ONTEM: COLÔNIA DE JERUMENHA – HOJE: FLORIANO DO PIAUÍ : 110 ANOS
* Por: Francisco Sobrinho Amorim de Araújo
A notícia que rola nos últimos dias no espaço aéreo de Teresina a Brasília, Rio de Janeiro até São Paulo e vice-versa, além da problemática dos controladores das estradas que orienta e limita os transportes aéreos através das coordenadas geográficas, deixando os passageiros estressados sem saberem o dia e a hora que retornam para seus lares, e dos estouros de corrupção que demonstra que o País está mudando, antes acontecia e ninguém sabia, hoje sabemos de tudo, é sem sombra de dúvidas a programação das comemorações dos “100 + 10 anos de Floriano”, por sinal muito bem elaborada que vai enriquecer a história da nossa cidade com a Instalação do Museu Histórico de Floriano, uma obra do Empresário e Historiador Theodoro Sobral Neto e seus colaboradores, o que deixou-me emocionalmente alegre.
Tive a oportunidade de encontrar o Teodorinho no início do mês de junho no espaço aéreo entre Teresina e Brasília, o mesmo falou-me com empolgação o que será o “1º. Encontro de Florianenses” dentro da programação do Aniversário de Floriano, no período de 05 à 08 de julho, conversamos bastante e antes de descer em Brasília, entregou-me o primeiro material da lavra de Cristóvão Augusto sobre convite para este grande encontro, os quais distribuí para alguns filhos da terra residentes na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que apesar da violência infernal que está sofrendo, trabalha, com toda força do coração, para transformar a cidade em Cidade dos Jogos Pan -Americanos – 2007 e consequentemente a Cidade dos Sonhos dos Jogos Olímpicos e da Copa Mundial de Futebol, assim como também trabalha em Pró – da Imagem do Cristo Redentor no Corcovado, para transformar-la em uma das Sete Maravilhas do Mundo, por sinal muito linda e merecedora.
Quando falamos de Floriano colônia, busco a história do nosso País que na União do Reino formado por Espanha e Portugal tentava controlar a enorme extensão territorial da colônia sul - americana com as preocupações naquela época concentradas nas terras do Norte do Brasil, conhecidas por Território do Maranhão. De acordo com Carlos Lima (1981), era uma área praticamente isolada, mas às margens do Oceano Atlântico, e que oferecia melhor comunicação com a Coroa e era cobiçado por outros países. No mês de maio do ano de 1617 a colônia foi dividida em dois novos Estados: Estado do Brasil, com sede na cidade de Salvador e Estado Colonial do Maranhão, com sede na cidade de São Luís. O novo Estado recebia ordens diretamente da Europa e foi delimitado através da Carta Régia de 12 de junho de 1621, formado pelas atuais áreas do Piauí, Pará, Maranhão, Amazonas, Roraima e Amapá. Esta divisão durou até 1652.
Quando falamos de Floriano dos anos 60 do século XX vêem á tona recordações da minha adolescência querida e inesquecível vejo através da minha mente, um dia lindo de domingo do mês de Julho, com sol forte, e com o vento geral proporcionando um clima ameno e quando íamos (a juventude da minha época), jogar bola nas coroas que surgiam no período das férias, do lado esquerdo do Rio Parnaíba na cidade de Barão de Grajaú. Os peladeiros lisos, não tinham grana para pagar o canoeiro, ou os que mesmo possuindo, gostavam de aventuras mas com uma atenuante, sabíamos todos nadar. Fazíamos o seguinte: subia margeando o rio até à altura do cai n’água (malária) e chegando lá, retirávamos talos de buriti ou caules de bananeira que faziam parte das balsas ancoradas que vinham do sul e sudoeste do Piauí, transportando gado, suínos, caprinos, ovinos, aves e frutas para comercialização em Floriano e Teresina, às vezes recebíamos broncas dos proprietários das balsas e outras vezes eles mesmos nos doavam o material. De posse dos equipamentos descíamos o Rio atravessando-o sem problemas, a correnteza ajudava e os talos e a bananeira mantinham-nos boiando até às coroas. Lá, íamos jogar bola, tomar banho, assim como também observar as meninas desfilando de maiôs, naquela época, biquíni, era coisa avançada, difícil de aparecer. Ao retornar, se não conseguíssemos salvar os equipamentos, fazíamos um bloco e saíamos nadando e novamente com a ajuda da correnteza e para os que nadavam lentamente o ponto de referência era o Bar Flutuante no cais de Floriano. Era maravilhoso, como a nossa turma deslizava majestosamente pelas águas do Rio Parnaíba, águas saudáveis e saborosas, quando sentíamos sede era, só abrir a boca e deixar escorrer pela garganta abaixo aquele líquido gostoso até saciar a nossa sede, sem nenhum risco de contrairmos doenças, não existia poluição. Era uma aventura bastante perigosa, pois jogávamos muita bola por lá e estávamos sujeitos a câimbras e quando isto acontecia, era grande o sufoco. O Rio Parnaíba foi a nossa piscina, onde aprendemos a nadar. Não é recomendável que hoje se faça isto. É um lance muito perigoso.
