Fonte: O passado manda lembranças/Deoclécio Dantas
Luís Carlos Prestes, quando de sua última visita ao Piauí, fez revelação que desmentiu o jornal da Coluna Prestes
Em janeiro de 1970, mês do padroeiro da cidade, visitei Uruçuí, 460 quilômetros ao sul de Teresina. Repeti a visita no ano seguinte, quando conversei por várias horas com o prefeito Ribamar Coelho, ali nascido em 1929.
Coelho cresceu ouvindo relatos sobre a passagem da Coluna Prestes por sua cidade, quando a população, apavorada, fugiu da zona urbana, enquanto os liderados de Prestes saqueavam os poucos estabelecimentos que vendiam gêneros alimentícios.
Dele não ouvi uma única palavra sobre confronto sangrento entre os soldados enviados pelo governador Matias Olímpio e os homens da Coluna, mas eram abundantes as informações dando conta de que os militares do Piauí, tão apavorados quanto a população, desceram o Rio Parnaíba usando precárias embarcações feitas com talo de buriti.
Em 1995, no seu livro “As Noites das Grandes Fogueiras”, o jornalista Domingos Meireles revela que, na sexta-feira, 6 de novembro de 1925, “As forças comandas por Prestes e Siqueira Campos avançam, pela outra margem do Rio Parnaíba, do lado do Piauí, para alcançarem Uruçuí, um os portos fluviais mais importantes da região”.
Ainda de acordo com o livro de Meireles, “O tenente do Exército Jacob Manuel Gaisoso e Almendra, chefe de Polícia de Teresina, comanda pessoalmente um grupo de 40 soldados da PM do Piauí, com a missão de barrar o avanço das tropas rebeldes na cidade de Benedito Leite. A retaguarda legalista, com 1.500 homens do Exército, está entrincheirada do outro lado do rio, em Uruçuí. O tiro de parabélum de um dos homens do destacamento de Djalma Dutra soa como disparo de um canhão.
Os rebeldes usam uma munição especial que faz muito barulho, por eles apelidada de “inquietação”. O pânico envolve tanto a tropa de Benedito Leite como a de Uruçuí, que fogem, enlouquecidas, abandonando armas e equipamentos”.
O livro também ressalta que “Os soldados estão assombrados com história de uma preta velha feiticeira que dança nua entre as metralhadoras dos revolucionários. A lenda espalha-se rapidamente pelo Vale do Parnaíba e chega à capital do Piauí”.
Passados 90 anos desse jocoso episódio, leio uma cópia do jornal “O Libertador”, editado pela Coluna Prestes, em gráfica de Floriano, no dia 25 de dezembro de 1925.
Na primeira página desse jornal, que pertence ao historiador Cristóvão Augusto S. de Araújo Costa, editor da Coleção Florianeses, aparece editorial do qual destaco o seguinte trecho: “À uma de oito, o inimigo começou a recuar, procurando embarcar em navios que se achavam um pouco abaixo da Vila de Uruçuí, e quando amanheceu, fugia desabaladamente, muitos em canoas e balsas de talo de buritizeiros e outros por terra, abandonando armas, munições, barracos e tudo quanto pudessem estorvar-lhes a formidável fuga, bem como numerosos feridos e PARA MAIS DE DUZENTOS MORTOS”.
Nada mais falso. O próprio Luís Carlos Prestes, quando de sua última visita ao Piauí, fez revelação assim descrita pelos editores de fascículo publicado pelo jornal O Dia, quando do transcurso dos 160 anos de Teresina: “Já idoso, esteve em Teresina, a convite de estudantes universitários. Palestrou e riu muito, relembrando dos soldados de Gaioso que teriam corrido com medo dele em Uruçuí”.
No mesmo fascículo, manchete de capa ironiza o Piauí no episódio de 1925: “Governo, polícia, população civil: todos se pelam de medo. Também o bispo?”
Nenhuma linha sobre a “sangrenta batalha” descrita pelo editorial do jornal da Coluna Preste, em sua edição de 25 de dezembro de 1925.
Aliás, o único fato de repercussão quando da passagem daquele grupo pelo Piauí, foi a prisão, efetuada pelo major Antônio Costa Araújo, do capitão Juarez Távora, um dos mais influentes homens da Coluna liderada pelo ”Cavaleiro da esperança”.
O livro também ressalta que “Os soldados estão assombrados com história de uma preta velha feiticeira que dança nua entre as metralhadoras dos revolucionários. A lenda espalha-se rapidamente pelo Vale do Parnaíba e chega à capital do Piauí”.
Passados 90 anos desse jocoso episódio, leio uma cópia do jornal “O Libertador”, editado pela Coluna Prestes, em gráfica de Floriano, no dia 25 de dezembro de 1925.
Na primeira página desse jornal, que pertence ao historiador Cristóvão Augusto S. de Araújo Costa, editor da Coleção Florianeses, aparece editorial do qual destaco o seguinte trecho: “À uma de oito, o inimigo começou a recuar, procurando embarcar em navios que se achavam um pouco abaixo da Vila de Uruçuí, e quando amanheceu, fugia desabaladamente, muitos em canoas e balsas de talo de buritizeiros e outros por terra, abandonando armas, munições, barracos e tudo quanto pudessem estorvar-lhes a formidável fuga, bem como numerosos feridos e PARA MAIS DE DUZENTOS MORTOS”.
Nada mais falso. O próprio Luís Carlos Prestes, quando de sua última visita ao Piauí, fez revelação assim descrita pelos editores de fascículo publicado pelo jornal O Dia, quando do transcurso dos 160 anos de Teresina: “Já idoso, esteve em Teresina, a convite de estudantes universitários. Palestrou e riu muito, relembrando dos soldados de Gaioso que teriam corrido com medo dele em Uruçuí”.
No mesmo fascículo, manchete de capa ironiza o Piauí no episódio de 1925: “Governo, polícia, população civil: todos se pelam de medo. Também o bispo?”
Nenhuma linha sobre a “sangrenta batalha” descrita pelo editorial do jornal da Coluna Preste, em sua edição de 25 de dezembro de 1925.
Aliás, o único fato de repercussão quando da passagem daquele grupo pelo Piauí, foi a prisão, efetuada pelo major Antônio Costa Araújo, do capitão Juarez Távora, um dos mais influentes homens da Coluna liderada pelo ”Cavaleiro da esperança”.
Foto: Acervo pessoal Cristóvão Augusto S. de Araújo Costa) - Jornal “O Libertador”, editado pela Coluna Prestes, em gráfica de Floriano, no dia 25 de dezembro de 1925