Praça - 1978 |
Praça - 1978 |
Foto histórica |
Foto histórica!
Os mais conhecidos:
Paulo Carnib, pai de Ary
Ildefonso Ramos, pai de Eurico
Daniel Bicudo, irmão de Lulu, Budin
Quincas, pai de Mano, Careca
Roló, irmão de Maria Roque, minha mãe.
Nesse período, o futebol de Floriano exaltava grandes emoções e havia grandes destaques, resenhas e levantamento de Taças.
Atualmente, as coisas mudaram, não há mais aqueles jogos pelos campos de várzeas e o campo dos artistas foi invadido pela especulação imobiliária.
E o Cori-Sabbá, pelo menos esse, conseguiu arranjar uma brecha com muita luta e nos colocou no calendário do futebol piauiense e disputará a primeira divisão do ano que vem.
Graças ao nosso bom Deus, mas é preciso que novos dirigentes apareçam, piolhos de bola e recomecem do COMEÇO (do TOCO), para que possamos reviver novos e bons tempos nesse futuro que já chegou.
Fonte: Cesar de Antonio Sobrinho
Tempo de papagaios |
Eu nunca fui bom de papagaio. Quando os ventos gerais chegavam, todo mundo corria à procura dos artesãos, dos craques na feitura dos surus, lanciadores, curicas, surus de besouro nas mais variadas cores.
Me lembro bem do Tete e do Cebola. Embora não sendo bom na empina, sempre estava participando da brincadeira. Segurando o papagaio pra levantada de vôo, passando o cerol na linha e depois me juntar a turma na expectativa da queda bonita de alguns surus cortados.
Na ânsia de comer linha, varávamos cercas de quintas e quintais sem respeitar nada. Lembro-me bem, ali nas imediações da galeria abaixo da rua do fogo, o suru tinha caído no quintal dum carroceiro muito brabo, nós pulamos a cerca afobados pra comer linha e o dono da casa correu pra ver que zoada era aquela no seu quintal. Foi olhar pra nós e gritar bem alto, com raiva, "me traz o facão aí, muié, ligeiro!".
Associação Florianense dos Estudantes Secundários - AFES
AFES - Sede Própria |
Mestre Walter
Walter e Familia 1962 |
Depoimento – Tibério José de Melo
WALTER OLTER MELO, o nosso tio, chegou em Floriano, mais precisamente, lá pelos idos de 1944, trazido por papai, Antonio de Melo Sobrinho, que chegara primeiro.
Sei que, em Butiti Bravo, ele chegou a trabalhar numa usina de beneficiamento de babaçu ou de arroz, não sei bem, daí a sua introdução em mecânica de máquinas.
Chegando a Floriano, empregou-se nos negócios do senhor Afonso Nogueira, que na época era empresário e mexia com navegação; então, o tio Walter ficava viajando de Floriano a Parnaíba, navegando os vapores do seu Afonso Nogueira, como mecânico de bordo.
Tio Walter teria ficado noivo com tia Inhá antes de deixar Buriti Bravo e foi buscá-la depois que se firmou.
Lembro, por exemplo, da primeira casa onde morou. Era ali entre a casa de Seu Zé Bem e dona Lourdes Martins na praça do Cruzeiro. Ali eu já me lembro do Djalma e do Divaldo ( seus filhos mais velhos ). Nós, entrewtanto, morávamos na Beira do Rio, ali perto da antiga usina Maria Bonita.
Era muito hábil no conserto de várias coisas, tanto que montou o seu negócio de conserto e aluguel de bicicletas. Com isto, ele criou a sua família com muita dignidade, dando educação, até onde pode, a todos.
Sempre roubavam uma de suas bicicletas, mas dificilmente não as recuperava, indo atrás em outra bicicleta. Tornou-se uma pessoa muito popular devido ao seu negócio.
Tratava-se de uma pessoa muito família. Vivia para a família e para as bicicletas. Todos o chamavam de Mestre Walter. Ah, sim, era muito bem humorado e gostava muito de piadas.
Muito inteligente ( papai diz que era o mais inteligente dos três ), pessoa de vanguarda. Sempre que havia uma novidade na cidade, ele era um dos primeiros a conseguir. Rádio, geladeira, panela de pressão, fogão a gás, coisas do tipo.
Sabia, sempre, o que estava acontecendo no mundo. Tinha opinião formada para tudo, dado que era muito bem informado, ouvindo rádio, ( só saía de casa depois de ouvir todos os noticiários de rádio, principalmente o Reporter Esso ). Ouvia todas as emissoras de rádio.
