9/01/2020

Retratos de Floriano


Depoimento: De fala Atem

Foi em 1980. 

A AFES, associação florianense de estudantes de segundo grau, promoveu o FMPBFLOPI, festival da música popular brasileira de Floriano (Pi), na ocasião, capitaneada por Janclarques Marinho..

A música era Enchente Danada, de autoria do meu querido Arnaldo Pereira.

Éramos apenas cinco jovens, cheios de sonhos e expectativas.. a eliminatória, aconteceu no Salão Paroquial. Fomos classificados, para a grande final, que aconteceria na quadra do Colégio Industrial..

Ia até esquecendo os componentes, do Grupo Sambaíba.. rsrs ..   Violão e voz, eu e Arnaldo, Guitarra, Pedro Guida, bateria Zé Neto e teclado Antônio José Barros..Que coisa bacana.. GANHAMOS O FESTIVAL!!!... foi assim de uma alegria, inesquecível..

O tema da música, era a enchente que aconteceu na época, na nossa cidade.. grandes lembranças. Caso vivesse, 100 anos,não esqueceria  deste momento tão peculiar...

Que saudade.

Boa tarde Navegantes.

8/28/2020

Retratos de Floriano

Dácio Borges de Melo
As Rapa Cuias

Por - Dacio Borges de Melo (*)

Quem anunciava a chegada do inverno eram as rapa-cuias. Pequenas pererecas de olhos esbugalhados, ágeis no pular e muito simpáticas. Seu cantar parecia o raspar de uma cuia. Daí o nome. Era uma graça, vê-las pulando de parede a parede. Tinha por elas um enorme carinho. 

Aos primeiros cantos das rapa-cuias, todos diziam: ó, a chuva tá chegando. 

Um dia perguntei pra Mamãe: Como é que ela faz tanta zoada ?

E ela disse: É que elas tão raspando a cuia.

E pra que? - Perguntei, admirado.

É pra guardarem água da chuva.

Eu disse: e é?

É, pra depois, quando a chuva passar, elas ficarem tomando banho de cuia.

E quando a cuia secar? - Perguntei.

Aí ela torna a cantar pra chuva voltar.
E eu ali de olhos arregalados, admirado na minha inocência. 

Ainda procurei por um tempo, por entre telhas e paredes a cuia das rapa-cuias. Nunca encontrei nenhuma.

A meninada já se preparava para os primeiros banhos de chuva. Lá em casa havia um bequinho que recebia toda água do telhado e jogava a mesma quintal abaixo. A gente fazia fila pra tomar banho na bica do bequinho. 

Mas o bom mesmo era correr pelas ruas, todo mundo saudando a chuva gostosa que chegava. 

Todos disputando alguns instantes nas biqueiras das casas vizinhas.

Depois saíamos pulando e gritando de rua em rua feito um bando de doidos. 

Depois, passada a chuva, a meninada, batendo queixo,  abraçavam a si mesmos como a se protegerem do frio. 

E a água a escorrer pela rua, corríamos a fazer açudes. O melhor local pra se fazer os mesmos, era no canto da quinta do Pai  Vieira e, mais à frente, diante da casa de seu Benedito, ainda beirando a cerca da quinta.

Fazíamos eu, Divaldo, Danunzio e Antônio dos Reis, enfim, a turma toda, enormes açudes, todos com sangradouro que eram talos de mamão enfiados na barreira do açude pra não acumular água demais. 

Ali cada um confeccionava e botava seus barquinhos de papel e ficava empurrando-os  pra lá e pra cá. Era uma viagem! 

Quando tudo passava, que o sol se abria, passado o frio, íamos aguardar a quebra das barreiras daqueles enormes açudes. 

Só os mais velhos faziam isso. Cada um de olho em seus barquinhos. 

Rompido o açude todos saiam alegres acompanhando a trajetória de seus barcos. 

Aquela enorme enchurrada às vezes ia até a casa de seu João Guerra, às vezes menos, em frente ao curral de seu Benedito. 

Acabada a festa, era esperar outra vez, o cantar da Rapa cuias. 

(*) Dácio Borges de Melo é florianense, filho do saudoso Mestre Walter. Atualmente Dácio mora em São Luís.

8/22/2020

Crônica - O primeiro avião de Floriano


Extraído do Jornal O Popular, edição de 17 de junho de 1934

Floriano, 13 de junho de 1934
Eleutério Rezende

Ao reboarem os estampidos de foguetões denunciadores do proximoappaericimento no céu de Floriano do primeiro aeroplano, a sua população, numa onda de enthusiasmo, começou a despejar-se apressadamente por diversas vias rumo ao campo de aviação. Estando eu na fronteira da Villa Maranhense e supondo não haver tempo para transportar-me ao local da aterrissagem do apparelho, dirige-me com algumas creanças ao Morro de PaeDominguinho afim de apreciarmos melhor as evoluções da machinavoadora.

