9/29/2006

CLEBER RAMOS (IN MEMORIAN)


Ainda preservamos a vontade irreprimível de desafiar o desconhecido. Aplicamos isto ao nosso GRANDE amigo Cleber, que não morreu, mas sim, reconheceu os ângulos e partiu para o universo paralelo, ficando por aqui a essência, a amizade, o carisma de bom amigo, excelente chefe de família. E porque não?

O melhor jogador de futebol que conhecemos. Na adolescência, lembro-me de situações engraçadas, como o dia em que eu, Cleber, Carlos e Quinto fomos pescar no rio parnaíba. Como local da pesca nos instalamos ao lado de um barco atracado no cais de Floriano, servindo a uma missão evangélica americana.
Começamos a pescar, brincar, pular e quando a algazarra estava boa, o chefe da embarcação não gostou, fazendo gestos, gritando, nos expulsando do local. Cleber não se intimidou, falou que o local era público, estávamos corretos, nossa brincadeira não prejudicava coisa alguma e não sairíamos.

O americano ficou mais exaltado, determinando que nos afastássemos definitivamente. Cleber correu, avisando que ia chamar seu pai. Momentos depois, chega o senhor Valter Ramos, com um revolver na cintura, esbravejando: "onde está o gringo que molestou meus filhos? Aparece!!"

O louco do americano apareceu no alto do barco, se desculpando:

- Senhor, eu só estar mandando!

- Gringo nojento, aqui você não manda em nada!!

E, apontando a arma, mandou ver:

- Tira logo o barco deste local porque, agora, eu e meus filhos vamos pescar aqui. Some, desgruda, senão!...
Pois não é que o sujeito obedeceu! Ficamos pescando à vantade, até o anoitecer, quando o por do sol do velho monge delineava o horizonte.

No dia seguinte, estávamos saboreando os peixes na residência de seu Valter, preparados com o tempero de Dona Mirosa. O barco do americano, por algum tempo, ficou ancorado no lado do Barão de Grajaú.
Na foto acima, Cléber com Zeca Futuca num desses carnavais de Floriano.
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Colaboração Arruda.Bernardo@ig.com.br

PELADA SANGRENTA


Estávamos, realmente, animados para a pelada daquele sábado no famoso campinho de seu Lourenção no cruzamento das ruas João Chico com a São João.

O areião era famoso, muitos times iam jogar ali. A rivalidade era grande durante o período romântico dos anos setenta.

Desta feita, disputavam a partida o time dos gladiadores contra os Invencíveis. Nelson Júnior (Juninho) apitava corajosamente aquele encontro de grande rivalidade dos piolhos de bola.

Os gladiadores jogavam com Zé Guará no gol, Judesmar, Juca, Pateta, Alvinho, Vevé, Zeca, Mancada e Pimenta no ataque. Já os invencíveis desfilavam com Ivan na meta, Chico Lista, Kebinha (dono do time), Gungadim, Miranda, Chicão do Cruzeiro, Deda e Mané João.

Tratava-se de um jogo acirrado, difícil, todo mundo atento e munido para o ataque e defesa, de forma que a partida estava praticamente empatada, quando nos minutos finais o centroavante Zeca dos gladiadores apanha um cruzamento de Fernando da direita, a pelota empinando no areião, mas quando o atacante vai definir o lance, chuta sem perceber um toco de pau enterrado. O grito de dor do piolho de bola foi uma loucura. O seu pé direito, na altura do dedão, pega um corte violento e o sangue começa a jorrar. Um Deus nos acuda.

- Leva logo pro hospital! - Disseram.

Como tínhamos medo de pegar ponto no hospital, Zeca foi logo disparando o bocão de medo:

- Nada de hospital! Me leva prá casa, mesmo, que lá o papai bota verniz prá parar o sangue.

São marcas e cicatrizes que ainda hoje a gente leva com bastante saudade, apesar dos traumas causados, mas que nos ensinavam muito para a o nosso aprendizado e amadurecimento para o nosso futuro.
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Observamos, na foto acima, alguns piolhos da época romântica: Duy Allan, Gilson, Joaquim de Pierre, Eulálio e Roberto em pé. Abaixo, Marinho, Darlan (in memorian), Brandão (hoje, morando em Belo Horizonte), Luiz Banana, Adalto e Erivaldo (funcionário dos correios em Canto do Buriti).

