6/02/2009

O NOVO HOMEM



Padre Ernesto Cardenal

Claro, não existe liberdade enquanto houver ricos; enquanto houver liberdade de explorar os outros; liberdade de roubar aos demais; enquanto houver classes não haverá liberdade; não nascemos para ser peões nem para ser patrões; mas para sermos irmãos; foi para sermos irmãos que nascemos;

capitalismo, que outra coisa é além de compra e venda de gente? Por quê? Que viagem é essa, irmão, na qual viajamos com passagens de primeira e passagens de terceira? Temos o níquel esperando o novo homem; temos a madeira esperando o novo homem; temos o gado de cruza esperando o novo homem;

só está faltando o novo homem; venham, vamos arrancar as cercas de arames farpados, companheiros; vamos romper com o passado, pois não era nosso esse passado; como me disse a moça cubana: “ a revolução é, sobretudo, Uma questão de AMOR! “

Pesquisa: Janclerques Marinho de Melo

6/01/2009

RETRATOS


Essa é a nossa bela avenida Getúlio Vargas, trecho compreendido na altura do antigo Palácio dos Móveis na década de sessenta.

Ainda se vê, preservados, a tranquilidade da avenida, alguns arvoredos e o velho calçamento, dando-nos um certo conforto lírico.

Hoje, o tumulto tá grande, o trânsito desgovernado, muita sujeira e falta de higienização.

Seria de suma importância se as autoridades competentes fizessem uma vistoria completa e tentasse por em prática uma rotina com a manutenção desses contornos aí, para melhor impressionar os nossos visitantes.

Foto: dos arquivos de Marcelo Guimarães

5/30/2009

PARA O RESGATE DA MEMÓRIA DA CIDADE

PESQUISA – NELSON OLIVEIRA

ELES – ZÉ CABORÉ E JOÃO GUERRA

TEXTO – RAFAEL DA FONSECA ROCHA

Existem, nos diversos setores da vida, dentro das mais variadas atividades humanas, indivíduos que, por suas formações conseguem servir bem e com destaque as suas comunidades, indiferentes das compensações materiais.

Em Floriano, alguns abnegados elementos, nas suas profissões, deram o máximo de esforços em benefício de todas as classes sociais da população.

Ínfimos eram os ganhos profissionais; entretanto, cônscios das suas responsabilidades, eles, exaustos pelas energias gastas nos horários normais de trabalho, não se negavam em ocasiões de dores e divertimento em colaborar com aqueles que os procuravam.

José da Costa Oliveira ( o Zé Caboré ), casado com dona Josina Castro, pai de Raimundo da Costa Oliveira ( o Raimundinho Caboré ), proprietário de um táxi aéreo em nossa cidade na década de sessenta, e que morreu num trágico acidente aéreo ocorrido no estado de Pernambuco; e de Josfina da Costa Oliveira, professora que, ao contrair matrimônio, mudou-se para a cidade de Paraibano, no Maranhão. A família residia na rua Fernando Drumond, numa casa antes da do seu Elias Oka.

João Guerra, casado com dona Maria Clinaura, pai, dentre outros, do conhecido Carlos Pechincha, este residente em Brasília, que anualmente está presente ao carnaval da nossa cidade. Seu João Guerra morou até a sua morte numa casa situada à rua José Coriolano, onde continua residindo a sua esposa dona Maria Clinaura, gozando de perfeita saúde, até o dia em que redigimos esse quadro em 23 / 01 / 2008.

Zé Caboré e João Guerra, unidos, cuidavam com esmero e dedicação da nossa usina que fornecia luz a cidade e era de propriedade do município. Amavam, aquela usina e aquela velha máquina e, dentro de seus limites técnicos, tudo faziam para mantê-la limpa e em impecável funcionamento. Quantas horas extras, sem remuneração. Zé Caboré fez em noites seguidas. Cidadão consciente, estando sempre pronto a atender os diversos seguimentos da sociedade, oferecendo, em qualquer instante, o melhor da sua indispensável dedicação. Fora do seu trabalho, nos limitados momentos de folga, ele, dono de um automóvel dos anos 20 / 30, o transformou numa camioneta com carroceria de madeira e fazia uma linha Floriano / Jerumenha, transportando passageiros e cargas entre as duas cidades.

Além disso tudo, ele mantinha, ligada a sua casa, uma oficina de ferreiro, onde trabalhava o conhecido Aluísio Ferreira, pai do competente encanador Vitorino e em cuja oficina era mantida uma fundição de peças metálicas e que também tinha a capacidade do Zé Caboré.

Aluísio Ferreira, cria do nosso focalizado, dedicado operário de sua arte, era líder operário e fazia parte dos quadros de sócios da União Artística Operária Florianense, onde fez parte, em inúmeras oportunidades, de sua administração.

João Guerra, já com o corpo curvado pelos anos, carregava, lentamente, em seus ombros, horas após horas, por todos os recantos da cidade, a incômoda escada, uma constante companheira, para manter em situação de bom funcionamento, a rede de iluminação pública, sustentada por postes de madeira, de preferência aroeira.

