12/18/2023

Retratos de Floriano

 

Sempre tive essa mania lírica de sair por aí, editando momentos de deleite, andando pelas ruas e becos de Floriano. Isso daí ( foto ), fora nos anos de 1980, férias de inverno, registros impecáveis para quem ama a Princesa.

Atualmente, a praça, com o seu novo visual, proporciona boas emoções para os jovens de hoje, mas seria impossível esquecer aqueles outros momentos até os anos oitenta, quando a praça ainda era aquela dos enamorados.

A bela matriz, exaltando sua beleza sua imponência arquitetônica, mas já sem o velho coreto dos anos de 1960. As lentes de hoje, basta um clique e elas já projetam imagens cem por cento e ainda fazem os ajustes.

No passado, as nossas codaques produziam essas raridades, esses momentos que os anos não trazem mais. Como já disse o poeta: " tuas arestas não se curvaram ao tempo; onde estão as tuas andorinhas, os teus meninos? Teus sinos ressoam: sopros de sonhos..."

Escoteiros de Floriano I

 

Ubaldo Melo

Esse é o nosso irmão – UBALDO JOSÉ DE MELO, que na sua juventude participou de várias atividades em Floriano, mais um neto de Roberto Corró que gostava, também, de jogar um futebol de poeira pelos campinhos da Princesa. Sua melhor passagem foi pelo Clube de Regatas Brasil de Almeida no início da década de setenta, sendo campeão de vários torneios.

Participou nos anos sessenta do escotismo na Princesa do Sul ( foto ) e da Semana do Esporte disputando provas pelo Colégio Estadual Osvaldo da Costa e Silva, ganhando várias medalhas em muitas competições, principalmente no futebol.

O escotismo naquele tempo era mais romântico, havia diversas atividades de campo, onde os meninos aprendiam lições importantes para vencer o futuro que vinha pela frente. Hoje, a filosofia pregada é outra e os jovens estão mais voltado para os games e para as novas baladas da vida.             

12/17/2023

Beco das Almas

 

Conto - Dácio Borges de Melo

 O certo é que Danúnzio, Divaldo e nego Cléber foram a uma tertúlia que sempre ocorria naqueles fins de semana. 

Terminado a festa, Divaldo e nego Cléber resolveram esticar a noite e Danúnzio tava escalado, por dona Lourdes, pra fazer a feira bem cedo, por isso rumou mais cedo pra casa. 

Alta noite, no caminho de casa, tinha que encurtar estrada passando pelo beco das almas. Caminho estreito, cercado de mato, escuro que nem breu. 

Antes de chegar no beco, bateu a mão no bolso e tirou o único cigarro que tinha, todo amassado, bateu outra vez a mão ns bolsos atrás de fósforo, em vão. 

Enfrentar o beco tenebroso sem um cigarro pra iludir o medo era fogo. Mas foi o jeito, entrou nas trevas das almas, com o cigarrinho na mão, no ponto de qualquer barulho sair correndo a mais de mil. 

O efeito da cachaça é que ainda lhe dava um rasgo de coragem. A passos rápidos, em meio a trevas totais, seguiu beco a dentro. 

Na outra entrada beco, avistou uma pequena brasa dançar no ar, o que fez todo seu cabelo levantar! Logo a seguir se acalmou quando ouviu alguém assoviar  uma música comum na época. 

Certamente pra espantar o medo do afamado beco. Sem ninguém enxergar ninguém, ao se aproximar um do outro, Danúnzio perguntou com a voz arrastada..."tem fogo aí, meu amigo". 

Danúnzio não viu, mas sentiu o cara jogar algumas coisas pra cima e com uma voz rouca gritar e disparar noite a dentro. 

De manhã cedo já no rumo da feira, Danúnzio resolveu passar pelo beco pra ver o que resultou da noite assombrosa. Encontrou um pau de travessa, um côfo com peixes e outros espalhados, vara de pescar e outras coisas mais. 

Filhos, netos e bisnetos, certamente ouviram muitas estórias de assombração.

12/16/2023

Conversas da Tarde

 

Estava toda a família ali na calçada conversando, como era de costume toda tardinha. Eu e o Baldo dormíamos na casa da Dindinha e quando era cerca de 6:00 a 6:30, boquinha da noite, a Dindinha chamava:

- Daço, Ubálido, vamo durmir que tá na hora! 

E muntava eu e Baldo cada  num lado dos quarto. Tio Melo e papai (Mestre Walter) olhavam praquela arrumação e ralhavam:

-  Mas siô, onde já se viu. Deixe de sê besta, dona Antonia, bote esses muleques pra andar!

