GOL REPLAY AO VIVO
Texto de Danúnzio Melo (Anos de 1980)
Já alguns anos nos separam daquela primeira meia década dos anos sessenta, mas ainda vive na minha memória aquele cômico episódio que passo a narrar.
O Campo do Artista era a praça preferida dos torneios e campeonatos de
peladas que se notabilizaram pelas grandes expressões dos praticantes da
modalidade, entre os quais a figura do meu amigo Vicente Xeba, que era conhecido como a maior expressão em termos de arbritgem da época, e ficava orgulhoso ao escutar, aqui e ali, elogios como: Vicente Xeba tem moral e categoria...
Naquele tempo, pouquíssimos árbiros possuíam estes requisitos, o que era motivo de vaidade para o mestre do apito.
Lembro-me, era uma manhã quente de julho, pingava o meio dia e o sol era
escaldante. Disputavam o torneio o Botafogo do Gusto versos Santos
Futebol Clube. Jogo duro. Oitenta, oitenta e cinco minutos do tempo de
contenda. Zero a zero. Jogadores sem fôlego. Xeba, apito na mão,
elegante sobre suas pernas cambotas, comandava o espetáculo.
De repente, Luiz Orlando, grande jogador de bola, lança da meia cancha a pelota para o narrador deste fato, que ficou de cara a cara com o excelente arqueiro Manoel Antonio, filho de Cirilão, que quando colocou a bola no canto esquerdo do goleiro, já a galera, de pé, teve o seu grito de gol embargado na garganta, pela determinação errônea do grande juiz, marcando impedimento. Ele não observara que o zagueiro José Geraldo, filho de Geraldo Teles, dava condição de jogo ao atacante, enquanto refrescava um pouco a cabeça sob a sombra do poste do seu próprio arco e, em meio ao tumulto gerado em face dos pedidos de explicação, todos estavam indignados com o erro daquele juiz que nunca errara.
E, diante disso, aconteceu um fato interessante: o craque do apito não se deixou abalar. E digo eu: se é que existe o fenômeno da reencarnação, estou convencido de que naquele momento o corpo de Vicente Xeba foi possuído pelo espírito do grande sábio Salomao, pois, sem se constranger, ordenou que todos os atletas voltassem a se colocar nos seus postos de quando aconteceu o lançamento do meia armador Luiz Orlando, inclusive botando o zagueiro José Geraldo na mesma posição em que se enncontrava na hora e, fato continuo, mandou que se repetisse toda a jogada. E tudo aconteceu igualzinho ao lance anterior, só não acontecendo mesmo o gol.
De repente, Luiz Orlando, grande jogador de bola, lança da meia cancha a pelota para o narrador deste fato, que ficou de cara a cara com o excelente arqueiro Manoel Antonio, filho de Cirilão, que quando colocou a bola no canto esquerdo do goleiro, já a galera, de pé, teve o seu grito de gol embargado na garganta, pela determinação errônea do grande juiz, marcando impedimento. Ele não observara que o zagueiro José Geraldo, filho de Geraldo Teles, dava condição de jogo ao atacante, enquanto refrescava um pouco a cabeça sob a sombra do poste do seu próprio arco e, em meio ao tumulto gerado em face dos pedidos de explicação, todos estavam indignados com o erro daquele juiz que nunca errara.
E, diante disso, aconteceu um fato interessante: o craque do apito não se deixou abalar. E digo eu: se é que existe o fenômeno da reencarnação, estou convencido de que naquele momento o corpo de Vicente Xeba foi possuído pelo espírito do grande sábio Salomao, pois, sem se constranger, ordenou que todos os atletas voltassem a se colocar nos seus postos de quando aconteceu o lançamento do meia armador Luiz Orlando, inclusive botando o zagueiro José Geraldo na mesma posição em que se enncontrava na hora e, fato continuo, mandou que se repetisse toda a jogada. E tudo aconteceu igualzinho ao lance anterior, só não acontecendo mesmo o gol.
Terminada a peleja, comentava-se, nos bastidores, que ficava debaixo dum pé de caju próximo: é um grande juiz... Um grande juiz!
Realmente, convencera a gregos e troianos. Até o próprio Xeba, que era
um pouco retraído, despiu-se de sua humildade e cantou em prosa e verso:
eu tenho é moral e categoria, eu tenho é moral e categoria...
Foi, realmente, o maior replay ao vivo que presenciei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário