11/08/2006

O MILAGRE ACONTECEU


O MILAGRE ACONTECEU!

Resgate da Memória Da Cidade De Floriano - Profª Josefina Demes

“Estávamos em julho, em pleno verão de 1943, em dia que não me recordo mais, as 13 horas e 30 minutos. Residia eu no sobrado (1) em frente a Igreja e naquele horário me encaminhava para ir dar aula no Ginásio Santa Teresinha.

Ao chegar a porta da rua, virei para o lado do nascente em direção a Pernambucana; um rolo espesso de fumaça pasta, de odor característico que denotava a natureza do material em combustão. Olhei atônita para um lado e para o outro. A praça estava deserta. De repente, alguém passou correndo para as bandas da casa comercial de Salomão Mazuad. Era o Oldemar Soares (2) funcionário da firma Moraes & Cia. Que portava um pacote grande em baixo dos braços, e que eu soube depois tratar-se de livros contábeis da firma que lê procurava salvar do incêndio.

As 13 horas, o comércio reabria as suas portas para em seguida fecha-las. Enquanto, o incêndio tomava proporções terríveis, ameaçando se propagar. Mas como aconteceu?Bem, aconteceu como aconteceu, na sua maioria, as tragédias! Um pouco de descuido, um pouco de imprudência, um pouco de fatalidade. E este não fugiu a regra. A vítima, no caso, era a firma Moraes & Cia. Mas vamos aos fatos.

A firma em questão, com sede em Parnaíba, ocupava aqui um prédio de propriedade do Sr. Calisto lobo, na Av. Getúlio Vargas, vizinho a casa comercial e residência assobradado do referido senhor. Além do seu tradicional comércio, à firma Moraes & Cia, era, nesta cidade, agente da empresa aérea Cruzeiro do Sul por isso, mantinha imprudentemente, junto ao próprio escritório, um considerável estoque de combustível em tambores, latas, etc.

Verificou-se, no dia fatal, que vazara uma das latas. Levada até à porta, para ser soldada, por imprevidência não foi considerado o rastilho de inflamável que a mesma deixara no seu percurso. A lata pegou fogo e o resto já se pode imaginar. O fogo assumiu, de logo, proporções gigantescas.As explosões se sucediam, acompanhadas de gritos dos presentes.

Os tambores e latões voavam acima do sobrado do Sr. Calisto Lobo, e desciam a seguir, em chamas (3). O temor de que um desses bólidos incandescentes pudessem atingir a Pernambucana, depositária da pólvora marca Elefante, e daí se propagar ao laboratório Sobral, ali vizinho (4) que tinha em depósito mais de 100 latões de álcool, era muito grande. Os extintores do Banco do Brasil (5) foram acionados inutilmente.

O sino passou a repicar e o povo acorreu a Igreja para rezar. A essa altura já estava em cena o virtuoso Padre Pedro Oliveira (6), que do terraço do sobrado do Sr. Calisto lobo, orava e aspergia (fazer aspersão, respingar) as chamas como se quisesse aplacar (acalmar) a sua ira. Por seu turno o Sr. Calisto Lobo fazia evacuar do prédio, a sua família e se deixou ali ficar, sereno e digno como sempre (7). O gerente da firma sinistrada Sr. Antonio Anísio (8) estava viajando e os abnegados empregados nas pessoas de Francisco Borges (9), Raimundo de Araújo Costa Filho (10), Olemar Castro, José Lopes (11), Guilherme Noleto (12), Oldemar Soares, João Luis Guimarães(13), Luiz da Moraes e Chico Casão, aos quais se juntaram pessoas como o Sr. Manoel Almeida (14), Hermes Pachêco (15), tentaram isolar o prédio, medida que em nada resultou.

Começaram os desmaios de alguns e o choro de outros. 16 horas. O fogo continuava tal como começou. Ali só um milagre – diziam todos – De minha parte olhei o céu a procura de algo que me alimentasse, já não digo a esperança, mas pelo menos a ilusão. Nada. O céu era límpido, claro, muito claro.16 horas e 30 – as coisas continuam no mesmo pé, mas, de repente, para o lado da Pernambucana (16), alguém gritou: - uma nuvem, uma nuvem! Do local em que eu me achava nas proximidades do que é hoje a Rosa de Ouro, não dava para ver.