9/28/2006

MEMÓRIA DO FUTEBOL FLORIANENSE - CHICOLÉ



CHICOLÉ - TINHA UMA POTÊNCIA MUITO GRANDE NO SEU CHUTE!

( Na foto ao lado, Chicolé é o ponta esquerda, quando jogava pelo Comércio em 1967 )

Os dois dias do mês de Junho do ano de 1948, na cidade de Floriano à Avenida Eurípides Aguiar, próximo ao Hospital Miguel Couto, o único da época, nascia um garoto robusto, filho de Lourival Xavier Lima (fiscal do BB / in memorian) e de dona Yolanda Primo Lima (doméstica do lar / in memorian), que mais tarde recebeu na pia batismal o nome de FRANCISCO CÉSAR LIMA. Tendo como irmãos - Leda, Valdir, Pompeu, Almerinda, Péricles, Rômulo e Maria do Socorro. É casado com dona Marilena, professora e mãe de três filhos: Robledo, Rebeca, Renata e um casal de netos, Layla e Ayslan.

Chicolé (o estilista) tinha um estilo clássico de jogar, mestre na bola com a perna esquerda. Jogando, parecia que deslizava no gramado em câmara lenta, mas tinha um pique e o chute certeiro e forte, que decidiam muitos jogos em gramados de Floriano e cidades vizinhas, defendendo as cores de Jerumenha, e em Teresina (Flamengo e Botafogo), São Luis do Maranhão (Moto Clube) e Maceió nas Alagoas (CSA). Tinha uma potência muito grande no seu chute. Só perdia para Domício, Tassu e Jamil Zarur.

Em Floriano, jogou em diversos times - Comércio, Ferroviário, Palmeiras, Brasil, Reno e outros, e era disputadíssimo pelos donos dos times em jogos amistosos e pelos donos das bolas nas peladas, onde tinha vaga garantida, não ficava sem jogar.

A sua vibração maior é a Floriano dos anos sessenta, e é ele mesmo quem afirma - “meus melhores anos foram os anos sessenta, tenho boas recordações e sinto saudades das peladas do Campo do Artista, do campinho do Miguel, ali, em frente à casa do Jusmar Leitão e ao lado da casa de Dona Bela; do campinho do senhor João Justino, avô do Júnior (General do Exercito).

Eu, Júnior, Chico Kangury, Miguel, Tadeu de seu Zé Leonias, Geraldo, Chico José, Firmino Pitombeira e muitos outros, arrancamos os matos com as mãos para fazermos os campinhos, depois que recebíamos o sinal verde do proprietário, também limpamos uma área próxima da casa de Joaquim José e de Geraldo Teles, e é neste campinho que vou narrar a primeira resenha para o portal Floriano em dia com a participação de Chico Kangury”.E continuou falando... "foi nesses campinhos que iniciei os primeiros passos com a bola, ao lado de Júnior do senhor Antonio Sobrinho, Miguel de Dona Bela, Celso, Leto, Leitim, Toinho, Zé Amâncio, Raimundinho Almeida, Chico Kangury (meu amigo e companheiro inseparável), Chico José do senhor Chico Amorim, Chiquinho, Nazareno, Vicente Cabeção, Porca Preta de dona Luiza Boleira, Manoel Afonso, Danúnzio, Janjão, Luiz Bogó, José Wellingthon, Jusmar, Tiberinho, Boi Búfalo, Peito de Vaca, Galo Mago e outros piolhos.

