DOS ANOS QUARENTA AOS DIAS ATUAIS
O Abastecimento D´água da Cidade
Por - Nelson Oliveira e Silva
Antes do aparecimento em nosso Estado, primeiro, com o título de IAE -
Instituto de Águas e Esgotos e, posteriormente, com o de AGESPISA -
Águas e Esgotos do Piauí S/A, Floriano já dispunha do seu próprio
serviço de abastecimento d´água, como todas as outras localidades à
margem do rio Parnaiba.
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Antigo abastecimento d´água
da cidade |
O instrumento principal para o serviço, era constituído por um jumento,
uma cangalha, duas âncoretas com um furo na parte superior da dita e um,
em cada uma, na parte que ficava para a parte de trás do jumento, um
funil grande e uma lata de 20 litros com pedaço de madeira atravessado
na abertura; no furo da parte de trás da ancoreta, em cada uma, era
usada uma tampa feita de talo de buriti, omesmo acontecendo com os furos
superiores da ancoreta.
Colocado tudo isso no animal, dava-se início ao trabalho fazendo o
jumento se aproximar do rio e com o passar do tempo ficavam acostumados e
permaneciam dentro d´água. Feito isso, o condutor do jegue pegava a
lata, enchia, colocava o funil no furo superior da ancoreta e por ele
depositava a água da lata e aí estava pronto o produto para ser
comercializado por aqueles que eram chamados de "cargueiro d´água" e que
se transformou um meio de vida naquele tempo. Os abastados ( os ricos )
tinham os seus empregados para fazer o serviço, além de outros.
Ao chegar na casa que estava necessitando de água, a dona da residência
colocava na boca do pote, um pano, que servia de filtro e era chamado de
coador, onde ficavam depositados os detritos que existiam na água.
Isso, comumente, acontecia na casa das pessoas mais pobres, porque na
casa dos ricos existia um filtro lavrado na própria pedra (1), por onde
penetrava a água e era depositado num pote colocado em baixo do referido
filtro, aos pingos, em cujo vasilhame havia uma tampa com um pequeno
buraco, para a passagem do líquido precioso. Om filtro tinha o seu
próprio móvel que o sustentava. Apesar de se tratar de um produto
totalmente artesanal, a água, por mais suja que fosse, era realmente
filtrada e pura.
A bem da verdade, ao se ver o velho monge, morrendo asfixiado pelos
detritos nele colocados por um povo sem o mínimo princípio de educação,
sentimos vontade de chorar. Quem não se lembra daquele tempo em que suas
águas límpidas e sua margem, mesmo na zona urbana, limpa, por onde
caminhava para um banho puro e saudável. Infelizmente, isso tudo é uma
verdade terrível e para combatê-la precisamos ser "livres e de bons
costumes".
Mas voltando ao abastecimento propriamente dito a demanda do produto era
tão grande à medida em que a cidade crescia, que havia, na época,
tropas de jumentos com a té dez de um só dono.
Continuemos pedindo a Deus, para que a empresa responsável pelo serviço
cumpra a sua difícil missão, pensando também no esgoto sanitário sem o
que o velho rio não sobreviverá e certamente o acompanharemos.
NOTA EXPLICATIVA COMPLEMENTAR:
(1) A fábrica dos filtros aqui tratados ficava nas proximidades do Paracati.
Desenho: beloalvorecer.blogspot.com