DOS ANOS QUARENTA AOS DIAS ATUAIS
O TIRO DE GUERRA Nº 237 ( texto escrito em 2008 )
Por - Nelson Oliveira e Silva
Antigamente vinculado ao Ministério da Guerra e, atualmente, Ministério
da Defesa, que abrange todas as três forças militares do País, os TIROS
DE GUERRA, espalhados por todo o Brasil, destinava-se a proporcionar aos
jovens de 18 anos a prestação do serviço militar, cumprindo assim a sua
condição de cidadão, sem a necessidade de se deslocar para a Capital do
Estado e ingressar num Batalhão.
A instalação do Tiro de Guerra 237 em nossa cidade veio de encontro aos
anseios dos jovens dos anos de 1940, quando aqui foi instalado, porque
antes o serviço era prestado no 25 BC em Teresina e trazia muitas
dificuldades para a nossa juventude.
A sua primeira sede instalou-se na rua Elias Oka, na casa de propriedade
do senhor Olavo Barbosa Matos (1), sob o comando do Sargento Adelino.
Por volta de 1947/1948, mudou-se para a rua Padre Uchoa, para a casa
onde morou o doutor Tibério Barbosa Nunes (2), onde também esteve
sediado o SESC - Serviço Social do Comércio e, finalmente, o Colégio
Impacto (3).
O nome do Sargento comandante da época, atendia pelonome de guerra
Abreu; posteriormente, já nos anos de 1950, instalou-se num salão de
propriedade do senhor Raimundo Mamede de Caqstro, onde atualmente está
edificada a residência do doutor Filadelfo Freire de Castro ( in
memorian ), que atendia o comando do Sargento Hélio Sampaio Lotfi,
competente disciplinador e que nas instruções que ministrava eram sempre
constituídas de nobres e importantes ensinamentos militares e também
boas normas que viessem influir para o desenvolvimento material e
espiritual daqules que por ali passavam na formação de cada um, para uma
vida com disciplina, obediência, moral e ética e de amor à Pátria e à
família. A espiritualidade dos soldados daquele tempo era transmitida
pelo saudoso Padre Pedro da Silva Oliveira, uma vez que na semana. Ele
morava ao lado da sede do Tiro de Guerra 237.
Da turma de 1950, comandada pelo sargento Hélio, ainda me lembro
dasfeições e dos nomes de alguns, como, por exemplo, o meu, Nelson
Oliveira e Silva (4), Afonso Paraguassu de Sousa Martins (5), Zequinha
rio (6), Francisco de Abreu Rocha (7), Cesário (8), José Alves (9),
Antonio Moreira Rosado Filho (10), Antonio Damasceno Rosado (11), José
Antonio de Carvalho ( o Zitinho ) (12), Ranulfo Martins de Araújo Costa
(13), Tomaz (14), Raimundo Macedo e Benedito de Carvalho Melo (15),
Juarez Leitão (16), Manoel de Souza (17), Pedrão (18), além de outros
que me fogem à memória.
Para todos aqueles que ainda permanecem na esfera terrestre, o meu
respeito e a minha saudação, e para os que já estão na esfera celestial,
também o meu respeito e a minha saudade, com a satisfação de que todos
cumpriram sua missão de cidadãos de amor ao Brasil.
As instruções se constituíam, de: marcha, com diversos movimentos; nos
dias intercalados eram tomados para conhecimento, montagem e
desmontagem, informando o nome de cada pela da arma e a aula de religião
já citada. Num dia da semana, também, tinha a auda de educação física.
Aos domingos, às cinco horas da manhã, atropa seguia para um terreno
onde atualmente está localizado o conjunto residencial Pedro Simplício,
onde se desenvolvia a prática de tiro (19), rastejamento e tática de
guerra, além de outras. O retorno ocorria somente por volta domeio dia; e
na segunda-feira começava tudo de novo. Bons tempos aqueles, onde se
aprendia, como um jovem deveria viver na sociedade, sem apresença
daquilo que hoje é um verdadeiro inferno para a nossa juventude: as
drogas.
Naquele tempo, graças a Deus, só existia a droga do cigarro, que era
combatida pelos pais e pelas mães de família e, quando um "moleque" era
pegado fumando, ele teria de prestar contas do seu ato, comumente as
mães e aí a palmatória funcionava de maneira exemplar,mesmo porque, além
disso, existia entre pais e filhos um respeito recíproco, acrescido de
obediência, disciplina e ordem e sem apresença de qualquer tipo de
proteção a criança e adolescente por códigos e estatutos. O código das
famílias daquele tempo era o caráter bem formaodo do pai e da mãe, fosse
elepobre ou rico; presto ou branco e o Tiro de Guerra 237 foi sem
dúvida um grande colaborador da formação dos nossos jovens.