E a Dindinha: 

- Deixe, que os quarto é meu.

Aí eu e Ubaldo deitávamos  a cabeça no ombro da Dindinha pra dizer que estávamos mortos de sono e que não nos aguentávamos em pé. 

Ah, tempinho bom!

Dácio Melo (filho de Mestre Walter)

12/15/2023

Retratos de Floriano

 Matriz São Pedro de Alcântara

Matriz - Anos de 1960
Segundo o professor Luís Paulo, nessa época, por volta do ano de 1957, a nossa matriz passava por uma reforma pontual, tempo em que a nossa Princesa passava por um processo de desenvolvimento surreal.

Teodoro Sobral diz que "Depois que Doutor Sebastião a construiu, Chico Reis a reformou no início dos anos 60, idem Manoel Simplicio e por ultimo Joel. É hoje totalmente diferente, não tem mais a rua em frente à igreja, mas as estátuas de Floriano Peixoto e Dr Sebastião permaneceram".

Professor Luís Paulo avalia que  "Não conseguiram jogar no lixo, ainda, a estátua de Sebastião Martins, nem o busto de Floriano Peixoto. A Placa que o Presidente Figueredo mandou, homenageando Floriano, que ficava abaixo do busto, foi jogada no lixo, literalmente, quando da última reforma. Aqui nada é preservado. Cuidado, Afonso Nogueira, que está ai na beira do cais. Qualquer dia desses..."

"Que foto bem feita pelo Farias, Teodoro Sobral. Ao fundo a velha casa de Salomão Mazuad. O coreto já havia sido modificado. Essa limpeza é mais ou menos de 67/68. Foi a primeira limpeza, feita pelo Padre Pedro; idem o forro de madeira", conclui o professor Luís Paulo.

(Post de Maio de 2016)

12/14/2023

Atravessando o Rio

Fonte: Chico Canguri

Sempre em nossas aventuras, o meu primo Francisco José Amorim, hoje Agente Fiscal da Receita Estadual em Floriano, acompanhava-nos, não era bom nadador, mas tinha sempre a companhia de uma câmara de ar para ajudá-lo a atravessar o Rio e tirava de letra, chegando na frente de todos.
Regatas de 1964
Certo dia, porém, ao atravessar o Parnaiba, em um local de grande correnteza, a borracha que tampava o pito da câmara soltou-se e Chico José tampou com uma mão e, para poder manter o equilíbrio, segurava a câmara com a outra mão e não tinha como remar para chegar à outra margem, pois usava as mãos como remo e as pernas para equilibrar o bote.

Quando observei que ele estava com problemas, nadei apressadamente até onde estava, disse-lhe que ficasse tranqüilo e coloquei os dois pés dentro da câmara de ar, e saí puxando, utilizando o famoso nado de cachorro, que sempre usávamos quando estávamos cansados.

Foi um sufoco danado, para levá-lo até à margem, cheguei nas últimas, já sendo ajudado por Chicolé e outros companheiros.

Graças a Deus chegamos em casa em Paz e hoje estou externando esta resenha e que pode ser confirmado pelo o ator maior e os coadjuvantes, como Chicolé, Firmino, Raimundo Bomfim, Antenor e outros.

DEPOIMENTOS

Janclerques,

Esta resenha traz recordações de uma juventude que viveu em floriano nos anos sessenta, que possuiam uma cabeça maravilhosa e pensavam no dia do amanhã. Meus parabens por manter viva a imagem do autor. Esta foto, só você possui nos seus arquivos. Breve vou conversar com você. 
Um abração para este povo bom e acolhedor de Floriano, pelo aniversário da nossa Princesa do Sul, que breve tornar-se-á Rainha. Como sinto saudade e vontade de está aí. Chico Kangury

E assim Floriano vai tornando-se Rainha e nós vamos envelhecendo-nos, mas revivendo sempre o seu passado e as nossas vidas cotidianas.

Grande KANGURY 

Lembra-se de mim? Sou JOSÉ SOARES (Pelé). Este apelido me foi dado pelo nosso ilustre professor - Padre Djalma - em 1962 quando cursavamos a 1ª série ginasial no Ginásio Estadual Monsenhor Lindolfo Uchoa - Quando leio sua resenha me vem uma lembrança indelével da nossa infância em Floriano.

"Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!"