Lia bastante e proporcionava para todos nós muitos veículos de informação, tipo: revistas como O Cruzeiro, Manchete, Fatos e Fotos, quadrinhos etc. Jornal, já era mais difícil mas as revistas eram toda semana. Se mostrava sempre muito reflexivo, tinha resposta para tudo.
Era Espírita como a Maria Serva. Conhecia muito bem a doutrina e frequentava o Centro que ficava no Colégio do senhor Ribamar Leal.
Tornara-se amigo de toda aquela carcamanada do centro de Floriano, como também de todos aqueles comerciantes e da sociedade local. Antes de falecer já estava se incluindo nela.
Sei também que certa vez, quando rapaz, fora preso, devido a uma briga em que se meteu num cabaré da época.
Agora, o tio Walter, acho que por força da sua religião, era muito caridoso e muito bom.
Vivia cercado de menino. Pagava vitamina e cachorro quente no quiosque Mascote de Seu João e de dona Das Dores ( compadres de mamãe ).
No final do dia, era uma molecada enorme para levar as bicicletas para a casa dele. Ali o moleque tinha a oportunidade de andar, de graça, de bicicleta. Pela manhã era a mesma coisa. Muito engraçado.
Lembro-me que na Copa do Mundo de 1958 ele liderava a movimentação ali detrás da Igreja com um rádio instalado na Mascote. Juntava um monte de gente e a frequência do rádio às vezes ficava alta e bem nítida; outras vezes, bem fraca. Era um tal de tanto gol de Didi, Pelé, Vavá e Garrincha, sei lá.
No Chile, em 1962, foi a mesma coisa. Agarra, Gilmar!... Gol de Amarildo!... E o tio Walter lá na Barraca da Alegria, capengando. Ele puxava de uma perna.
Tio Walter e Vovó Serva criaram a Barraca da Alegria. Isto já perto do acidente. Cimentaram parte do quintal da casa da Dindinha e lá se fazia a festa com quermesse com muita gente participando. Vinha até o pessoal de fora. O objetivo era angariar fundos para a manutenção da Escola Humberto de Campos.
Tio Walter era uma pessoa pouco afeita a diversões. Participava de algumas festas no Floriano Clube. Gostava muito de um cinema, um circo, coisas assim. Nunca soube que o tio houvesse ido a um forró, que nem papai. Farra, então, não me lembro. Bebia, socialmente, muito pouco. Não era afeito.
Quando chegava um cantor na cidade, um artista do Sul ele não perdia. De certa forma era uma pessoa recatada, gostava muito de ler e de se informar. Gostava de política, muito.
Lembro que na eleição que elegeu o Jânio para Presidente da República, ele estava na linha de frente da campanha em Floriano a favor do Jânio. Papai e eu éramos Lott. Venceu o Jânio e se cantava muito:
Varre, varre, varre vassourinha
Varre, varre a bandalheira
Que o povo já está cansado
De sofrer desta maneira
Jânio Quadros é a esperança
Desse povo abandonado
Jânio Quadros é a certeza
De um Brasil moralizado
Alerta, meu irmão
Vassoura, conterrâneo
Vamos vencer com Jânio
Este jingle é a carta do Tio Walter. Era muito entusiasmado na política.
Apesar de recatado, era muito sociável. Tinha muito prazer em hospedar seus conterrâneos do Maranhão. Jesus ( do Melinho ), Rosemeire, que passavam férias em Floriano, quando elas chegavam, era um frisson danado. Eram bonitas e os rapazes da época queriam pegá-las. O tio levava-as para as festas.
Aqueles carcamanos, seu Tufi, Michel, Hagen, Salomão, Kalume, tinham muito respeito pelo tio Walter. Devem ter sentido muito a sua falta.
A tia Inhá, sua esposa, era um pouco irritada. Também, era muito menino. Todos muito danados e qualquer um perdia a paciência. Vivia com um cinto na cintura para dar umas lapadas quando não aguentava mais. Todo dia era umas três. Mamãe não era diferente. Não sei como estas mulheres aguentavam aquele monte de menino danado. Só no cinturão mesmo, não tinha jeito. Tio Walter, também, não aliviava não, metia a ripa, quando se fazia necessário.
Dia 24, agora, de janeiro, se o Djalma ( seu filho mais velho ) estivesse vivo, faria 60 anos.
O acidente de seu falecimento foi dia 04 de agosto de 1963 por volta de 9 hora da manhã, quando prestava seus serviços à Paróquia local, ali, na altura da loja do Michel Demes: ele pegou um choque e caiu de uma escada, não resistindo ao impacto, provavelmente, da queda.
Na foto, acima, observamos a sua família no ano de 1962, a sua esposa, tia Inhá, o Djalma, o Divaldo, o Waltinho, o Dácio, a Cecília, a Ceci e o João Coimbra.