            Encontramos alli uma senhorita com outras creanças. Espernado, conversávamos a contemplar o panorama soberbo que dalli descortina: - a leste, norte e oeste amatta verde e os lucidos reflexos das aguas do Parnahyba que,tortuoso, coleante, semelha monstruosa serpente prateada a deslisar, lenta por entre as arvores viçosas; ao sul o agrupamento confuso e abranquejadoda casaria da cidade; a sudoeste, um pouco além, o campo apinhado de pontinhos claros que se adivinhava serem pessoas.

            De repente um lenhador que trabalhava no sorbé do morro, interrompendo a labuta, exclamou: - Estou ouvindo uma zuada! ... É o avião! ... Prestamos attenção e ouvimos effectivamete o zumbido da helice ao longe. Immediatementeum dos meninos exclama: apontando para o norte: - Lá vem! ... mais augmentava rapidamente e dentro de poucos instantes aproximava-se de nós. As creanças, não podendo conter as manifestações da admiração que lhes empolgava, gritavam, saltando a gesticular desordenamente; e presas do enthusiasmo, fizemos côro com a criançada quando o aparelho majestoso, sereno passou celebre, sobre as nossas cabeças, desenhando a sua silhueta no azul, como uma afirmação victoriosa da capacidade creadora do homem, como uma promessa imensa para o futuro...

            E elevando o pensamento, justifiquei aquela loucura: - Aquillo era relamentebello e era um pedaço de nós mesmos, era a amostra da nossa grandeza, da nossa preponderância, da gloria do Brasil no concerto universal! ...

            Gloria!!!... exclamei, lembrando-me do genial brasileiro que consumira toda a sua existência por aquella concretização; que passara tantas noites num trabalho intelectual exaustivo, com o cérebro quente a solucionar no seu gabinete, problemas incalculáveis, emquanto outros gosavam as delicias do repouso.

            Mas, oh! ... uma tristeza amarga prepassou-me, pela mente: compreendi a sua imensa desilusão, a sua grande dor:  Em vez da grande invenção,

- Traço vivo de união- Tornando em rápida fuzão. A terra uma só nação, Creara, sem perceber, da guerra um novo poder.

Ouvi seus gritos de agonia, os seus lamentos protestando com toda a grandeza de seu coração de brasileiro, perante todos os povos cultos, contra o aproveitamento de sua invenção como arma de guerra, para destruir em vez de construir.

Vislumbrei-o depois a definhar lentamente, desatendido e despresado por todos, até o dia da horrível tragédia final da sua vida de sofredor moral, narrada por Mattos Pimenta; Sobre o céu límpido e brando daquele majestoso dia de julho, voavam dois aviões da Marinha.

.... ao longe o Forte  de Itaipus espreitava o oceano. Na orla do litoral, tropas paulistas moviam-se vigilantes, em atitude belicosa.

Era constrangedor á nossa consciência o espectaculodaquelles elementos de guerra e de extermínio, mobilisados para uma luta encarniçada entre irmãos.

Foi certamente uma visão compungente, daquellas que levou Santos Dumont a desertar da vida, pendendo o corpo em uma gravata, no Hotel de Guarujá. Sobre sua mesa, escripta de seu próprio punho, encontrou-se a mensagem que ele dirigira pouco antes ao poso brasileiro e que assim terminava: ... Apello de quem, tendo sempre visado a gloria de sua pátria dentro do progresso harmônico da humanidade, julga poder dirigir-se em geral a todos os seus patrícios, como um crente sincero em que os problemas de ordem politica e economia que ora se debatem, somente dentro da lei magna, de forma a conduzir nossa pátria á superior finalidade de seus altos destinos.

Ao digno interventor Landry Salles, devemos agradecer por esse acontecimento prenunciador de progresso em nossa terra e tambem ao honrado prefeito dr. Theodoro Sobral, ao qual lembramos, sem que nos possam acoimar de intrometidos, o nome do glorioso inventor para o novel campo de aterrissagem, ao menos como uma das raras homenagens deste pais ingrato que tão pouco o tem glorificado e ao quelelle tanto elevou perante os olhos do mundo culto.
 
Apoio e Pesquisa: Centro Cultutal Laboratório Sobral - Sempre resgatando a Memória de Floriano

8/17/2020

CRÔNICAS FLUTUANTES

(LABIRITO DA SAUDADE)


Estamos desenvolvendo uma campanha de Pré-Venda e Lançamento do nosso mais novo trabalho - o CRÔNICAS FLUTUANTES (Labirinto da Saudade).

Nesse momento de pandemia que assola o mundo todo, tivemos a idéia de lançar esse trabalho no formato de arquivo PDF, onde você (usuários e amigos) podem contribuir a partir de 20 reais com a aquisição através de e-mail nesse formato e onde você poderá se deleitar lendo boas histórias do nosso passado em Floriano.

