7/04/2012

FREI ANTONIO CURCIO, O GRANDE MESTRE!


Frei Antonio Cúrcio
 Por - Élio Ferreira ( Natural de Floriano/PI, Professor de Literatura na UESPI, Doutor em Letras pela UFPE )

 Mestre, soube da notícia à noite, no mesmo dia do seu passamento. Não lhe falei do carinho, do respeito, da veneração que sempre tive pelo senhor. Julgo que não seria necessário confessar-lhe esse sentimento, embora sinta uma vontade incontrolável de declarar-me. A última vez que nos encontramos, foi no Teresina Shopping, aqui em Teresina, há três ou quatro anos, se não me engano. O senhor estava na companhia da estimada Professora Rubenita e de outras pessoas conhecidas. Foi grande a emoção. Abracei-lhe fortemente. Beijei-lhe a testa. Ah! Aquele encontro foi um dos mais emocionantes da minha vida. Uma sensação de filho pródigo tomou conta do meu coração, do meu corpo inteiro. Deveria tê-lo visitado mais vezes. Mas não o fiz. Foram infinitas as vontades que senti de ir à sua casa, ao Colégio Industrial São Francisco de Assis, em Floriano, para um reencontro, um abraço amigo. Há coisas que não se deixam para amanhã. O senhor sabe muito bem disso e sempre nos alertou acerca das obrigações e tarefas escolares. “Tempo é ouro, não percam tempo, meninos. Estudem”. Todos serão profissionais no futuro. O bom profissional não negligencia seus compromissos. O senhor nos encantava com as lições de vida, os relatos de experiência, os inventos de eletrônica, com sua perseverança e sonhos inabaláveis. Tenho um poema para o senhor, recriado das suas aulas de eletricidade e eletrônica. Nunca lhe mostrei. Escrevi-o em Brasília, em 1976:
Prezado

Eu sou o elétron,
Que se despreendeu da eletrosfera,
E desgarrado,
E triste,
E perdido,
Precipitou-se,
No vácuo que existe,
Para o além das camadas eletromagnéticas.

Agora, Frei Antônio, um amigo me telefona e diz que o senhor partiu. Faltam-me as pernas. Mantenho-me em silêncio. O amigo me consola do outro lado da linha. A vida é assim mesmo... Um dia partimos. Na manhã seguinte, pego a BR, dirijo meu carro sozinho na direção de Parnaíba, no sentido  oposta a Floriano, onde jaz. Minha mulher e a minha filha me dizem que é perigoso dirigir sozinho na estrada. Mas não negligencio os meus compromissos. Dediquei ao senhor minha palestra sobre Literatura Afrodescendente: a narrativa escrita de escravos negros do Brasil, Estados Unidos e Cuba, no IV Fórum Internacional de Pedagogia em Paraíba. Enquanto dirijo, ouço música e penso o tempo todo, meus olhos ficam cheios d’água. Há tempos não me sentia assim. Prezado Mestre, o senhor deixou o seu país para trás, a sua terra natal, num certo lugar da Itália, pais, irmãos, parentes, amigos. Não sei se ainda lembra quando nos conhecemos. Eu era criança. O senhor foi à oficina de ferreiro do meu pai, Aluízio Ferreira, para que fossem feitas as tesouras, as armações de ferro para a sustentação do teto do seu tão sonhado e querido Colégio Industrial, que estava em construção. Isso por volta dos últimos meses ou dias de 1968. No início do ano seguinte, iniciaram-se as aulas com duas turmas de quinta série, inaugurando-se uma nova história no cenário da educação de Floriano. Eu era menino, o puxador de fole para o ferreiro esquentar o ferro na forja da oficina. Este ferreiro era o meu pai, que falava do sonho de me fazer doutor. Ele também era o meu sábio contador de histórias. Frei Antônio, os seus olhos brilhavam, o senhor falava como quem fosse “um encantador de serpentes”, tal qual, hoje, digo – um griot africano narrando histórias e eventos de sua aldeia. Fui encantado pelas suas palavras ali mesmo na oficina. No ano seguinte, tornava-me aluno-fundador da sua escola. Deve lembrar que, logo no primeiro ano, nós, alunos, fizemos o campinho de futebol. Fiz parte da banda musical, do coral, do jornal escolar. Aprendemos a fazer o nosso rádio com fone de ouvir. Éramos mais ou menos entre sessenta a setenta alunos e alunas, uma irmandade. Pobres de dinheiro e ricos de coragem, solidários. Depois, o Industrial cresceu, afirmou-se como ensino de qualidade incontestável, sobretudo, com a boa performance dos alunos egressos nos exames de vestibulares e como profissionais dentro das fronteiras ou além-fronteiras do Piauí. Prezado Mestre, foram quarenta e quatro anos, quase meio século de dedicação ao ensino e à vida da cidade de Floriano. São tantos professores, advogados, engenheiros, jornalistas, médicos/as, enfermeiros/as, mestres, doutores/as, poetas, escritores, profissionais, pessoas de bem que receberam essa dádiva, o legado da sua coragem, os seus ensinamentos e sabedoria. Por último, quero dizê-lo que a árvore que o senhor plantou é como o Baobá, perdurará séculos. Da semente daquele Baobá, germinaram muitos outros Baobás amigos. Frei Antônio, muito obrigado por tudo! Descanse em paz.

