11/25/2024

Entrevista com Jeremias

 

Reportagem: Cesar Augusto

JOSÉ NEVES DA COSTA (Jeremias) – Década de 50 trabalhou com Zé Caboré na Usina Elétrica Maria Bonita 
“Jeremias Lateral do Grêmio de Galdino”

“Jeremias” (assim era chamado por causa do nome do seu inesquecível pai), nasceu em Floriano-PI, 28.10.1937, 82 anos, dono de memória privilegiada lembra com detalhes seu tempo de criança e adolescente na beira do Rio Parnaíba, onde morava e trabalhava.

Seu pai Jeremias era embarcado no Vapor que fazia travessia – Uruçuí-PI (levava: óleos de coco, tucuns, couros, mandiçoba) para Parnaíba-PI (trazia: sal, querosene, tecidos, calçados, miudezas). 

Em 1950 “Jeremias”  trabalhava na Usina Elétrica Maria Bonita, cujo chefe era Sr. Zé Caboré pai do piloto de avião Raimundinho Caboré, que certa vez fazendo piruetas ao passar por baixo do cabo dos pontões de Floriano – Barão, o avião bateu no cabo e caiu no Rio Parnaíba.

Na Usina Maria Bonita tinha 4 funcionários da Prefeitura (Zé Caboré e mais 3 funcionários) e 8 aprendizes (adolescentes de 12 a 14 anos), que aprendiam o oficio de fundição na Usina. Zé Caboré era um habilidoso armeiro, reparava armas, principalmente revolveres, fundidor (forneiro)  de peças para trabalho na construção (alavanca, inchada, pás) e campo (foice, facão).

A Usina era colocada em funcionamento as 18horas que se estendia às 23horas, o combustível era carvão e o resfriamento feito com água do Rio Parnaíba. Um detalhe importante não existia caís, a margem era ribanceira alta dificultando o trabalho dos 8 adolescentes que carregavam os cambos (2 latas de 20 litros penduradas numa vara), piorando o sofrimento nos dias de festas no Floriano Clube, que se estendia até as 02 horas , eram carregados 200 cambos (400 latas) por pessoa, segundo Jeremias até hoje sente dores, a agua trazida era colocada na caixa d’água existente até hoje próximo ao prédio da Maria Bonita, como a caixa d’água é alta o carregador amarrava numa corda que era içada para o serem derramadas no depósito.

No quarteirão que abrange os restaurantes Velho Monge ao Zé do Flutuante existiam 5 frondosas tamarineiras, era uma das imagens mais lindas que eu vi na vida, lembra “Jeremias”!

O Tiro de Guerra fez no Bosque um campo de futebol situado na Barra da Onça, onde desemboca três riachos, na altura da ridícula “Praça de Eventos”, o local passou a ser chamado de Bosque Santa Teresinha porque uma jovem viu entre árvores uma imagem de Santa Teresinha.

Na altura da Oficina do Julinho até a Garagem da Princesa do Sul, existia um campo de futebol!
Fonte: José Neves da Costa – “Jeremias”.

OBS-1: Carlos Aberto de Araújo Costa, Engenheiro Civil, florianense construtor do cais, quando  dirigia no Piauí o Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis – DNPVN; 

OBS-2: O início do Caís do Porto – Administração do Prefeito Chico Reis (31.01.1959 – 31.01.1963). Fonte: Floriano: Sua História, Sua Gente – Profª Josefina Demes.
Floriano-PI, 14 de julho de 2019.

11/22/2024

ALDÊNIO NUNES - a enciclopédia do rádio florianense

 

ALDÊNIO NUNES – A ENCICLOPÉDIA,
NUMA ENTREVISTA INIMITÁVEL, MOSTROU POR QUE SEMPRE ESTEVE À FRENTE!

