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Amo todas as mulheres 1936
Primeiro filme exibido no Cine Natal
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O PASSEIO EM FRENTE AO CINE NATAL
Colaboração – Nelson Oliveira
O título dessa página foi uma prática adotada durante muitas
décadas, sempre aos domingos, a partir das sete horas da noite.
O Cine Natal (foto dos anos de 1940) exibia diariamente, em
duas sessões, uma às 18 horas e a outra às 20 horas; e aos domingos às 19
horas, costumeiramente, era iniciado o referido passeio protagonizado pelas
senhoritas da época, da elite, e consistia de inúmeras pessoas de braços dados,
percorriam o espaço compreendido entre a esquina com a rua Fernando Marques,
até onde esteve funcionando, por muitas décadas, o Supermercado Triunfo e
atualmente está estabelecido o AVISTÃO, especialista na comercialização de
calçados, num movimento constante, na mais perfeita ordem, onde, durante o dito
movimento, elas conversavam entre si, abordando diversos assuntos relativos a
cada qual.
Às 20 horas e 30 minutos, momento da segunda sessão do
cinema, o movimento enfraquecia e, às 21 horas, já tinha se extinguido o
referido movimento naquele palco que era constituído de uma ampla calçada de
mais ou menos cinco metros de largura delicadamente mozaicada pelo proprietário
do cinema, o senhor Bento Leão.
Enquanto as belas senhoritas daquele tempo desfilavam, os
pretensos e os namorados, os primeiros, através de flertes ( o olhar ) com os
já namorados, permaneciam à beira da calçada, esperando as conquistas do
momento e das já conquistadas.
Alguns, na hora da segunda sessão do cinema, ingressavam no
local para se deleitarem dos bons filmes da época e os demais, que já tinham
conquistados alguém, saíam em busca da casa da nova conquista.
Aquele local foi sem dúvida nenhuma responsável por muitos
romances que resultaram em felizes casamentos, que apesar da tão falada
modernidade pregada por alguns, ainda persistem em nossa sociedade, com netos e
filhos e até bisnetos, numa demonstração de que o amor, em todos os tempos, é o
mesmo com a diferença de que existiu o respeito recíproco entre o homem e a
mulher, atributos aqueles que atingiam quem vinham depois; infelizmente, hoje,
isso não ocorrem nossa sociedade, onde se constata inversão de valores com a
roda grande querendo passar por dentro da pequena e se isso acontecer,
certamente, veremos Sodoma e Gomorra renascer.
Felemos também da outra classe social, que se reunia na
calçada defronte. Ali onde é a sede da 5ª Região Fiscal, também havia
ajuntamento por volta dos anos de 1950, de pessoas da classe operária, sem
contudo o clássico passeio.
No prédio citado, existia a Confeitaria São Jorge de
propriedade do senhor Abdias Pereira, que naquele tempo desempenhava o papel
das hoje lanchonetes, servindo todo tipo de merenda e alguns tipos de bebidas.
Aos domingos com excelente frequência até às nove horas da noite, logo após o
início da sessão de cinema com todos retornando às suas casas ou se dirigindo
para outro local de diversão.
Se não me falha a memória, na gestão do prefeito Francisco
Antão Reis, na década de 1960 houve melhoramento na praça doutor Sebastião
Martins, visando a transferência para aquele logradouro, daquele movimento em
frente ao Cine Natal, que na verdade se iniciou, entretanto, daquele movimento
nunca com entusiasmo que havia no primeiro e que por isso teve efêmera duração,
apesar da modernidade da praça, onde existia até uma fonte luminosa e de maior
espaço.
Mas é assim, o povo é que é o dono da verdade.