De repente me vi empurrada para o meio da avenida pelas pessoas que, como eu, queria ver a nuvem.Lá estava ela pequenina e generosa por detrás do prédio dos Correios. Tangida pelo vento vinha galopando apressada como quem sabe o que quer. Fitei-a no intuito de identificar o seu tipo. Não era “cirro”(nuvem branca e muito alta), não era “nimbo” (chuva ligeira). Não era outra qualquer – era simplesmente o milagre em forma de nuvem. Chegou, parou e verteu água.De onde teria saído, não sei dizer e do mesmo modo como chegou, se foi.

O povo suspirou aliviado. A cidade estava salva!Feito o rescaldo, foram encontrados, intactos, muitos tambores que poderiam ter alimentado o fogo por muito tempo. A noite, como de costume, fui a casa do Sr. Calisto. Cheguei ao terraço e diante de tudo quanto vi, não pude deixar de concluir com o poeta “entre o céu e a terra acontecem tantas coisas...

NOTAS EXPLICATIVAS:

1. Que ainda hoje embeleza a paisagem da praça Dr. Sebastião Martins, onde está localizado hoje, o Café.com de propriedade do Chico Demes; 2. Filho do Sr. Zuza Nunes e irmão do Soares, seu irmão, que reside à rua Fernando Drumond, ao lado esquerdo, após a Casa Salomão; 3. A pessoa que fez a transcrição desse fato e que na época tinha 11 anos, que se encontrava na rua Fernando Marques, onde hoje está edificada a residência do sr. Abrão Freitas, de lá enxergou o movimento dos tambores subindo e descendo pela força das explosões; 4. O Laboratório Sobral era onde hoje o prédio da Loteca 13 Pontos. As Lojas Pernambucanas era um prédio em frente ao do Sr. Calisto Lobo; 5. O Banco do Brasil ficava à rua São Pedro num prédio onde funcionava a Cada do Michel Demes; 6. Nasceu em 29.02.1908, em Castelhano, comunidade Palmeirais-PI, ordenado em Fortaleza-CE, em 29.11.1936, foi pároco de duas cidades: Parnaíba-PI durante 18 meses, e Floriano-PI, de: 16.01.1938 a 15.07.1985, que durou 47 anos. No próximo mês de outubro, precisamente em 27.10.2006, completará 12 anos de sua ausência, pois veio falecer em 27.10.1994; 7. Era realmente um cidadão de muita dignidade; 8. Pai da Dorotéia, da Rosita, esposas dos Srs. Lauro Cronemberger e João Siqueira; 9. Esposo da Dona Cirene Borges e cunhado do Sr. Antonio anísio; 10. Esposo da Dona Maroquinha Soares, e pai do Sr. Cristovam Augusto e Dona Virginia, esposa do Dr. Odilon; 11. O nosso estimado Zé Balão, como era mais conhecido carinhosamente, e casado Dona Jacira, sobrinha do Sr. Francisco Borges; 12. Esposo da Dona Nazaré e sogro do Sr. Joaquim Portela; 13. Irmão do Sr. Alderico Guimarães; 14. Esposa da Dona Lia Teixeira, na época funcionário (gerente) da Roland Jacob; 15. Era, na época, funcionário do Sr. Salomão Mazuad, tendo desempenhado, muito tempo depois, o cargo de Prefeito da nossa cidade; 16. Veja a nota n.º 4.

Transcrito do Jornal de Floriano, Edição n.º 429 de 05 a 11/05/1985, por Seu Nelson Oliveira.

Pesquisa: César de Antonio Sobrinho.
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Fonte: www.florianoemdia.com

11/03/2006

PRIMEIRO AVIÃO EM FLORIANO



CHEGADA DO PRIMEIRO AVIÃO EM FLORIANO - 1934

Resgate da Memória Da Cidade De Floriano - V Memórias de Djalma Silva

Em 1934, deu-se em Floriano um grande acontecimento. A chegada do primeiro avião.

O fato teve lugar em 14 de julho, com a esticada até a cidade de um aparelho do Correio Aéreo Nacional que fazia a linha Fortaleza -Teresina, comandado pelo Capitão Neto Macedo.

A Prefeitura administrava o campo de pouso no Meladão na previsão de que a linha C.A.N. fosse estendida até Floriano. E, antes que os vôos fossem autorizados, o doutor Teodoro Ferreira Sobral, então prefeito do município, conseguira a vinda oficiosa do aparelho.

Ficou estabelecido que, acertada a hora da saída do avião de Teresina, a população seria avisada por meio de foguetes.

E assim aconteceu.

Pouco depois das treze horas os foguetes estrugiram ( estrondo, barulho ) no ar. O comércio fechou suas portas. As escolas e repartições também. Uma grande massa de pessoas acorreu ao Meladão usando os mais diferentes tipos de transporte; muitas indo mesmo a pé.