Certamente Casimiro de Abreu compôs o poema "Meus Oito Anos" inspirado em sentimentos que se apoderam de todos nós muitos anos depois.
Oh! que saudades que tenho dos colegas: Cangury, Pauliran, Zé Bruno (filho de Bruno e dona Matilde), Teodorinho, Eldimar Miranda, Zé Joaquim, Zezito, Firmino (de Jerumenha), Chico Mendes, Celso, Petrônio, Brarrim, Michel Oka, Aguinir e Altanir e muitos outros.
Nossos professores Dr. Braulino, Pe. Djalma, Pe. Pedro, Teresa Chaib, Ivanilde, Eva Macedo, dona Maria do Carmos (esposa de Braulino), Josias Teixeira, etc.
Alguns desses nossos amigos e professores já se foram, é o destino de todos nós...
Seu ilustre pai sr. Vicente Cangury foi um dos melhores alfaiates de Floriano. Mas quem fez o meu terno de formatura foi sr. Antonio Beirão, pois ele me prometeu que quando eu me "formasse" ele faria meu terno gratuitamente. Pois bem comprei um corte de TROPICAL no sr. David Kreit e ele fez o meu terno com havia prometido.
Finalizo desejando-lhe muita paz e tranquilidade.
Um abraço

SOARES (o PELÉ)

Retratos de Floriano

 Unidade Escolar Odorico Castelo Branco

(Foto)

U E Odorico C Branco
Odorico Castelo Branco

EVOCAÇÃO DE UM PIONEIRO: 

ODORICO CASTELO BRANCO

Djacir Menezes

 Pelas alturas de 1915, a primeira matança mundial fervia na Europa; tinha sete anos e ouvia os rumores dos acontecimentos sangrentos, que analisaria mais tarde.

A revista O espelho, que meu pai recebia, era ilustrada por desenhistas que imaginavam as cenas violentas das trincheiras, onde espocavam obuses e soldados se estraçalhavam para salvar as respectivas pátrias e a civilização. A instrução militar, que a pregação do poeta Olavo Bilac tomara obrigatória nas escolas, vigorava desde o curso primário. E como não agüentávamos o peso do mosquetão, manobrávamoscom as carabinas de pau fabricadas na Escola de Aprendizes Marinheiros,imitando fuzis e sabres. Foi assim que aprendemos a marchar em ordem-unida,toques de cometa, baioneta calada, ainda antes de entrar no Liceu do Ceará.

Tudo isso destinava-se a acendrar em nosso espírito o civismo nascente.

Era no Instituto Miguel Borges. O diretor, a figura que me impressionaria a vidainteira, chamava-se Odorico Castelo Branco; nascera em 1876 na fazendaDesígnio, município de União, no Piauí. Órfão, ainda criança, foi criado por sua tia Candida Rosa Leal Castelo Branco, em Teresina. Com ela, que era professora, aprendeu as primeiras letras. No Colégio Nossa Senhora das Dores, em Teresina, dirigido por seu tio Miguel de Souza Borges Leal Castelo Branco, fez o curso secundário.

Concluído o curso, veio matricular-se na Escola Militar do Ceará; trancando matrícula, fundou o Instituto Miguel Borges, em I!? de junho de 1900.

De 1914 a 1919 fui aluno do Instituto - e quero dar aqui um depoimento histórico sobre o esquecido e admirável educador, valendo-me para isso do livro autobiográfico de sua ftlha Odorina Castelo Branco Sampaio, Um minuto de silêncio,das notas que me adiantou e de minhas recordações pessoais do grande educador.

A primeira conclusão que tirei dessa noviça experiência, nesse período bafejado pelo espírito guerreiro, continuada depois no Liceu do Ceará, foi em mim paradoxalmente desfavorável à formação de inclinações bélicas. Os colegas, que acabaram o curso de preparatórios e seguiram para a Escola Militar, obedeceram a outros motivos, entre os quais, o principal seria a dificuldade de outra carreira, no Ceará desse tempo, que não fosse a faculdade de direito ou as escolas de agronomia, de odontologia e farmácia. Os mais abonados, iam à medicina, na Bahia. Recusadas as duas oportunidades nativas, restava sentar praça no batalhão e ir ao vestibular na praia do Realengo. Esse, o caminho de Moesia Rolim, Walter Pompeu, Landri Sales, Juracy Magalhães, Jurandyr Mamede, José Brasil e outros.

