes

Familiares de Maria da Cruz Ferreira avisa com pesar o falecimento da mesma, ocorrido ontem na tardinha de domingo às 17:30 no Hospital Regional Tibério Nunes. 

Avisa ainda que o velório está sendo realizado na Rua São João nº 916 no bairro Irapuá. 

Maria da Cruz era conhecida como Dadá entre os amigos mais próximos, o sepultamento está previsto para esta 17 horas de hoje (06) no cemitério São Pedro de Alcântara.

DA CRUZ, tinha um barzinho na esquina da rua São João e vizinha do saudoso Zé Venâncio e tinha um círculo de amizade intenso, onde a prosa rolava solta. Havia um bom tira gosto, uma cervejinha gelada e boas gargalhadas para os que a frequentavam.

Um dos mais assíduos frequentadores era o nosso Amigo Mário Mudo, que gostava tirar a nossa amiga do sério mas não conseguia, porque ela tirava de letra as prosas de Mário, por exemplo, quando brincando disse pra ela: "Da Cruz, tú já transou?" Ela, arguta que só, devolvia ao pé da letra: "Tú deixa de ser IMORAAAL, sem vergonha..."

37º Aniversário do Cine Natal 1974