Sempre em nossas aventuras, o meu primo Francisco José Amorim, hoje Agente Fiscal da Receita Estadual em Floriano, acompanhava-nos, não era bom nadador, mas tinha sempre a companhia de uma câmara de ar para ajudá-lo a atravessar o Rio e tirava de letra, chegando na frente de todos. Certo dia, ao atravessar o Rio, em um local de grande correnteza, a borracha que tampava o pito da câmara soltou-se e Chico José, tampou com uma mão e para poder manter o equilíbrio segurava a câmara com a outra mão e não tinha como remar para chegar à outra margem, pois usava as mãos como remo e as pernas para equilibrar o bote. Quando observei que ele estava com problemas, nadei até onde estava, disse-lhe que ficasse tranqüilo e coloquei os dois pés dentro da câmara de ar, e saí puxando, utilizando o famoso nado de cachorro que sempre usávamos quando estávamos cansados. Foi um sufoco danado para levá-lo até a margem, cheguei nas últimas, já sendo ajudado por Chicolé e outros companheiros. Graças a Deus chegamos em casa em Paz e hoje estou externando esta resenha e que pode ser confirmado pelo o ator maior e os coadjuvantes, como Chicolé, Firmino, Raimundo Bomfim, Antenor e outros.. E assim Floriano vai tornando-se Rainha e nós vamos envelhecendo-nos, mas revivendo sempre o seu passado e as nossas vidas cotidianas.
FLORIANO,TERRA QUERIDA, MEU TORRÃO NATAL, MEU UMBIGO AINDA HOJE ESTÁ ENTERRADO NO QUINTAL DA CASA QUE ERA DOS MEUS AVÓS. Meus parabéns pelos 100 + 10 anos. Que esta juventude que hoje estás a governar você, lembrem-se: que embora hoje não exista mais o Riacho da Onça, a Pedra de Mesa, o Escurador, o Riacho do Irapuá, o Riacho da Vereda Grande, com seus olhos d’águas majestosos e límpidos, existem em seu solo outros córregos que precisam ser preservados, é necessário que esta geração assuma a responsabilidade de olhar com uma visão ótica ambiental e de futuro a situação das Margens do Rio Parnaíba, em toda extensão urbana e rural, as margens do Rio Itaueira e do Rio Gurguéia em sua área rural, que sofrem grande degradação, e precisam ser revitalizados, assim como as suas praças. É preciso assegurar a sobrevivência das gerações futuras, isto, depende do que pensamos e do que fazemos hoje. Precisamos de desenvolvimento, mas um desenvolvimento que seja alicerçado com sustentabilidade.
* Eng. Agrônomo, Extensionista do EMATER, Florianense, Especialista em Olericultura, Especialista em Uso e Manejo Sustentável dos Recursos Naturais, Conselheiro Efetivo do CREA-PI e do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e Diretor do Sindicato dos Engenheiros do Piauí – SENGE –PI.