Colaboração: Seu Nelson Oliveira
1929 foi um ano excepcional para educação em Floriano. Além do Grupo
Escolar Agrônomo Parentes, foi fundado o Liceu Municipal Florianense, e,
anexo a ele, a Escola Normal Municipal de Floriano. Estabelecimentos
que a cidade deve a uma plêiade (grupo) de homens de escol (nata, fina
flor) entre os quais Dr. Osvaldo da Costa e Silva, Dr. Theodoro Ferreira
Sobral, Dr. José Messias Cavalcante, com o apoio do deputado estadual,
Dr. José Pires de Lima Rebelo.
A época caracterizava-se por um extremo elitismo na educação que se
traduzia principalmente no excesso de cautelas e exigências com que as
autoridades procuravam cercar a instalação de escolas. E o LICEU não
pôde ter vida longa. Em 1932, após frustração e desastres, como bem
expressa o Dr. Osvaldo da Costa e Silva, em uma entrevista concedida a
revista “ZODÍACO” dos alunos do Ginásio Demóstenes Avelino de Teresina,
encerrou suas atividades.
O pretexto para o fechamento compulsório foi à deficiência do gabinete
de física e química. Esse gabinete deficiente para os técnicos do
Ministério da Educação e Saúde eu conheci.
Ocupava toda uma sala. E comparando-se com os laboratórios dos
estabelecimentos de hoje, que os possuem, era sem dúvida riquíssimo.
Mas fechado o LICEU, a Escola Normal continuou. E foi por muitos anos o
único estabelecimento de ensino pós primário com que puderam contar os
jovens florianenses que desejavam continuar seus estudos e não tinham
recursos para estudar fora.
ESCOLA NORMAL DE FLORIANO – 1937
1ª Fila sentados (Esquerda para a Direita): João Francisco Dantas
(Professor), Alzira Coelho Marques (Professora), Fernando Marques
(Professor), Não recordo o nome, Antonio Veras De Holanda (Fiscal do
Governo), Hercilia Barros Camargo (Diretora), João Rodrigues Vieira
(Professor), Ricardina (Professora), Albino Leão da Fonseca
(Professor),Emid Vieira da Rocha (Secretária);
2ª Fila: Ana Magalhães Gomes (Inspetora de Alunos), Américo de Castro
Matos, José Vilarinho Messias, Djalma Silva (como aluno), Não recordo o
nome, Ida Frejat, Maria do Carmo Alves, Adaíla Carnib, Zuleica Santana,
Aldenora da Silva Correia, Horácio Vieira Rocha, Antonio Alves da Rocha,
Jose de Araujo Costa, Nely Paiva (Inspetora de Alunos);
3ª Fila: Maria Adélia Waquim, Clarice Fonseca, Iete Freitas, Não recordo
o nome, Hilda Carvalho, Maria Amelia Martins, Lenir de Araujo Costa,
Zizi Neiva, Maria do Carmo Castelo, Assibe Bucar, Dayse Sobral,
Francisca, Lucinda Vilarinho Messias;
4ª Fila: Não recordo o nome, Maria da Penha Sá, Não recordo o nome,
Maria Constancia de Freitas, Não recordo o nome, Não recordo o nome,
Maria Henriqueta Franco, Judith Martins, Maria do Carmo Ramos,, Maria
Miranda, Zélia Martins de Araujo Costa, Maria Lilita Vieira, Nilza
Araújo, Antonieta Martins, Ecléia Frejat. - Acervo do Profº Djalma
Silva).
Escola voltada para a formação de professores primários, isolada, sem
qualquer vínculo com o curso superior ou mesmo com o curso secundário.
Quem a cursasse e no decorrer do curso pretendesse passar para uma
escola secundária a única que dava acesso ao curso superior, tinha de
fazer exame de admissão e entrar na primeira série.
Alem disso, escola incompleta. Dos 5 anos que constituiu o curso normal
propriamente dito, ministrava as 3 primeiras séries, devendo aqueles que
quisessem diplomar-se, ir para Teresina.
Cursei a Escola Normal Municipal de Floriano de 1934 a 1937, e a ela
sumamente grato por me ter possibilitado continuar meus estudos há dois
anos interrompidos por falta de recursos para ir estudar em outras
praças, e por ter me proporcionado o encontro com uma profissão que tem
sido a razão de ser da minha vida.
Primeiro fazia-se um curso propedêutico (preliminar) de dois anos,
anexos a escola – o Curso de Adaptação. Este curso eu a fiz de 1934 para
1935, minha classe era mais menos numerosa. A maioria mulheres. Entre
colegas recordo-me: Maria da Costa Ramos (1), Judith Martins, Zuleide
Santana, Hildinê Silva, Helena Reis, Assibe Bucar (2), Amália Nunes (3),
Maria Lilita Vieira, Maria da Penha Sá, Olavo Freitas, Heli Rodrigues,
Horácio Vieira da Rocha, Américo de Castro Matos, Milton Chaves (4),
Raimundo Noleto e Joaquim Lustosa (5).
Na vigilância estava Dona Carmosina Batista, muito dedicada mas fiel
cumpridora das ordens emanadas da direção da Escola. Nos intervalos das
aulas os alunos tendiam conversar descontraidamente. Dona Carmosina
Batista, bradava: - Silêncio! E se alguém se excedia nas atitudes ela
ameaçava!
- vou dar parte ao diretor!
E dava mesmo. E o denunciado podia, conforme a falta, pegar uma simples repreensão ou logo uma suspensão.
Eu, não obstante pacato, fui denunciado duas vezes. Na primeira o diretor me repreendeu e advertiu:
- Não faça outra.
Mas acabei fazendo. Em acordo com Olavo Melo e Milton Chaves. Não me lembro o que fizemos.
Sei que não foi coisa grave. Porém como éramos reincidentes ou já tínhamos sido repreendidos, pegamos 3 dias úteis de suspensão.
Dos professores que recordo: Dr. Manoel Sobral Neto (6) também diretor,
que lecionava francês; Dr. Rodrigues Vieira, que lecionava Geografia;
Alceu do Amarante Brandão, que lecionava português; Dalva Nascimento que
lecionava aritmética e parece-me que ciência.
O curso de Adaptação era previsto para dois anos. No fim do primeiro foi
nos facultado aproveitar o período de férias para fazer as disciplinas
do segundo ano. De sorte que em 1935 os aprovados puderam matricular-se
no 1º ano do curso normal.
NOTAS IMPORTANTES:
1. Filha do Sr. Ramos da Farmácia Sobral;
2. Irmã do Sr. Arudá Bucar;
3. Funcionária dos Correios parenta do Senador Helvídio Nunes, de Picos;
4. Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, irmão da
Dona Nazinha, esposa do Sr. José Cronemberger dos Reis e
consequentemente tio de Antonio Reis Neto, Airton Arrais Cronemberger,
Antonio José e Paulo;
5. Deputado Federal pelo Piauí, esposo em segunda núpcias, da Doutora Afonsina Nogueira;
6. Fundador do Instituto Santa Teresinha que depois passou denominar-se
Ginásio Santa Teresinha, e também seu diretor por mais de 40 anos.
Transcrito do Jornal de Floriano Edição nº 324 de 1985
Pesquisa: César de Antonio Sobrinho.
Fotos: A rquivos Prof. Djalma Silva - 1929