O ÁRABE DO PIAUÍ E A CIGANA DA BAHIA
Por - Salomão Cury-Rad Oka
Certa vez veio a Floriano um grande circo de lona vindo diretamente da Bahia. Achava-se numa turnê que passava por cidades de maior porte, onde circulava dinheiro. Em terras de São Pedro, estabeleceu-se na praça do mercado central (atual Praça Coronel Borges). O circo era completo: tinha desde palhaços até trapezistas voadores que não usavam rede. Havia, ainda, mágicos, domadores de feras e até globo da morte. (uma grade novidade nos anos 60).
Uma das atrações mais populares do circo era, todavia, uma cigana que se dizia capaz das mais poderosas proezas esotéricas. Um anãozinho anunciava aos berros, com uma possante voz de locutor:
― Venha conhecer os prodígios da cigana Morgana Esmeralda, que veio diretamente das Índias Orientais. Por sua “pequena” contribuição, ela quebra feitiços, olho-gordo, quebrante e mal-olhado. Ela traz a pessoa amada em menos de dois dias. Ela lê nas suas mãos o seu destino amoroso e financeiro…
A cigana possuía uma pequena tenda, onde lia a sorte e os reveses de seus clientes por meio de baralhos, búzios, bola de cristal ou quiromancia. Dependia muito do gosto (e das posses) do freguês.
Quando o transeunte não caía na lábia do anão, a cigana Morgana Esmeralda o abordava pessoalmente.
Assim ela fez quando um jovem carcamano muito bem apessoado atravessava a praça do mercado. Chamava-se Fozy Atem, e pertencia a uma tradicional família árabe de Khabab estabelecida há muitos anos em Floriano.
Como era um rapaz de astuciosa inteligência, não podia deixar de ser cético para esses assuntos místicos. Duvidou na hora da idoneidade da “Cigana das Índias Orientais” e ia passando direto, resmungando para si mesmo que existia muita gente trouxa no mundo, quando a vidente o abordou falando teatralmente num sotaque um tanto forçado, que misturava um pouco de portunhol, com baianês e uma leve sonoridade hindu:
― Ó, jovem bonito! Deixa cigana Morgana Esmeralda ler sua mão?
Fozy exclamou olhando para a palma da mão:
― Não tem nada escrito nela não! Muito obrigado!
O árabe já ia continuar, mas ela fez uma segunda tentativa:
― Então deixa cigana Morgana Esmeralda fechar o seu corpo…
Fozy perdeu a paciência e disse em tom de chacota:
― Se você fechar o meu corpo, como é que eu vou cagar?
A cigana empalideceu. Respirou fundo, recuperou a calma e insistiu:
― Ó, jovem bonito! Cigana Morgana Esmeralda ser capaz de ver que você “non” crê nos poderes “márricos” de “nosotros”!
Fozy respondeu que não e pediu licença para poder continuar seu trajeto. Mas a cigana era insistente mesmo:
― Cigana Morgana Esmeralda ser capaz de ver tudo! “Siento que hai uma piedra en su camino”! Por “pequeña” quantia, cigana Morgana Esmeralda tira ela de seu destino!
O educado Fozy Atem perdeu a paciência de vez e explodiu:
― É verdade! Tem uma pedra no meu caminho! E essa pedra é você! Agora sai do meio, cigana fajuta!
A cigana pegou ar. Fazendo gestos cabalísticos com as mãos, praguejou no mais legítimo sotaque da Bahia:
― Ôxe que hômi amarrado! O diabo te receba no inferno, carcamano miserável! Vai ser sovina assim lá na Turquia, árabe “fela da gaita”!
Fozy devolveu sem perder o rebolado:
― Pelo menos eu sou árabe legítimo! Pior é você, que é uma cigana charlatona da Bahia!
2/03/2009
RETRATOS
Essa foi a Primeira Igreja de Floriano, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição construída em 1890. Era localizada na atual Praça doutor Sebastião Martins. Foi demolida em 1930. Lamentavelmente foi perdido esse bem patrimonial e histórico.
Essa transição sócio política tem causado muitos danos para a Princesa do Sul e sua decadência deve-se a uma falta de vontade de botar a cidade para a frente. A preocupação política o tempo todo fere diretamente o brio daqueles que querem evoluir.
Mas ainda há tempo de salvarmos, se a omissão que impera dentro de Floriano saia do nosso caminho. É preciso enfrentamos os novos tempos com muita vontade, lealdade e compromisso, unindo todos os poderes.