Reportagem: César Sobrinho

A radiodifusão de Floriano começou com o prefixo de uma emissora do Maranhão na década de 50 e, logo - Almir Reis e Antão Reis fundaram a Rádio Difusora de Floriano. Os primeiros anunciadores de programas, foram: Audir Dutman, Pedro de Alcântara Ramos, Alcebíades Costa, um revolucionário, que na época lançou o famoso BIG SHOW DOMINICAL, realizado aos domingos no Cine Natal. 

Assim, Aldênio Nunes, filho de Floriano, iniciou nossa entrevista, descontraída, no caís da beira rio, com um visual deslumbrante, e como testemunha, à frente o velho Monge, com suas águas soturnas, em pequenas marolas, limpa a deslizar rumo ao mar, as chalanas, o flutuante, o farol e a co-irmã cidade Barão de Grajaú. 

A mais antiga emissora de Rádio, a Difusora de Floriano, fundada 1957, uma quase cinquentona, mas com um corpinho de atlético, foi a sucessora da AMPLIFICADORA FLORIANENSE, que ficava no prédio do Cine Natal, quando Dafala Atem era o locutor oficial. À tarde/noite, mais precisamente às seis horas da tarde abriam-se os auto-falantes, onde anunciavam-se os filmes, artistas principais, bar do Binu e outros comerciais. 

Segundo Aldênio Nunes, a evolução do rádio florianense, com a inauguração da Difusora, "foi algo extraordinário. Lembro-me que na época a cidade despertou, pois apareceram fenômenos que estavam em fase latente (oculto), pois o despertar da juventude foi imensurável e aí surgiu a segunda fase de apresentadores, os talentosos: Pedro de Alcântara, Nazaré Silva, Fran Nunes, Nice Lurdes, com sua crônica social – uma coisa inédita na época".

Surge, então, surpreendentemente, a figura do lourinho ALDÊNIO NUNES, apresentando vários programas com os nomes de arrebentar e criativos: Alegria, Alegria (homenagem à música de Caetano Veloso), que ia ao ar às cinco horas da tarde. Aos domingos, Nunes e os companheiros de rádio, surgiu com um programa diferente: BOSSA, BALANÇO E BROTOS, nome sugestivo, pois à época aparecia o ritmo da bossa nova, o balanço da jovem guarda e os jovens começaram a ser vistos de outra forma, com respeito. 

O programa fazia gincanas na beira rio, com atividades educativas. No programa de domingo, por exemplo, Aldênio Nunes lançou também a participação dos ouvintes via telefone, as pessoas ficavam encantadas! Como a emissora era no edifício SAID, na rua São Pedro, e ao lado tinha a empresa telefônica, não foi difícil, o grande locutor resolveu fazer uma parceria. 

Perguntamos ao Nunes sobre o teatro que existia na época, em Floriano, comente alguma coisa.

A emoção tomou conta do espaço:

- Foi uma época de ouro, o TEF – Teatro Experimental Florianense, dirigido pelo competente Pedro de Alcântara Guimarães Ramos, rapaz ele merece uma entrevista dessa, faça! O Pedro, estava à frente de todos, um detalhe, os ensaios eram realizados na casa de seu Antonio Leitão e Dona Socorro e tinha como participantes do TEF os artistas Pedro de Alcântara Ramos, Aldênio Nunes, Teresinha Nogueira, Raquel Bonasser, Lurdinha Borborema...

- E sobre a Rádio Novela, foi um mito ou existiu?

- Sim, existiu, veja a criatividade da moçada, a Rádio Novela, era produzida em cima das letras das músicas.

- Programas de esportes, quem participava e como eram feitos?

- O programa de esporte era feito por mim (Aldênio) e Fran Nunes, os jogos do campeonato de futebol, transmitíamos da cabine do estádio Mário Bezerra e dos torneios de salão inverno e verão, a transmissão era feita da quadra do Comércio Esporte Clube.

- Vocês lançaram algum artista?

- O Jonh Júnior, a criação foi nossa, era um galeguinho, bela voz, surgiu no Big Show Domincal, Zé Antão e Aldênio, foram com cantor fazer a gravação no Recife.

