A. Tito
Filho, 08/04/1988, Jornal O Dia.
Estudei em Fortaleza três anos. Tive
bons mestres e quanto me recordo de Colombo de Sousa, Mardônio Botelho,
Raimundo Cela - e desse admirável Martins Filho, que se formou no Piauí, e
depois seria o arquiteto da Universidade Federal do Ceará.
O Piauí deu à terra alencarina
algumas figuras de grande conceito em diferentes áreas da inteligência. Dos
mais antigos, podem citar-se Francisco Alves Lima, nascido em Pedro II, ano de 1869, poeta e jurista. Odorico Castelo Branco, de
1876, o famoso educador do Colégio Castelo. O ilustrado jurista Luís Correia,
mestre da Faculdade de Direito do Ceará. O intelectual Victor Hugo, nascido em
Floriano, 1898. O desembargador e jurista Antônio Soares da Silva, jurista, de
Valença onde nasce em 1903.
Os cearenses costumam relacionar como
conterrâneo seus José Coriolano de Sousa Lima. É bem de ver que esse profundo
lírico, romântico, cantor da natureza, nasceu em Vila do Príncipe Imperial, em
1829, quando a vila pertencia ao Piauí, passando ao Ceará muitos anos depois,
com o nome de Castelo.
Dos piauienses nascidos da década de
20 em diante e que se fixaram em Fortaleza, vitoriosos na vida cultural da nova
terra de trabalho, lembro-me de Teoberto Landim, das bandas de Pio XII,
contista, ensaísta e romancista. E mais: poeta Vasques Filho (Teresina); Flávio
Portela Marcílio, deputado, governador, orador (Picos);, Cláudio de Almeida
Santos, jurista, de Parnaíba (1935); Herbert Maratoan Castelo Branco,
desembargador, jurista; Barros de Pinho, político, poeta, secretário de Estado,
de Teresina (1939); Emanuel de Carvalho Melo, pintor, poeta e prosador, vindo
ao mundo em Piripiri, 1950. E essa exemplar figura de virtudes muitas Geraldo
Fontenelle (1934), de Batalha.
Deve haver mais gente nossa por lá,
como Genuíno Francisco de Sales e outros cristãos sinceros.
Geraldo Fontenelle mereceu eleição
para a Academia do Longá - entidade prestigiosa, e brevemente se empossará na
cadeira. Jornalista de mérito. Poeta de versos cósmicos, novelista. Escreveu
livros projetados como "Notas do Caderno de um Repórter",
"As estrelas brilham também durante o dia", "Porto
Cinzento", "Idéias - Ação e Atualização" e
recentemente publicou "Os castiçais dos mortos", em que
desfilam figuras humanas impecavelmente retratadas, nos simples como nos
complexos caracteres. Geraldo é antes de tudo cronista talentoso, fiel
observador da vida e dos tipos que nela se agitam. Sabe compor a escritura com
arte e limpidez de linguagem.
Não se tenha dúvida de que Geraldo
vale uma forte fonte de riqueza da literatura cearense, para alegria do Piauí.
De fidelíssimas crônicas fortalezenses.