Aí, então, a vaidade ficará para segundo plano. “ Mateus, primeiro os meus; depois, os teus...”
Fonte:
2/01/2009
CASARÃO
Essa é a bela residência da família Almeida, localizada na rua São João ( rua que, lamentavelmente, hoje, está asfaltada ).
Esse foi um dos ( se não, o primeiro ) casarões a serem construídos nesse logradouro, mais provavelmente nos anos cinquenta.
As nossas autoridades, junto com outros seguimentos, precisamos construir novas estratégias para preservar e revitalizar o nosso patrimônio arquitetônico.
Antes que cheguem novas empresas para essas nossas regiões e, sem nenhuma dó, venham derrubar essas casas para construírem seus prédios tipo caixa de sapato.
1/31/2009
MUDANÇAS
Depois da instalação da nossa Diocese, algumas mudanças serão implementadas pela corte da nossa paróquia.
Como se trata de uma catedral, já articula-se a elaboração de um projeto de reforma para essa casa religiosa, inclusive de uma capela.
Alguns seguimentos locais argumentam-se de que essas mudanças podem tirar traços de nosso patrimônio arquitetônico.
Como as alterações, realmente, terão que vir à tona, seria de suma importância que se discutisse junto com a comunidade esse projeto, para uma melhor integração social.
Como se trata de uma catedral, já articula-se a elaboração de um projeto de reforma para essa casa religiosa, inclusive de uma capela.
Alguns seguimentos locais argumentam-se de que essas mudanças podem tirar traços de nosso patrimônio arquitetônico.
Como as alterações, realmente, terão que vir à tona, seria de suma importância que se discutisse junto com a comunidade esse projeto, para uma melhor integração social.
1/29/2009
DO FUNDO DO BAÚ
Do fundo do baú ( mesmo! ), localizamos esta preciosidade, essa foto dos arquivos da nossa amiga Adelia Attem, que tem dado uma grande contribuição no resgate de nossa história fotográfica.
Quem se propuser a identificar as beldades aí ao lado, certamente tem uma boa memória. Acreditamos que seja da antiga Escola Normal; ou seria do Ginásio Santa Teresina; ou Primeiro de Maio?
De qualquer forma, fica aí o registro dos tempos românticos de Floriano, que os anos não trazem mais.
Quem se propuser a identificar as beldades aí ao lado, certamente tem uma boa memória. Acreditamos que seja da antiga Escola Normal; ou seria do Ginásio Santa Teresina; ou Primeiro de Maio?
De qualquer forma, fica aí o registro dos tempos românticos de Floriano, que os anos não trazem mais.
1/28/2009
O CABEÇA DA FAMILIA LOBO
Por - Salomão Cury-Rad Oka
Havia, dentre os carcamanos de Floriano, uma personagem especial chamada Calixto Lobo. Era filho de uma das poucas cidades católicas na Síria, chamada de Khabab, que se situa na região de Houran, província de Dara, também transliterada como Ezraa por alguns geógrafos. Aliás, a grande maioria dos árabes de Floriano veio de Khabab, que fica a 60 Km ao sul de Damasco. Outros tantos vieram de outra cidade católica síria, chamada Maalula (uma das últimas cidades onde se fala o aramaico, que é o idioma que Jesus falava).
O nobre Calixto resolveu abraçar a pátria brasileira ainda cedo, sendo forçado a deixar em terras Sírias a esposa Carmen e a filha Afifa, a fim de procurar lugar seguro para a família longe das cruéis e violentas investidas do exército turco otomano na 1ª Guerra Mundial.
Chegando ao Brasil, Calixto Lobo estabeleceu-se como comerciante em sociedade com o patrício Salomão Mazuad. A loja prosperou, pois os sócios trabalhavam dia e noite, enquanto houvesse luz da usina de Maria Bonita ou de lampiões, para possibilitar o rasgar de tecidos. Não havia roupas prontas a venda no comércio. Os alfaiates e costureiras ansiavam por cortes de tecidos finos, para embelezar as damas da sociedade e vestir os varões fazendeiros e empresários com uma elegância toda programada pela fita métrica. Os tecidos mais simples tinham pouco valor, mas muita saída. Os matutos costumavam vir à cidade para comprar a peça inteira para vestir a filharada de uma só vez. Por outro lado, os tecidos importados eram caros, e só eram vendidos para clientes especiais. Houve muitas vezes em que se trocou um corte de calça desses tecidos por um ou dois bois da raça pé duro.
