O JOGO MAIS IMPORTANTE DE ZECA ZINIDÔ
Reportagem: Cesar de Antonio Sobrinho
Dentro
do contexto lírico de nosso futebol, Zeca Zinidor ( que certa vez fora
comprado por uma carteira de cigarro da marca minister pelo Flamengo de
Tiberinho ), narra com precisão e muita saudade um de seus jogos mais
importantes dos quais participou, quando jogava pelo Botafogo de Gusto,
na trajetória dos torneios amadores da Princesa.
”Dois detalhes: o
primeiro, o Fluminense jogava pelo empate e começou ganhando de 1 a 0; e
o segundo, é que eu estava com um problema no pé direito e não podia
jogar, fiquei em casa, não ia agüentar ver o jogo do lado de fora, num
jogo de decisão, jogo duro e logo no primeiro tempo, o Fluminense
ganhando; foi aí que João Batista Araújo de Vicente Roque, torcedor
fanático de nosso time, tomara a iniciativa de ir lá em casa me pegar,
mesmo doente.
Cheguei no campo, ajeitaram meu pé, colocaram
mastruz com um pano enrolado e disseram: “ Zeca, fica dentro de campo,
se der certo, tudo bem, mas só a sua presença já amedronta “.
Dito
e feito, rapaz, como eu adorava jogar, consegui incendiar o jogo, mudei
completamente o panorama da partida, um espetáculo, fico até arrepiado
em lembrar, o sangue foi esquentando, o pé já não doía tanto; cara, com
pouco mais de 15 minutos, consegui empatar, de pé esquerdo, a torcida
endiabrada ( no Campo dos Artistas dava mais público do que hoje no
Tiberão ).
Taboqueiro fez um lançamento de trivela, rasante, (
quando eu me lembro, dá vontade de sair correndo ), bicho, eu dominei o
pneu ( bola ) e eu tinha um sesto de ficar sassaricando com a bola,
dava um currupio, era um espetáculo à parte, o zagueiro ficava doido e a
torcida mais ainda, é como se estivesse ouvindo o grito da galera.
E
essa bagaceira toda foi aos 30 minutos do segundo tempo, passei pelo
zagueiro, e na entrada da grande área a bola foi pro pé direito, nem
lembrei do pé machucado, embrulhei, paáááááááááááááááááááááááááá´,
golaço, aiaiaiai, golaço, aiaiai!, loucura, eu pulava e a torcida
pensando que era só de alegria, também, mas era mais dor, rapaz,
conseguimos virar o jogo, só escutava a zuada e a voz do Batista de
Vicente Roque, pense numa zoeira, quando o jogo terminou, foi uma
loucura, ganhei muitos presentes!
Até hoje Batista foba com
esse gol. Interessante: no Campo dos Artistas, cada jogador tinha uma
espécie de fã clube, 30 a 40 torcedores, chegavam ao ponto de, por
exemplo, se o torcedor do Botafogo do Gusto fosse pro campo e chegando
por lá não visse o jogador que ele admirava e não fosse jogar, ele
automaticamente ia embora!