- E a Mais Bela Voz do Parnaíba, é da sua época?

- Foi a nossa equipe que criou, surgiram vários artistas, chegamos a fazer umas cinco edições nas cidades vizinhas, o objetivo era garimpar novos talentos, e deu certo.

- Essa revolução radiofônica, durou quanto tempo?

- De 1965 a 1972, inesquecível, vou pesquisar e mandar para o SITE FLORIANO EM DIA, um bom material para vocês documentarem. Muito obrigado por poder reviver um período tão rico, que estava oculto.

11/14/2024

Bazar ESTRELA

Fonte: Flagrantes de uma cidade

Data: Julho/1997

Dentro do contexto comercial de Floriano, em seus flagrantes de uma cidade, o nosso amigo Luís Paulo (in memorian), quando do lançamento de seu livro, na página 85 a gente pode perceber a sua vocação para sintetizar o nosso passado com grande conhecimento de causa; senão, vejamos na foto o Bazar Estrela de Felix Estrela & Companhia.
Bazar Estrela

Foi uma das mais importantes casas comerciais de Floriano, e já no final do século passado funcionava nesta praça. Era uma casa comercial de grande porte, mesmo naquela época, e pelo dinamismo de seus proprietários aparecia como um estabelecimento comercial de suma importância no Piauí. Como outras grandes lojas, formava a praça comercial da então iniciante Floriano.

Seus proprietários Felix Estrella e Alfredo Estrella eram procedentes da Bahia – Casa Nova, localizada próximo aos limites do Piauí com esse Estado.

Sabe-se que seu Felix e Alfredo Estrela eram parentes próximos do conhecido deputado baiano Rui Santos e do Governador da Bahia Roberto Santos.

Alfredo Estrella era casado com Cezalina Muniz, de conhecida família de Floriano. E Felix Estrella era casado com Cotinha Estrella, mãe do nosso estimado Alfredo, que hoje vive nesta cidade na rua Bento Leão.

Esse estabelecimento comercial era localizado onde hoje funciona a Papelaria Attem de Pedro Attem Filho, esquina das ruas Bento Leão e Alfredo Estrella.

Fica aqui o registro e o flagrante, conclui o professor

11/11/2024

A Praça Matriz dos anos de 1950

 
Antiga Praça João pessoa, hoje a atual doutor Sebastião Martins na foto acima nos reporta aos anos de 1950.

Segundo o nosso amigo Teodoro Sobral (de memória aguçada), diz que "Nessa época não tinha a Sertã e nem a estátua do Mal Floriano Peixoto, só o coreto. 

Esse casarão onde depois funcionou a sede do Ferroviário, o bar São Pedro e o armazém de couros Boa Sorte do Sr Samuel Amaral Brito, era  da família Ribeiro, conheci os irmãos major Joel Ribeiro (foi prefeito de Teresina e deputado federal); senhor Erotides do Banco do Brasil , casado com dona Paula, irmã do Chagas Rodrigues e o senhor Domingos Ribeiro.

Do outro lado, continua Teodoro, era do senhor Afonso Nogueira, pai do Ataliba Nogueira, doutor Equililerico, doutor Demerval Neiva, doutora Afonsina Nogueira e dona Altair Nogueira, que casou com o deputado Lustosa Sobrinho e quando a esposa morreu ele casou com a cunhada Doutora Afonsina."

São o nosso registro da saudade, que o tempo abraça na vaidade de nossas emoções.

11/08/2024

Chico Kanguri e suas memórias

 É DO SEU ZÉ LEONIAS - CHAPÉU "SAVIOUR"!


CHICOLÉ de Floriano ( grande craque e piolho de bola, o ponteiro esquerdo da foto quando jogou no Palmeiras de Bucar ) era quem dizia prá gente - “Vocês sabem muito bem como fui criado, o meu pai foi muito rígido na criação dos filhos; lá em casa, tinha dia, que quando ele estava zangado, o único amigo que entrava lá e conseguia sair comigo pra jogar era
ChicoKangury de Jerumenha.