Mas não desviemos o assunto. Quando meu pai me matriculou no Instituto Miguel Borges, este ainda estava no casarão, um sobrado na Rua Floriano Peixoto, no penúltimo quarteirão antes do Passeio Público: no andar superior, habitava o diretor com sua ftlha única Odorina; no andar térreo, espaçoso e didático, instalavam-se as classes do primeiro ao quarto ano. Logo no ano seguinte (1916), o colégio mudava-se para a Praça Coração de Jesus, esquinando com o parque da

Liberdade, grandes janelas abertas à luz e ao sol, num amorável apelo à alegria e à vida. Ao meio-dia, recreio; após, ao içar da bandeira, presente sempre o diretor, cantava-se o Hino Nacional e prosseguiam as aulas até às três da tarde.

Creio que jamais houve diretor mais presente e participante da vida de uma comunidade escolar. De uma autoridade impressionante, assegurava, sem quaisquer  recursos a castigos físicos, exceção de alguns cocorotes nos mais irrequietos, atranqüilidade e obediência do alunado. Recordando a sua figura, escreve a filha: R.C. pol., Rio de Janeiro, 32(4)170-1, agoJout. 1989 "lembro-me, entretanto, de sua grande austeridade em todas as cousas, que era dotado de grande coragem, extraordinariamente enérgico; de uma justiça ímpar e, ao lado de tudo isto, um coração extremamente sensível." São, realmente, estes traços que ficaram indeléveis na mem6ria das gerações que tiveram a dita de o teremcomo mestre.

O Prot: Castelo Branco era matemático: escrevera os compêndios adotados no Instituto do primeiro ao quarto anos. Nestes, ao lado do português e da geografia, a aritmética e a geometria figuravam no currículo primário em todos os graus. Logo no primeiro ano, o aluno se familiarizava com o manejo, no quadro-negro, do esquadro, da régua e de um enorme compasso de pau, para resolver problemas simples de construção geométrica. Creio que foi a infância sob efeito dessa pedagogia que me marcou o espírito, para sempre inclinado ao estudo dessas disciplinas – e inspirou minhas primeiras direções filos6ficas, no Liceu, para o positivismo e paraa estima de professores de formação positivista, como Arquias Medrado e HenriqueAutran.

Essa estrutura curricular do colégio distinguia-o dos demais estabelecimentos congêneres. Chamado ao quadro-negro, o aluno ouvia invariavelmente a proposta: "dados duas retas e um ângulo construir um triângulo, etc." ou coisa na espécie.

A geometria era ensinada pelo compêndio de Olavo Freire. No quarto ano primário, apareceu-nos, na aula de português, o livro cansativo de Afonso Celso, o Porque me ufano de meu pafs. Mas parece que no intuito de corrigir aquele ufanismo físico, que se traduzia em rios, cachoeiras e florestas as maiores do mundo,

havia, na parede da sala, ao lado de numerosos mapas, estes dizeres definitivos: "A grandeza de um povo não se mede pela sua configuração geográfica." – advertência que, depois, no alvorecer do espírito político, ressoaria sempre na minhamente, pelos anos afora.

O Prof. Odorico Castelo Branco era villvo e adorava a filha, que foi educada no Colégio da Imaculada Conceição, onde entrou logo após a morte dele. De lá saiu mais tarde para casar com o Dr. Leão Sampaio, médico de grande nomeada, nascido em Barbalha e deputado federal por mais de 40 anos, cercados ambos de numerosa prole de filhos e netos que, pelo estudo e inteligência, escalaram altas posições sociais e políticas.

Faço agora uma pergunta. Com sua formação matemática, seria o Prof. Castelo Branco um positivista? Não creio. Apesar de conservar a fidelidade de longa viuvez à esposa tão cedo falecida, tal conduta não deve ter obedecido às inspirações da Ureligião da humanidade." Julgo que era um espírito independente, que o amor à filha ia cada vez mais inclinando, como uma brisa mansa e suave, para as convicções cristãs. Quem ler o Um minuto de silêncio,· tão repassado de ternura filial, biografia dessa límpida personalidade de educador, surpreenderá o complemento afetivo, aspecto omitido neste depoimento longínquo, feito com mais de 70 anosde distância, testemunho de saudade e de gratidão àquela figura ímpar na hist6ria da educação cearense.


ALDÊNIO NUNES - a enciclopédia do rádio florianense

  ALDÊNIO NUNES – A ENCICLOPÉDIA, NUMA ENTREVISTA INIMITÁVEL, MOSTROU POR QUE SEMPRE ESTEVE À FRENTE! Reportagem: César Sobrinho A radiodifu...