Mas foi no Palmeiras e no famoso Ferroviário a minha melhor fase e onde tive grande satisfação e oportunidades de enfrentar e jogar ao lado de grandes craques, como Sadíca, Poncion (era um maestro, na música e no futebol, um toque de bola maravilhoso), Antonio Luiz Bolo Doce (tinha vaga em qualquer time brasileiro), Brarrim, Petrônio, Zeca Futuca (era o nosso Anduiá), Raimundo Bagana, Antonio Guarda, Perereca, Cabeção, Rômulo, Lino, Reginaldo, Valdemir, Valdivino, Pompéia, Bucar Amado Bucar Neto (muito corajoso e arrojado), Osmar, Selvú, Jolimar, Carlos Pechincha, Antonio Afonso, Soleta, Miguel, Nego Trinta e muitos outros, sem esquecer o comandante maior, Rafael Ribeiro Gonçalves".Chicolé não permitiu mais nenhuma pergunta e continuou desabafando - “paralelo ao futebol amador e profissional de Floriano, joguei nos campeonatos regionais, defendendo as cores do selecionado de Jerumenha, sendo artilheiro por diversas vezes, não tenho registro dos gols, mas foram muitos, enfrentei as seleções de Landri-Sales, Bertolinia, Marcus Parente, Uruçuí, Elizeu Martins, Barragem de Boa Esperança (Guadalupe).

Recordo como se fosse hoje, joguei ao lado de Chiquinho, Nazareno, Emanuel Fonseca, Wilhame, Antonio Rocha, Chico José, Antonio Mirton, Manoel Piola, Biô, Raimundo José, Antonio José, Chico Kangury, João Luiz Barriga, Nivaldo, Seu Divaldo, Firmino Pitombeira e muitos outros.

Mestre, não posso deixar de falar que fui do Colégio Estadual e tive a honra de pertencer ao seleto grupo da nossa querida e estimada FANFARRA, assim como participar de jogos de futebol e atletismo, defendendo as cores do nosso colégio em torneios sob o comando do Professor Abdoral e estudar com a orientação e comando do nosso Diretor doutor Braulino “.Forcei a barra e consegui uma pergunta. CHICOLÉ, FALE UM POUCO SOBRE A SUA VIDA PROFISSIONAL. Ele foi logo soltando a emoção - “Em 1966, Kangury veio para Teresina, servir ao Exercito, deixando os seus colegas e amigos ainda na efervescência da Juventude em Floriano, e não voltou mais.

Em 1970, rumou pro Rio de Janeiro e foi para a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e o Júnior foi para Fortaleza e de lá pra Resende no Rio de Janeiro, para a Academia Militar de Agulhas Negras. Eu, em 1969, fui para Teresina e lá ingressei no Curso Técnico de Agrimensura, nesta época morava na Casa do Estudante e defendia as cores do Botafogo de Teresina.

Em 1970/1971 fui Bicampeão Piauiense pelo Flamengo. Em 1972 fui Campeão do Nordestão pelo Tiradentes e ainda no mesmo ano fui transferido para o Moto Clube do Maranhão onde me sagrei Campeão Maranhense. Em 1973 fui fazer uma complementação do meu Curso Técnico em Maceió em Alagoas.

Lá, defendi as cores do CSA e complementei o Curso Técnico em Agrimensura, fiz concurso pro Banco Itaú e abandonei o futebol no mesmo ano. Foi uma decisão forte e difícil, mas concluí que precisava de algo para sobreviver com dignidade e independência, o futebol naquela época já não me assegurava muita coisa, saí na época certa. Fiz concurso para o Banco Itaú e fui aprovado, fiquei trabalhando por lá.Em 1974 fui deslocado para implantar a Agencia do Banco Itaú em Teresina em 1976, fiz concurso para o Banco do Estado do Piauí, exercendo minhas atividades em Floriano, Barras, Oeiras e Teresina, onde fiquei até aposentar-me. Hoje, sou aposentado do BEP".

CHICOLE, VOCÊ PODERIA NARRAR UMA RESENHA PARA OS INTERNAUTAS do Floriano em dia?Pensou e disse: “na verdade, tenho muita coisa pra contar, vou narrar umas duas, sobre os anos sessenta, uma com a participação do Kangury e a outra com o Sr. Zé Leonias, e as outras que forem saindo, ok! ”.

PRIMEIRA RESENHA DE CHICOLÉ

Esta é pra CHICO KANGURY - PÉ EMBOLADO E "SE PEGA"!

Somos amigos desde a infância. Pois bem, havíamos terminado de preparar um campinho que ficava perto de lá de casa, ali na Eurípides de Aguiar, próximo da casa do senhor Geraldo Teles, pai do Zé Geraldo, do Carlos, do Nilson, era um time completo na casa dele na época e ao lado da casa do Joaquim José. Havia muito mato por lá, carrapichos, apesar de termos feito uma limpeza no capricho, mas restaram algumas raízes.