Mamãe gostava muito dele e o seu pai, seu Vicente Kangury era um dos amigos confidencial do meu pai, e o outro era o senhor Antonio Segundo, grande enfermeiro, que ajudava até a operar gente no Hospital. Pois bem, aconteceu de ter um jogo importante em Jerumenha. O papai em casa estava zangado, eu teria que ir escondido e voltar no mesmo dia. O Deoclecinho possuía uma caminhoneta e sempre era o encarregado de ir buscar-me e deixar em Floriano, quando acontecia este impedimento.

Distancia de Jerumenha para Floriano, 10 léguas e meia ( 67 km ). O Jogo naquela época começava às três e meia da tarde, porque era para terminar ainda com a claridade do dia.
A estrada era piçarrada e Deoclecinho gostava de pisar no acelerador, que se a gente olhasse pro lado via as arvores curvadas. Saímos de Floriano depois do almoço, só a mamãe sabia disso. Ao terminar o jogo, o Deoclecinho foi apanhar-me no campo e já chegou com o seu Zé Leonias de carona pra Floriano.

Ao sairmos de Jerumenha, uma senhora grávida, com dores de parto, pediu carona também, mas como a caminhoneta era de cabine simples, educadamente desci e dei o meu lugar para a senhora, mas o seu Zé Leonias disse, com toda a calma do mundo - “não, meu filho, não se preocupe, você está cansado, que eu vou na carroceria, pode deixar”.

Eu ainda ponderei, mas ele não aceitou e subiu na carroceria da caminhoneta. E o nosso amigo Deoclecinho saiu rasgando, só fiz o sinal da cruz e pronto. O que se ouvia era só o gemido da mulher e a preocupação do motorista para que ela não parisse na beira da estrada.

Quando estávamos passando no Papa – Pombo, já próximo de Floriano, o seu Zé Leonias de repente bateu na cabine pedindo parada. O Deoclecinho parou o veículo e perguntou o que foi, ele desceu e, calmamente, disse: "meu filho, o meu chapéu caiu lá atrás e eu vou voltar para procurar, pois é muito familiar, não se preocupe comigo, podem ir embora com a mulher, que chego em Floriano. Ai entramos num acordo, eu ficava com o seu Zé Leonias e Deoclecinho ia levar a mulher no hospital e voltava pra buscar a gente.

Quando ele saiu na camioneta, o seu Leonias disse pra mim: "meu filho, eu tenho amor à minha vida, o chapéu não caiu, não, eu mesmo joguei fora para ele poder parar e eu descer; olhe, meu filho, Deus me livre de andar mais com um homem desses.

Pegamos o chapéu e uma carona em um caminhão e, antes de chegarmos em Floriano, cruzamos com Deoclecinho, que já ia retornando para Jerumenha.

O senhor José Leonias era muito tranqüilo, gente boa, esposo da dona Joana, pai do Tadeu, Neno, Maria José, Budim, Daniel, Mario e muitos outros. Amigo do senhor Vicente Kangury, Antonio Sobrinho, Antonio Segundo, Chico Amorim e do meu pai Lourival Xavier.

Moral da resenha: cheguei em Floriano ainda com o tempo de justificar a demora.

Em tempo:

*    Janclerques,

A foto acima ilustrativa é inesquecível. Esta turma toda aí, estão acima dos 60 anos. Todos Craques, jogaram muita bola e deram alegrias aos torcedores que torrciam pelo Time do Bucar. Êta carcamano, bom e querido, gente boa. Foi um amigão de todos naquela época. Deus Ilumine os caminhos dele, até o dia do Ajuste Final.Chicolé, como sempre, só perdia na potência do Chute para Jamil Zarur e Tassu. Esta Foto merece sempre está em destaque. Valeu, todos são da época áurea dos anos 60. Tempos bons, tempos idos, que não voltam mais, mas é confortante estarmos revivendo. Chico Kangury - Diretamente de Aracaju- Sergipe para o Portal de Floriano.