Teresina, 03 de julho de 2012.





7/03/2012

REENCONTRO

Sábado último, dia 30, no famoso restaurante Carneiro na Brasa, em Teresina, fizemos o nosso tradicional Reencontro, com a presença de ilústres Florianenses, que gostam de reviver, relembrar o passado da época de ouro da Princesa do Sul.

Apesar da concorrência com as convensões partidárias do ano em curso, conseguimos reunir um bom grupo de florianenses da gema. Participaram, desta vez, os irmãos Benedito e José Reis Alves da Silva ( filhos de dona Joaninha, que recentemente completou 100 anos de idade ), o Puluca, Ubaldo e o Janclerques.

Fizemos uma retrospectiva dos velhos tempos, dos cabarés, do rio, das tetúlias, do cinema e da movimentação das praças, lugares, pessoas e carnavais e, claro, também o futebol do passado, quando Floriano brilhava nas quatro linhas.

O José Reis, que se encontra de férias em Floriano, veio especialmente para o nosso reencontro, disse que esses momentos são de grande valia, para que registros significativos de nossa história sejam preservados para as futuras gerações tomarem conhecimento.

O próximo reencontro será na AABB de Teresina, no último sábado do mês de julho. Vamos tentar reunir o máximo de amigos que amam a Princesa do Sul, comemorar a vida enquanto é tempo ainda.

7/02/2012

Lançamento Coleção FLORIANENSES

Convite
Foto: Marcelo Guimarães
A Fundação Floriano Clube fará o lançamento, dia 7 de julho, às 18 horas, do Volume Nº 01 da Coleção FLORIANENSES no Auditório do Centro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Piauí - SEBRAE/PI.

Esta primeira etapa, estarão sendo homenageados Francisco Parentes, Padre Pedro da Silva Oliveira, Mundiquinha Drumond, Sebastião Martins de Araújo Costa, Tibério Barbosa Nunes, Filadelfo Freire de Castro, Amilcar Ferreira Sobral, Arudá Bucar, Abílio Neiva de Sousa e Jorge Batista da Silva.

No total, serão 10 volumes, que falarão de florianenses e de outros cidadãos que por aqui viveram e que prestaram importantes serviços à comunidade local; portanto, de parabéns a cidade de Floriano e a Fundação Floriano Clube, que começa seus trabalhos com iniciativas de suma impotância para o conhecimento de todos que amam a Princesa do Sul.

7/01/2012

Missão cumprida com louvor

Frei Antonio Cúrcio
Por - Jalinson Rodrigues

Morre o homem, mas ficam os ensinamentos. Foi assim, com essa compreensão que busquei a conformação quando soube, através da internet, da morte de Frei Antônio Curcio. Uma pessoa marcante pelo esforço que dedicava em construir uma áurea permanente de conhecimentos e saber em tudo que se disponibilizava a fazer. Italiano da cidade de Montefalcone di Val Fortore, Frei Antonio foi um religioso com forte estigma de cientista e que estava anos a frente do seu tempo.
Felizmente no início da década de 1970 tive a grata felicidade de estudar no Colégio Industrial São Francisco de Assis e conviver por quase uma década com este sábio educador. Lembro-me com precisão das imagens da minha querida escola nos primeiros anos de existência. Chequei no Industrial, precisamente, no ano de 1974, egresso da Unidade Escolar Fernando Marques. Nesta época o Colégio São Francisco de Assis era restrito a algumas salas de aulas, um campo para práticas esportivas e uma oficina de marcenaria e eletrônica, onde o Frei Antônio exercitava sua vocação inventiva.
Repousa na minha lembrança ele apresentando para nós alunos equipamentos de amplificação de som e ensinando que se tratava do um sistema acústico, que se diferenciava dos demais existentes na cidade pela qualidade do som propagado. O comportamento vanguardista do padre era tão notório que naquela época ele já usava microfone sem fio, o que causava muita curiosidade entre os alunos e convidados para os eventos realizados no Colégio Industrial.
Outra doce recordação é a fase de construção da quadra do Colégio, quando o Frei realizava preleções sobre a necessidade da prática esportiva e de um espaço para a realização das atividades sócio educativas e culturais como as celebrações cívicas e comemorativas.   Para conseguir o seu intento, o diretor Frei Antonio coordenou várias campanhas de donativos entre os alunos, pais de alunos e a sociedade florianense. Também, guardo as imagens dos ensaios e apresentações do coral da escola, que Frei Antonio regeu com a simplicidade de quem dominava o conhecimento musical. Neste turbilhão de memórias estão colegas contemporâneos, o Frei Vicente Cardone e a figura da professora Rubenita Ferreira, como fundamental auxiliar e coadjuvante deste projeto vitorioso.


