|
Zeca Zinidô |
ZECA ZINIDOR – PÉROLA NEGRA DO FUTEBOL FLORIANENSE ( SUA PARTIDA MAIS IMPORTANTE )
DECISÃO - BOTAFOGO 2 X 1 FLUMINENSE
Dentro
do contexto romântico do futebol amador florianense, nos anos sessenta,
Zeca Zinidor (que certa vez fora comprado por uma carteira de cigarro
de marca Minister pelo Flamengo de Tiberinho), narra com saudades um de
seus jogos mais importantes dos quais participou, quando jogava pelo
Botafogo de Gusto, na trajetória dos torneios amadores da Princesa.
Vejam só:
”Dois
detalhes: o primeiro, o Fluminense jogava pelo empate e começou
ganhando de 1 a 0; e o segundo, é que eu estava com um problema no pé
direito e não podia jogar, fiquei em casa, não ia agüentar ver o jogo do
lado de fora, num jogo de decisão, jogo duro e logo no primeiro tempo, o
Fluminense ganhando; foi aí que João Batista Araújo de Vicente Roque,
fã de nosso time, tomou a iniciativa de ir lá em casa me pegar, mesmo
doente.
Cheguei
no campo, ajeitaram meu pé, colocaram mastruz sem leite com um pano
enrolado, e disseram: Zeca, fica dentro de campo, se der certo, tudo
bem, mas só a sua presença já amedronta.
Dito
e feito, rapaz, como eu adorava jogar, consegui incendiar o jogo, mudei
completamente o panorama da partida, um espetáculo, fico até arrepiado
em lembrar, o sangue foi esquentando, o pé já não doía tanto; cara, com
pouco mais de 15 minutos, consegui empatar, de pé esquerdo, a torcida
endiabrada (no Campo dos Artistas dava mais público do que hoje no
Tiberão).
Taboqueiro
fez um lançamento de trivela, rasante, (quando eu me lembro, dá vontade
de sair correndo), bicho, eu dominei o pneu (bola) e eu tinha um sesto
de ficar sassaricando com a bola, dava um currupio, era um espetáculo à
parte, o zagueiro ficava doido e a torcida mais ainda, é como se
estivesse ouvindo os gritos da galera.
E
essa bagaceira toda foi aos 30 minutos do segundo tempo, passei pelo
zagueiro, e na entrada da grande área a bola foi pro pé direito, nem
lembrei do pé machucado, embrulhei, paáááááááááááááááááááááááááá´,
goooalllll, aiaiaiaiai, goooaall, aiaiai!, loucura, eu pulava, eu
pulava, e a torcida pensando que era só de alegria, também, mas era mais
dor, rapaz, conseguimos virar o jogo, só escutava a zuada e a voz do
Batista de Vicente Roque, pense numa zoeira, quando o jogo terminou, foi
uma loucura, ganhei muitos presentes!
Até
hoje Batista foba com esse gol. Interessante no Campo dos Artistas,
cada jogador tinha uma espécie de fã clube, 30 a 40 torcedores, chegavam
ao ponto de, por exemplo, se o torcedor do Botafogo do Gusto fosse pro
campo e chegando por lá não visse o jogador que ele admirava e não fosse
jogar, ele automaticamente ia embora!
Matéria: César Sobrinho