11/05/2024

Casa do Meladão

 

Corriam os anos de 1950. Aqui, a vivenda conhecida como “ Meladão “. Tratava-se de um sítio do senhor Antonio Anísio Ribeiro Gonçalves; e servia para fins de semana e lazer.

O Meladão, como era comumente chamado se transformou num lugar interessante, de reuniões, muita alegria e descontração. Seu Antonio Anísio, anfitrião de mão cheia, recebia regiamente seus amigos e seus ciclos mais chegados. Desde sexta feira à noite até domingo à tarde, nessa casa só se conhecia a palavra festa, churrasco, um bom vinho e o indispensável uísque Cavalo Branco ou o famoso Grant´s – três quinas.

Ali se reuniam, além do anfitrião e família, dona Rosita Borges Gonçalves, o grande político e médico doutor Tibério Barbosa Nunes, Amílcar Sobral, Alderico Guimarães, Chico Borges, Turene Martins, Afonso Fonseca, Zé Fontes, Inácio Carvalho, Antonio Nogueira, Edmundo Gonçalves.

Ali se tratava de política, vida em sociedade, assuntos os mais variados, sempre sob a assistência das esposas dos respectivos cidadãos. Rosita Borges, espirituosa, pontificava e era uma anfitriã impecável.
Enquanto o cheiro do carneiro assado ou a mão de vaca enchiam o ar daquele gostoso perfume de comida bem feita, a meninada – filhos e amigos do casal anfitrião, se deleitavam nas águas do riacho Meladão.
Sabe-se que o nome meladão nasceu tendo em vista a morte de um cavalo num dia cheio do riacho, e o animal era da cor castanho claro que muitos chamam de cavalo melado.

As reuniões do Meladão ficaram indeléveis na memória de Floriano e, hoje, revendo aquele sítio, sentimos grande saudade, ouvimos o chuá, chuá das águas do riacho, e parece, ouvimos o ruído do Land – Roover dirigido por dona Rosita, dobrando a curva fechada da estradinha de terra branca  e macia, e que fazia alvoroçoda a meninada.

Anos mais tarde, Antonio Anísio passou a propriedade para o senhor Edmundo Gonçalves e, hoje, ela pertence ao senhor Carlos Carvalho.
É um retalho muito interessante da vida florianense. Meladão. Suas figueiras enormes, sua velha faveira e uma pontinha de saudade.

Fonte: Flagrantes de uma cidade / Luís Paulo

10/29/2024

Histórias do nosso futebol

 SURGIMENTO DO TIME DE FUTEBOL “O GAÚCHO”

