PARA O RESGATE DA MEMÓRIA DA CIDADE
O FUTEBOL DE FLORIANO
GRÊMIO – CAMPEÃO SENSACIONAL
Por Carlos Augusto ( O Pompéia )
Transcrito do Jornal de Floriano de 23 a 29 12 / 1979
Grêmio e Ferroviário realizaram no último no último domingo no estádio Mário Bezerra, uma das partidas mais bem movimentada e emocionante dos últimos tempos em nosso futebol. Uma partida que durante toda a semana movimentou todos os desportistas locais, os quais esperavam com muita ansiedade o momento da pugna. Foi grande o número de apostas na cidade, já que Grêmio e Ferroviário possuem, inegavelmente, as duas maiores torcidas da cidade.
Sabendo que o Grêmio se constituía num sério e terrível adversário, a moçada do Ferroviário entrou em campo disposta a decidir o jogo logo nos primeiros minutos, aproveitando-se do melhor entrosamento. Zé Bruno fazia o primeiro gol do encontro, percebendo uma falha gritante do miolo da zaga gremista, após um escanteio, cruzamento de Dedé e deixada espetacular de Guilherme Júnior (1).
Este gol logo no início da partida mexeu com os nervos dos atletas do Grêmio, que partiram direto ao ataque e tentativa do seu gol de empate, faziam desordenadamente e disso o Ferroviário soube tirar proveito, alterando o placar para dois a zero, com mais um gol sensacional de Zé Bruno, desta feita, contando com a colaboração do goleiro Arudá (2).
Com esta vantagem, o Ferroviário achou que já era o dono absoluto da situação e começou a rebolar. Enquanto isso, o Grêmio procurava se reencontrar em campo a ponto de chegar ao seu primeiro gol aos 37 minutos, por intermédio de Edmar, um lindo gol por sinal, se a menor chance de defesa para o goleiro Marquinhos, que por sua vez, voltou a ser o melhor homem em campo.
Era o começo da reação gremista, mas o Ferroviário ainda voltaria a marcar num gol surpreendente e de muita sorte de Guilherme Júnior, que tentou pegar a bola de primeira e essa resvalou pegando no lado externo da perna direita, deslocando inteiramente o goleiro Arudá. Eram 44 minutos e o primeiro tempo terminou com a vitória parcial do Ferroviário por 3 a 1.
Na segunda etapa, o Grêmio voltou mais bem estruturado. Sabendo que só a vitória lhe interessava e, como Gonzaga e Aroldo, não estavam bem na partida, o treinador os substituiu por Luiz Cláudio e Zé Ligeiro (3), fazendo entrar mais tarde Joaquim José (4) em lugar de Arudá e Geremias (5) em lugar de Gilete.
Com isso, o Grêmio ficou mais agressivo e o Ferrim começou a perder terreno dentro do campo. Com muita inteligência, Galdino colocou Ribinha mais a frente e recuou Luiz Cláudio para o meio de campo e foi exatamente Ribinha (6) que se constituiu na forma de jogo marcando dois gols no tempo normal. O primeiro aos 13 minutos e o do empate aos 43.
VITÓRIA NA PRORROGAÇÃO
De acordo com o regulamento da competição, os dois quadros partiram para a decisão numa prorrogação de 30 minutos. A essas alturas o Ferroviário se mostrava um time totalmente acabado fisicamente. Somente Zé Bruno (7) lutava bravamente lá na frente, mas não conseguiu furar o bloqueio da defesa gremista.
Mas estava escrito que Ribinha seria o predestinado a dar o título de campeão do turno ao Grêmio e, aos 12 minutos da segunda fase da prorrogação, ele viria a marcar aquele que seria o gol do título e do desespero da torcida do Ferroviário.
Chagas Velho e Herbrand foram expulsos.
JUIZ, QUADROS E RENDA
O juiz do encontro foi o senhor Gildavan Sales, tendo realizado uma excelente arbitragem, comprovando que é realmente um senhor árbitro de futebol. Seus auxiliares foram José Maria de Sousa e Washington Macedo (8), todos com bom trabalho.
GRÊMIO – Arudá ( Joaquim José ), Edvar, Pedrão (9), Zuega (10) e Gilete ( Geremias ); Edmar, Fábio (11) e Ribinha; Aroldo ( Zé Ligeiro ) (12), Gonzaga ( Luiz Cláudio ) e Chagas Velho.
FERROVIÁRIO – Marquinhos (13), Geraldo ( Chiquinho ), Jerumenha (14), Café e Carlos (15); Amaral, Herbrand e Guilher Junior (16); Mineiro, Zé Bruno e Dedé ( Carlinhos Meota ).
A renda do espetáculo somou somente apenas 2.405 cruzeiros.
NOTAS EXPLICATIVAS COMPLEMENTARES
Por Nelson Oliveira
(1) Guilherme Júnior, filho de Guilherme Ramalho, que apareceu como uma grande promessa e, à medida que o tempo passava, foi declinando junto com a decadência dos clubes da época. Guilherme Júnior também era bom no futebol de salão, onde seu pai se apresentava muito bem, como goleiro;
(2) Neto do senhor do mesmo nome, comerciante e político da cidade; filho do saudoso Bucar, grande desportista organizador de vários times na cidade, como Palmeiras, Bonsucesso e que como o filho, era goleiro que no “seu dia”, tornava-se invulnerável. Graças a interferência dele junto a seu pai, senhor Arudá, que como grande amigo do senhor Mário Bezerra, chefe do DNOCS aqui em Floriano, à época, conseguiu com o mesmo ouso de um trator na terraplanagem do terreno de onde surgiu o estádio que Leva o seu nome;
(3) Irmão do Marquinhos, Paulinho e Carlinhos meota, filhos do senhor Nelson;
(4) Já falecido;
(5) Sempre como salvador da pátria, durante o tempo em que jogou;
(6) Jogador de fôlego excepcional e muito veloz;
(7) Embora não fosse um jogador altamente técnico, era muito valente e por isso marvava muitos gols;
(8) O taxista do Posto de Floriano, que sempre colaborava com o futebol, mesmo porque morava perto do estádio;
(9) Bom zagueiro e que participou, também, de vários torneios intermunicipais, morreu, deixando saudades;
(10) Grande craque, que com a fragilidade do nosso futebol, procurou novo rumo e se estabeleceu em Teresina, no Flamengo, onde torneou-se astro de primeira grandeza e onde encerrou sua carreira;
(11) Irmão do Jerumenha, do Ferroviário, filho de Emanuel Fonseca, grande craque do passado, defendendo o Ríver Atlético Clube;
(12) Veja as informações do número 3;
(13) Idem;
(14)Veja as informações constantes no número 11;
(15)Valente lateral esquerdo, filho do senhor Honorato, já falecido;
(16) Já falamos no número 1;
Em tempo:
Ainda na mesma edição, o competente Carlos Augusto ( o Pompéia ), informava:
“ Está confirmada para o dia 28 próximo, no estádio Mário Bezerra, a festa dos velhinhos da bola. Os desportistas florianenses vão ter a oportunidade de rever em campo ex-atletas que no passado deram muitas alegrias ao nosso torcedor , dentre eles se destacam: Parnaibano, Antonio Luiz Bolo Doce ( já falecido ), Antonio Guarda, Bagana, Poncion ( falecido neste mês ), Chapéu, Nouzinho ( também já falecido ), Beto, Neco, Babau, Pompéia e João Carlos e muitos outros. Será uma tarde inteira de atrações no Mário Bezerra e contará com a presença da banda de música do 3º Batalhão da Polícia Militar e da Escola de Samba Mangueira “
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