Florianenses: somos o que queremos ser
João Raimundo dos Santos (*)
Penso que a população de Floriano, notadamente setores da sociedade civil organizada, encontra-se inerte, em disparada rumo à apatia – o pior dentre todos os males que permeiam a humanidade.
Quando alguma reclamação emerge, em geral pelos meios de comunicação social, percebem-se de imediato a dissonância dos fatos reais e o elevado grau de interesse umbilical, aqueles mesmos interesses ligados aos privilégios tradicionais da burguesia. Daí, fico a me perguntar, até quando meu Deus? Até quando grande parte da população continuará dormindo em berço esplendido enquanto uma minoria vira a cidade pelo avesso?
Floriano já viveu momentos áureos na sua história, mas hoje “geme em dores de parto” pela ausência de políticas públicas adequadas ao desenvolvimento sustentável ou ainda pela ineficácia de “gestores” que se revezaram no poder, sem rumo, ao longo de décadas a fio.
Esses aspectos somados aos paradigmas gerados pelas elites tupiniquins, a mediocridade dos que se dizem “gestores” desta terra e a falta de visão de futuro nas organizações comunitárias e demais setores organizados da sociedade civil, simplesmente impedem qualquer atrativo que permita a inclusão de Floriano num cenário positivo nacional.
Aqui quero fazer algumas considerações que, a meu ver, poderiam estar contribuindo com o fortalecimento da economia local enquanto geração de empregos, saúde preventiva, lazer e entretenimento, turismo etc., mas em vez disto, atitudes irresponsáveis de governantes paralisam obras sem quaisquer justificativas à população – que apenas paga a conta.
Ainda por cima empresas que demonstram interesse em se instalar em Floriano são impedidas pela “justiça” de praticar preços mais baixos o que iria beneficiar enormemente as famílias de baixa renda. E aqui vai uma pergunta que não quer calar: por que será que a Farmácia Popular ainda não está funcionando em Floriano? Quem souber responda. Mas, vamos aos destaques os quais me referi acima.
São várias obras paralisadas em Floriano: o terminal rodoviário, o aeroporto, o esgotamento sanitário, a praça de eventos e a cidade. A indústria de Biodiesel também parou, parou por quê? Nem Sigmund Freud explica. Tudo isso acontecendo e os movimentos populares sem rumo e sem destino, “na praça dando milho aos pombos”. Isso talvez justifique o porquê de Floriano nem mesmo ser citada quando se fala em capital do futuro Estado do Gurguéia, pois a população local é pacata demais para entender a importância da participação social num processo de transformação onde o povo é protagonista dessa história.
Para tanto, faz-se necessário um mutirão pela cidadania envolvendo a educação formal, não-formal e informal que seja capaz de ajudar as pessoas a pensarem e refletir criticamente a cidade que temos e a cidade que queremos para nós, mas também para as gerações futuras.
(*) João Raimundo dos Santos é Educador Popular, diretor de ONG’ s como: Cáritas Diocesana de Floriano, Centro Educacional São Francisco – Cefas e ÁRIDAS NORDESTE