Atencioso e educado, como era o povo daquela época distante, era, nas horas vagas, o único eletricista para os reparos das instalações particulares. Somente muito tempo depois, João Guerra conseguiu um auxiliar de nome Lourival, criado por dona Cisa, proprietária de uma pensão na praça coronel Borges, próxima à casa do seu Milad Kalume e que também fabricava uns saborosos pães sovados, bastante procurados. Lourival, como João Guerra, era alegre ( bom carnavalesco ), educado e atencioso.

Naquele tempo, embora a demanda ainda fosse pequena, pelo tamanho da cidade, trabalho era intenso, levando-se em conta o número de pessoas para o serviço.

Zé Caboré e João Guerra, pelos seus desempenhos da profissão de técnicos e eletricista, foram esquecidos, por muitas vezes receberam deles atendimento atencioso e não deram os seus nomes a uma rua ou mesmo a uma viela, mas tem nomes em logradouros da nossa cidade que não se sabe quem foram e nem de onde vieram.

COMENTÁRIOS

Rafael da Fonseca Rocha nasceu em Floriano, filho da dona Lolosa, irmão de Pedro da Fonseca Rocha e fona Dionéia Fonseca Leal. Quando solteiro, morava na praça doutor Sebastião Martins na casa da esquina drfronte à do seu Mundico Castro ( doutor Filadelfo ), funcionário do Banco do Brasil, membro da Loja Maçônica Igualdade Florianense e gostava de jogar futebol. Mudou-se para Brasília e visitava sua terra anualmente.

5/28/2009

O MEU PIAUI



Texto - Rosane Pavam ( Estraído da Carta Capital )



Minha mãe nasceu no Piauí, o que, suspeito, tornou-me rara. Conheci o Piauí de perto. Ninguém na maior parte do Brasil parece saber o que o Piauí é. Mas, na minha infância, ele não tinha mistérios. Era apenas indescritível. Um céu com mais estrelas.


Os colunistas de blog da atualidade, os atores, os filósofos do saber, acham interessante dizer que, com essa enchente terrível, responsável por deixar dez mil desabrigados no estado, o País todo fica com a cara do Piauí. Como se ao Piauí equivalesse a máxima miséria brasileira e como se, ao evocar seu nome no título de uma revista cultural, a ironia pelo contraste estivesse perfeita.


Observo que muitos males ainda pendem do imaginário dos pensadores locais. Antes o Brasil se parecesse com o Piauí. Dizer Piauí é dizer uma utopia que o País não alcança. São pobres lá, antes e agora, como foram e ainda serão os brasileiros em todos os recantos das cidades ricas. Mas são também ricos no Piauí, como poucos suspeitam. As escolas, a arqueologia, a poesia, um cotidiano de profundas marcas.


Outro dia, em uma festa a que compareci, alguém se aventurou ao curioso raciocínio: "Se não conheço ninguém que tenha vindo do Piauí, o Piauí não existe. Não conheço ninguém que tenha vindo do Piauí." Não sei o porquê da sem-cerimônia com relação ao estado de triste sina. Se não conheço ninguém que tenha vindo do Rio Grande do Sul, por acaso ele teria deixado de existir?


Lembrei-me, ao presenciar o exercício dessa complexidade lógico-linguística, que "lugar nenhum" é o significado para utopia. Thomas Morus utilizou a palavra no título de um livro clássico do século XVI. Era um relato ficcional irônico, provando a impossibilidade da vida perfeita. Com o passar dos anos, Morus preferiu que esquecessem o que escrevera e se dedicou, como padre, a condenar os pensadores viajantes.


O Piauí é utópico. E os ironistas sem linha se servem dessa utopia. Minhas férias de verão aconteciam em Floriano, no sul do estado. Férias de quase três meses. O verão que eu passava por lá era inverno para os piauienses, porque chovia. Na cidade piauiense, a terceira do estado, ardente apesar de seu estado invernal de dezembro a março, as lavadeiras tiravam a blusa a céu aberto e passavam sabão nos seios sem se importar com quem as observava. O rio Parnaíba onde lavavam quilos de roupa de encomenda era marrom como o barro. O rio afogava os desavisados, eventualmente paulistanos que integravam o Projeto Rondon. Os cavalos, vez por outra, deslizavam mortos pela forte correnteza e eu assistia a sua última viagem. O sol se punha sobre Floriano, e eu o observava da margem oposta, na Barão de Grajaú maranhense.


A avenida mais bonita dessa cidade dava para o cais, onde se atracava um restaurante flutuante. Era uma avenida não como se entende uma grande via de asfalto urbana. A avenida do cais vinha calçada de pedras. A via séria, principal, era a Getúlio Vargas, que seguia contínua até a igreja dapraça. De noite, a gente jovem andava por ela em círculos.