No Jogo de inauguração, eu estava jogando no mesmo time de nego kangury, parece-me que Junior do senhor Antonio Sobrinho era o nosso goleiro (goleiro bom, mais novo do que a gente, arrojado e tinha uma elasticidade fora de série, às vezes ele chorava, a gente dava uma dura nele e ele fechava o angulo), sim, eu jogava de zagueiro central e saí da área com a bola dominada e gritei pro kangury - entra, compadre..., ele saiu feito um foguete, toquei a bola redondinha pra ele fazer o gol, do jeito que chegou na bola, meteu o pé embolado por baixo, que levou bola e um punhado de raízes, chutando pra fora e caindo no chão segurando o pé.

Aproximei-me dele e disse, se você tivesse chutado com calma tinha feito o gol. Ele respondeu: É... Ah. se pega, tinha sido dentro, mestre. O “se pega” ficou na história. E o melhor seria se se tivesse acertado, mesmo, teria sido gol, tamanha a potência do chute. O nosso Denílson, só chutava com o peito do pé".

Aí, o Chicolé não parou, foi mandando brasa e eu apanhando para ouvi-lo e resumir as resenhas. Vejam só, em cada resenha uma história, um testemunho vivo de uma época maravilhosa que foram os anos sessenta.

SEGUNDA RESENHA DE CHICOLÉ.

ESTA É DO SENHOR ZÉ LEONIAS - CHAPÉU "SAVIOUR"!

“Vocês sabem muito bem como fui criado, o meu pai foi muito rígido na criação dos filhos; lá em casa, tinha dia, que quando ele estava zangado, o único amigo que entrava lá e conseguia sair comigo pra jogar era Nego Chico Kangury.

Mamãe gostava muito dele e o seu pai, seu Vicente Kangury era um dos amigos confidencial do meu pai, e o outro era o senhor Antonio Segundo, grande enfermeiro, que ajudava até a operar gente no Hospital. Pois bem, aconteceu de ter um jogo importante em Jerumenha.O papai em casa estava zangado, eu teria que ir escondido e voltar no mesmo dia. O Deoclecinho possuía uma caminhoneta e sempre era o encarregado de ir buscar-me e deixar em Floriano, quando acontecia este impedimento.

Distancia de Jerumenha para Floriano, 10 léguas e meia ( 67 km ). O Jogo naquela época começava às três e meia da tarde, porque era para terminar ainda com a claridade do dia.A estrada era piçarrada e Deoclecinho gostava de pisar no acelerador, que se a gente olhasse pro lado via as arvores curvadas. Saímos de Floriano depois do almoço, só a mamãe sabia disso. Ao terminar o jogo, o Deoclecinho foi apanhar-me no campo e já chegou com o seu Zé Leonias de carona pra Floriano.

Ao sairmos de Jerumenha, uma senhora grávida, com dores de parto, pediu carona também, mas como a caminhoneta era de cabine simples, educadamente desci e dei o meu lugar para a senhora, mas o seu Zé Leonias disse, com toda a calma do mundo - “não, meu filho, não se preocupe, você está cansado, que eu vou na carroceria, pode deixar”.Eu ainda ponderei, mas ele não aceitou e subiu na carroceria da caminhoneta. E o nosso amigo Deoclecinho saiu rasgando, só fiz o sinal da cruz e pronto. O que se ouvia era só o gemido da mulher e a preocupação do motorista para que ela não parisse na beira da estrada.

Quando estávamos passando no Papa – Pombo, já próximo de Floriano, o seu Zé Leonias de repente bateu na cabine pedindo parada. O Deoclecinho parou o veículo e perguntou o que foi, ele desceu e, calmamente, disse: "meu filho, o meu chapéu caiu lá atrás e eu vou voltar para procurar, pois é muito familiar, não se preocupe comigo, podem ir embora com a mulher, que chego em Floriano. Ai entramos num acordo, eu ficava com o seu Zé Leonias e Deoclecinho ia levar a mulher no hospital e voltava pra buscar a gente.Quando ele saiu na camioneta, o seu Leonias disse pra mim: "meu filho, eu tenho amor à minha vida, o chapéu não caiu, não, eu mesmo joguei fora para ele poder parar e eu descer; olhe, meu filho, Deus me livre de andar mais com um homem desses.Pegamos o chapéu e uma carona em um caminhão e, antes de chegarmos em Floriano, cruzamos com Deoclecinho, que já ia retornando para Jerumenha.