No exercício da atribuição de diretor do Colégio Industrial, Frei Antonio era um educador rigoroso e defensor dos bons méritos e virtudes. Como religioso, foi um franciscano na verdadeira acepção do termo e pregava a existência de Deus na explicação para a exuberância da natureza.


Chegou a vez do mestre prestar contas com Deus, mas vai deixando a certeza de missão cumprida.

6/30/2012

REENCONTRO

Velha Guarda de Floriano
Hoje, a partir das 11 horas, estaremos reunindo a galera da velha guarda de Floriano no Restaurante Carneiro na Brasa na rua Ríver, próximo e por trás da antiga Churrascaria Escândalo no bairro São Cristóvão.

Esse nosso atual reencontro estava marcado para ser realizado no Clube da Caixa Econômica, APCEF, mas como vai haver uma conversão partidária por lá, tivemos que alterar o nosso calendário.

Presenças Marcantes dos irmãos Benedito e José Reis Alves da Silva, filhos de dona Joaninha ( que recentemente festejou, nada mais nada menos, do que os seus 100 anos de vida! ), do Puluca, Iran, Cristóvão, Ubaldo, Janclerques, Chicolé, Kanguri e outros que poderão aparecer por lá.

Portanto, quem for florianense e quizer participar, é só dar uma chegada por lá, que vai reencontrar velhos amigos, para desenvolver um papo agradável e reviver aqueles bons tempos do passado romântico de nossa Princesa do Sul.

Um grande abraço a todos aqueles que amam a nossa Terra!

6/29/2012

FLAGRANTES DE UMA CIDADE

Francisco Parentes
Por - Professor Luiz Paulo de Oliveira

Dia 08 de julho, quando completará 115 anos de cidade, temos que nos lembrar que tudo começou do sonho e da vontade e determinação desse jovem ( foto ) - Francisco Parentes.

Nascido em Barras, Piauí, ( Sítio Anajá ), em 10 de junho de 1839, desde muito jovem desejou estudar. Envidou todos os esforços e, com a ajuda de muitos - inclusive com a subscrição que fizeram para que pudesse estudar, Francisco Parentes chegou a ir para a França e lá estudou agronomia, um sonho que acalentava desde criança. Queria ser agrônomo para servir melhor ao Piauí.

Em 19 de junho de 1871, Francisco Parentes recebe o grau em agronomia, dado pelo Institute Meully de Grand Jouan. A 10 de agosto do mesmo ano chega a Teresina.

Procurando as autoridades, lança a idéia de criar no Piauí uma Colônia Agrícola. Com o consentimento de D. Pedro II e a ajuda do Barão do Rio Branco, Francisco Parentes é autorizado a voltar ao Piauí, pois haviaido ao Rio de Janeiro apresentar seu projeoto e dar início à construção da Colônia.

No dia 10 de agosto de 1874, lança a pedra fundamental da Colônica Rural São Pedro D´Alcântara. Estava realizado, em parte, o seu sonho.

Infelizmente, vitimado por uma febre maligna, morre em Amarante, aos 37 anos de idade no dia 16 de junho de 1896.

Francisco Parentes, o primeiro Agrônomo do Piauí, não morreu em vão. Seu sonho se concretizou e a Colônia, havendo prosperado, se transformou nesta cidade de FLORIANO, que vai comemorar festivamente os seus 115 anos.

Francisco Parentes é parte desta festa, pois somos filhos do seu sonho de grandeza.

Fonte: Flagrantes de uma cidade

PARA O RESGATE DA MEMÓRIA DA CIDADE

CHUVA, CHUVA!

Djalma Silva ( o professor e suas memórias )

O inverno ia geralmente de dezembro a abril. As chuvas amiudadas ou intermitentes caindo, correndo pelas bicas e biqueiras das casas, encharcando a areia grossa das ruas ou fazendo lama nos terrenos compactos. Nas ruas em declive aconteciam as enxurradas, onde os meninos soltos brincavam. Os vegetais vivificados, estuantes de seiva.