As instruções de ordem unida, em sua maioria, eram realizadas na praça doutor Sebastião Martins, em frente à igreja Matriz.
NOTAS EXPLICATIVAS COMPLEMENTARES:
1 - Situada entre as ruas Fernando Marques e Fernando Drumond, onde
reside dona Afifa Lobo, mãe do médico Calisto Lobo Matos ( o Calistinha
);
2 - Médico competente, político influente em nossa região; foi prefeito
da nossa cidade, Governador do Estado, amante do futebol e por isso
chegou à presidência do Ferrpviário Atlético Clube, grande glória do
futebol da Princesa do Sul. Numa época mudou-se para Teresina, devido às
suas inúmeras atribuições políticas e profissionais. Pai de Tiberinho,
um apaixonado por Floriano. Doutor Tibério morreu vítima de um acidente
automobilístico próximo à cidade de Regeneração, quando se dirigia para
a nossa cidade, onde participaria de um aniversário de 15 anos de uma
das filhas do doutor Filadelfo Freire de Castro, que era sua afilhada.
Foi um dia de grande consternação em nossa cidade para todo o povo e de
maneira contundente para o seu compradre Filadelfo;
3 - De propriedade do jovem professor Marco Aurélio Alves dos Santos,
filho de João Alves dos Santos ( o João da Farmácia, in memorian );
4 - Autor dessas maus traçadas linhas, residente na rua 7 de setembro;
5 - Residente na rua Elias Oka;
6 - Irmão do conhecido Antonio Cunha, residente no conjunto Pedro Simplício e tem um pequeno negócio no mercado do Cruzeiro;
7 - Já falecido, irmão do doutor Cícero Coelho, residente em Brasília e
Xixico e residia na rua Francisco de Abreu Rocha, nome de seu pai,
esquina com a Defala Attem;
8 - Residia à Av. Fauzer Bucar ( Galeria ) no seu início, apesar de ter
possuído na sua juventude um porte físico avantajado, hoje um tanto
alquebrado por força de um atropelamento de que foi vítima, que o levou a
óbito, recentemente;
9 - Foi balconista da Farmácia Rocha por muitos anos. Mudou-se para o Rio de janeiro na década de sessenta;
10 - Filho do Professor de música com o mesmo nome, irmão do Aldemar
Rosado,ambosfuncionários do Banco do Brasil por muitos anos, tio de José
e antonio Rosado Damasceno;
11 - Veja a redação do número 10;
12 - Pessoa por demais conhecido no nosso meio, como empresário de
diversos ramos de atividades, com destaque para uma usina de extração de
óleo do babaçú, postos de combustíveis etc;
13 - Quando da realização das práticas durante sua permanência no Tiro
de Guerra, quando sofria pressão do Sargento, ele se aborrecia e
reclamava daquilo tudo. Um dia, passando nas calçadas do armazém Triunfo
( supermercado ), ouvi, vinda do outro lado da avenida uma voz,
chamando pormeu nome, que imediatamente atendi, para lá me dirigi. Lá
chegando, ele estava sentado numa cadeira de engraxate e ao
aproximar-me, reconheci que era o Ranulfo trajando uma farda verde
oliva, de gala, e após os cumprimentos de praxe, lhe perguntei: " É esse
o Ranuldo que conheci blasfemandocontra o Sargento do Tiro de Guerra e
hoje é oficial do Exército Brasileiro?" E ele respondeu, sorrindo: "É,
aqui a coisa é diferente. Hoje eu comando os meus subalternos e estou
satisfeito com a vida que tenho". E eu complementei: "Isso são coisas da
vida daqueles que estudam em busca dos seus objetivos". Ranulfo, após o
juramento à Bandeira, mudou-se para Teresina, participou de cursos,
tomou parte de um concurso e alcançou o que desejava, mas nunca pensou
que fosse da área militar;
14 - Irmão do Luizão do Sansão, ele jogou futebol em vários times e seu
pai era magarefe do mercado público, atendia pelo nome Sansão;
15 - ambos funcionários dos Correios e Telégrafos, eram carteiros, o
primeiro, irmão do ex-deputado Valdemar Macedo e o segundo irmão do
senhor Clovis Melo, que atuou como gerente da Casa Inglesa e Antonio
Melo, fiscal de rendas do Estado e morou, durante muito tempo, numa casa
anexa ao Cuscusão na rua Fernando Marques;
16 - Funcionário público estadual, militou na política de Itaueira por
várias décadas e onde reside. Era filho do senhor Leto Leitão;
17 - Era chamado de seu Né. Quando da prática de desmontar e montar
ofuzil, para ele, toda parte da arma era o "mecanismo da culatra".
Apesar das broncas, ele nunca mudou de opinião. Foi, em vida,
funcionário estadual, prestando serviços em vários postos fiscais;
18 - Filho de um vaqueiro do senhor Raimundo Mamede de Castro.