O senhor José Leonias era muito tranqüilo, gente boa, esposo da dona Joana, pai do Tadeu, Neno, Maria José, Budim, Daniel, Mario e muitos outros. Amigo do senhor Vicente Kangury, Antonio Sobrinho, Antonio Segundo, Chico Amorim e do meu pai Lourival Xavier.Moral da resenha: cheguei em Floriano ainda com o tempo de justificar a demora.TERCEIRA RESENHA DE CHICOLÉ. JERUMENHA X LANDRI SALES - PENALTI SEM GOLEIRO, PODE?“Estávamos disputando o campeonato regional e os jogos eram de ida e volta. Landri Sales recebia Jerumenha. A seleção de Jerumenha, sob o comando de Emanuel Fonseca, que se fazia às vezes de técnico e jogador (craque de bola), (chegou a jogar no River de Teresina) estava preparada.

Chico Kangury, embora não fosse um craque, mas era um determinado e tinha um pique muito bom e eu sabia como explorá-lo em bola de profundidade.

Ele começou jogando bola nos campinhos de Floriano como ponta direita e em Jerumenha era lateral esquerdo e só chutava com a perna direita e o pé embolado (em outra oportunidade já contei a resenha do pé embolado).

O Nego era invocado, só jogava com a camisa de nº 5, fã do Denílson do Fluminense, fazia de tudo para imitá-lo e quando pegava na bola, dizia: lá vai Denílson, defendeu Denílson e coisa e tal. Sim, no treino de apronto Kangury, que era titular acidentou-se, a grama do campo era capim de burro e cortou o pé dele arrancando a unha do pé direito e foi escalado para a reserva naquele jogo.

Dia seguinte, seguimos na carroceria do caminhão da prefeitura, a estrada só tinha o rumo, chuva direto de Jerumenha até Landri-Sales. Tudo Bem. Viagem foi boa. Chegando ao Campo de Futebol, este era todo de barro, a bola batia e empinava, não tinha um montinho de areia e grama para amaciar a pelota. O campo todo cercado de corda e demarcado com cal virgem.

O Apitador era escolhido pelo Anfitrião. A torcida, fanática, soltava rojões e tiros a cada 5 minutos. Era este o clima que encontramos. Estádio repleto de torcedores e começa o jogo.A seleção de Landri-Sales estava com um ponteiro direito habilidoso, driblava bem e estava dando um sufoco no lateral esquerdo nosso, e comecei a me preocupar, fazia de tudo e não podia subir, o Chiquinho, Antonio Rocha e Wilhame, segurando o meio de campo e a nossa defesa passando sufoco e, logo, logo fizeram um gol e mais outro gol, todos em cima do nosso lateral esquerdo, terminamos o 1º tempo perdendo de 2 gols a 0.

No intervalo, o Emanuel chamou nego Kangury pra saber as condições do pé, e disse: você vai jogar, prepare-se e tirou o lateral esquerdo. O Antonio Rocha, estudante de medicina, deu uma melhorada no curativo do pé do negão e saímos pro 2º tempo.

Naquela época, eu me sentia bem jogando com ele, pois sabia como explorar a sua velocidade, era um pique monstro. Encostei nele e disse: olha, compadre, o homem é aquele, vá com calma e dê duro, ora na primeira de copa, Kangury deu uma encostada nele e o cara sentiu que a barra pela direita era pesada e aí o nosso time começou a acertar, Chico José, Antonio Mirton, Emanuel Fonseca e Kangury estavam afinados, começaram a subir dois a dois, e eu avancei mais e surgiu a oportunidade de chutes a gol e fizemos o primeiro gol.