Assim, enriquecido e estabilizado, Calixto Lobo voltou à Síria para buscar a esposa e a filha, cerca de dez anos depois, salvando-as da insegurança que pairava na Síria de então, e trazendo-as para o sossego e paz das terras brasileiras.
O casal Calixto e Carmen teve 8 filhos que chegaram a idade adulta. O quarto filho se chamava Lafy.
Como era muito bonito e galanteador, não faltavam moças apaixonadas pelo belo Lafy. Especialmente quando ela punha seus olhos vívidos e de um profundo azul celeste sobre elas. Estudou arduamente, pois almejava a medicina ao invés do balcão no comércio paterno. Para incentivá-lo, D. Carmen, sua mãe, prometeu-lhe um carro se ele passasse no vestibular.
Acontece que Lafy, portador de uma mente brilhante, passou para Medicina no Rio de Janeiro, na Universidade do Brasil (atual UFRJ) e não tardou em cobrar a promessa. Oras, qual adolescente não cobraria? Especialmente em se tratando de um rapaz bonito, saudável e namorador. Foi falar com os pais. Explicou da dificuldade de um piauiense, filho de carcamanos, em passar no vestibular mais concorrido do Brasil de então. Ainda mais na primeira metade do século XX. Por isso, julgava ser merecedor de um carro, conforme lhe fora prometido por sua mãe. Mas o senhor Calixto era contra. Dar um carro para um estudante, a fim de fazer com que ele cumprisse nada mais que sua obrigação, seria um suborno descarado. Ainda mais para um sírio íntegro como ele. Exclamava irritado:
― Já “bensou”, Carmen? Lafy, de carro, no Rio de Janeiro, não vai estudar! Vai é namorar! Já é namorador a pés, imagine arrotando grandeza de carro! Não tem nem possibilidade! Que acinte!
O jovem Lafy ficou desconsolado! Esbravejou até que não iria mais estudar (logicamente apenas para desafiar o pai a cumprir-lhe o prometido).
Diante do impasse do marido em não pagar pelo carro apalavrado e como era uma síria, que, como a sertaneja brasileira, “não falhava no trato”, D. Carmen botou as economias para fora e comprou para o filho universitário um plymouth cupê zerinho estalando.
O rapaz não se continha de alegria. Seus brilhantes olhos azuis faiscaram mais ainda ao verem a pintura negra perolizada do carro importado. Mas ainda estava triste com a desaprovação paterna. Quando sua mãe percebeu esse desânimo, explicou a ela que o apoio do pai na compra de um presente tão desejado era-lhe muito importante, pois, afinal de contas, o pai era o cabeça da família.
Ao ouvir estas palavras tristes do filho, dona Carmen soltou:
― Liga não, “iá habibi”. Calixto “ser” cabeça “do” família, mas eu “ser” pescoço. Eu “estar” embaixo “de” cabeça, mas posso virar ela “bra” onde eu quero! Amanhã eu amanso ele. Agora aproveita teu carro e vai dar uma volta, meu doutor!
Havia, dentre os carcamanos de Floriano, uma personagem especial chamada Calixto Lobo. Era filho de uma das poucas cidades católicas na Síria, chamada de Khabab, que se situa na região de Houran, província de Dara, também transliterada como Ezraa por alguns geógrafos. Aliás, a grande maioria dos árabes de Floriano veio de Khabab, que fica a 60 Km ao sul de Damasco. Outros tantos vieram de outra cidade católica síria, chamada Maalula (uma das últimas cidades onde se fala o aramaico, que é o idioma que Jesus falava).
O nobre Calixto resolveu abraçar a pátria brasileira ainda cedo, sendo forçado a deixar em terras Sírias a esposa Carmen e a filha Afifa, a fim de procurar lugar seguro para a família longe das cruéis e violentas investidas do exército turco otomano na 1ª Guerra Mundial.
Chegando ao Brasil, Calixto Lobo estabeleceu-se como comerciante em sociedade com o patrício Salomão Mazuad. A loja prosperou, pois os sócios trabalhavam dia e noite, enquanto houvesse luz da usina de Maria Bonita ou de lampiões, para possibilitar o rasgar de tecidos. Não havia roupas prontas a venda no comércio. Os alfaiates e costureiras ansiavam por cortes de tecidos finos, para embelezar as damas da sociedade e vestir os varões fazendeiros e empresários com uma elegância toda programada pela fita métrica. Os tecidos mais simples tinham pouco valor, mas muita saída. Os matutos costumavam vir à cidade para comprar a peça inteira para vestir a filharada de uma só vez. Por outro lado, os tecidos importados eram caros, e só eram vendidos para clientes especiais. Houve muitas vezes em que se trocou um corte de calça desses tecidos por um ou dois bois da raça pé duro.