Essa é do fundo do baú! Acervo do nosso amigo Holandinha. onde podemos avistar conhecidos piolhos de bola. Essa foto é do ano de 1965 no estádio do Ferroviário José Meireles.
Em pé temos o Antonio Mota de Augusto, Júlio Gago, Siqueira, o goleiro Antonio João, irmão de Jumentinha, Roberval de Chico Batista e Juriti.
Agachados: Holandinha, Chico Borracheiro, João de Deus de Vicente Roque, Rômulo, Zé Vilmar de Nelson Oliveira e Mazinho também filho de Augusto Mota.
Época lírica do nosso futebol, que os anos não nos trazem mais.
O quarteto Cansanção |
Da Cruz era cheia de boas virtudes |
Familiares de Maria da Cruz Ferreira avisa com pesar o falecimento da mesma, ocorrido ontem na tardinha de domingo às 17:30 no Hospital Regional Tibério Nunes.
Avisa ainda que o velório está sendo realizado na Rua São João nº 916 no bairro Irapuá.
Maria da Cruz era conhecida como Dadá entre os amigos mais próximos, o sepultamento está previsto para esta 17 horas de hoje (06) no cemitério São Pedro de Alcântara.
DA CRUZ, tinha um barzinho na esquina da rua São João e vizinha do saudoso Zé Venâncio e tinha um círculo de amizade intenso, onde a prosa rolava solta. Havia um bom tira gosto, uma cervejinha gelada e boas gargalhadas para os que a frequentavam.
Um dos mais assíduos frequentadores era o nosso Amigo Mário Mudo, que gostava tirar a nossa amiga do sério mas não conseguia, porque ela tirava de letra as prosas de Mário, por exemplo, quando brincando disse pra ela: "Da Cruz, tú já transou?" Ela, arguta que só, devolvia ao pé da letra: "Tú deixa de ser IMORAAAL, sem vergonha..."
EVOCAÇÃO DE UM PIONEIRO: OOORICO CASTELO BRANCO
Djacir Menezes
Pelas alturas de 1915, a primeira matança mundial fervia na Europa; tinha sete
anos e ouvia os rumores dos acontecimentos sangrentos, que analisaria mais tarde.
A revista O espelho, que meu pai recebia, era ilustrada por desenhistas que imaginavam
as cenas violentas das trincheiras, onde espocavam obuses e soldados se
estraçalhavam para salvar as respectivas pátrias e a civilização. A instrução militar,
que a pregação do poeta Olavo Bilac tomara obrigatória nas escolas, vigorava
desde o curso primário. E como não agüentávamos o peso do mosquetão, manobrávamos
com as carabinas de pau fabricadas na Escola de Aprendizes Marinheiros,
imitando fuzis e sabres. Foi assim que aprendemos a marchar em ordem-unida,
toques de cometa, baioneta calada, ainda antes de entrar no Liceu do Ceará.
Tudo isso destinava-se a acendrar em nosso espírito o civismo nascente.
Era no Instituto Miguel Borges. O diretor, a figura que me impressionaria a vida
inteira, chamava-se Odorico Castelo Branco; nascera em 1876 na fazenda
Desígnio, município de União, no Piauí. Órfão, ainda criança, foi criado por sua
tia Candida Rosa Leal Castelo Branco, em Teresina. Com ela, que era professora,
aprendeu as primeiras letras. No Colégio Nossa Senhora das Dores, em Teresina,
dirigido por seu tio Miguel de Souza Borges Leal Castelo Branco, fez o curso secundário.
Concluído o curso, veio matricular-se na Escola Militar do Ceará; trancando
matrícula, fundou o Instituto Miguel Borges, em I!? de junho de 1900.
De 1914 a 1919 fui aluno do Instituto - e quero dar aqui um depoimento hist6-
rico sobre o esquecido e admirável educador, valendo-me para isso do livro autobiográfico
de sua ftlha Odorina Castelo Branco Sampaio, Um minuto de silêncio,
das notas que me adiantou e de minhas recordações pessoais do grande educador.
A primeira conclusão que tirei dessa noviça experiência, nesse período bafejado
pelo espírito guerreiro, continuada depois no Liceu do Ceará, foi em mim paradoxalmente
desfavorável à formação de inclinações bélicas. Os colegas, que
acabaram o curso de preparatórios e seguiram para a Escola Militar, obedeceram a
outros motivos, entre os quais, o principal seria a dificuldade de outra carreira, no
Ceará desse tempo, que não fosse a faculdade de direito ou as escolas de agronomia,
de odontologia e farmácia. Os mais abonados, iam à medicina, na Bahia. Recusadas
as duas oportunidades nativas, restava sentar praça no batalhão e ir ao
vestibular na praia do Realengo. Esse, o caminho de Moesia Rolim, Walter Pompeu,
Landri Sales, Juracy Magalhães, Jurandyr Mamede, José Brasil e outros.