A Ponta direita tentou uma jogada em cima de Kangury, ele deu chance para o camarada sair pela ponta, lá perto das cordas, quando o cara foi cruzar a bola, Kangury encostou, o cara subiu, ele tirou o corpo de lado e caiu também para evitar uma expulsão.Eu estava distante, ele me disse depois, que um torcedor agarrou-o pelo calção e o levantou com um revolver na mão, deu um tiro pra cima e disse-lhe, se tu encostar neste menino de novo, tu vai ver. Moral da Resenha: O ponta direita sumiu, foi jogar de zagueiro, e dominamos o jogo, fizemos mais um gol e empatamos de 2 x 2.

Faltando uns 5 minutos pra terminar o tempo de jogo, eles lançaram uma bola em profundidade e o Emanuel chegou atrasado no lance e a bola encobriu o goleiro, saiu em cobertura e chutou prensado com o atacante, caindo no chão, o zagueiro Antonio Mirton, que também saia em cobertura do goleiro, deu um carrinho na bola colocando-a na linha de escanteio, o atacante chutou as pernas do zagueiro e caiu no chão, o árbitro cinicamente marcou pênalti. Pense numa confusão.

O tempo fechou, Emanuel Fonseca foi um técnico valente, enfrentou as feras e tirou o time de campo, mandou todo o pessoal subir no caminhão, cobrirmo-nos com uma lona e recebemos uma chuva de pedra.
O soprador de Apito, comprado pelo time adversário, colocou a bola na marca do pênalti e mandou que um jogador do time de Landri-Sales ficasse no gol e um outro chutasse a bola e cinicamente colocou a bola no centro do campo e queria que a gente voltasse para continuar o jogo. Não voltamos. Fomos para o Hotel. Tomamos banho e ainda fomos para o forró à noite. Mas ficamos velhacos. A barra era pesada e todo mundo querendo ver o Chicolé, conversar com chicolé e coisa tal.

No Jogo de volta em casa, enfrentamos o mesmo time e metemos 11 x 0, até o negão Kangury fez gol de pênalti.

Estas histórias boas e vividas merecem ser contada em verso e prosa. São inesquecíveis e quando narramos parece que estamos vivendo os momentos.

QUARTA RESENHA DO CHICOLÉ. ESTA É DO COLÉGIO ESTADUAL – AS ESTRELAS SE APAGARAM!
O Dr. Braulino inventou uma farda, que tinha umas estrelinhas que indicava a série que o aluno estava cursando. Após um treinamento da BANDA, era época de desfile, todo dia tinha treino pela manhã e à tarde, pois bem.

Em uma bela manhã, após o treino, o Chicão de dona Helena comandou uma turma juntamente com Antonio, Poncion e outros e foram para o Mercado que ficava em frente ao colégio, quando eles estavam subindo os degraus. As verdureiras gritaram - GENTE... Cuidaaaaaadoooooo... Guarda tudo que os meninos das estrelinhas estão chegando.

Foi um rebuliço danado. Resultado: demorou pouco, esta farda foi trocada por outra".Já estávamos um tempão conversando, o Chicolé ainda querendo falar mais, mas tinha uns amigos dele da Vila Operária, chamando-o pelo o celular (era um dia de sábado) para baterem cabeças no boteco do Zé Mário.

Mas, antes de sair pedi ao mesmo que relacionasse os melhores craques que já viu jogar nos anos sessenta filhos de Floriano. Pensou um pouco e disse "não vou formar aqui uma seleção, pois teria que colocar mais de 11 craques, mas vai, depois tu fazes a conta: Goleiros: João Martins e Pompéia > João Martins, morava ali na manguinha, filho de dona Maria Pureza. Era um craque no gol. Uma leveza fora do comum e um senso de colocação formidável. Dava gosto vê-lo jogar, fechava o ângulo como ninguém (naquela época não tinha TV).