Assim, enriquecido e estabilizado, Calixto Lobo voltou à Síria para buscar a esposa e a filha, cerca de dez anos depois, salvando-as da insegurança que pairava na Síria de então, e trazendo-as para o sossego e paz das terras brasileiras.
O casal Calixto e Carmen teve 8 filhos que chegaram a idade adulta. O quarto filho se chamava Lafy.
Como era muito bonito e galanteador, não faltavam moças apaixonadas pelo belo Lafy. Especialmente quando ela punha seus olhos vívidos e de um profundo azul celeste sobre elas. Estudou arduamente, pois almejava a medicina ao invés do balcão no comércio paterno. Para incentivá-lo, D. Carmen, sua mãe, prometeu-lhe um carro se ele passasse no vestibular.
Acontece que Lafy, portador de uma mente brilhante, passou para Medicina no Rio de Janeiro, na Universidade do Brasil (atual UFRJ) e não tardou em cobrar a promessa. Oras, qual adolescente não cobraria? Especialmente em se tratando de um rapaz bonito, saudável e namorador. Foi falar com os pais. Explicou da dificuldade de um piauiense, filho de carcamanos, em passar no vestibular mais concorrido do Brasil de então. Ainda mais na primeira metade do século XX. Por isso, julgava ser merecedor de um carro, conforme lhe fora prometido por sua mãe. Mas o senhor Calixto era contra. Dar um carro para um estudante, a fim de fazer com que ele cumprisse nada mais que sua obrigação, seria um suborno descarado. Ainda mais para um sírio íntegro como ele. Exclamava irritado:
― Já “bensou”, Carmen? Lafy, de carro, no Rio de Janeiro, não vai estudar! Vai é namorar! Já é namorador a pés, imagine arrotando grandeza de carro! Não tem nem possibilidade! Que acinte!
O jovem Lafy ficou desconsolado! Esbravejou até que não iria mais estudar (logicamente apenas para desafiar o pai a cumprir-lhe o prometido).
Diante do impasse do marido em não pagar pelo carro apalavrado e como era uma síria, que, como a sertaneja brasileira, “não falhava no trato”, D. Carmen botou as economias para fora e comprou para o filho universitário um plymouth cupê zerinho estalando.
O rapaz não se continha de alegria. Seus brilhantes olhos azuis faiscaram mais ainda ao verem a pintura negra perolizada do carro importado. Mas ainda estava triste com a desaprovação paterna. Quando sua mãe percebeu esse desânimo, explicou a ela que o apoio do pai na compra de um presente tão desejado era-lhe muito importante, pois, afinal de contas, o pai era o cabeça da família.
Ao ouvir estas palavras tristes do filho, dona Carmen soltou:
― Liga não, “iá habibi”. Calixto “ser” cabeça “do” família, mas eu “ser” pescoço. Eu “estar” embaixo “de” cabeça, mas posso virar ela “bra” onde eu quero! Amanhã eu amanso ele. Agora aproveita teu carro e vai dar uma volta, meu doutor!
1/27/2009
CAMINHADA DA PAZ
Floriano está sendo conhecida como a 7ª cidade do estado do Piauí mais violenta; entretanto, temos que tomar alguma iniciativas para mudar essa realidade, não podemos deixar que a nossa querida Princesinha do Sul ganhe títulos como esse.
Ao lado, aqui postamos a foto da Primeira Caminhada das Famílias em busca da paz. Temos que nos conscientizarmos, que podemos fazer a paz reinar em nossa cidade, bastar querer, não sermos omissos.
Dia 25 último, mais de 5.000 pessoas de bem participaram dessa caminhada pela paz, mas que vai ficar no contexto da história e no calendário da cidade.
Fonte: Sargento Hélio
Ao lado, aqui postamos a foto da Primeira Caminhada das Famílias em busca da paz. Temos que nos conscientizarmos, que podemos fazer a paz reinar em nossa cidade, bastar querer, não sermos omissos.
Dia 25 último, mais de 5.000 pessoas de bem participaram dessa caminhada pela paz, mas que vai ficar no contexto da história e no calendário da cidade.
Fonte: Sargento Hélio
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