Eu fui de jumento. Um lerdo animal, emprestado por José Leonias ( já pensou! ), marido da minha tia Joana. O mesmo, verdadeiramente, um “orelhão” ou filósofo” no dizer do povo, não era de nada. Deixando à sua vontade mal trocava os passos. Picado de esporas e surrado de chibata, apressava-se um tiquinho e voltava a trocar os passos me irritando.Assim que até o campo onde cheguei nervoso e cansado.

Mais ou menos as dezesseis horas o aparelho sobrevoou o rústico campo e pousou na pista arremetendo contra o povo que imprudentemente havia convergido para ela para ver melhor. Um dos imprudentes acenou desesperadamente com as mãos e a população recuou um pouco dando passagem ao barulhento avião que lá adiante parou. Uma poeira infernal, escura, a assistência a correr para a orla próxima da mata. Mas logo depois ela voltou a cingir o aparelho já de hélices paralisadas.

Após pequena demora, o avião alçou vôo. A linha regular só tempos depois seria estabelecida.

NOTAS IMPORTANTES:

1. O único meio existente na época para uma comunicação rápida.
2. Irmã da mãe do autor;
3. O rústico campo é onde está hoje o bairro Irapuá II.

Transcrito do Jornal de Floriano, Edição nº 326 de 1985, por Seu *Nelson Oliveira.
Pesquisa: César de Antonio Sobrinho.
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Foto: Teodorinho Sobral / Fonte: www.florianoemdia.com

10/30/2006

RUA DO AMARANTE

Vejam só o estrago da famosa e bela rua do Amarante, um dos logradouros mais tradicionais de Floriano.

Lembro-me do período romântico, quando íamos passear na casa de nosso primo Carlos Augusto, filho do conhecido sanfoneiro Urbano Pacífico.

Não havia esse capeamento asfáltico, que tirou, de certa forma, o lirismo da rua.

Precisamos reverter esse quadro crítico dos passeios da Princesa.

Uma parceria entre autoridades e seguimentos preocupados com a limpeza da cidade, seria de suma importância, tipo, uma a criação de uma rotina de melhorias e conservação das principais ruas de Floriano, pelo menos, para que os nossos visitantes tenham uma boa impressão de nossa querida terra.

É tempo ainda de se pensar nessa idéia!

10/26/2006

OS MALANDROS



( Na foto ao lado, observamos os Malandrinhos Zé Geraldo (filho de Geraldo Teles), Jorge Carcamano, Arnaldo Pé de Pão, Demes e, na frente, em pé, Pedro Attem, comandando a moçada )

Dentro do contexto romântico de nosso carnaval, o famoso bloco OS MALANDROS participou, efetivamente, de duas fases importantes, a primeira, quando foi fundado, na década de 40, pelos foliões Rolo Ferreira, Zé Ferreira ( ambos filho de seu Vicente Roque ), Daniel Bicudo ( filho de seu Zé Leonias e irmão de Budin e Lulu ) e Rafael.

A segunda fase, em 1961, em Brasília, os florianenses, apaixonados pelo carnaval da Princesa, decidiram, que quando retornassem a Floriano, reativariam o bloco. O que realmente aconteceu. Os baluartes dessa brilhante idéia, foram os malandristas Clóvis Ramos ( estandarte e líder do grupo ), Chico Perna Santa, Colega, Jamil, João Alfredo, Lisboa ( piston ), Antonio José “Boquinha” e Pedro Atem.

Curiosidade:

no ano de 1963, esse famoso bloco deixaria de sair com o nome "OS MALANDROS" e desfilara numa única vez como bloco OS DOMINÓS. Isso aconteceu por causa da morte de um dos integrantes mais famoso do blcoco - Defala Atem.

FIGURANTES:

Eleonora Demes, Nadja Demes, Sara Demes ( estas, irmãs de Mussa Demes e Alcides Del Bueno ), Nice Lurdes, Aldenora ( irmã de Genison ), Maria Mazuad ( irmã de Issa, Brahin e Gaze Mazuad ), Maricildes Costa ( eterna Miss Piauí – Filha de Alcides Costa, músico e Tabelião ).