Laterais: vou colocar mais gente, incluindo os zagueiros de área: Zezeca, João Rato (era craque), Raimundo Bagana, Antonio Guarda, Antonio Ulisses, Antonio José Caraolho (este dominava a bola e olhava para um lado e saia pelo outro, jogava sério), Carlos Pechincha, Luisão de Sansão (alfaiate – magarefe, foi discípulo do senhor Vicente kangury). Meio de Campo: Petrônio, Poncion, Nego Cleber, Jonas Crente, Nego Trinta e Chiquinho. Atacantes: Janjão (Delegado da Policia Civil, dos bons em Teresina), Zeca Futuca (nosso Anduiá), Antonio Luiz Bolo Doce, Antonio Afonso, Selvu (foi discípulo do senhor Vicente Kangury e hoje é Coronel da Policia Militar em Teresina), Jamil Zarur (seu chute era um tiro). Quantos? 21. Mas tem o Pompéia, ele não é filho de Floriano.

Parece-me que já deram um título a ele. Senão, completa os 22 com Bucar Amado Bucar Neto (Pela sua persistência, pela sua coragem, arrojo e por tudo que fez pelo Esporte de Floriano.Êta, carcamano bom e querido por todos. Deus o proteja.Tempo bom que merece ser sempre lembrado, pois sabemos que no mundo globalizado de hoje, eles não voltam jamais. Mas fica o exemplo de uma juventude que pensava no futuro".

Colaboração espetacular de Chico Kangury.
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Pesquisa de César de Antonio Sobrinho / www.florianoemdia.com

9/26/2006

FESTA DA SAUDADE


Do livro de Teodorinho Sobral - FLORIANO DE HOJE E DE ONTEM / 1997 (durante o Centenário de Floriano), observamos esta bela tomada do famoso Floriano Clube nos anos cinquenta.

Essa festa, no detalhe, foi em homenagem à visita da Miss Piauí do ano de 1956 - Teresinha Alcântara (que aparece na foto dançando com Fauzer Bucar) de Teresina.

São momentos que realmente enobrecem a Princesa do Sul. As coisas eram bem mais simples e reais.

Lamentalvelmente, hoje, temos que conviver com o consumo, sem mais aquela poesia de outrora. De qualquer forma, precisamos acreditar que a vida ainda nos dá a oportunidade de sermos felizes.

Vale a pena lutar pelos nossos ideais.

9/22/2006

DECADA DE 50

Vejam só que bela manhã, talvez - a avenida Getúlio Vargas mostrando seus encantos.

A Farmácia Coelho, a Farmácia Rocha e as suas esquinas nos trazendo emoções fortes da graça que era a década de cinquenta, que os anos não trazem mais.

A praça, exaltando seus pequenos arvoredos, tecendo seu futuro. Talvez, fosse num domingo, quando a cidade ainda vivia em sua pacata solidão.

Hoje, os ventos sopram mais o cheiro de asfalto em meio à poluição sonora. Os carros de som, tripudiando nossa calmaria. A pressa das pessoas, esboçando a solidão e um vazio ululante.

Já não mais se escutam os borás e nem o canto dos pássaros de manhã na cidade; não há mais espaço entre as casas; já não temos mais o cinema, os debates de esquina, os circos de arena e nem o areião do campo dos artistas.

Enfim, estamos entregues ao futuro, que não sabemos se é isso mesmo que queremos.

Mas que seja o que Deus quiser!

9/20/2006

DE VOLTA PARA A SAUDADE


Dentro do contexto romântico dos anos sessenta, podemos apreciar a bela imagem que nos traz grandes recordações e que, também, nos alimenta de emoções fortes.

A foto ao lado, no ano de 1966 (do baú da nossa amiga Nitinha, antiga professora do Agrônomo Parentes), época em que o senhor Antonio Sobrinho tomava conta do bar, era tempo de poesia e dos bons carnavais, e a Sertã, em seu sobe-desce, elevava a alegria dos foliões, e os blocos de sociedade, animando o povão.

Hoje, vivemos plenamente a época do consumo e das vaidades. E dos abadás. Precisamos reverter esse quadro. Floriano ainda nos enobrece. A omissão precisa desaparecer de nosso dicionário e resgatarmos os bons tempos.

Ainda há tempo (!?).

9/19/2006

PAISAGENS


Nada a ver, mas os retratos de minha terra me fascinam e vão além da minha imaginação.

Suas paisagens são de um sentido épico e que me transportam para os tempos de outrora, quando as auroras eram outras.

Hoje, o massacre é terrível, os matagais sumiram e apareceram favelas. Floriano cresce, mas dentro de um contexto voltado para paliativos que travam a sua evolução cultural.