Mas chegava o mês de maio. Os noturnos tinham-se ido. O tempo agora era claro. Bonito. Árvores e ervas floridas, alegrando os campos. No firmamento azulado, núvens leves e brancas como flocos de algodão. No primeiro dia nos tempos recuados de minha infância, as janelas amanheciam enfloradas. Um costume muito bonito, muito agradável, muito gentil, que foi desaparecendo com o passar dos anos. Irrompiam os ventos gerais.

Era então a chegada à época de empinar papagaios ( pipa ). E de dia os céus se estrelavam de várias cores e tipos.

A temperatura amena, à noite, ia até julho. Chega agosto e, então, era, como disse Veras de Holanda: "TRINTA E DOIS, o sol dardeja e queima. O sol fuzila. Num bárbaro calor que as almas aniquila."

Setembro era a mesma coisa. A quentura torrando a vegetação, secando as flores e pondo modorra nas pessoas e nos animais. Mas vinha a chuva dos cajús. As florescências dos cajueiros se transformavam em frutos. E estes logo amadureciam, pintalgando as árvores de amarelo e vermelho. Uma beleza. Nos domingos, muita gente e principalmente muitomenino ia para os matos buscar cajús e brincar.

A partir de outubro, trovões e relâmpagos a par de algumas precipitaçõies pluviosas, punham no povo as esperanças de um bom inverno, de fartura, de bem estar.

Se em vez disso o céu continuava profundamente azul, isento de núvens pronunciadoras de chuvas, o vento balançando as copas das árvores, sibilando nos telhados sem forro nas casas, arrepiando a cobertura das palhoças e varrendo o chão, levantando núvens de poeira, o povo começava a preocupar-se.

Nos encontros de ruas, na conversa das varandas ou nas portas das casas à noite, a tônica era uma só. O prolongado verão e a expectativa de dificuldades e até de fome.

No silêncio das alcovas as famílias oravam implorando a proteção dos seus santos. Nos subúrbios a gente humilde, em procissão, saía à tardinha pelos matos com garrafas de água na cabeça rogando a Deus nos seus cânticos: Chuva! Chuva!. Chuva com abundância!

COMENTÁRIO EXPLICATIVO SOBRE O TEXTO

Por - Nelson Oliveira e Silva

Com respeito aos papagaios, ou pipas, que eram empinados, o palco era a praça da Igreja, hoje Sebastião Martins, pelo espaço que possuía uma vasta área, visto que ali só existia mesmo a nossa Catedral e se tornava palco dos demais variados tipos de papagaios/pipas e terminava se transformando numa grande festa promovida pelos jovens da época. Dependendo da condição fionanceira dos empinadores, existiam papagaios de vários tamanhos e cores, embelezando os céus da cidade; os instrumentos eram fabricados com pedaços de buriti e papel de seda, com tamanho de 1 metro de altura por 1 de largura e o seu fabricante era um filho do senhor Celino Miranda, que residia próximo à Igreja Batista, mais precisamente onde está o cosultório do doutor Odilon e que atendia pelo apelido de "barata descascada", em virtyude de sua pele muito branca.

Como naquele tempo, a criança e o jovem pela educação que recebiam dos pais tinham ciência dos seus limites e não eram contaminados pela modernidade do mundo de hoje e o papagaio era, sem dúvida, uma brincadeira sadia que não trazia nenhum prejuízo.

Dentre aqueles que tomavam parte da brincadeira, alguns estão no nosso meio, como o Chico Pereira e seu irmão Zé Wilson, Fozi Attem, Zeca Demes, residente em Goiás, Carlos Martins e muitos outros.

O poema intitulaodo TRINTA E DOIS, de autoria de Veras de holanda, nascido em Caxias, Maranhão, tinha relação com a seca de 32, que assolou o nosso Estado; além de poeta renomado, era professor de vários colégios, inclusive o seu, que era situado na rua Fernando Marques, antes da casa do senhor Abrão Freitas e inspetor de ensino. Veras de Holanda possuía uma vasta cabeleira, como a de Castero Alves, era casado com a professora de nome Conceição e salvo engano, era irmã da dona Noeme Melo ( in memorian ), mãe dodoutor Adelmar, Aevan, Adeval, Aldezita, Fátima e outros.


Coleção FLORIANENSES, Volume 12

  "Companheiros do Encontro Florianenses, atualmente sou a nova Presidente do Floriano Clube" - orienta a Diretora Verá Santos. Pa...