Sentados na praça, ficavam os meninos a observar os cabelos novos das moças, tirados da novela da Globo, que passavam no estado com atraso de meses. Em pé, alguns loucos, como o juiz que falava "gudnaite!" em respeitado inglês, faziam-se ouvir por trás do terno azul, do chapéu e da bengala. Havia a jovem negra continuamente grávida, alegadamente louca, de chupeta na boca, de nome Ciça. O vigário corria atrás dos casais improvisados atrás da matriz. As missas do padre Pedro eram gloriosas, porque educavam os fiéis. Irmão que casa com irmã, dizia padre Pedro, tem filho sem cabeça nem pé.


Nos anos 70, não havia esgoto na cidade cujo nome homenageava o terrível marechal republicano. As vacas e as cabras andavam soltas na rua e o solmo ía os olhos dos pedestres. Era uma festa quando chovia, porque a água banhava as crianças, que levavam sabão e toalha para a calçada. As casas amplas tinham terreno para galinhas, viveiros de pássaros, goiabeiras e umbuzais. Como não havia encanamento em todas as casas, o banho friou sualmente partia dos baldes retirados de poços. Matava-se a sede com a água de um pote de barro, colhida por meio de concha grande de alumínio. As comadres se sentavam à noite em cadeiras plásticas coloridas trançadas, diante de suas casas. Conversavam porque a televisão encerrava expediente às nove. Enquanto elas atualizavam histórias dos vizinhos e dos fantasmas, nós, as crianças, andávamos de bicicleta até a igreja e o cais, sem medo de bicho papão. Mas nos escondíamos dos adultos quando ocupávamos a garupadas lambretas.


O Carnaval de rua de Floriano era lindo, remetendo a um século anterior. Havia blocos em que nos encaixávamos, aprontando a roupa igualzinha, pelas mãos de habilíssimas costureiras pobres. Os blocos saíam arrumados e os moleques sem dinheiro investiam contra eles com suas bisnagas cheias de xixi e uma porção de tinta. A apoteose ocorria quando todos os blocos se encontravam na tal avenida do cais, dançando ao som de exímios músicos andarilhos, de manhãzinha. Em casa, esperavam-nos o cuscuz de milho com manteiga ou o caldo de mocotó. As mães e tias dormiam.

Há tanto sobre o Piauí entre aquelas coisas recortadas de minha memória que renderia muitas pequenas colunas. Não me cansaria de falar da sabedoria daquela gente em meio à miséria, cercada da imensa luz da noite. No chão de terra batida das casas, naturalmente, os homens se submetiam aos coronéis. Na Piauí dos anos 70, havia duas classes apenas. Os pobres, que sorriam. E os ricos, cuja fortuna, citando Charles Chaplin, nascera deum crime social. Para sobreviver à pobreza, era preciso agregar-se aos ricos.


A miséria no Brasil pode se equivaler àquela piauiense, mas não é a mesma. Quando se vive na favela paulistana ou fluminense a lua não é mais brancado que aquela.

5/26/2009

NOTA DE PESAR


Faleceu, no último dia 24, em Teresina, onde passava por tratamento de saúde, lutando contra um câncer, o funcionário público aposentado, senhor Raimundo Marreiros C. e Silva ( foto ).

Morador da rua do Amarante, seu Marreiros, por muitos anos trabalhou no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) em Floriano e na antiga loja Casa Inglesa.

Desde o comunicado de sua morte por meio dos familiares e dos meios de comunicação locais, muitos amigos dos seus familiares foram prestar suas últimas condolências.

Além de outros filhos, o seu Marreiros era pai da psicóloga Adelina Glória Marreiros.

Fonte: www.piauinoticias.com

TEODORO SOBRAL LANÇARÁ NOVO LIVRO


O nosso amigo e empresário florianense, Teodoso Sobral, depois do grande sucesso de seu primeiro livro FLORIANO DE HOJE E DE ONTEM, lançará até o final do ano o seu próximo trabalho.

Trata-se da história da agência do Banco do Brasil de Floriano, onde conta e relata toda a sua trajetória no contexto do desenvolvimento da cidade que a instituição proporcionou para Floriano.

Teodoro Sobral pretende, ainda, no lançamento de seu novo livro, reunir o máximo de ex- funcionários do banco, para prestigiar esse grande acontecimento.

Acreditamos que essa nova empreitada de Teodoro abrirá portas e será fonte de pesquisas para outras intituições, estudantes e o povo de um modo geral.

5/25/2009

RETRATOS


Outro retrato dos tempos românticos de Floriano, apanhando a estátua do doutor Sebastião Martins e, ao fundo, o pomposo edifício da Farmácia Rocha.

Já não havia mais o coreto, que deu lugar a estátua ( foto ) de Sebastião Martins, as mudanças já estavam acontecendo.

Com o passar do tempo, a praça foi sendo alterada: os bambuais foram capinados, os arvoredos desaparecendo e a paisagem ganhando novos pontos diferentes.

Atualmente, aguardamos a conclusão dessa nova etapa, dessa nova reforma com a chegada da nova sertã. Vamos saber aprender a gostar desses novos tempos e correr atrás do prejuízo.

Foto: Marcelo Guimarães

Semana da Consciência Negra

  A Semana da Consciência Negra Kizomba promete emocionar e inspirar Floriano nesta terça-feira, 19 de novembro, com uma programação rica em...