As escolas precisam tomar consciência de que o dinheiro é bom, mas a inspiração deve ter um lugar no coração de seus dirigentes e proporcionar um novo rumo para o futuro da princesa.

Nossos netos ainda terão que ser os mesmos e as aparências não poderão enganar-se.
Os meus ídolos ainda são os mesmos!

Graças a Deus!

9/13/2006

JANELA PARA O RIO


A exposição itinerante “Viagem Pictórica Pelo Rio Parnaíba”, com pinturas de Otoniel Fernandes e fotografias de Eduardo Peixoto.

A foto lembra muito de nossos tempos de pescarias, das descidas em bananeiras e câmara de ar; das facadas e taínhas que tirávamos escondidos de nossos pais.

O Parnaiba sempre fora ponto de encontros, de furupas e traquinices. As lavadeiras davam um brilho de força e trabalho ao lugar.

Precisamos retomar o dia a dia. Floriano inquietou-se e já não mais empinam-se papagaios e não brincam-se mais de preso. É preciso novos ensinamentos. As escolas precisam reativar e resgatar valores que se perderam no tempo.

Ainda há tempo?

9/04/2006

FIM DE TARDE


Era um desses fins de tarde de sábado, quando os piolhos de bola reuniam-se na quadra da Escola Normal para bater aquela pelada.

Tratava-se de um momento autêntico, dentro do contexto romântico do cotidiano da Princesa. Estávamos, ainda, nos preparando para a grande batalha da vida e a descontração nos envaidecia, e a vitória viria ao longo do tempo.

Observamos, portanto, da esquerda para a direita, os mucurebas Darlan, Joaquim de Pierre, Luiz Carvalho (Banana), Gilson, Eulálio e Marinho.

Agachados, Brandao, Dudu, Erivaldo, Roberto e Duy Alan, tentando mostrar moral e categoria.

Precisamos retratar esses saudosos momentos, porque a vida é BELA!

8/29/2006

O BRILHO DA NOITE


"O POR DO SOL é lá no cais; eu vejo a lua, surgindo atrás da torre... do cais".

Esse é o trecho inicial da linda canção do grupo VIAZUL, que fez sucesso nas décadas de setenta e oitenta e que traduz a beleza e a poesia do cais, o ponto de encontro mais aconchegante da cidade.

O Flutuante, ali, impecável e manso, mantendo um prazer tradicional de várias décadas e gerações. O Parnaiba, caudaloso, inspirando poetas e itinerantes. Vejo à noite, reluzente, a bela Barão, espelhada nas águas do rio. Mas já não existem mais os antigos pontões e canoas à vela. O progresso nos trouxe as pontes, lanchas e motores. As balsas e as regatas de julho perderam-se no tempo. E por onde andam os pescadores?

O tempo passou. O futuro chegou como que sorrateiro. Não se escuta mais os borás. Os trios elétricos já habitam em nossos carnavais. Os foliões, agora, são outros. Plantaram-se novas árvores e pontos turísticos. Os jets-skis, fazendo suas manobras radicais. A Maria Bonita agora é um belo museu. Os novos cantos são baianos. As bicicletas agora são de marchas e já não existe mais o bar de nosso amigo Passim. Os meninos recolheram-se aos games, não tiram mais saltos mortais e já não descem o rio. Os remansos desapareceram. O cais do porto absorve outras naves e concorrentes. A poesia mudou e a burguesia sumiu.

Saudoso, chego ali de mansinho a sondar a nova paisagem. Soturno, ando a passos lentos e solitários à procura de um tempo em que não volta mais. No entanto, o conforto da minha presença ali satisfaz o meu ego. E os tambores, que ouço na madrugada lenta e fria, são os únicos companheiros que trafegam por ali ecoando noite a dentro a compartilhar de meus pensamentos em busca de um novo tempo.

Se viver, verei!

Tradição e devoção: Floriano se prepara para a Procissão do Senhor Bom Jesus dos Passos

  Nesta sexta-feira, dia 22 de março, a cidade de Floriano se prepara para reviver uma antiga tradição religiosa: a Procissão do Senhor Bom ...