 Fonte: Antonio Rolim (Advogado)
No ano de 1.963, tinha chegado de Belém/PA, onde fiz o terceiro ano ginasial, retornei a Floriano/PI para concluir no Ginásio Estadual Monsenhor Lindolfo Uchoa.
Sempre gostei de futebol, até hoje, entretanto, nos colégios da época não tinham áreas compatíveis para tal esporte, e a molecada se divertia em alguns campinhos de praças públicas ou até mesmo nas ruas de areias, mas eram verdadeiras areias de praias as ruas sem calçamento.
Talvez fosse mais adequado chamarmos o que é hoje intitulado futebol praia ou de areia.
Ora, se não tínhamos locais adequados para jogar, tampouco poderíamos formar um time que se tornasse uma equipe unida e ter sempre os mesmos jogadores nesse time, era sempre uma pelada onde o dono da bola tinha que jogar e escolhia, de saída, o melhor jogador dentre os presentes, para o seu time, em seguida o adversário escolhia outro e aí sucessivamente, até formarem os time seja 5, 8, 10 ou até 11 elementos de cada lado, sim era assim mesmo, que fosse “inimigo” do dono da bola não jogava no time dele.
Foi com a ideia de formar uma equipe que progredisse, que nos juntamos, eu; Chiquinho; Janjão (sempre muito atuante, apesar da idade), Boi Búfalo, Cleber (ou Kleber), Padilha (era muito tímido), Antonio (gostava de ser goleiro – morava na Rua S. João), foram estes os precursores.
Comprávamos figurinhas de álbuns, em um quiosque que revistas que tinha na praça, montamos álbuns para ganhar a bola, porém sempre faltava a figurinha difícil e um dia criei o maior fuzuê, fiz o jornaleiro abrir envelopes para achar a tal figurinha, se ele encontrasse a figurinha difícil eu pagaria por todas, caso contrário eu levaria a bola, ele preferiu nos entregar a bola sem necessidade de comprar mais envelopes, foi uma alegria só.
Fomos comprar as camisas, em uma loja pequena que ficava atrás da igreja, era de uma senhora “Carcamano”, não lembro o nome, sei que era em frente onde se alugava bicicletas, a senhora mostrou vários modelos e tipos, mas o Janjão gostou da camisa amarela com a estampa de um gaúcho em um cavalo laçando um touro, ele adorou, de pronto todos ali concordaram, principalmente pelo preço que era o que tínhamos para pagar, mas teve um problema, para o tamanho do Janjão e o Puluca estava ótima, mas para os maiores ficaram curtas, mas ninguém reclamou, o importante era estar uniformizado.
Mas meu irmão Normando, amigo do Tiberinho, arranjaram também um jeito e compraram um jogo de camisas do Palmeiras (sempre achei que foi do S. Paulo), e assim eles também fundaram um time, meu irmão não era fanático, e logo acabou.
Montamos um time Toinho (eu goleiro) Boi Búfalo; Galo Cego; Vicente (vendia pirulito, filho de DONANA); Chico da Corina (nem sempre podia ir); Puluca; Janjão; Chicolé; Antonio (Tonho da Rua São João) o craque Chiquinho, dentre tantos outros que falta lembrança.
Com esse time alcançamos muitas vitórias e alegrias, jogávamos em Barão de Grajaú, no campo do Comercial, Ferroviário, enfrentamos time de Picos de alguns colégios, sempre muito unidos.
Ao final dos jogos íamos cantando pelas ruas: “É canja, é canja, é cajá de galinha, arranja outro time pra jogar com nossa linha” e por aí íamos despejando alegrias por onde passávamos, às vezes tomávamos banho no Parnaíba - Velho Monge – e após o Antonio e outros seguis até minha casa para ler as Revistas em Quadrinhos, tais como Tarzan; Bill Kid, Búfalo Bill, Gene Austri e tantos outros que eu colecionava, eram muitos gibis, fora a coleção de Monteiro Lobato.
Nesse período falávamos do jogo, que errou, quem acertou, sempre se perguntava e exigia que o Boi Búfalo tinha que ser o beque de espera (hoje líbero), era mantido o ponta esquerda e ponta direita (Chicolé e Chiquinho – que era fã de Garrincha) já Janjão era o Pelé, o Puluca centro avante e Galo Cego é o que hoje é volante à frente do líbero, era arrumado – dava certo.
Acabou, eu acho, vim para o Rio, fiquei, joguei pelada na Portuguesa (da Ilha do Governador), depois em time do antigo futebol de salão, fui goleiro da empresa em que trabalhei, que também fundei, a empresa tinha diversas filiais no Brasil, bancava tudo, fomos campeões seguidamente, saí de lá e aí.... Acabou também.
Hoje relembro os momentos, como vivemos bem nossa adolescência, pegando passarinhos na mata, bebendo água de riachos puros, pegando frutas silvestres; cajus e mangas dos outros também.
Redijo meus trabalhos como petições; contestações; pareceres, etc. como se estivesse driblando um adversário ou defendendo um pênalti, simples assim.
Valeu
Rio de Janeiro, 29/10/2024

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