DE VOLTA PARA O FUTURO
“ O pôr do sol, é lá no cais; eu vejo a lua, surgindo atrás da torre... do cais “. Esse é o trecho inicial da linda canção do grupo musical Viazul, que fez sucesso na década de setenta, mas que traduz bem a beleza e a poesia da beira do rio, o ponto de encontro mais aconchegante da cidade.
O Flutuante em sua mansidão de sempre, mantendo a tradição; o Parnaíba, caudaloso, inspirando os poetas e itinerantes; vejo, à noite, reluzente, a bela Barão, espelhada nas águas do rio; mas já não existem mais as regatas de julho e as lavadeiras.
O tempo vai passando, lentamente e o futuro surge sorrateiramente; mas não se houve mais os borás; a tecnobregacia surge com novos sons de consumo em nossos carnavais; os foliões, agora, são sultra abadanos e as nossas marchinhas se perderam no tempo; o cais absorve outras naves e concorrentes. A poesia mudou e a burguesia sumiu.
Saudoso, chego, agora, de mansinho a sondar a nova paisagem que ficou. Soturno, ando em passos lentos e solitários à procura de um tempo em que não volta mais; no entanto, o conforto da minha presença aqui satisfaz o meu ego; e os tambores que escuto na madrugada lenta e fria, são meus únicos companheiros, que trafegam por aqui, ecoando noite a dentro a compartilhar os meus pensamentos em busca de um nova onda