9/13/2011

DEPOIMENTO

O FASCÍNIO DO CINEMA NO SAUDOSO “CINE NATAL”: adolescência, cultura e amizade

Paulo Rios Ribeiro 

Nascido e criado nas margens do outrora imponente Rio Parnaíba, na divisa entre Barão de Grajaú (MA) e Floriano (PI), relembro-me com saudade da minha inserção e predileção pela “sétima arte”, esta centenária denominação criada pelo italiano Ricciotto Canuto em 1912.

Camaradas, desde a minha inserção na diretoria da cinqüentenária Associação Florianense dos Estudantes Secundaristas (AFES) em 1977, quando nossa entidade, através da "Polícia Estudantil", ficou com a incumbência de “fiscalizar” e garantir o direito dos estudantes florianenses de usufruir o benefício da meia-entrada no também cinqüentenário Cine Natal, ali, ao lado do antigo Supermercado Triunfo, na Avenida Getúlio Vargas.

Tempos imemoriais que marcaram profundamente a nossa adolescência e a amizade perene, nas matinês com muito kung-fu, faroeste e, para os maiores de idade, muita pornochanchada, gêneros cinematográficos típicos dessa época.

O Cine Natal, sem dúvida alguma, tornou-se a melhor experiência cultural para nós, estudantes do também cinqüentenário “Colégio Estadual Osvaldo da Costa e Silva”, do “Colégio Industrial São Francisco de Assis”, dentre outras escolas florianenses. Destas escolas, onde estudávamos, saíamos em bandos na direção do cinema para curtir os filmes em cartazes e, no meu caso, descia celeremente a Rua Castro Alves, ansioso para chegar.

Muitos camaradas queridos, cuja amizade prezo até os dias de hoje, vivenciaram essa experiência única ao ter acesso à cultura e ao entretenimento numa cidade considerada, naquela época, como a terceira mais importante do estado do Piauí.

Reverencio aqui os meus “conspiradores” do BAPA (jornal publicado no segundo ano do 2º Grau, em 1978) veículo provocativo e crítico no contexto do final dos anos 70 em Floriano. Dentre eles, Pinto Neto, Bodão, Astrobaldo, Edom e tantos outros queridos e saudosos amigos.

O fato é que essa experiência cinematográfica numa cidade do interior do Nordeste brasileiro marcou todos nós que vivemos essa época, época da distensão lenta, gradual e segura, oferecida por Geisel e pela transição que se inicia em 1979, sob o jugo de Figueiredo. Para nós, um ano mágico, quando chegávamos à conclusão do segundo grau, nos despedíamos do velho Cine Natal e vislumbrávamos o futuro, de olho na universidade, conscientes de todos os enormes desafios que haveríamos de enfrentar.

Camaradas, pretendo, paulatinamente, oferecer algumas dicas cinematográficas neste espaço virtual de modo que eu possa – humildemente – contribuir com o debate sobre inúmeras questões e temas fundamentais para que possamos compreender melhor o mundo e a humanidade através de películas de primeira grandeza. 

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Janclerques,
Uma das lembranças guardadas na minha memória com relação ao Cine natal, diz respeito às mudanças ocorridas no vão de entrada, onde havia a bomboniere, quando fizeram um forro que, durante à noite, ficava iluminado com cores fortes. Aquilo era o máximo de modernidade que eu conhecia.
parabéns amigo, por reviver momentos saudosos e desprovidos de qualquer maldade que, infelizmente, não encontramos em nossa "modernidade".
DJALMA Fortaleza/CE

Anônimo disse...

Caro Janclerques,
Admiro muito seu trabalho. Acho que pensar no futuro não é esquecer as coisas boas do passado. Você sempre nos surpreende com suas postagens. Mostrar as belezas do passado é trazer de volta nossa cultura e quem sabe, sensibilizar aqueles que não têm amor por essa cidade. Parabéns Paulo Dias. Os verdadeiros cidadãos são aqueles que não têm vergonha de mostrar suas origens. Também tive o prazer de participar da AFES. Um Abraço, Evandro C Vieira /Floriano.

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