Mas não desviemos o assunto. Quando meu pai me matriculou no Instituto Miguel
Borges, este ainda estava no casarão, um sobrado na Rua Floriano Peixoto,
no penúltimo quarteirão antes do Passeio Público: no andar superior, habitava o
diretor com sua ftlha única Odorina; no andar térreo, espaçoso e didático, instalavam-
se as classes do primeiro ao quarto ano. Logo no ano seguinte (1916), o
colégio mudava-se para a Praça Coração de Jesus, esquinando com o parque da
Liberdade, grandes janelas abertas à luz e ao sol, num amorável apelo à alegria e à
vida. Ao meio-dia, recreio; após, ao içar da bandeira, presente sempre o diretor,
cantava-se o Hino Nacional e prosseguiam as aulas até às três da tarde.
Creio que jamais houve diretor mais presente e participante da vida de uma comunidade
escolar. De uma autoridade impressionante, assegurava, sem quaisquer
recursos a castigos físicos, exceção de alguns cocorotes nos mais irrequietos, a
tranqüilidade e obediência do alunado. Recordando a sua figura, escreve a filha:
R.C. pol., Rio de Janeiro, 32(4)170-1, agoJout. 1989
"lembro-me, entretanto, de sua grande austeridade em todas as cousas, que era dotado
de grande coragem, extraordinariamente enérgico; de uma justiça ímpar e, au
lado de tudo isto, um coração extremamente sensível." São, realmente, estes traços
que ficaram indeléveis na mem6ria das gerações que tiveram a dita de o terem
como mestre.
O Prot: Castelo Branco era matemático: escrevera os compêndios adotados no
Instituto do primeiro ao quarto anos. Nestes, ao lado do português e da geografia,
a aritmética e a geometria figuravam no currículo primário em todos os graus. Lago
no primeiro ano, o aluno se familiarizava com o manejo, no quadro-negro, do
esquadro, da régua e de um enorme compasso de pau, para resolver problemas simples
de construção geométrica. Creio que foi a infância sob efeito dessa pedagogia
que me marcou o espírito, para sempre inclinado ao estudo dessas disciplinas - e
inspirou minhas primeiras direções filos6ficas, no Liceu, para o positivismo e para
a estima de professores de formação positivista, como Arquias Medrado e Henrique
Autran.
Essa estrutura curricular do colégio distinguia-o dos demais estabelecimentos
congêneres. Chamado ao quadro-negro, o aluno ouvia invariavelmente a proposta:
"dados duas retas e um ângulo construir um triângulo, etc." ou coisa na espécie.
A geometria era ensinada pelo compêndio de Olavo Freire. No quarto ano
primário, apareceu-nos, na aula de português, o livro cansativo de Afonso Celso,
o Porque me ufano de meu pafs. Mas parece que no intuito de corrigir aquele ufanismo
físico, que se traduzia em rios, cachoeiras e florestas as maiores do mundo,
havia, na parede da sala, ao lado de numerosos mapas, estes dizeres definitivos:
"A grandeza de um povo não se mede pela sua configuração geográfica." - advertência
que, depois, no alvorecer do espírito político, ressoaria sempre na minha
mente, pelos anos afora.
O Prof. Odorico Castelo Branco era villvo e adorava a filha, que foi educada
no Colégio da Imaculada Conceição, onde entrou logo após a morte dele. De lá
saiu mais tarde para casar com o Dr. Leão Sampaio, médico de grande nomeada,
nascido em Barbalha e deputado federal por mais de 40 anos, cercados ambos de
numerosa prole de filhos e netos que, pelo estudo e inteligência, escalaram altas
posições sociais e políticas.
Faço agora uma pergunta. Com sua formação matemática, seria o Prof. Castelo
Branco um positivista? Não creio. Apesar de conservar a fidelidade de longa viuvez
à esposa tão cedo falecida, tal conduta não deve ter obedecido às inspirações
da Ureligião da humanidade." Julgo que era um espírito independente, que o amor
à filha ia cada vez mais inclinando, como uma brisa mansa e suave, para as convicções
cristãs. Quem ler o Um minuto de silêncio,· tão repassado de ternura filial,
biografia dessa límpida personalidade de educador, surpreenderá o complemento
afetivo, aspecto omitido neste depoimento longínquo, feito com mais de 70 anos
de distância, testemunho de saudade e de gratidão àquela figura ímpar na hist6ria
da educação cearense
A Semana da Consciência Negra Kizomba promete emocionar e inspirar Floriano nesta terça-feira, 19 de novembro, com uma programação rica em...