Para a sua contribuição, acesse a nossa conta do BANCO DO BRASIL, AGENCIA 44-2, CONTA 114.424-3, VARIAÇÃO 51 (POUPANÇA), CPF 133.332.083-34.

Informe o seu e-mail para envio do arquivo em PDF.

Para mais contato, acesse o nosso Watsapp: (86) 9.9925-0833 (Janclerques)


Comentários:

Carlos Jorge  

Vale a pena conferir. Marinho traz na sua prosa uma linguagem acessível que resgata curiosidades, fatos e personagens de sua lembrança passada na Princesa do Sul.

Eu diria que há um retrato de água e de quebranto que do fundo rompeu desta memória.


E tudo quanto é rio abre no canto.


Que conta do retrato a velha história.

8/09/2020

Retratos de Floriano

 

Ferroviário Atletico Clube

Ferroviário da década de 1950

 

Esse é o famoso time do Ferroviário Atlético clube, quando disputava uma jornada esportiva no dia 6 de julho de 1953, época em que o futebol florianense despertava grandes emoções.

Com relação à escalação, da esquerda para direita, observamos os atletas Sérgio, o goleiro Nelson Oliveira ( já flecido), Balduíno, Binda, Genério e Chico Martins;

Agachados, temos os jogadores Batista, Lauro, o centroavante Fenelon Brasileiro, o craque Vilmar e Nenê na esquerda.

O nosso amigo Fenelon (também ja falecido), o centroavante da foto, fora abordado pelo professor Djalma Nunes Filho e nos presenteou com essa pérola do futebol românico da Princesa do Sul.

8/06/2020

Retratos de FLORIANO


ROSA DE OURO

CONSTRUÍDA POR UM EMPREENDEDOR
KAMEL FERREIRA (SEU CAMILO)

Fotografias podem revelar histórias jamais imagináveis – vejam, por exemplo – a nossa famosa ROSA DE OURO, nome diferente que fora trazida de longe, São Paulo, por um pintor de Floriano, conhecido por Cícero , que viu este belo nome numa lanchonete, passando a idéia ao empreendedor Kamel Ferreira, mais conhecido como seu Camilo, nasceu em Fortaleza - CE em 12 de agosto de 1924, casado com a senhora Ariene Santos Ferreira, pais do engenheiro civil, doutor Nonato Ferreira, que atualmente exerce o cargo de Secretário de Obras do Município; Angélica Farisa, Chico da Padaria Ipiranga e Kamel Filho.

Perguntamos ao senhor Camilo de como surgiu a idéia de construir um dos mais belos e importantes prédios da Princesa do Sul, pelo seu valor cultural na época. Sua resposta foi emocionada:

" Começou quando fui de Fortaleza para Teresina no dia 02 de agosto de 1952, data que jamais esquecerei, pois cheguei no ano do centenário da cidade verde. Como funcionário do DER-PI, fui transferido para Floriano, chegando em 09 de maio de 1957.

A primeira Rosa de Ouro era um QUIOSQUE de madeira. Mais tarde, comecei a articular com Fauzer Bucar, vice-prefeito de Chico Reis e o vereador e compadre Manoel Jaca a viabilidade de construir um prédio, com uma bonita planta do Engenheiro Civil do DER doutor José Carlos Castelo Branco.

ROSA DE OURO

Foi uma luta ferrenha, muito difícil, pois alguns vereadores dificultaram a aprovação do requerimento, pois pretendiam passar para alguém de posse e na época eu era considerado um forasteiro, não seria bom para cidade, segundo alguns vereadores.


Mas com a intervenção forte do vice-prefeito e de dois vereadores, conseguimos a aprovação do projeto. Foi uma revolução. Concluída a obra, parecia um sonho. A transformação foi um marco, o prédio era funcional, se não vejamos: na parte da frente da avenida Getúlio Vargas, funcionava a Banca de Revistas, as pessoas ficavam maravilhadas com aquela novidade, surgia ali oportunidade raríssima da leitura, tão carente na época, ficava mais fácil de se atualizar com as notícias do Brasil e do mundo e, por outro lado, existia o romantismo dos jovens que iam pra lá trocar revistas e figurinhas de álbuns.

Ao lado da banca tinha um balcão que eram fabricados os picolés, era um sucesso, nesse período já fazíamos picolés com cobertura de chocolate, hoje não é novidade para mim. No prédio tínhamos mais uma importante opção, ficava localizado na parte de trás, uma lanchonete, moderna, limpa, dava gosto a pessoa freqüentar, realmente era uma coisa inédita."

Detalhe, a energia da Rosa de Ouro era fornecida por outro empreendedor, Bento Leão, que falaremos numa outra oportunidade.

O atual prédio da Rosa de Ouro pertence ao Senhor Kamel Ferreira.

Pesquisa: César Augusto

O Retrato do Descaso


HISTÓRIAS DE FLORIANO

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