COMPONENTES DO BLOCO:

Clóvis Ramos ( estandarte e líder do grupo ), Pedro Atem, Chico Perna Santa, Colega, João Alfredo, Lisboa ( piston ), Antonio José “Boquinha”, Alcides “Del Bueno”, Jamil Zarur, Assis, Miflin, Mário Anselmo, Ratin Pintor, João Batista, Pompéia, José Soares da Pernambucana, Brahin, Bernadino Feitosa ( Seu Dino ), Parnaibano, Poncion, Lisboa do Piston, Aldênio Nunes, Caçula, Pauliran da Costa e Silva, Arnaldo Pé de Pão, Joaquim Portela, Engrácio Neto, Netinho, Maria Roxa, Herbrant ( Mano, filho de doutor Herbrant ), Luis Paraibano, Zé Geraldo Teles, Neguinho Sapateiro, Jorge Adala Lobo, Pedro de Alcântara, Estevão, Argeu Ramos.

MÚSICA ( enredo ) DOS MALANDROS:

NÓS SOMOS OS MALANDROS
COMPOSIÇÃO:

Alcides “Del Bueno” e Pedro Humberto Demes ( irmão de Mussa Demes ).

EVOLUÇÃO E MARCAÇÃO PARA NÃO PERDER O RITMO!
Alcides “Del Bueno” ( Tarol ), Parnaibano ( Tarol ), Engrácio Neto ( tarol ), Adauto Perna de Gato ( surdo ), Chico Perna Santa ( surdo ) e Assis ( Surdo ).

ENCONTROS DE GIGANTES:
No final da tarde, o desfile dos blocos na avenida Getúlio Vargas e praça doutor Sebastião Martins, no centro de Floriano.
Um momento de rara beleza! O encontro dos blocos Os Malandros, Os Piratas e Os Foliões na altura dos bares: São Pedro, Sertã, Churrascaria Carnaúba. Uma delícia! Inesquecível!

Colaboração:

Alcides “Del Bueno” Clóvis Ramos e Joaquim Portela, todos participantes do bloco Os Malandros.
Pesquisa: César de Antonio Sobrinho
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Fonte:
www.florianoemdia.com

10/24/2006

A NOVA PRINCESA


Floriano passa por um processo de crescimento decisivo. Novas ruas, praças e monumentos. O cais do porto, hoje, com um novo visual, é o ponto de encontro mais aconchegante.

As autoridades competentes precisam investir mais, realizar parcerias, envolver a comunidade. As escolas são de suma importância nessa caminhada educativa.

O esporte, por exemplo, pode resgatar a nossa época de ouro, quando éramos campeões em tudo. O futebol precisa de incentivos: mais torneios amadores, juvenís, como no tempo do campo dos artistas.

Cadê o Flamenguinho de Tiberinho, o América de Bezerra, o Botafogo de Gusto e o São Paulo de Carlos Sá?

Ainda há tempo de brotar uma nova história para a Princesa!

10/20/2006

MATRIZ

Igreja de São Pedro de Alcântara, matriz da cidade de Floriano, um dos mais atraentes templos do Piauí, exaltando seus contornos e encantos nos anos trinta.

Ainda podia-se contemplar os casarões e a praça. Os passaredos ainda sobrevoavam a Princesa. Os meninos brincavam de esconde-esconde e a cidade em seu romantismo expressando seu estado de graça.

Hoje, os encantos são outros. As auroras de antigamente deram lugar para os axés e forrós eletrônicos. Os carnavais, agora, são outros e a folia mudou de lugar.

A noite já não é mais sossegada. Os madrugadores estão soltos por aí dançando às escuras. Estamos caminhando para um extremo galático, que só suportaremos porque há um limite, mas com uma certa esperança: a de alcançarmos a salvação divina.
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Foto: Teodorinho Sobral

10/17/2006

RIO DOS ENTARDECERES


As águas rolam sem pressa no cantarolar da passarada, ecoando com o vento soturno; o sol escalda a Princesa nas tardes flutuantes de nossas andanças no vai e vem de nossas travessias.

A saudade pula saltitante do meu peito; o silêncio do rio e das canoas enaltece o Pateta na calmaria e das pescarias passadas; ainda vêem-se nados rasantes e taínhas traquinas; os meninos afogam-se no banho "fogoso das coroas".

A torre de branco exalta momentos de puras lembranças; ainda consigo sentir as Regatas de Julho e o sobe-desce das bananeiras e dos buritís; mas as lanchas e os motores já não mais trafegam rio acima como dantes.

O Parnaiba, ululante, ainda cria seus peixes na matança da fome, quando os mandís "aguanizam nos anzóis seu último nado..."

HISTÓRIAS DE FLORIANO

  FOLCLORE ÁRABE - FLORIANENSE ATITUDE SUSPEITA Salomão Cury-Rad Oka Na época áurea do comércio árabe-florianense, os clubes sociais e os cl...